Cesário Verde
Celebram-se hoje 150 anos do seu nascimento (1855-1886). Uma das personalidades mais renovadoras da poesia portuguesa do século XIX (link)
Naquele “pic-nic” de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, indo o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde - De Tarde.
Etiquetas: poetas e versos
1 Comments:
Bonito o poema, belo o poeta, linda a memória.
Afinal, parece ser mais um na manga do Xavier:)
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