Hospitais - reestruturação interna

Gastamos cerca de 9,1% do PIB em Saúde e a média Europeia anda à volta dos 8%. Mas os resultados ficam aquém. Na Europa, a 15, somos o país que tem menos consultas por habitante/ano, somos o país que tem a taxa de internamento por habitante/ano mais baixa. Por outro lado, somos dos países europeus o que tem menor taxa de ocupação dos hospitais. Cerca de 30% não é utilizada.
Os hospitais precisam de uma reestruturação interna. Por exemplo, os hospitais têm a especialidade de Medicina Interna muito cheia, com ocupações de 90 a 100%, até com doentes nos corredores. Mas vamos ao serviço ao lado, de Cirurgia, por exemplo, e está com ocupações de 60 e 70%.
Mais do que redistribuição teria que haver polivalência das camas. Cada vez faz menos sentido olharmos para uma cama e dizer que pertence ao Sr. Director do Serviço tal porque é do serviço tal e ninguém pode mexer nas suas camas.
Na Europa, este conceito de serviço especializado em que as camas estão fixas a uma especialidade vai dando lugar a um conceito muito mais flexível. Se houvesse mais flexibilidade, desapareceria este fenómeno aparentemente contraditório de termos serviços superlotados e uma ocupação geral média baixa.

Manuel Delgado - Presidente da APAH