domingo, junho 5

ANF, joga no contrataque


Após o XVII governo constitucional ter anunciado uma série de medidas para a área do medicamento, a ANF não mais parou.
Alertada pelo sucedido em países como a Noruega, onde as empresas multinacionais como a GEHE (Celesio), proprietária de mais 2000 farmácias em todos os países da UE, compraram a maioria das farmácias após o governo ter decretado a liberalização, a ANF alterou os seus estatutos de forma a poder criar uma empresa para concorrer com as multinacionais na compra de farmácias.
Para assegurar uma posição estratégica no circuito da distribuição do medicamento, a ANF comprou recentemente 51% do capital da Alliance Unichem Portuguesa, um dos maiores distribuidores grossistas a operar em Portugal.
A actuação da ANF, face ao ataque do governo aos seus privilégios, é bem ilustrativa do velho provérbio popular: se não consegues vencer o teu inimigo junta-te a ele.

3 Comments:

Blogger xavier said...

ANF entra no mercado da distribuição de medicamentos com a Alliance UniChem
Joana Ferreira da costa


Aquisição de 49 por cento de multinacional faz com que os farmacêuticos passem a controlar 65 por cento do mercado grossista

A Associação Nacional das Farmácias (ANF) alargou o seu raio de acção à distribuição de medicamentos, adquirindo, por 49 milhões de euros, o controlo da filial portuguesa da segunda maior empresa grossista da Europa, a Alliance UniChem. Esta multinacional detém mais de mil farmácias, o que permite à ANF antecipar-se a um eventual fim do monopólio da propriedade destes estabelecimentos em Portugal.
A concretização do negócio da associação, que detém a quase totalidade das 2800 farmácias portuguesas, está descrita no site da multinacional na Internet. A Alliance UniChem Farmacêutica será adquirida em 51 por cento por dois organismos portugueses: 49 por cento pela ANF e dois por cento pela José de Mello Participações, uma empresa do Grupo Mello da qual a ANF já é aliada na José de Mello Saúde.
Até ao final do mês, a ANF, presidida por João Cordeiro, irá pagar 49 milhões de euros pela participação, que lhe permite entrar num mercado do qual estava até agora arredada: o da distribuição de medicamentos. Um dos seus dirigentes e vários sócios pertenciam já, no entanto, à direcção de cooperativas armazenistas.
Desta forma, o mercado grossista nacional passa a ser detido em 65 por cento pelos farmacêuticos, que organizados em cooperativas controlavam já cerca de 40 por cento deste negócio da intermediação entre os laboratórios e a farmácia.
Numa altura em que a Autoridade da Concorrência analisa a liberalização da propriedade das farmácias - que por lei só podem ser detidas por farmacêuticos - a ANF antecipa-se a uma eventual decisão do Governo nesta matéria. É que a Alliance UniChem é também a empresa que detém a terceira maior rede de farmácias na Europa. Possui 1100 farmácias em vários países, nomeadamente no Reino Unido, Noruega, Holanda e Itália. Se o Governo português puser fim ao monopólio dos farmacêuticos, a ANF tem já um aliado estratégico do outro lado da barricada.
Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz da ANF, Luís Paixão Martins, recusou-se a fazer grandes comentários antes do anúncio da compra aos associados, mas vai adiantando que, com este negócio, as farmácias "respondem ao desafio" lançado pelo Governo. "A ANF transfere para Portugal e para os farmacêuticos nacionais o centro de decisão de uma das maiores empresas de distribuição do medicamento, o que mostra a credibilidade das farmácias nacionais."
No passado sábado, a ANF já tinha reagido ao fim do monopólio das farmácias na venda de medicamentos sem receita. Como noticiou o PÚBLICO, os delegados da associação aprovaram por unanimidade a criação de uma central de compras que permitirá às farmácias competir com os hipermercados na venda destes produtos. Quando a lei entrar em vigor, a central passará a negociar directamente os medicamentos com os laboratórios para conseguir preços mais baixos, sem prejudicar as margens de lucro das farmácias e armazenistas.
Jornal Público 07.06.05

8:46 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Uma vez mais se demonstra que os Farmacêuticos são a única classe bem organizada neste país.
Daí tantas invejas...

11:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Em outros países que liberalizaram foram as multinacionais que compraram as farmácias locais. Em Portugal foram as farmácias dos portugueses que compraram a multinacional. Só isso justifica a protecção às farmácias e aos farmacêuticos portugueses.

7:37 da tarde  

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