domingo, agosto 30

A política do “lava-mãos”


A cedência de tempo de antena da SIC não surpreende. Tal como no BPP parecem existir, na área das assessorias de comunicação, alguns investimentos de retorno (quase) absoluto. Ficam assim justificadas as generosas avenças…
Não há dúvida que há “coincidências” muito curiosas que não escapam a um observador minimamente atento. Desde que estas “assessorias” estão em funções o grupo Impresa (SIC, Expresso) têm feito bem o seu trabalho (setas para cima, setas para baixo, exaltação da banalidade e distrates “estratégicos” trabalhados ao pormenor).

É claro que este já longo (e penoso) exercício de “exploração” mediática da gripe vai ter um fim triste (com sorte depois de 27 de Setembro) quando se concluir, na prática, que muito do dinheiro e da propaganda feita não evitarão a inexorável ruptura dos serviços para os quais os cidadãos têm vindo a ser “empurrados” por esta “estratégia de comunicação excitatória e alarmista”.

Pelo caminho branqueia-se a capitulação perante a LCS24 não tocando no “negócio” dos “camaradas” da CGD.

Espera-se agora, no entanto, que em pré campanha, que as tais assessorias coloquem na SIC e no Expresso textos, entrevistas e debates sobre as questões relevantes da política de saúde, nomeadamente, no confronto ideológico, político e técnico com as diferentes propostas dos partidos da oposição e, em particular, com a verdadeira “ameaça global” representada pelas propostas, na área da saúde, do PSD.
Mas isso, certamente, será pedir muito pelo que nos teremos que contentar com mais um mês de articulação, agilização, ponderação, reflexão e muita, mas muita lavagem de mãos…

Quanto às PPP’s, sustentabilidade, acesso, desenvolvimento estratégico e outras quejandas questões, de somenos importância, não haverá carpetes que cheguem para acomodar tanto pó que há muitos meses tem vindo a ser empurrado para lá debaixo.
Passado o estoiro financeiro provocado pela “histeria” gripal virão os ACT’s generosamente prometidos e a garantida insustentabilidade do SNS.
Que melhor presente político poderia ter MFL?

goldeneye

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4 Comments:

Blogger Clara said...

Excelente post.
Texto rigoroso sobre a triste governação (incompetente)de Ana Jorge.
A prestação de Ana Jorge no seu registo piedoso de provedora das misericórdias, no jornal do Mário Crespo, excedeu toda a decência tolerável.
Certamente da próxima vez vamos ter a senhora ministra nos telejornais a explica a forma de utilização do kit da gripe.
Será que é o primeiro ministro a aconselhá-la a fazer também este tipo de intervenções, porque dão votos?

1:58 da tarde  
Blogger tambemquero said...

A Ministra da Saúde, Ana Jorge, inaugura na próxima segunda-feira, dia 31 de Agosto, pelas 11 horas, o Serviço de Urgência Básica (SUB) da Unidade de Santo Tirso do Centro Hospitalar do Médio Ave, EPE.

A nova urgência, que integra uma sala de emergência autónoma, está totalmente informatizada, beneficia da distribuição da imagem radiológica digital comum a todo o Centro Hospitalar, dispõe de sistema certificado de controlo de qualidade do ar e recorre à energia solar para o aquecimento das águas.

Serão ainda assinados protocolos entre o Centro Hospitalar do Médio Ave e Instituto Nacional de Emergência Médica, IP - entrega de uma Viatura Médico-Cirúrgica (VMER) - e ainda com o Instituto Português de Oncologia do Porto com o objectivo de conciliar todos os meios técnicos e humanos no tratamento dos doentes do foro oncológico.

A Ministra da Saúde estará também no mesmo dia, pelas 16 horas, no novo Hospital de Nossa Senhora da Assunção, em Seia.

A Ministra da Saúde visitará o edifício construído de raiz onde estão instaladas as valências médico-cirúrgicas, o Serviço de Urgência Básica (SUB), Unidade de Cuidados Continuados, Imagiologia, Medicina Física e de Reabilitação e a Farmácia.

O Hospital de Seia foi sujeito, recentemente, a uma intervenção de ampliação e remodelação das antigas instalações, serve as populações de Seia, Gouveia e de Fornos de Algodres e integra a Unidade Local de Saúde da Guarda (ULS).

O Secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, inaugura, domingo, dia 30 de Agosto, pelas 11 horas, o Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) da Unidade de Bragança do Centro Hospitalar do Nordeste, EPE.

Este Serviço de Urgência Médico-Cirurgica destina-se a servir 150.000 habitantes, abrangendo os concelhos de: Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Vimioso, Vinhais e Vila Nova de Foz Côa.

Está preparado para responder às necessidades de cuidados de saúde emergentes em 16 especialidades médicas: Cirurgia, Estomatologia, Ginecologia, Hematologia, Medicina, Nefrologia, Neurologia, Obstetrícia, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia, Pediatria, Pneumologia, Psiquiatria, Urologia e UCI.


Portal da Saúde, 20.08.09

Política de despesas públicas para combater a crise ou ciclo de inaugurações pré-eleitoral?

2:42 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Há algum tempo que ouvimos CA's de alguns dos mais estratégicos - para o SNS - Hospitais, declararem, em alto e bom som, que estavam empenhados em travar um confronto concorrencial com o sector privado...

Algumas destas aleivosias foram proferidas nas barbas de membros do Governo - caso do H. S. João (Porto)- sem tenha havido qualquer movimento de rectificação acerca destes enviesados propósitos.

Agora, tem o programa eleitoral do PSD que, entre outras coisas, preconiza:
"Introduziremos uma separação funcional, e porventura orgânica, entre o financiamento, a prestação e a regulação da saúde, que permita simultaneamente a maior abertura ao mercado concorrencial e a melhor clarificação das relações entre os sectores público, privado e social."

O Dr. António Ferreira pode deste modo ver ser-lhe retirado o tapete... e a sua estratégia promocional ir pela água abaixo.
O que não pode é usar essa mesma água (que lhe arrasta os planos...) para lavar as mãos (mau grado a pandemia de gripe...)
.

7:54 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

Interessante o trecho do Programa do PSD referido pelo e-pá.
«Introduziremos uma separação funcional, e porventura orgânica, entre o financiamento, a prestação e a regulação da saúde, que permita simultaneamente a maior abertura ao mercado concorrencial e a melhor clarificação das relações entre os sectores público, privado e social.»

Que quererá dizer que ao Estado caberá a função de financiador e regulador para a função prestação ser entregue ao sector privado, cujas empresas concorrerão entre si.
É o salto da complementariedade, reservada até agora (e mal) ao sector privado, para o mercado da prestação privada de cuidados.

Depois da malta neo-liberal ter feito o que fez à economia mundial, pelos visto, na teoria da senhora Manuela Ferreira Leite, este pagode é digno de melhor e maior confiança.
A ponto de lhe entregarmos a jóia da coroa, a prestação de cuidados do nosso SNS.

8:30 da tarde  

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