domingo, janeiro 30

Profissionalização das Urgências



1. - A urgência do Hospital de Santa Maria, vai passar até o final do corrente ano a ser assegurada por equipas fixas de 14 médicos intensivistas que trabalharão em exclusivo para este serviço, libertando os especialistas do quadro para as consultas e os serviços das diversas especialidades. (link)
2. - A implementação desta medida levanta alguns problemas técnicos e de controlo da qualidade. A triagem dos doentes da urgência deve ser coordenada por médicos especialistas com larga experiência. Por outro lado, é necessário assegurar uma eficiente interligação com outras área de prestação de cuidados do hospital, designadamente o internamento. Tememos que esta forma de organização, assegurada por médicos com contrato individual de trabalho, se traduza numa quebra dramática das prestações de cuidados dos serviços de urgência hospitalar.

6 Comments:

Blogger xavier said...

Caro LM.
1. - Tente dar uma olhadela ao que se passa, actualmente, com as urgências, por exemplo, do Hospital Garcia de Orta, H do Barreiro, H. Fernando da Fonseca.
As equipas da urgência são constituídas, na sua maioria, por uma legião de tarefeiros oriundos do Brasil, paises africanos, alguns de leste. Prestam serviço em vários hospitais. Os médicos especialistas do quadro do hospital, escalados para os turnos nocturnos reunem-se todos numa jantarada de duas ou três horas.
Estas situações encontram-se largamente documentadas pelas inúmeras reclamações escritas dos utentes.
2. - Os casos de negligência nas urgências são diários.
Ontem, noticiava-se que uma utente com dores na virilha foi-lhe diagnosticado, numa urgência hospitalar, um problema da coluna e medicada com antinflamatórios. Morreu de pirotonite. Incapacidade de diagnosticar, eis o grande mal das urgências, devido à fraca habilitação dos médicos que integram as equipas.
3. - As equipas da urgência devem ser constituídas por medicos especialistas e médicos com formação menos diferenciada. Os médicos especialistas não devem estar na rectaguarda mas sim na frente de combate, ou seja, na coordenação da triagem. Doenças graves são muitas vezes pouco sintomáticos.
4. A profissionalização das urgências institucionaliza a actual degradação das urgências hospitalares. O pessoal médico hospitalar carece para se especializar de estar integrado nas carreiras médicas. Ter um sistema de enquadramento e avaliação rigoroso.
A qualidade das prestações dos S. Urgência é incompatível com uma grande mobilidade das equipas.
Para analisar este problema é preciso ter em atenção a diferença qualitativa entre cuidados de Urgência e de Emergência médica. O médico que integra a equipa da Urgência deve ter uma ligação funcional estreita com os outros tipos de cuidados do hospital: UCI, Internamento, Blocos Operatórios.
Um abraço
Xavier

10:35 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Xavier,
no planeta terra ainda ninguém morre de PIROTONITE !!!
de peritonite sim, parece que continuam a morrer.
Um abraço

1:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Foi um erro lamentável . Peço desculpa.

1:37 da tarde  
Blogger xavier said...

Foi um erro lamentável. Peço desculpa. Queria dizer, efectivamente, peritonite.

1:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Em relação ao trabalho médico das urgências há uma distorção grave. Como se sabe os médicos do quadro de um determinado hospital prestam 12 horas da carga horária semanal nas urgências. Todas as horas prestadas para lá destas 12 horas são pagas como trabalho extraordinário. Dada a falta de pessoal, os médicos acabam por fazer um número exagerado de horas nas urgências, pagas como trabalho extraordinário o que agrava os custos destes serviços.

10:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro LM,
Uma equipa de urgência hospitalar deve reunir um conjunto de especialistas: neurocirurgião, ortopedista, nefrologista, oftalmologista, pediatra. Estes médicos especialistas coordenam a triagem executada por médicos menos diferenciados. Os médicos que fazem urgência exercem a sua actividade noutras áreas do hospital: urgência, UCI, Bloco, o que pode permitir um acompanhamento mais efectivo dos doentes entrados pela urgência.
O que se pretende criar com as equipas de intensivistas das urgências é substituir estas equipas altamente diferenciadas por médicos menos habilitados, que só prestam serviço nesta área hospitalar.
Esta medida visa, essencialmente, reduzir custos sem salvaguardar devidamente a qualidade das prestações de urgência hospitalar.
No fundo é trazer os médicos intensivistas adequados à prestação de cuidados pré hospitalares (tipo INEM) para dentro das urgências.
De qualquer forma, não será devido à implementação desta medida que a actividade hospitalar será grandemente prejudicada. Há muitos outros problemas, mais graves, que prioritariamente é necessário resolver.

10:11 da manhã  

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