terça-feira, setembro 28

Prescrição de Medicamentos Genéricos




1. - De Janeiro a Agosto (inclusivé) de 2004, o valor das vendas de medicamentos genéricos totalizou, 159 507 989 Euros (99 790 195 Euros, em igual período do ano transacto).
O crescimento verificado neste período, relativamente ao período homólogo do ano anterior, foi de 60%.
A quota dos medicamentos genéricos atingiu, no final de Agosto, 7,73% do mercado total.

2. -
O n.º1 do artigo 2º do Decreto-Lei n.º 271/2002, de 2 de Dezembro , estabelece que a prescrição de medicamentos contendo substâncias activas para as quais existam medicamentos genéricos autorizados é efectuada mediante a indicação da denominação comum internacional (DCI) ou do nome genérico, sendo admitido a seguir a essa indicação o nome de marca do medicamento ou o nome do titular da autorização de introdução no mercado (AIM), seguida em todos os casos da dosagem da forma farmacêutica e da posologia.
O n.º 2 do artigo 3º do referido diploma, prevê que o farmacêutico poderá alterar o medicamento prescrito a pedido do utente e se não houver uma declaração expressa do médico prescritor.

3. – Num estudo recente sobre o Padrão de utilização da nova receita médica, procurou-se determinar, relativamente às receitas comparticipadas pelo SNS, dispensadas no dia 22 de Junho de 2004, o seguinte:
a) - a proporção de medicamentos passíveis de substituição que foram prescritos apenas por Denominação Comum Internacional (DCI),
b) - a proporçao de medicamentos passíveis de substituição cuja substituição foi autorizada pelo médico
c) - a proporção de medicamentos passíveis de substituição cuja substituição não foi autorizada pelo médico.
4. - Metodologia seguida:
A recolha de informação foi efectuada através de um questionário enviado às farmácias oficina.
Foram recebidos 706 questionários (26,3%) de um universo de 2 681 farmácias do Continente e Ilhas.
A penas foram consideradas para análise estatística 500 questionários (18,6%)
5. - Dados dos inquéritos:
- Foram analisadas 33 741 receitas do SNS.
- N.º de receitas passíveis de substituição - 14 037 (41,6%).
- N.º de medicamentos passíveis de substituição - 17 917, dos quais só 2 232 (12,5%) foram prescritos por DCI
- N.º de medicamentos em que o médico autorizou a substituição - 6 919 (38,6%).
- N.º de medicamentos em que o médico não autorizou a substituição - 8 766 (48,9%).
6. - Resultados apurados:

a) – A percentagem média de medicamentos prescritos apenas por DCI, foi de 13,0%

b) – A percentagem média de medicamentos prescritos com substituição autorizada foi de 37,8%.
c) – A percentagem média de medicamentos prescritos com substituição não autorizada foi de 49,2%.

7. - Conclusão: Este estudo comprova, claramente, que um elevado número de médicos do Serviço Nacional de Saúde não cumpre as regras estabelecidas pelo governo sobre a prescrição de medicamentos genéricos , prejudicando, de forma determinante, o crescimento do mercado de genéricos.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

As Farmácias também têm culpa no cartório.
Medicamentos genéricos e monopólio das farmácias

«(...) Porque será que NINGUÉM se preocupa com os "métodos" que são usados para divulgar os medicamentos genéricos?
Em vez de serem preferencialmente promovidos junto dos médicos, são "promovidos" nas farmácias em campanhas tipo "Leve 10 e paga 3... ou se comprar 10 ainda lhe oferecemos 5 destes + 3 daqueles + 4 de outros". Este tipo de campanhas (à dúzia é mais barata) que todos conhecem a não ser a Ordem dos Farmacêuticos não incomoda ninguém, nem têm qualquer significado... quanto à QUALIDADE ?
Se a Farmácia não fosse um monopólio do sistema corporativo em que ainda se vive neste sector, acha que os (i)responsáveis pelo medicamento ignorariam tudo isto? Qual a diferença entre a ANF e a Ordem ? São sempre os mesmos, só rodam entre si, não é?
Para os liberais e sobretudo para os ultra liberais do governo, incluindo A. Mexia, que defendem todos os dias que a indústria privada deve resolver os seus próprios problemas, a única indústria que "não deve ser liberal nem privada" é o fornecimento de medicamentos? Será que existe algum sector produtivo onde haja maior regulamentação do que neste sector?
(...) Sabe quando custa a distribuição nas farmácias, mercê do actual monopólio? Qual o sector empresarial onde o Estado "garante" cerca de 30% de margem de comercialização? Será por isso que o trespasse de uma farmácia chega a custar mais de 500.000 CONTOS!!!»

Texto publicado no Causa Nossa por Vital Moreira.

5:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A guerra está instalada. Médicos e Farmacêuticos dão largas às más consciências:

"Médicos pedem provas a farmacêuticos"
À denúncia da Ordem dos Farmacêuticos, que acusam os médicos de manipular as receitas para evitar a prescrição de genéricos, a Ordem dos Médicos responde pedindo provas. Miguel Leão disse que as infracções devem ser comunicadas à Ordem dos Médicos.

O bastonário da ordem dos farmacêuticos, Aranda da Silva, disse à TSF, este domingo de manhã , que os médicos manipulavam as receitas para evitar a prescrição de genéricos.

Aranda da Silva afirmou que estava preocupado, pois há «denúncias de colegas de diversas farmácias, o que é uma situação preocupante e grave».

O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos propôs que o modelo das receitas fosse alterado.

Em resposta a Aranda da Silva, Miguel Leão, presidente do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos, pediu ao bastonário da Ordem dos Farmacêuticos que concretize as denúncias que fez.

Miguel Leão referiu que o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos «misturou duas coisas», mas lembrou que, no caso de haver «infracções, a Ordem dos Farmacêuticos o deve comunicar à Ordem dos Médicos».

5:52 da tarde  
Blogger xavier said...

Farmacêuticos confiam mais nos genéricos do que os médicos

Um em cada quatro dos médicos inquiridos no âmbito de um estudo da Ratiopharm relativamente ao consumo de genéricos não considera que os genéricos têm a mesma qualidade que os medicamentos inovadores.

Esta percentagem de 25% desce para 8% quando se pergunta aos farmacêuticos a percepção que têm sobre a qualidade dos genéricos em comparação com os medicamentos inovadores.

No estudo da Metris para a empresa de genéricos Ratiopharm, a que o Diário Económico teve acesso, lê-se que «75% dos médicos considera que os medicamentos genéricos apresentam a mesma qualidade que os originadores», salientando-se que «este número tem vindo a conhecer um aumento gradual de ano para ano». Já no que diz respeito aos profissionais da farmácia, o acolhimento é ainda mais positivo: «92% dos farmacêuticos afirmam que os genéricos são de igual qualidade aos medicamentos originadores».

Apesar da adesão dos profissionais à prescrição de genéricos, são os consumidores que mostram um crescente interesse sobre este tipo de medicamentos. «Em 2002, só 6% dos farmacêuticos inquiridos referiam que era frequente os utentes solicitarem esclarecimentos sobre os medicamentos genéricos. Os últimos resultados confirmam u m interesse crescente, tendo esta percentagem subido para 40%», lê-se no estudo que abrangeu mais de 1100 inquiridos.

O preço é o factor que os consumidores mais levam em conta (65%) quando se mostram inclinados a experimentar um genérico. Ao todo, são 58% de respostas que revelam «intenção de experimentar ou passar a tomar mais genéricos no futuro». Apenas um quinto dos inquiridos considera que esta é a principal razão para escolher um genérico em detrimento de um medicamento de marca.

A subida de genéricos obrigou a indústria farmacêutica a reagir, descendo os preços. Ontem, a Rádio Renascença noticiava que alguns laboratórios tinham criado sub-empresas para poder introduzir mais delegados de informação médica nos hospitais, procurando sensibilizar os médicos para os benefícios dos seus medicamentos, em detrimento dos genéricos.

Comentários:
O prolema está quando os médicos prescrevem. Um estudo recente, comprova que, em cerca de 50% das prescrições, os médicos não autorizam a substituição do medicamento pelo genérico da mesma substância activa prescrita. A percentagem média de medicamentos prescritos por DCI é de apenas de 13%. Ou os estudos foram mal conduzidos ou há que duvidar da sinceridade dos médicos.

Diário Económico 29.09.04

11:53 da tarde  

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