segunda-feira, abril 25

25 de Abril


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen

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domingo, junho 20

José Saramago

"Com José Saramago, desaparece não apenas um grande escritor português, mas sobretudo um enorme escritor universal . Fica connosco um universo: esse que Saramago criou, feito de uma visão subversiva da História e dos seus protagonistas, dos mitos estabelecidos e das imagens estereotipadas”. (Carlos Reis) link

- "Pensar, pensar"
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- "Death Takes a Holiday"
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- "José Saramago, R.I.P."
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- "José Saramago, Nobel-Winning Novelist, Dies at 87"
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- "Nobel laureate José Saramago dies, aged 87"
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- "New ways of seeing"
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- "Este mundo da injustiça Globalizada" link
- Amigos e leitores lêem excertos dos seus livros link

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sexta-feira, março 21

Poema








Nesta vida sem amores
Mas que de amores me trespasso
Para ter um pouco de amor
Faço lá seja o que for
E até nem sei o que faço
E cá dentro do meu peito
Em carne mais viva que eu
Há sempre um amor, perfeito
Que sendo meu, por direito
Acaba não sendo meu.
anónimo

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quinta-feira, fevereiro 15

A Forma Justa

















Sei que seria possível construir o mundo justo

As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos - se ninguém atraiçoasse - proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
- Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria posível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo.
sophia de mello breyner andresen

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sábado, fevereiro 3

Capanço do Morgado

A propósito da discussão sobre a IVG (cheia de episódios indignos) achámos por bem postar o poema de Natália Correia que um amigo nos enviou.
«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Natália Correia - 3 de Abril de 1982

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quinta-feira, junho 15

Pastelaria

brasileira







Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
— ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo:
fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria e, lá fora — ah, lá fora! — rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra.
Mário Cesariny

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domingo, abril 30

Vestígios

noutros tempos
quando acreditávamos na existência da lua
foi-nos possível escrever poemas e
envenenávamo-nos boca a boca com o vidro moído
pelas salivas proibidas - noutros tempos
os dias corriam com a água e limpavam
os líquenes das imundas máscaras

hoje
nenhuma palavra pode ser escrita
nenhuma sílaba permanece na aridez das pedras
ou se expande pelo corpo estendido
no quarto do zinabre e do álcool - pernoita-se
onde se pode - num vocabulário reduzido e
obcessivo - até que o relâmpago fulmine a língua
e nada mais se consiga ouvir

apesar de tudo
continuamos e repetir os gestos e a beber
a serenidade da seiva - vamos pela febre
dos cedros acima - até que tocamos o místico
arbusto estelar
e
o mistério da luz fustiga-nos os olhos
numa euforia torrencial

Al-Berto
Horto de Incêndio

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sábado, janeiro 21

Mudou-se-me o coração

djanina


Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração .
Ruy Belo
Esta semana mudou-se-me o coração,
rumo ao Sul.

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sábado, dezembro 24

Natal

mendigo, foto olhares.com
Hoje é dia de Natal.
O jornal fala dos pobres
em letras grandes e pretas,
traz versos e historietas
e desenhos bonitinhos,
e traz retratos também
dos bodos, bodos e bodos,
em casa de gente bem.
Hoje é dia de Natal.
- Mas quando será de todos?
Sidónio Muralha
obras completas, universitáriaeditora, 2002

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sábado, dezembro 10

Sejamos simples

Júlio Pomar


A propósito da semana de aceso debate aqui na SaudeSA lembrei-me da frase proferida pelo candidato, Aníbal Cavaco Silva, numa entrevista à RTP: «Duas pessoas sérias com a mesma informação têm de concordar.»
Para ACS, a divergência de ideias, só pode resultar de ignorância ou de má fé.
Que eu saiba o tonitosa e o vivóporto não são ignorantes nem têm discutido este tempo todo de má fé. Mas divergem. Vão continuar a divergir. Têm ideias irreconciliáveis sobre a mesma matéria.
A propósito dos mails que tenho recebido a referirem que, ultimamente, há muito conflito, há discussão a mais na SaudeSA, lembrei-me deste poema do Alberto Caeiro:
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...
Alberto Caeiro, "O Guardador de Rebanhos".
Prometemos ser daqui em diante simples e calmos como regatos. Será que CC ... ?

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quinta-feira, dezembro 1

Meu Menino Jesus


O Teatro Municipal São Luiz (TMSL), em Lisboa organizou uma sessão de leitura de poemas para celebrar a passagem dos 70 anos da morte de Fernando Pessoa . Segundo o JN o momento alto aconteceu quando Fausta Ripado, 76 anos, frente ao microfone, pôs os óculos de ver ao perto e leu "Aniversário", comovendo a assistência.

Eu cá teria lido um trecho da "História do meu Menino Jesus":
E o Espirito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez com que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E porque toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
Fernando Pessoa, A História do meu Menino Jesus.

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domingo, outubro 9

Minha Doce

Leo Adolf Schiele
Minha doce puta
No olhar mais meigo,
nos lábios mais pecadores
pousei minhas venturas
e todas minhas dores.
Aqueles seios puros quisera,
mas já foram bebidos
por todas as bocas da terra.
Pouco me importa.
Sou feliz quando abre a porta
e etérea se escancara
em pernas de formosura e vida torta.
Mesmo o cheiro barato em teu corpo
de perfume de esquina de mil homens,
não tiram o cristalino sorriso da tua infância.
E me lambuzo das tuas fantasias,
deposito meus versos em teu corpo
e te faço musa das minhas poesias.
Minha doce menina puta!
Douglas Mondo

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sábado, setembro 10

Primeiro foram os dedos









Primeiro foram os dedos
que travaram conhecimento.
Depois os olhos pousaram-me
na mão e levaram-na a percorrer
a curva da cintura. E a sua boca
procurou a minha boca
sem sobressaltos e deixou-a depois
para percorrer o meu corpo.

É assim a descoberta do poeta,
apesar de tudo se passar na sua cabeça,
dando origem a mais um poema.
Maria Carlos Loureiro

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terça-feira, setembro 6

O medo vai ter tudo


O medo vai ter tudo
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis .
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos.
O medo vai ter tudo
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
projectos altamente porcos
heróis ...
O medo vai ter heróis
analfabetos.
Alexandre O´Neill

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sábado, julho 30

Estradas

Já estranhos rumores de folhas
entre as esteveiras andavam,
quando, saindo um atalho,
veio à estrada um vulto esguio.
Tremeram os seios de Nena
sob o corpete justinho.
E uma oliveira amarela
debruçou-se da encosta
com os cabelos caídos!
Não era ladrão de estradas,
Nem caminheiro pedinte,
nem nenhum maltês errante.
Era António Valmorim
que estava na sua frente.

- Ó Nena de Montes Velhos,
se te quisessem matar
quem te havera de acudir?

Sob o corpete justinho
uniram-se os seios de Nena.

- Vai-te António Valmorim.
Não tenho medo da morte,
só tenho medo de ti.

Mas já a noite fechava
a saída dos caminhos.
Já do corpete bordado
os seios de Nena saíam
- como duas flores abertas
por escuras mãos amparadas!...
Aí que perfume se eleva
do campo de rosmaninho!
Ai como a boca de Nena
se entreabre fria, fria!
Caiu-lhe da mão o saco
junto ao atalho das silvas
e sobre a sua cabeça
o céu de estrelas se abriu...
Ao longe subiu a lua
como um sol inda menino
passeando na charneca...
Caminhos iluminados
eram fios correndo cerros.
Era um grito agudo e alto
que uma estrela cintilou.
Eram cabeços redondos
de estevas surpreendidas.
Eram campos, campos, campos
abertos de espanto e sonho ...
Manuel da Fonseca - Estradas , "Os poemas da minha vida" MB, Edição JPúblico.

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sábado, julho 23

Percorro do teu corpo









Percorro do teu corpo os templos todos
as colunas os áticos as fontes .

Como se de romagem fosse a Roma.
David Mourão Ferreira - "Os poemas da minha vida", Gil Moreira dos Santos, edição JPúblico

Sobre a edição do JPúblico “Os poemas da minha vida”, José Pacheco Pereira(JPP) publicou um interessante artigo “nostalgia do ar lavado” (link) em que considera, por um lado, as antologias dos “profissionais” da poesia como Vasco Graça Moura, Alzira Seixo, Urbano Tavares Rodrigues, por outro, as antologias das figuras públicas, em princípio, susceptíveis de causar maior curiosidade nos leitores.
Para JPP, a antologia de Jerónimo de Sousa é das mais interessantes, não só em relação “ao "vivido" dos poemas, como àquilo que ele nos quer dizer ao escolher aqueles poemas e não outros”. Opiniões.
Quanto a nós, as antologias das personalidades públicas são de uma forma geral decepcionantes. Sem surpresas, coladas à pressa, com a grande preocupação de transmitir a ideia de que os seus autores são muitos entendedores, sensíveis, e a poesia parte inseparável do seu quotidiano.
Neste aspecto, surpreendeu-nos, pela positiva, a antologia de Miguel Cadilhe. Pelo trabalho, dedicação, sensibilidade e originalidade de algumas escolhas. E, por ser a última das pessoas de quem esperávamos um trabalho de tão "lavada nostalgia".
Como Nunca
Veio bonita como nunca
ler-me a condenação.
Trazia estrelas nos olhos
e a noite no coração,
veio bonita como nunca
viera noutra ocasião...

Inveja olhava de lado
ciúme olhava por mim
já muito a tinha mirado
nunca a tinha visto assim!...

Coincidência maldita:
porquê logo nesse dia
em que tudo se acabou
Veio, como nunca, bonita?!...
Alberto Cadilhe

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sábado, julho 16

Soneto Imperfeito da Caminhada Perfeita








Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar.
Ninguém teme as mordaças ou algemas.
- O braço que bater há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Versos brandos ... Ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço. Sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

sidónio muralha, "os poemas da minha vida" JS, edição JPúblico.

Andámos longos anos a brincar às cigarras. Para chegarmos ao ponto de não haver mais vida para além do défice. Políticos e tecnocratas, sem rasgo, prometem-nos a recuperação nas vésperas da falência do modelo económico. O povo abúlico teme, reza e anseia o aparecimento de um novo salvador.
Está na hora dos poetas saírem à rua para a marcha perfeita, sem paragens e regresso, com poemas por bandeira, transformados nos próprios versos dos poemas.
(restam-nos os poetas, e por isso devemos dar graças a Deus).

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quinta-feira, julho 14

Razão tem o O´Neill

A poesia é a vida? pois claro!
Conforme a vida que se tem o verso vem
- e se a vida é vidinha, já não há poesia
que resista. O mais é literatura,
libertinura, pegas no paleio;
o mais é isto: o tolo de um poeta
a beber, dia a dia, a bica preta,
convencido de si, do seu recheio...
A poesia é a vida? Pois claro!
Embora custe caro, muito caro,
e a morte se meta de permeio.

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sábado, julho 2

Quem muito viu


Pintura de Jorge Pinheiro
Quem muito viu, sofreu, passou trabalhos,
mágoas, humilhações, tristes surpresas;
e foi traído, e foi roubado, e foi
privado em extremo da justiça justa;
e andou terras e gentes, conheceu
os mundos e submundos; e viveu
dentro de si o amor de ter criado;
quem tudo leu e amou, quem tudo foi –

não sabe nada, nem triunfar lhe cabe
em sorte como a todos os que vivem.
Apenas não viver lhe dava tudo.
Inquieto e franco, altivo e carinhoso,
será sempre sem pátria. E a própria morte,
quando o buscar, há-de encontrá-lo morto.
Jorge de Sena. Os Poemas da minha vida" de Vasco da Graça Moura. Edição JPúblico.
Os poemas da minha vida" de VGM não são uma escolha metódica dos melhores poemas líricos mas sim aqueles que mais o influenciaram.

Agradeço-lhe ter-me lembrado este inspirado poema de Jorge de Sena.

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domingo, junho 26

Soneto do Amor Total


Jardim das Delícias -Hicronymus Bosch
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade,
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo~te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei-de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes
"Os poemas da minha Vida" de António Lobo Xavier, edição JPúblico.
Conforme se pode ler no prefácio desta coltectânea, ALX foi aliciado para a poesia pelo pai a troco de 25 tostões (um fabuloso cachet para um miúdo de 7 anitos). Dadas as primeiras récitas, ALX não mais deixou de gostar da poesia, passando a actuar de graça, talvez confortado pelos aplausos da assistência. A selecção de ALX é toda muito certinha, incluindo alguns dos maiores cromos da poesia portuguesa: João de Deus, Gonçalves Crespo, Correia Garção e António Feliciano de Castilho.
O que mais desejo na vida é morrer de amar mais do que puder.

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