Incompetência e Crueldade
O Hospital Amadora Sintra, tem sido protagonista, ultimamente, de várias casos de negligência que não abonam nada a favor da qualidade das suas prestações nem da eficiência da sua gestão privada que o marketing, criteriosamente, lançado nos media e o ministro da Saúde, nos querem fazer acreditar.
O último inacreditável caso que o Semanário Expresso de 18 Dez, noticia, digno de um filme de Alfred Hichkok, põe a nu a extrema incompetência e crueldade da gestão do Amadora Sintra.
1. - Incompetência:
"Ana Raquel, 10 anos de idade, morreu no hospital Amadora Sintra, após uma cirurgia às amígdalas devido a uma troca de soros: a administração de sódio hipertónico ou bicarbonato de sódio em quantidade elevadíssimas provocou-lhe lesões neurológicas irreversíveis, o que conduziu à morte. Esta administração directa e excessiva aconteceu porque alguém, que Inspecção Geral de Saúde (IGS) não conseguiu identificar, nem quando, trocou os frascos do soro que estava a ser administrado à Ana Raquel."
"Três médicas são acusadas de comportamentos infractórios: Uma otorrinolaringologista que não compareceu no hospital quando confrontada com o estado anormal da criança. Duas anestesistas que não conseguiram interpretar os sinais já evidentes do estado da criança, impedindo assim a possibilidade de uma reversão do seu estado clínico. Quanto ao hospital são lhe atribuídas culpas por não ter sido possível identificar o autor da troca dos soros."
2. - Crueldade:
"O pai da pequena Ana Raquel, João Santos, recebeu a notícia do falecimento no quarto que a filha ocupava no hospital e desmaiou duas vezes. Os procedimentos de reanimação foram feitos de imediato, no mesmo local, por pessoal do hospital.
Duas semanas após o funeral da Ana Raquel, João Santos recebeu a factura do Amadora Sintra referente à despesa com a sua reanimação no valor de 20,10 euros. A inspecção Geral de Saúde considerou de cruel este procedimento da Administração do Hospital, a qual justificou o sucedido escudando-se no sistema informático.
Dez meses após a morte da Ana Raquel a família não recebeu qualquer nota do hospital, nem uma palavra de condolências, apenas a factura . Segundo a IGS este episódio é constrangedor, uma vez que face ao sucedido se verificou um défice de comunicação e apoio à família."
"Três médicas são acusadas de comportamentos infractórios: Uma otorrinolaringologista que não compareceu no hospital quando confrontada com o estado anormal da criança. Duas anestesistas que não conseguiram interpretar os sinais já evidentes do estado da criança, impedindo assim a possibilidade de uma reversão do seu estado clínico. Quanto ao hospital são lhe atribuídas culpas por não ter sido possível identificar o autor da troca dos soros."
2. - Crueldade:
"O pai da pequena Ana Raquel, João Santos, recebeu a notícia do falecimento no quarto que a filha ocupava no hospital e desmaiou duas vezes. Os procedimentos de reanimação foram feitos de imediato, no mesmo local, por pessoal do hospital.
Duas semanas após o funeral da Ana Raquel, João Santos recebeu a factura do Amadora Sintra referente à despesa com a sua reanimação no valor de 20,10 euros. A inspecção Geral de Saúde considerou de cruel este procedimento da Administração do Hospital, a qual justificou o sucedido escudando-se no sistema informático.
Dez meses após a morte da Ana Raquel a família não recebeu qualquer nota do hospital, nem uma palavra de condolências, apenas a factura . Segundo a IGS este episódio é constrangedor, uma vez que face ao sucedido se verificou um défice de comunicação e apoio à família."
3. - É este modelo de gestão empresarial, centrado no lucro, no controlo administrativo, relegando os utentes para segundo plano, que Luís Filipe Pereira defende para o Serviço Nacional de Saúde.
As parcerias da Saúde para a adjudicação da construção e gestão de dez novos hospitais irão transformar profundamente as relações de trabalho e a qualidade das prestações de cuidados do SNS. A gestão privada destes novos hospitais irá ter tempo de sobra para demonstrar até à saciedade as suas qualidades de incompetência e crueldade, tudo em defesa da eficiência e do lucro da exploração hospitalar privada.
5 Comments:
A criação dos hospitais novos vai criar profundos desasjustamento no SNS. Onde estão os recursos humanos para fazer face á criação de tanto hospital, embora tendo em atenção que a maioria é para substituição das estruturas antigas. A qualidade e os utentes é que vão ser vitimas deste pandemónio.
Ultimamente o Amadora Sintra só dá barraca. Ainda recentemente foi o caso do encerramento da maternidade sem darem cavaco a ninguém. Entretanto decorrem mais alguns processos de casos semelhantes ao da Ana Raquel. Aguardemos pelos relatórios da IGS.
SAe alguém ainda tivese duvidas sobre o que é a politica de saude do actual ministro, este Hospital é um bom exemplo.
Doentes ? Não. CLIENTES !
Serv. Nac. de Saude ? - NÃO ! Sistema Nacional de Saude da ANF/Mello.
Competencia médica : Não - Tarefeiros desempregados
Advinhem lá para onde vai trabalhar o sr. ex ministro da Saude, a partir do próximo ano ?
Faço votos que com o Sócrates (caso venha a ganhar as Legislativas)que a politica de Saúde mude.
A procura da sustentabilidade do SNS não pode ser pretexto para a privatizaçãio cega da saúde e a destruição do serviço Nacional de saúde.
No sector público da Saúde também há falhas e erros e por vezes falta de qualidade. Devemos, no entanto, ter em atenção a evolução que o SNS teve desde a sua criação. Tem sido um processo em constante evolução.
O que o ministro Luís Filipe Pereira pretende fazer representa um retrocesso assustador: restricção da acessibilidade, deterioração da qualidade das prestações de cuidados, criação de dois sistemas de Saúde: de exploração privada para os que podem pagar e o sistema público para os pobres.
Estou de acordo com o comentário anterior.
Quanto ao episódio em si mesmo, quem é que não conhece histórias igualmente incríveis passadas em hospitais públicos?
Depois, é preciso distinguir o erro e a negligência, quer no acto médico quer na intervenção dos outros profissionais de saúde, muitos deles agravados pelas faltas ou "falhas de serviço".
Em qualquer caso - e independentemente das condições de trabalho verdadeiramente degradantes de alguns hospitais - é absolutamente inadmissível que a culpa morra solteira e de forma inconsequente por imposição do silêncio, laxismo e impunidade dos actos de qualquer profissional.
Por isso penso que não é só urgente mudarmos o nosso SNS.
É igualmente urgente mudarmos a nossa mentalidade corporativista.Um bom profissional não pode ter complexos de traidor porque aponta um erro ou um acto de negligência de um colega. Pelo contrário, ao calar torna-se conivente, desprestigia a classe, colabora no mau funcionamento da instituição e limpa as botas da ética.
Pela vossa coragem e verdadeiro empenho na saúde, obrigada.
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