sexta-feira, fevereiro 25

Cesário Verde


Celebram-se hoje 150 anos do seu nascimento (1855-1886). Uma das personalidades mais renovadoras da poesia portuguesa do século XIX (link)

Naquele “pic-nic” de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, indo o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde - De Tarde.

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1 Comments:

Blogger Francisca said...

Bonito o poema, belo o poeta, linda a memória.
Afinal, parece ser mais um na manga do Xavier:)

1:35 da manhã  

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