A febre da viradeira
António Correia de Campos, num artigo publicado no "Jornal Público" de 17.12.04, tenta deitar água na febre da "viradeira". O discurso da responsabilidade do putativo ministro da Saúde.
"Melhor se compreende com o exemplo dos hospitais SA. Esmagados por hábitos de rigidez administrativa, clamando desde décadas por mais autonomia e responsabilidade, os hospitais públicos precisavam de uma reforma profunda, como do pão para a boca. Ela veio. Porventura excessiva na dimensão, disforme no modelo, prosélita no sucesso antecipado e arrogante nas atitudes. Mas ninguém pode negar que em dois anos os hospitais SA mudaram a face do ministério. Desconhece-se em quanto, pois a propaganda desenfreada dos seus estimáveis sucessos obnubilou a avaliação fria. E julgamento independente foi coisa que os governos demissionários não consentiam. Sabe-se que muita coisa terá mudado para melhor, pelo só o facto de haver quem traça caminhos, faculta meios, acompanha manejos, avalia resultados. O quadro terá certamente sol e sombra, não nos consentiram o conhecimento rigoroso da realidade, mas que houve progresso, tal parece-me indiscutível. É por isso que a pele se me engalinha ao ouvir os profetas do imobilismo, os defensores do povo, contra as reformas que o visam tirar da pasmaceira; os bem-pensantes da cidadania, agora, a clamarem pela viragem do avesso."
"Não, meus amigos. Mesmo que tenha havido muita coisa de que se discorde, antes de destruir é necessário saber se o que temos para lá colocar é melhor do que o que nos vão deixar. A estabilidade tem um valor em si. E depois, todo o mundo é passível de mudança, mesmo nos termos anteriores. Ou porventura esquecemos que as obras se fazem mais com os homens que com as pedras?" (link)
António Correia de Campos
"Melhor se compreende com o exemplo dos hospitais SA. Esmagados por hábitos de rigidez administrativa, clamando desde décadas por mais autonomia e responsabilidade, os hospitais públicos precisavam de uma reforma profunda, como do pão para a boca. Ela veio. Porventura excessiva na dimensão, disforme no modelo, prosélita no sucesso antecipado e arrogante nas atitudes. Mas ninguém pode negar que em dois anos os hospitais SA mudaram a face do ministério. Desconhece-se em quanto, pois a propaganda desenfreada dos seus estimáveis sucessos obnubilou a avaliação fria. E julgamento independente foi coisa que os governos demissionários não consentiam. Sabe-se que muita coisa terá mudado para melhor, pelo só o facto de haver quem traça caminhos, faculta meios, acompanha manejos, avalia resultados. O quadro terá certamente sol e sombra, não nos consentiram o conhecimento rigoroso da realidade, mas que houve progresso, tal parece-me indiscutível. É por isso que a pele se me engalinha ao ouvir os profetas do imobilismo, os defensores do povo, contra as reformas que o visam tirar da pasmaceira; os bem-pensantes da cidadania, agora, a clamarem pela viragem do avesso."
"Não, meus amigos. Mesmo que tenha havido muita coisa de que se discorde, antes de destruir é necessário saber se o que temos para lá colocar é melhor do que o que nos vão deixar. A estabilidade tem um valor em si. E depois, todo o mundo é passível de mudança, mesmo nos termos anteriores. Ou porventura esquecemos que as obras se fazem mais com os homens que com as pedras?" (link)
6 Comments:
Este é o problema do Bloco Central.
Uns impertubáveis fazem a transição sem se maçarem sempre na mó de cima.
Outros para fazerem esquecer o seu comprometimento anterior, reagem entusiasmados, com críticos mais ou menos agressivas à gestão anterior. Dir-se-ia terem estado com a mudança desde a primeira hora. Há também aquelers que aproveitam a mudança para tentarem fazer as coisas andar para tràs. Recuperarem os privilégios entretanto perdidos. Mas primeiro vamos às eleições.
O que é importante é repararem a injustiça cometida em relação aos Administradores Hospitalares.
Concordo com o conteúdo deste texto. Trata-se um aviso útil à navegação com uma chamada de atenção muito especial para aqueles que pensam que vêm aí tempos de facilidade. Os oportunistas adoram estes períodos de confusão para tentarem obter vantagens e fazerem vinganças mesquinhas.
Vem aí a rotação nos tachos. É esse frenesim que se sente no ar juntamente com as compras de Natal.
brilhantina, suor, e foguetes.
Brilhantina do Santana, suor dos portugueses trabalhadores e foguetes dos socialistas que já ganharam as eleições antes mesmo de irem a votos.
Daqui a ano e meio Luís Filipe Pereira é o maior!
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