quarta-feira, agosto 26

A linha Saúde 24 e a defesa do SNS

foto semanário expresso
Só pelos ecos que aqui suscitou conheço o diferendo entre enfermeiros e a linha Saúde 24, por isso não sei se Ana Rita Cavaco foi bem ou mal despedida. Mas a acusação que faz à MS (JP de 19.08.2009) parece certeira e de difícil resposta, se é que não é de todo irrespondível. link Além disso, quando refere que tudo “se passava num serviço público“, dá mostras de um rigor que, a vários níveis, deveria ser seguido para não vivermos na floresta de imprecisões (algumas serão, talvez voluntárias…) que alimenta o nosso dia a dia, no Saudesa como na generalidade dos mídia.

Como diz o É-Pá, não basta aparecer persistentemente – excessiva e desnecessariamente, porque é prestação para outros níveis que a poderiam fazer melhor, digo eu – a informar e proclamar a necessidade de prevenir e combater a gripe A. É preciso monitorizar e detectar inconformidades que “conduzirão, fatalmente, a gritantes ou a irreversíveis situações de incumprimento” também, mas não só, nas parcerias “dos novos HH’s de Cascais e Braga”. De facto, inconformidades ou incumprimento todos suspeitam que é o que não falta nos serviços públicos, sejam ou não de gestão privada. Até Francisco Louça o reconhece: "Portugal não vai ter em 2009/2010 os melhores hospitais do Mundo se forem públicos mas não podemos ignorar que, se forem privados, as pessoas são tratadas consoante o peso da carteira", enquanto o MS, abstendo-se de fazer o que lhe compete, o permitir, volto eu a dizer.

Em 01.07.2009, o Saudesa ofereceu-nos um “post” magnífico do Asdrúbal
A destruição do SNS, que parece ter passado despercebido apesar da importância da tese, sustentada através da exemplificação que nos apresentou. Vale a pena reler, mas fundamentalmente, sustenta um deficit de estratégia (inexistente com AJ) e a inutilidade de declarações esquerdistas não sustentadas por controlo eficaz e por medidas de correcção que o escasso controlo exercido imporia. Assim, refere o Asdrúbal:

“um primeiro tempo com ACC, uma acção política frenética ainda que, mais estruturada, para depois com AJ desistir de tudo abdicando de qualquer estratégia apenas com o objectivo de trocar cedências por silêncio”.

“As proclamações “esquerdistas” a favor do SNS e contra o sector privado por aí se ficaram, por meras proclamações”, sem que se tenham visto as medidas de correcção que o controlo imporia:
- Manteve-se a contratação da ADSE com HH privados;
- A ERS (finalmente) reconheceu, publicamente, a inadmissível selecção adversa feita pelas entidades privadas aos utentes da ADSE. Mas nem esta, nem o MS, nem a OM daí retiram consequências, e já lá vão dois meses;
– Denuncia também a falta absoluta de controlo:
“nem a OM nem a IGAS se atrevem a fazer “visitas de surpresa” aos serviços de urgência, UCI’s e Blocos das “modernaças” unidades de saúde privadas tão propagandeadas. É que de facto haveria o risco de aqui e acolá encontrarem um interno de especialidade a chefiar um banco de pediatria e quase pela certa de uma ou outra grosseira violação dos ratios técnicos definidos quer pelo MS quer pela própria OM”.
– Acresce “a generosa “dádiva” das carreiras médicas em versão minimalista”. Aqui entenda-se: sem estipulação de qualquer contrapartida negocial pelas cedências aos Sindicatos.

Mas AJ será a menos culpada. No guião que lhe foi passado, pacificar e evitar a contestação é a directiva central e JS, no Parlamento, justificou o fim dos HH-PPP de gestão clínica privada com a incapacidade do Estado de exercer o necessário controlo. Foi o que LCC (1.ª escolha de JS para ME e das Finanças) chamou de “A escolha certa pelas razões erradas”, porque, como diz, o que está em causa é a incapacidade de proteger o interesse geral contra os interesses privados. Por duas simples razões, acredito que foi um equívoco de cuja enormidade JS não se apercebeu ou, pelo menos, que não valorou como devia e lhe é exigível:
– Se essa incapacidade é reconhecida como inultrapassável para que queremos nós o Estado?
– A capacidade de controlar é indispensável mesmo que não existam parcerias, pois que inconformidades ou incumprimento podem existir mesmo que todos os HH sejam de gestão pública.
Há desistências de todo inaceitáveis mas, se existem a este nível, por que vai exigir-se de AJ que se invista para além do mandato que recebeu?

Aidenos

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19 Comments:

Blogger zezinho said...

"...um factor que gera na população e nas empresas os grandes receios, e respectivos efeitos negatios na economia (...) é precisamente o actual excessivo voluntarismo da comunicação à volta do assunto, inclusive a de origem governamental. (...)
É importante constatar que a centralização “forçada” da comunicação para além de ser um tique de regimes e personalidades totalitaristas, comporta enormes riscos estratégicos para a prática discursiva das políticas de saúde. Onde quer que esta abordagem centralizada ocorra, contrasta de forma chocante com a abordagem britânica, germânica ou escandinava onde se fomenta o processo de multiplos educadores locais e onde não se confunde a função política com a função de educação em saúde.
A ilusória popularidade granjeada por um qualquer ministério da saúde com a comunicação sobre a Gripe A contrasta com os riscos de efeitos nefastos. Por outro lado, o caricato de vermos um alto responsável político na televisão a dar conselhos básicos de higiene pessoal de forma paternalista, e substituindo-se ao médico ou até enfermeiro de familia, gera dúvidas sobre a qualidade da decisão política para esta críse de saúde pública.
Na potencial utilização oportunista do tema, a visão sistémica fica castrada. As medidas serão improvisadas e anunciadas com simbolismo eleitoralista. A preocupação fundamental estará na comunicação mas somente na abordagem redutora de propaganda governamental e apenas enquanto as coisas correm bem (fica para decidir quem irá dar... as más notícias). Consequentemente, a preocupação em apoiar os comunicadores locais e as várias profissões da saúde, sendo inexistente, explica os fenómenos de reacções a nível local do tipo das registadas nos tempos medievais da “peste negra” quando algum caso suspeito entra pela porta de um centro de saúde ou pequeno hospital (conforme verificado, por exemplo, já várias vezes no nosso país).
A relação entre a comunicação em saúde e a economia estabelece-se nos efeitos comportamentais que a primeira gera e respectivos impactos sobre a segunda. Os comportamentos são afectados por uma série de factores bastante distantes da abordagem biomédica e mecânica adoptada em alguns contextos de comunicação em saúde pública.
A comunicação de críse desenvolve-se enfrentando 3 dimensões estratégicas: complexidade, ambiguidade e incerteza. Como é óbvio, estas não são dimensões confortáveis em periodos eleitoralistas. O que signifca que, quanto mais um político se expõe mais risco de desastre gera, apesar das possiveis “sondagens” positivas. Para alguns, já é tarde demais para recuar. Eis um desafio para os “estrategas” de alguns governos europeus. Observemos para aprender..."

Envio aqui este extracto, com o devido respeito por um ex-professor meu perseguido por este blog.

Vale a pena partilhar pensamentos como estes complementares e em sintonia com Aidenos e É-Pá. Fazem-nos reflectir no contributo negativo que o actual Director Geral da Saúde, o verdadeiro estratega da resposta ao caso, tem dado para a saúde pública em Portugal. Focalizemos na verdadeira fonte do erro.

10:36 da manhã  
Blogger carlos said...

Relembremos as noticas de Janeiro/2009:

"Uma investigação da Direcção-Geral da Saúde (DGS) às denúncias feitas por enfermeiros supervisores da Linha Saúde 24 revelou que não existem situações que determinem «um mau desempenho da actividade e muito menos um prejuízo ou penalização para o utente».

O relatório, que foi divulgado pelo director-geral da Saúde, Francisco George, na comissão parlamentar da Saúde (!!!) surgiu no seguimento de um abaixo-assinado de oito enfermeiros supervisores onde faziam denúncias sobre o serviço.

A investigação fez a análise dos factos descritos no documento e inquiriu aleatoriamente por escrito 27 enfermeiros, num processo voluntário e confidencial, nos centros de atendimento de Lisboa e Porto.

Dizia nessa altura o nosso DGS:
«Os problemas invocados no abaixo-assinado não têm justificação ou fundamento, reconhecendo a possibilidade de alguns problemas pontuais de natureza técnica, uns já resolvidos e outros em avaliação, mas nada que ponha em causa o bom e regular funcionamento da Linha Saúde 24», refere o relatório da DGS.

Como comentar esta postura do Sr. DGS? Mudou, entretanto? ou apenas influenciado pelos vntos e oportunismo do "Sr. DGS Yes Man"?
Como fica a suposta "seriedade técnica" do Sr DGS? Sem comentários neste blogue isento e livre?

Link: http://diario.iol.pt/sociedade/dgs-saude-linha-saude-24-enfermeiros-denuncias-utentes/1034979-4071.html

11:10 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Excelente comentário.
Excelente extracto.
Dispensável a alusão a eventuais perseguições, que fazem parte de outro contexto, já ultrapassado, que nada adianta agora recordar.

11:22 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O Ministério da Saúde e a linha Saúde 24, gerida pela empresa Linha de Cuidados de Saúde SA em colaboração com a Direcção-Geral de Saúde, estão a recrutar enfermeiros em iniciativas separadas. Os anúncios estão nos sítios da Internet da Direcção-Geral de Saúde e da linha Saúde 24.

A Direcção-Geral está a recrutar enfermeiros para colaborarem no atendimento apenas sobre a Gripe A em regime de turnos. Neste caso são pedidos enfermeiros para Lisboa, Évora, Coimbra e Castelo Branco. Já na iniciativa da linha Saúde 24 estão a ser recrutados enfermeiros para prestarem esclarecimentos sobre qualquer tipo de doença. Os locais de trabalho são, neste caso, em Lisboa e Porto.

Depois de a própria ministra assumir que a linha Saúde 24 não estava a cumprir o contrato firmado surgem iniciativas para reforçar o atendimento do 808 24 24 24.

As ofertas de emprego surgem dias depois das notícias que davam conta que a linha de Saúde 24 tem atendido apenas 30% das chamadas a que se propôs.

Na altura, Ana Jorge contabilizou as «falhas» do atendimento. A ministra explicou que a empresa se tinha comprometido a atender, no mínimo, 10 mil chamadas por dia, mas que a Saúde 24 só estava a responder a 3 mil.

Na terça-feira, a ministra Ana Jorge admitiu estar a estudar a melhor forma de melhorar o atendimento da linha.

«A Direcção-Geral da Saúde, que gere o atendimento da linha em colaboração com a empresa, tem estado a desencadear uma série de processos para responder e aliviar essas questões quer do atendimento mais rápido, quer do retorno», afirmou Ana Jorge, citada pela «Lusa».

Antes, as medidas adoptadas iriam ser tomadas em «colaboração», uma vez que a Saúde 24 é gerida quer pela Direcção-Geral de Saúde, quer pela empresa Linha de Cuidados de Saúde SA, agora, Ministério e Saúde 24 adoptam recrutamentos em separado.

IOL 21.08.09

O que parece è que a gestão do Saúde 24 se transformou num salve-se quem puder.
O MS entalado com a pandemia, faz o que pode. E, nesta altura, o que pode é muito pouco.
Ceder, ceder, ceder.
Um verddeiro Estado de cócoras...

1:03 da manhã  
Blogger xavier said...

O DESCONTROLO DA GRIPE

Suspeitas deixam de ser testadas
Na passada quinta-feira a ministra tornou oficial o que já se previa: Portugal deixa de contabilizar os casos de gripe A e só testará as suspeitas quando o doente necessitar de estar internado. Ana Jorge justifica a decisão com o escalar do número de contágios confirmados em Portugal. Para os portugueses a mensagem continua a ser a mesma: prevenção sem alarmismos. Mas uma coisa é óbvia: a gripe atingiu um patamar de crescimento que coloca o nosso país como aquele em que o H1N1 mais cresce em toda a UE.

DE 22.08.09

Tudo parecia correr pelo melhor.
Como o Benfica na pré época.
De repente, tudo se complicou.
E, à boa maneira portuga, passámos rapidamente a liderar o ranking dos países com mais novos casos. A que não será estranha a forma pouco inteligente como tem sido conduzida a campanha de informação da gripe A por parte do MS.

E, novamente, o terrível fracasso do dossier "Linha Saúde 24" a vir ao de cima.

Como alguém aqui escreveu: Dificil fazer pior.

2:00 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Colocada, como seria fácil de prever, no epicentro da pandemia, a gestão da Linha Saúde 24, daqui em diante, far-se-à, supõe-se, à custa da alteração profunda das regras contratuais estabelecidas em concurso público.

Produção contratualizada e contrapartidas revistas, as coisas daqui em diante vão correr melhor.

É esta a lógica das PPPs: Fazer pulverizar as regras contratuais definidas em concurso, para daí em diante fazer prevalecer os interesses do parceiro privado contratado.

Escusado será perguntar: O que vale a senhora ministra da saúde, Ana Jorge, enfurecer-se? !...

8:56 da manhã  
Blogger tambemquero said...

grupo parlamentar de trabalho para acompanhamento da gripe A vai reunir-se hoje com o director-geral da Saúde, Francisco George, a quem serão pedidas informações sobre o funcionamento da Linha de Saúde 24, depois de várias queixas sobre alegadas demoras no atendimento por aquele serviço quando contactado sobre o vírus H1N1.

Fonte parlamentar disse à agência Lusa que esta é a primeira reunião do grupo, criado já depois do fim dos trabalhos parlamentares. Na agenda está a Linha Saúde 24 (808 24 24 24), criticada por alguns utentes e pela própria ministra da Saúde, Ana Jorge, que acusou a empresa que gere o serviço de incumprimento do contrato, ao atender menos sete mil chamadas diárias do que o previsto contratualmente (dez mil).

Também a presidente da Comissão Parlamentar de Saúde já tinha pedido explicações urgentes ao Governo sobre o funcionamento da Linha de Saúde 24, por considerar que eventuais falhas no atendimento põem em causa o combate à propagação da gripe A.

"Se a Linha não consegue atender as pessoas que se lhe dirigem, estamos confrontados com um problema complicado, de não possibilidade de cumprimento das normas definidas pelo próprio Ministério da Saúde para controlar a propagação da doença", disse Maria de Belém Roseira, na semana passada.

Além da questão da Linha Saúde 24, os deputados irão solicitar ao Governo esclarecimentos e informações sobre o acompanhamento da gripe A em Portugal.

A Linha Saúde 24 (808242424) é uma iniciativa do Ministério da Saúde que pretende responder às necessidades das pessoas em matéria de saúde, prestando aconselhamento e encaminhando os utentes para as instituições do Serviço Nacional de Saúde consideradas mais adequadas.
JP 26.08.09

10:54 da manhã  
Blogger xavier said...

Mesmo sem as trapalhadas da Linha saúde 24, o panorama da pandemia nos USA não é famoso:
ver aqui. link

Some of the news was pretty sobering: The council estimates that swine flu could infect up to half of the population this year, hospitalizing 1.8 million and causing as many as 90,000 deaths — about double what we'd expect from an average flu season. And that's assuming there's not a dangerous mutation that makes the virus either more lethal or more communicable. Matters aren't helped, unfortunately, by our fractured and inefficient health-care system.

1:23 da tarde  
Blogger cotovia said...

O Ministério da Saúde vai hoje ao Parlamento dar explicações sobre as falhas da Linha de Saúde 24 no atendimento aos casos da gripe A (H1N1) e a aposta em continuar com esta parceria público-privada, com reforço de verbas do Governo e de recursos humanos do sector público.


O deputado da Comissão Parlamentar da Saúde João Semedo (BE) critica a ministra da Saúde, Ana Jorge, porque, diz, "não tem razões para se queixar quando vem para a praça pública afirmar que a Linha de Saúde 24 funciona mal e só cumpre um terço do contratualizado".

"A ministra quer agora transferir a responsabilidade das falhas para a empresa que gere a Linha [LCS – Linha de Cuidados de Saúde] mas por outro lado prorrogou o contrato com essa empresa, quando podia ter assumido, há poucos meses, a gestão pública desse serviço e não o fez."

O pagamento de uma avultada indemnização à empresa LCS será, no seu entender, a justificação para o Ministério da Saúde não denunciar o contrato.

João Semedo quer ainda ouvir as explicações do Ministério sobre o reforço "de mais de cem enfermeiros do sector público para a Linha" e diz não entender porque "não são contratados enfermeiros que estão no desemprego".

"A ministra vai ter de explicar porque é que uma empresa privada recorre a serviços do Estado para o cumprimento do contrato. Isso só pode significar que o Governo está refém da empresa que gere a Linha."

O deputado não defende o fim do call center da área da saúde, porque considera ser "um instrumento fundamental e estratégico", mas defende que esse serviço seja assegurado pelo sector público e não privado.

Em recente conferência de Imprensa, a ministra Ana Jorge afirmou peremptoriamente "não estar arrependida" de manter o contrato com a empresa LCS.

CM 26.08.09

Apesar dos inúmeros assessores para a comunicação, a senhora ministra, um dia dia diz: "mata", no dia seguinte diz: "esfola", ao terceiro dia: "está tudo numa boa".
Nunca isto esteve tão mal...

3:51 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Morreu Ted Kennedy, pertencente a uma geração de políticos, uma referência da América e, finalmente, um homem que estava empenhado no novo sistema de saúde para os americanos.

Uma grande perda para os americanos e, particularmente, para Obama que bem precisava deste precioso apoio para levar por diante a sua reforma da saúde.

4:57 da tarde  
Blogger tambemquero said...

DGS reconhece que Linha Saúde 24 tem tido alguns problemas desde Julho

O director-geral da Saúde reconheceu hoje que a Linha Saúde 24 apresenta uma taxa de eficácia inferior ao desejável desde 5 de Julho, quando foi detectado um surto de gripe A (H1N1) numa escola em Benfica, Lisboa.

Francisco George, que falava aos deputados na Assembleia da República (AR), no âmbito do Grupo de Acompanhamento da Gripe, explicou que até 5 de Julho a Linha Saúde 24 apresentava uma resposta "confortável", respeitando o objectivo de assegurar a resposta a 85 por cento das chamadas recebidas. Este respeito pelas condições contratuais firmadas ente o Ministério da Saúde e a empresa privada que gere o serviço terão estado na origem da renovação do contrato a 25 de Maio.

O esclarecimento de Francisco George surgiu após várias questões levantadas pelos deputados que inquiriram o director-geral da Saúde das razões por que o contrato com a empresa não foi rescindido, uma vez que o mesmo não está a ser cumprido, como recentemente assumiu a ministra da Saúde, Ana Jorge.

O director-geral da Saúde corroborou as queixas de Ana Jorge e exemplificou com um dia em que, das 9490 tentativas de atendimento, só 2815 obtiveram resposta, ou seja, uma taxa de abandono perto dos 39 por cento e muito superior aos 15 por cento previstos no contrato. Para Francisco George, isto significa que o "interesse da população não foi respeitado desde 5 de Julho", razão que levou a tutela a exigir medidas que melhorassem o funcionamento deste serviço, apontado como a primeira resposta à gripe A (H1N1).

Francisco George adiantou que ficou acordado com a empresa um conjunto de melhorias neste atendimento telefónico e que a Direcção-Geral da Saúde recebeu garantias de que no final de Agosto, numa primeira etapa, e a partir da segunda semana de Setembro, numa segunda fase, serão garantidas as condições para uma taxa de eficácia satisfatória.

O responsável manifestou ainda confiança no funcionamento, para breve, de outra unidade de atendimento telefónico dedicada à gripe A e que será assegurada por enfermeiros que trabalharão em instalações na cidade de Coimbra, além daqueles que já asseguram este serviço em Lisboa e no Porto. Francisco George disse que a empresa se comprometeu a pôr em funcionamento as estruturas deste call-center em seis dias e que o mesmo irá permitir uma resposta a milhares de atendimentos diários.

Com estes esclarecimentos, Francisco George contrariou a sugestão apresentada pelos deputados do PCP e BE de passar a Linha Saúde 24 para o Serviço Nacional de Saúde, proposta com a qual não concordam os deputados do CDS, PS e PSD. Com excepção da deputada do PS no grupo de trabalho, todos os outros representantes dos partidos com assento parlamentar lamentaram e criticaram que a esta primeira reunião do Grupo tenha faltado a ministra da Saúde, Ana Jorge.
JP 26.08.09

10:59 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Gripe A: Linha Saúde 24 já sofreu penalizações no valor de 390 mil euros
26.08.2009 - 18h58 Lusa
A Linha Saúde 24 já sofreu penalizações por incumprimento no valor de 390 mil euros, dos quais 250 mil já foram pagos ao Estado, revelou hoje o coordenador deste serviço.

Sérgio Gomes fez estas declarações durante a primeira reunião do Grupo de Acompanhamento de Gripe, criado no âmbito da Comissão Parlamentar de Saúde, que hoje ouviu as explicações da tutela sobre a Linha Saúde 24, apontada como a primeira resposta à gripe A (H1N1).

De acordo com este responsável, as penalizações deste serviço no primeiro semestre da sua actividade, iniciada em 2007, foram no valor de 250 mil euros, entretanto já pagos. Por pagar, relativamente ao segundo semestre, estão 140 mil euros. As penalizações referentes ao terceiro e quarto semestre ainda não foram contabilizadas, acrescentou Sérgio Gomes.

Nesta primeira reunião do Grupo, o director-geral da Saúde, Francisco George, reconheceu que desde 5 de Julho o incumprimento por parte da empresa privada que gere o serviço se agravou, prevendo-se por isso mais penalizações financeiras, previstas no contrato assinado entre o Ministério da Saúde e a empresa privada.
JP 26.08.09

O problema não são as indemnizações mas sim a qualidade do serviço e a frustação de expectativas por parte da população utilizadora.
A LCS concerteza já fez contas e concluiu que lhe fica mais barato pagar as indmnizações do que cumprir as claúsulas do contrato.

Mas com o novo acordo determinado pela pressão da pandemia as coisas vão certamente melhorar.
A conta a pagar vem depois.

11:05 da tarde  
Blogger Unknown said...

Quando falamos em qualidade do serviço referimo-nos ao quê concretamente?

Vejo todos os dias atrasos e mais atrasos no atendimento nas Urgências e ninguém parece querer relembrar isso...

4:55 da manhã  
Blogger Unknown said...

@xavier

Antes de dizermos que a situação está descontrolada e que o número de casos está a aumentar mais em Portugal do que noutros países convem sabermos interpretar os dados.

Na maioria deles os casos de gripe A deixaram de ser reportados e medidas como as tomadas agora, ou seja, a entrada numa fase de mitigação, em que o diagnóstico clinico é o mais importante em detrimento da identificação laboratorial de todos os casos...

Por esta ordem de ideias, assistiremos nos proximos dias, se os SU e SAG assim o cumprirem, a uma diminuição do número de casos de gripe A.

Não que eles realmente tenham diminuído mas simplesmente deixaram de ser investigados.

5:07 da manhã  
Blogger Unknown said...

Um boa forma de impedir o acesso massivo aos serviços da saúde 24, no âmbito da gripe A, era claramente explicar o que pode ser considerado gripe e a mudança actual no paradigma de abordagem deste problema.

Vou fazer a minha parte:

Critérios clínicos de suspeita de infecção por vírus A(H1N1): síndroma gripal ou doença respiratória aguda grave (pneumonia ou outra).
Doente com os seguintes sintomas:
Início súbito de febre
(temperatura ≥ 38 °C) ou história de febre (≤ 72h) e pelo
menos dois dos seguintes sintomas:
ƒ tosse,
ƒ cefaleias,
ƒ odinofagia,
ƒ mialgias/artralgias,
ƒ rinorreia,
ƒ vómitos/diarreia
ou
Pneumonia ou outra doença respiratória aguda grave sugestiva de etiologia infecciosa.

Critérios epidemiológicos
Os critérios epidemiológicos, que apenas reforçam a suspeição clínica, são:
• contacto próximo (ver definição) com um caso de infecção pelo vírus da
gripe A(H1N1)v.
• pessoa que trabalha em laboratório onde se processam amostras biológicas
para o vírus A(H1N1)v.

Critérios laboratoriais
• RT-PCR positiva para virus A(H1N1)v;
• cultura viral (só em laboratórios com nível de segurança 3) com isolamento de
vírus A(H1N1)v;
• aumento de, pelo menos 4 vezes, do título de anticorpos específicos
neutralizantes para o novo vírus da gripe, em amostras colhidas na fase aguda
da doença e 10 a 14 dias depois

Definição de caso: Doente que preencha os critérios clínicos de síndroma gripal com ou sem confirmação laboratorial ou com pneumonia com confirmação laboratorial para vírus A(H1N1)


Definição de contacto próximo
Contacto pessoal com um caso no período infeccioso (1 dia antes até 7 dias
depois do início dos sintomas):
• coabitantes;
• pessoas que prestaram cuidados ou tiveram contacto directo com secreções
respiratórias ou fluidos corporais do doente;
• pessoas que tenham estado a distância ≤1 metro ou no mesmo compartimento,
por um período de tempo >1 hora;
• profissionais de saúde que tenham atendido um caso sem equipamento de
protecção individual adequado (documento Gripe OT-11).
As medidas de vigilância e/ou quimioprofilaxia apenas se aplicam a pessoas que
cumpram a definição de contacto próximo e, pelo menos, um dos seguintes
critérios:
• gravidez;
• puerpério;
• idade ≤1 ano;
• imunodepressão;
• asma, em que os doentes devem ser avaliados caso a caso, em função da
gravidade da doença e da necessidade de terapêutica diária mantida com
corticoides inalados;
• obesidade mórbida (IMC>40);
• doença crónica grave e/ou descompensada

Retirado de http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i011695.pdf

Convém também saber quais os critérios para fazer anti-virais (oseltamivir), para tal devem consultar : http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i011552.pdf

Pode ser que assim os camaradas do blogue, em vez de simplesmente especular possam também dar um contributo mais positivo

5:14 da manhã  
Blogger lucilia said...

É injusto que a Ministra apanhe com todas as responsabilidades.

O Director Geral da Saúde, o Dr. Francisco George, foi muito para além do seu papel técnico e passou a ter um papel político. Na medida em que faz, com grande aparente dinamismo, o trabalho sujo de esconder a verdade para proteger o governo (vulgarmente referido como ‘frete’), assumiu uma posição contraproducente para a saúde pública. Traiu os principios profissionais que esperamos ver nos especialistas e passou a ser um vulgar funcionário em busca de promoção pessoal. Que grande confusão vai naquela cabeça!

Por outro lado, não devemos confundir a empatia e respeito que as suas passadas tragédias pessoais nos merecem com as suas crecentes falhas na ética profissional. A primeira não justifica a segunda.

O Sr DGS está excessivamente conotado e compromentido com este governo para nos garantir a necessária isenção que a DGS deveria ter. Trata-se de mais uma vergonha e um embaraço para as profissões da saúde. A DGS transformou-se com Francisco George, numa central administrativa do governo. Tem prestado um mau serviço à saúde pública e desperdiçou uma oportunidade de ouro de relançar uma visão diferente sobre a intervenção da saúde na sociedade portuguesa. Sem saber, definiu para si próprio um abandono forçado do cargo pela porta pequena... a acontecer brevemente.

8:37 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Caro magistral

Sobre alguns dos disparates que escreveu, recomendo-lhe a leitura do relatório semanal da 34.ª semana da gripe aqui link

Quer exemplos de falta de qualidade:
a) A LCS em 10 mil chamadas, a partir de Junho, apenas conseguiu atender 2 mil.
b) Tempo médio de espera por chamada 30 minutos.

9:03 da manhã  
Blogger Antunes said...

O director-geral da Saúde reconheceu hoje que a Linha Saúde 24 apresenta uma taxa de eficácia inferior ao desejável desde 05 de Julho, quando foi detectado um surto de gripe A (H1N1) numa escola em Benfica, Lisboa.

Francisco George, que falava aos deputados na Assembleia da República (AR), no âmbito do Grupo de Acompanhamento da Gripe, explicou que até 05 de Julho a Linha Saúde 24 apresentava uma resposta "confortável", respeitando o objectivo de assegurar a resposta a 85 por cento das chamadas recebidas.

Este respeito pelas condições contratuais firmadas ente o Ministério da Saúde e a empresa privada que gere o serviço terão estado na origem da renovação do contrato a 25 de Maio.

O esclarecimento de Francisco George surgiu após várias questões levantadas pelos deputados que inquiriram o director-geral da Saúde das razões por que o contrato com a empresa não foi rescindido, uma vez que o mesmo não está a ser cumprido, como recentemente assumiu a ministra da Saúde, Ana Jorge.

O director-geral da Saúde corroborou as queixas de Ana Jorge e exemplificou com um dia em que, das 9490 tentativas de atendimento, só 2815 obtiveram resposta, ou seja, uma taxa de abandono perto dos 39 por cento e muito superior aos 15 por cento previstos no contrato.

Para Francisco George, isto significa que o "interesse da população não foi respeitado desde 05 de Julho", razão que levou a tutela a exigir medidas que melhorassem o funcionamento deste serviço, apontado como a primeira resposta à gripe A (H1N1).

Francisco George adiantou que ficou acordado com a empresa um conjunto de melhorias neste atendimento telefónico e que a Direcção-Geral da Saúde recebeu garantias de que no final de Agosto, numa primeira etapa, e a partir da segunda semana de Setembro, numa segunda fase, serão garantidas as condições para uma taxa de eficácia satisfatória.

O responsável manifestou ainda confiança no funcionamento, para breve, de outra unidade de atendimento telefónico dedicada à gripe A e que será assegurada por enfermeiros que trabalharão em instalações na cidade de Coimbra, além daqueles que já asseguram este serviço em Lisboa e no Porto.

Francisco George disse que a empresa se comprometeu a pôr em funcionamento as estruturas deste 'call-center' em seis dias e que o mesmo irá permitir uma resposta a milhares de atendimentos diários.

Com estes esclarecimentos, Francisco George contrariou a sugestão apresentada pelos deputados do PCP e BE de passar a Linha Saúde 24 para o Serviço Nacional de Saúde, proposta com a qual não concordam os deputados dos CDS, PS e PSD.

Com excepção da deputada do PS no grupo de trabalho, todos os outros representantes dos partidos com assento parlamentar lamentaram e criticaram que a esta primeira reunião do Grupo tenha faltado a ministra da Saúde, Ana Jorge.

I 27.08.09

Com toda esta candura o DGS, FG, deve pensar que nós somos todos parvos.
Se a incompetência pagasse imposto, Portugal deixaria de ter preocupações com o défice.

5:42 da tarde  
Blogger Unknown said...

Querido Também quero

Antes de me mandar analisar relatórios sem qualquer relação com o que disse previamente, e elaborados por alguém que considera pneumonia um sintoma (algo também descrito no formulário de definição de caso de gripe e contacto próximo: OT1)explique-me que parte é um disparate?

Depois diz com a sua habitual imprecisão quando fala na primeira pessoa... Não é desde Junho... é desde Julho! e são 3000 e não 2000 chamadas em cada 10000 diárias!!! Uma preciosidade? Não ... é só mais 33%.

No entanto o que muitas vezes fica implícito nestas críticas é que o serviço quando prestado é mau. Perguntem-se se face aos objectivos da Linha, o número de profissionais é o adequado?

Depois falamos em 30 min de espera... Quanto tempo espera em médio um utente quando recorre a um SU, por idêntica gravidade? Incomparavelmente mais...

Para ter o serviço desejado é totalmente necessário ter muitos mais profissionais ... Talvez isso não seja desejável pois assim teríamos efectivamente um melhor serviço, algo que não lhe deve interessar pois assim não teria o que comentar certo?

2:12 da tarde  

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