terça-feira, março 15

Medicamentos para todos


O Portugal anda entusiasmado com o anúncio feito por Sócrates de que vamos ter medicamentos nos supermercados e estações de serviço a preços de concorrência.
A excitação dos portugueses é grande perante a antevisão das prateleiras repletas de embalagens de Melhoral, Paracetamol, Aspirinas, Trifene, Xaropes para a tosse. Tanta felicidade! Como de haxixe se tratasse.
As moçinhas dos shoppings também não cabem em si de contentes perante a expectativa das aulas de formação sobre a farmacopeia portuguesa.
E a coisa não se fica por aqui. Vamos ter farmácias modernaças com oferta de vários produtos, como artigos de fotografia, papelaria, higiene, e ... medicamentos.
Na discussão nacional instalada após o discurso do nosso novo primeiro, a alusão ao risco do consumo indevido de medicamentos, comprovado por vários estudos que evidenciam risco de vida e o desenvolvimento de doenças crónicas (hepáticas) (link)
(link), devido ao consumo excessivo de Aspirinas, não atemoriza a proverbial coragem do português. Afinal é preciso ir para a frente. Desenvolver a economia. Modernizar-nos.
É nestas ocasiões que vem mesmo a calhar aos políticos a nossa generosa ingenuidade.

4 Comments:

Blogger xavier said...

Somos a favor da alteração do regime jurídico do estabelecimento de farmácias.
São necessárias mais farmácias.

Mas por favor, não abandalhem a dispensa dos medicamentos.
Nem tudo o que se faz lá fora é bem feito.
O argumento de que eu adquiro aspirinas na famácia sem qualquer aconselhamento do farmacêutico não dirime.
O problema está em eu ter acesso à prateleira do Super ou da estação de serviço e poder retirar 2,3,4 embalagens de paracetamol.
Eu ou o meu filho de sete anitos.
Mas o ministro responderá: Não, nós vamos regulamentar o acesso da dispensa nos Super:
Locais consignados, dispensa de um número restrito de embalagens, com número reduzido de unidades.
Aguardemos...

12:31 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Porquê tanta preocupação com o comercio fora das farmácias de medicamentos de venda livre? Será que alguma vez houve um balconista de farmácia que se importasse com o que o cliente queria? Desde quando passou a ser importante a quantidade de medicamentos que as pessoas consomem?
O que realmente está em causa é a possibilidade de diminuição dos lucros astronómicos das farmácias. O que está em causa é a diminuição da influência perniciosamente exercida pela ANF, que tem constantemente chantageado os diversos governos e que,para bem de todos deve acabar.

12:48 da manhã  
Blogger xavier said...

A característica essencial dos Medicamentos de Venda Livre é a de serem constituídos por substâncias em relação às quais se encontra demonstrada uma relação risco/benefício, claramente favorável à sua utilização e cujo perfil de segurança se encontra bem estudado sendo aceitável a sua utilização na automedicação.

Por serem utilizados como automedicação é que é necessário ter algum cuidado quanto à sua dispensa.
A venda em supermercados e estações de serviço reforça no utilizador a convicção de que a sua toma é desprovida de qualquer risco. E isso não é verdade. A toma de comprimidos Melhoral, por exemplo, poderá envolver graves riscos. Depende da pessoa que os tomar, das quantidades e das interacções medicamentosas.
A venda nas farmácias poderá despistar alguns destes riscos.

O combate à poderosa ANF deverá ser desferido em relação ao sistema de licenciamento das farmácias e na redução das margens de comercialização dos medicamentos.

10:42 da manhã  
Blogger xavier said...

O aspecto positivo deste anúncio de José Sócrates é de carácter político.
Toda a Sociedade tem reagido empenhada, apresentando os seus diversos pontos de vista.
Está assim criado o clima favorável junto da opinião pública para se avançar com as reformas que envolvem a ANF.
Há, no entanto, que não esquecer que são as farmácias que avançam com o pagamento do custo comparticipado do medicamento aos doentes. este mecanismo terá eventualmente que ser revisto.

10:48 da manhã  

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