sábado, outubro 27

Paulo Macedo nas jornadas conjuntas

Assisti hoje à intervenção do ministro da saúde, Paulo Macedo, nas jornadas parlamentares conjuntas (de propaganda), PSD e do CDS-PP, na AR sob o lema "Portugal". 
Para além da demonstração de razoável domínio do denominado calão técnico, ao ponto de referir “novas moléculas" no lugar de “novos medicamentos” (registe-se o empenho do ministro na sofisticação da comunicação), Paulo Macedo, limitou-se a repetir o rol de medidas que considera feitos da sua governação: Prescrição por DCI; libertação de barreiras à introdução de medicamentos genéricos; critérios rigorosos de avaliação das novas tecnologias (medicamento); acordo com a classe médica que irá permitir a atribuição de médicos de família a todos os portugueses (veremos), abertura de concursos de acesso a novos profissionais, melhor aproveitamento dos horários de trabalho e redução do trabalho extraordinário; os orçamentos rectificativos cíclicos, determinados pela acumulação de dividas, resultantes do subfinanciamento da saúde, a imporem reajustamentos estruturais necessários ao reequilíbrio do sistema (a velha questão da sustentabilidade); redução de preços envolvendo todos as áreas e parceiros da saúde (convencionados, farmácias, laboratórios); medidas de combate à fraude (tão do seu agrado) e..., na linguagem do ministro, a, “por vezes esquecida”, plataforma da saúde em fase de arranque. 
Enfim, a resenha da actuação governativa “entre o administrativo-financeiro - centralizador e controlador como na DG de Impostos - e o político hábil na gestão de lobis e na arte de «encanar a perna à rã» para evitar despesas e investimentos.” Sem novidades.
Curioso não ter referido um dos seus mais recentes projectos, o arranque das USF modelo C . link Para o qual nomeou um grupo de trabalho encarregado de estudar a extensão das unidades de saúde familiar (USF) aos sectores social e cooperativo. A extensão ao sector privado ficou, por precaução, por enquanto, para segundas núpcias.  Aliás, Paulo Macedo assegurou, recentemente em audição parlamentar,  que este projecto não constituía prioridade para o Executivo. Imaginamos o desconforto do Dr Pisco. A não ser que o ministro diga em público umas coisas (para sossegar espíritos)  e no seio do grupo de especialistas nomeados seja pródigo na distribuição de palmadinhas de incentivo. 
Pois a privatização dos CSP já se faz tarde. 
Outro tema que nos escapou na intervenção de Paulo Macedo foi a referência à reforma da rede hospitalar prestes a arrancar. Com excepção do entusiasmo manifestado em relação à construção do Hospital de Todos os Santos já autorizada pela troika. 
Aguarda-se com expectativa o programa detalhado da mãe de todas as reformas com data de arranque prevista para Nov 2012 e conclusão em Dez 2013. Cujo objectivo consta do relatório da 5.ª avaliação da troika: reduzir a despesa de exploração da rede do SNS em 15% relativamente aos valores de 2010. link Coisa fácil! 
Nada que os cortes a eito, a vontade de ir além das recomendações da troika, e dose eficaz de propaganda, não resolvam.

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9 Comments:

Blogger Tavisto said...

As restrições orçamentais do MS têm levado as administrações dos hospitais a cortarem em serviços prioritários. Vimo-lo recentemente com os serviços de limpeza do hospital S.João, com os novos cortes que se anunciam dificilmente se evitarão situações idênticas.
Não haja duvida que Paulo Macedo tem, tropeçando aqui e ali, conduzido com perícia a nau da Saúde neste mar revolto de políticas de austeridade e incompetências muitas deste governo. A mestria tem porem limites, as instituições do SNS dificilmente podem continuar a sofrer cortes orçamentais sem que tal se reflicta na qualidade dos cuidados prestados e na segurança de doentes e profissionais.
Ainda por cima, tal como sucede no País, a austeridade na saúde tem um peso e duas medidas gerando revolta e incompreensão. É que, enquanto o governo tem sido implacável com o SNS na aplicação do programa da Troika, a exigência de auto-sustentabilidade dos subsistemas públicos vem sendo adiada dando assim larga folga financeira ao sector privado da Saúde.

7:42 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Na linha do seu chefe de Governo Paulo Macedo deveria ter anunciado, nessas jornadas, a 'refundação do SNS'...

11:11 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Paulo Macedo, referiu repetidas vezes, o facto de o SNS beneficiar de acesso privilegiado ao financiamento público por se tratar de um sector estratégico que merece o consenso dos portugueses e de coesão nacional.
A troika concorda com os orçamentos rectificativos por se destinarem ao pagamento de dívidas atrasadas na sua grande maioria a grupos internacionais.
Não é pelos lindos olhos do SNS.
O resto é blá blá para tentar enganar tugas.
O verdadeiro Paulo Macedo ainda não apareceu. Vamos ter oportunidade de o ver em todo o seu esplendor na próxima ofensiva contra a rede de hospitais públicos.

12:17 da manhã  
Blogger Clara said...

“O ministro da Saúde [Paulo Macedo] - tenho que lhe fazer justiça - está a fazer um grande esforço para conseguir o orçamento necessário e até é de saudar o acordo que fez recentemente com os sindicatos médicos que permite, além do mais, defender as carreiras profissionais. Simplesmente, o ministro das Finanças é uma pessoa absolutamente fria, sem nenhuma sensibilidade social, e o primeiro-ministro igualmente”, disse, em declarações à agência Lusa à margem da sessão. link

António Arnaut. JP 27.10.12

O pai do SNS também já não diz coisa com coisa. Ora faz sol, ora está a trovejar.
Neste Governo não há ministros bons, nem ministros bonzinhos. A politica deste governo é uma só.
E tem como prioridade o ataque ao estado social.
Paulo Macedo tem cumprido com desvelo todos os cortes a eito impostos pela troika.

12:30 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O SNS gera dívidas porque padece de subfinanciamento crónico.
Incapaz de enfrentar o poder dos ricos e dos bancos este governo opta por atacar o estado social.
Compreendemos agora melhor onde estão as gorduras no entender deste governo.

1:09 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Não tinha como fugir. A pornográfica cobertura mediática das jornadas parlamentares da coligação de direita obrigou certamente cada um de nós a ter de ouvir os grandes feitos de Paulo Portas na política externa¹ e aquele serial killer link que se barricou no Terreiro do Paço a afirmar pausadamente que ainda está “por volta do 27.º quilómetro” da sua maratona.link

1:13 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

...Macedo, que defendeu que é necessário “procurar assegurar a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", explicou que ao longo dos anos tem havido um subfinanciamento na Saúde que depois é compensado por dotações orçamentais suplementares.

O ministro afirmaria, logo de seguida, que o país tem em 2013 “o maior orçamento de sempre da saúde, mas com um detalhe”. “A fatia mais significativa vai para a regularização de dívidas e não para a prestação de cuidados de saúde”, disse, acrescentando que é um passo fundamental para que possam ser efectuadas reformas estruturais na Saúde. Os objectivos estratégicos do Ministério da Saúde passam por assegurar a sustentabilidade do sector mediante o aumento de eficiência e a redução dos custos nos serviços adquiridos, segundo Paulo Macedo.link

JP 27.10.12

O que Paulo Macedo não referiu:

a) As limitações de acesso dos portugueses aos cuidados com o aumento das taxas moderadoras, Que sofrerão novo aumento em Janeiro 2013 (com excepção dos CSP, segundo promessa de PM);

b) Os pesados cortes às dotações orçamentais dos hospitais que limitam a prestação de cuidados de saúde de qualidade às populações;

c)As limitações de acesso dos portugueses aos novos medicamentos porque são caros.
Por outro lado, cada vez há mais idosos doentes que abandonam os tratamentos por falta de dinheiro para pagar os medicamentos e os transportes para se deslocarem aos centros de saúde e hospitais. A que não é estranho o aumento de custo de vida e redução das pensões por este governo;

d) Os cortes feitos ao transporte de doentes crónicos (deslocações aos centros de fisioterapia, CSP para consultas e tratamentos, consultas hospitalares;

e) Porque é que o sr ministro se limita a estabelecer acordo com a classe médica e menosprezo das outras classes profissionais nomeadamente a classe de enfermagem;

f) Privatização dos cuidados de saúde primários (CSP) com a activação das USF modelo C;

g)Reforma da rede hospitalar com mais centralizações e encerramentos sem um estudo de base sério (carta hospitalar);

h) Em breve teremos indicadores de saúde a revelar todos os atropelos que estão a ser efectuados à rede de cuidados.
O tempo de espera das cirurgias continua a crescer como revela a informação recentemente publicada referente ao 1.º semestre de 2012.

2:19 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Refunda isto (Ó Passos!)

Por acaso, Pedro, sou dos que acho que essa tua ideia de refundar o acordo com a troika é capaz de ser muito boa. Afinal, o teu partido “identificava-se” com o memorando, que considerava como o seu programa, e acredito que estejas com muitas saudades do entusiasmo do PSD com este, o mesmo entusiasmo que te fez ir “mais além”. Bons tempos, não eram?
Está na altura de recuperar esses bons tempos de esperança, de dar um novo alento ao país, de reafirmar a confiança que os cidadãos em ti depositaram.
Tenho por isso uma proposta para te fazer: a melhor maneira de refundar o acordo com a Troika, de recuperar esse entusiasmo dos primeiros tempo, é ires a eleições. Agora, o mais rápido possível, antes do orçamento. No fundo, renovar os votos com o eleitorado, que anda ultimamente tão distante e não te compreende. Tens de ganhar de novo o entusiasmo perdido da população com a explicação dos teus sucessos. De como reduziste a despesa. De como a balança comercial está positiva, e o grande sucesso que isso representa. Da gente competente que tens à tua volta, do génio das finanças Gaspar, das contas certinhas e modelos infalíveis, ao astuto Álvaro, a descobrir oportunidades onde mais ninguém as vê, ao incansável Relvas, o exemplo de honestidade. De caminho, explicas muito bem explicadinho aos eleitores o que entendes por “reformular as funções do estado”, o teu plano para o crescimento, as tuas implacáveis negociações com a troika, as tuas intermináveis viagens por essa Europa fora a defender o país com unhas e dentes. Tens o pin à lapela, homem, sinal que és um patriota. Acredita, não falha. Não pode falhar.
E no final, com a legitimidade renovada que apenas a vitória eleitoral permite, podes então considerar o acordo “refundado”. És um tipo de coragem, tu próprio o dizes, e os tempos não estão para fracos. Vamos a isso?
por Vega9000

2:20 da tarde  
Blogger saudepe said...

Doze milhões de euros

É o valor estimado dos encargos que o Estado tem mantido com o programa cheque-dentista, a cujo acesso o Ministério da Saúde decidiu agora privar as crianças e jovens com 7, 10 e 13 anos. link corresponde, no seu montante, à generosa, inesperada e excedente oferenda financeira aos colégios privados, link feita pelo Ministério da Educação no início deste ano. São escolhas senhores: o dinheiro que servia para prevenir e tratar problemas dentários de milhares de crianças e jovens é poupado para custear o luxo, ilusório, link da frequência de escolas privadas por filhos das classes alta e média-alta.
Nuno Serra, ladrões de bicicletas

11:32 da manhã  

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