quinta-feira, outubro 21

Destruição do SNS

Centro Hospitalar Vila Real-Peso da Régua, SA; U.L.S. Matosinhos,SA;
Hospital de Santa Cruz, SA- Carnaxide; Hospital de São Bernardo, SA- Setúbal




1. - Querem saber como o ministro da saúde, Luís Filipe Pereira, anda a destruir a organização do Serviço Nacional de Saúde?
Vejamos o seguinte.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS), é formado por um conjunto ordenado e hierarquizado de instituições e de serviços prestadores de cuidados de saúde, organizado por Regiões de Saúde:

- ARS do Norte, com sede no Porto e com área coincidente com a dos distritos de Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real;
- ARS do Centro, com sede em Coimbra e com área coincidente com a dos distritos de Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu;
- ARS de Lisboa e Vale do Tejo, com sede em Lisboa e com área coincidente com a dos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal;
- ARS do Alentejo, com sede em Évora e com área coincidente com a dos distritos de Beja, Évora e Portalegre;
- ARS do Algarve, com sede em Faro e com área coincidente com a do distrito de Faro.

2– A partir do próximo ano, mais 20 hospitais do SPA serão transformados em sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos.
A rede de prestação de cuidados hospitalares do SNS passará a ser formada por:
Grupo SPA - hospitais-universitários (Santa Maria, S. João e HUC), psiquiátricos (Magalhães Lemos, H. do Lorvão, H. Sobral Cid, H. Arnes, H. Júlio de Matos, H. Miguel Bombarda) e especializados (M. Júlio Dinis, M. Alfredo da Costa, H. Santiago do Outão, Instituto de Oftalmologia Gama Pinto).
- Grupo dos Hospitais SA (51 hospitais), sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos.
- Grupo de Hospitais de gestão privada (Amadora-Sintra + dez novos hospitais PPP, incluindo o Universitário de Braga).
3. - O ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, vai criar uma"Holding",a funcionar a partir de Janeiro de 2005, que sucederá à Unidade de Missão dos Hospitais SA, estrutura que centralizará todas as competências anteriormente exercidas pelas ARSs, IGIF e DMRS, como a gestão de compras, recursos humanos, contratualização da produção e avaliação do funcionamento de toda a rede hospitalar do Serviço Nacional de Saúde.
As ARS, que até agora têm sido responsáveis pelo planeamento, distribuição de recursos, orientação e coordenação de actividades, gestão de recursos humanos, apoio técnico e administrativo e ainda de avaliação do funcionamento das instituições e serviços prestadores de cuidados de saúde, serão assim esvaziadas de competências, relativamente à rede de hospitais do SNS.
O n.º 4 do artigo 64º da Constituição da República Portuguesa, estabelece que o Serviço Nacional de Saúde tem gestão descentralizada e participada. A centralização na "holding" das competências das ARSs configura uma clara violação deste preceito Constitucional, tal como salientou, recentemente, Correia de Campos.
O actual responsável da Unidade de Missão dos Hospitais SA, Pedroso de Lima, futuro responsável da "Holding", justifica a criação desta entidade tendo em atenção que "alguns aspectos são transversais a todos os hospitais da rede e, dado o forte investimento do Estado (600 milhões para a criação de novos hospitais SA, previsto no Orçamento para 2005), faz sentido que a gestão deste conjunto seja feita também num ambiente de empresarialização",de molde a "melhorar a performance e continuar o esforço de combate ao despesismo".

Luís Filipe Pereira, ministro da saúde; Pedroso de Lima responsável da Unidade de Missão dos Hospitais SA.indigitado presidente da "Holding" dos hospitais.
Como é evidente, esta justificação não colhe.
Ao aniquilar a actual organização territorial descentralizada do Serviço Nacional de Saúde em lugar de a transformar tornando-a mais eficiente, pretende-se, através da criação da "Holding" , centralizar fortemente todo o processo de gestão dos hospitais da rede do SNS de forma a preparar as unidades de maior viabilidade para a privatização (centralização/encerramento das unidades (serviços, técnicas) menos rentáveis sem atender à necessidade de cobertura hospitalar das populações).

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há um modelo burocrático de organização que o ministro quer afastar. As ARS configuram um modelo administrativo de organização coordenadas pelo poder hierárquico.
Pretende-se introduzir um novo modelo de organização empresarial em que o estado intervém através do seu poder de regulação. Concordo, no entanto, que o modelo centralizador da "holding" irá castrar todas as iniciativas empresariais dos hospitais, as quais poderiam constituir boas soluções para muitas situações.
O problema fundamental com o ministro da saúde é a desconfiança. Sou dos que penso que ele nos tem andado a mentir. Adoptou uma estratégia clássica: dizer uma coisa e fazer outra de acordo com o seu plano último de querer privatizar a saúde.

11:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estes gajos é que são espertos não precisam de nenhum movimento armado para introduzir as reformas ultradireitistas. è isto a democracia. Um compromisso muito ténue com a liberdade e justiça social. Mas que raio de elites temos nós. Onde está a oposição?

9:28 da tarde  

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