ANF, joga no contrataque
Após o XVII governo constitucional ter anunciado uma série de medidas para a área do medicamento, a ANF não mais parou.
Alertada pelo sucedido em países como a Noruega, onde as empresas multinacionais como a GEHE (Celesio), proprietária de mais 2000 farmácias em todos os países da UE, compraram a maioria das farmácias após o governo ter decretado a liberalização, a ANF alterou os seus estatutos de forma a poder criar uma empresa para concorrer com as multinacionais na compra de farmácias.
Para assegurar uma posição estratégica no circuito da distribuição do medicamento, a ANF comprou recentemente 51% do capital da Alliance Unichem Portuguesa, um dos maiores distribuidores grossistas a operar em Portugal.
A actuação da ANF, face ao ataque do governo aos seus privilégios, é bem ilustrativa do velho provérbio popular: se não consegues vencer o teu inimigo junta-te a ele.
3 Comments:
ANF entra no mercado da distribuição de medicamentos com a Alliance UniChem
Joana Ferreira da costa
Aquisição de 49 por cento de multinacional faz com que os farmacêuticos passem a controlar 65 por cento do mercado grossista
A Associação Nacional das Farmácias (ANF) alargou o seu raio de acção à distribuição de medicamentos, adquirindo, por 49 milhões de euros, o controlo da filial portuguesa da segunda maior empresa grossista da Europa, a Alliance UniChem. Esta multinacional detém mais de mil farmácias, o que permite à ANF antecipar-se a um eventual fim do monopólio da propriedade destes estabelecimentos em Portugal.
A concretização do negócio da associação, que detém a quase totalidade das 2800 farmácias portuguesas, está descrita no site da multinacional na Internet. A Alliance UniChem Farmacêutica será adquirida em 51 por cento por dois organismos portugueses: 49 por cento pela ANF e dois por cento pela José de Mello Participações, uma empresa do Grupo Mello da qual a ANF já é aliada na José de Mello Saúde.
Até ao final do mês, a ANF, presidida por João Cordeiro, irá pagar 49 milhões de euros pela participação, que lhe permite entrar num mercado do qual estava até agora arredada: o da distribuição de medicamentos. Um dos seus dirigentes e vários sócios pertenciam já, no entanto, à direcção de cooperativas armazenistas.
Desta forma, o mercado grossista nacional passa a ser detido em 65 por cento pelos farmacêuticos, que organizados em cooperativas controlavam já cerca de 40 por cento deste negócio da intermediação entre os laboratórios e a farmácia.
Numa altura em que a Autoridade da Concorrência analisa a liberalização da propriedade das farmácias - que por lei só podem ser detidas por farmacêuticos - a ANF antecipa-se a uma eventual decisão do Governo nesta matéria. É que a Alliance UniChem é também a empresa que detém a terceira maior rede de farmácias na Europa. Possui 1100 farmácias em vários países, nomeadamente no Reino Unido, Noruega, Holanda e Itália. Se o Governo português puser fim ao monopólio dos farmacêuticos, a ANF tem já um aliado estratégico do outro lado da barricada.
Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz da ANF, Luís Paixão Martins, recusou-se a fazer grandes comentários antes do anúncio da compra aos associados, mas vai adiantando que, com este negócio, as farmácias "respondem ao desafio" lançado pelo Governo. "A ANF transfere para Portugal e para os farmacêuticos nacionais o centro de decisão de uma das maiores empresas de distribuição do medicamento, o que mostra a credibilidade das farmácias nacionais."
No passado sábado, a ANF já tinha reagido ao fim do monopólio das farmácias na venda de medicamentos sem receita. Como noticiou o PÚBLICO, os delegados da associação aprovaram por unanimidade a criação de uma central de compras que permitirá às farmácias competir com os hipermercados na venda destes produtos. Quando a lei entrar em vigor, a central passará a negociar directamente os medicamentos com os laboratórios para conseguir preços mais baixos, sem prejudicar as margens de lucro das farmácias e armazenistas.
Jornal Público 07.06.05
Uma vez mais se demonstra que os Farmacêuticos são a única classe bem organizada neste país.
Daí tantas invejas...
Em outros países que liberalizaram foram as multinacionais que compraram as farmácias locais. Em Portugal foram as farmácias dos portugueses que compraram a multinacional. Só isso justifica a protecção às farmácias e aos farmacêuticos portugueses.
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