quarta-feira, fevereiro 9

Hospitais SA - Experiência Falhada


Postamos mais um excerto da entrevista do Presidente da APAH, Dr. Manuel Delgado, à Revista Gestão Hospitalar.
- Gestão Hospitalar (G.H.)Vê alguma coisa de positivo na actuação do ainda ministro da saúde ?
- Manuel Delgado (M.D.) – Vejo que é um ministro com iniciativa, com capacidade de criar coisas novas, com alguma visão estratégica. Mas estas virtudes se não forem enquadradas num contexto adequado pouco valem. Basta perceber que os resultados que este ministro conseguiu não foram grande coisa. Não tocou nas questões essenciais que a saúde precisava.
- G.H.
– Quais ?
- M.D. – Não tocou a sério na Medicina Geral e Familiar. Preferiu atacar primeiro os problemas dos hospitais e da pior forma que foi mudar o invólucro jurídico de alguns mantendo toda a estrutura de funcionamento. Os hospitais SA representam uma mudança de natureza formal mas, na prática, continuam na mesma.
Não tocou nas carreiras, não tocou nos problemas de acumulação de funções entre público e privado, não alterou o funcionamento dos hospitais em termos de horários, de marcação de consultas e exames, de tempos de espera dos doentes.
Ir a um hospital SA ou a um hospital SPA, em termos de serviço ao doente, é exactamente a mesma coisa.
- G.H. – Os hospitais SA são uma experiência falhada?
- M.D. – Em muitos aspectos e nos essenciais eu diria que é falhada.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Infelizmente não existem dados fiáveis sobre os hospitais SA. Em relação aos dados de informação disponíveis podemos concluir o seguinte:
a) - Face à produção não houve redução de custos em comparação com os dados homólogaos de anos anteriores
b) - Registaram-se quebras graves de qualidade muitas determinadas por cortes cegos das depesas com consumos e serviços externos.
c) - Houve prejuízo na acessibilidade dos utentes: o problema das listas de espera cirúrgicas agravou-se.
d) - Verificaram-se admissões de pessoal determinadas por critérios políticos e de amiguismo.
e) - Não houve avanços na forma de organização do trabalho visando a plena rentabilização da capacidade instalada e a eficiência da exploração dos hospitais SA: substituição do sistema de remuneração de base salarial por um sistema por objectivos. Adequação dos horários de trabalho das Consultas Externas e meios complementares de diagnóstico de forma a proporcionar um melhor atendimento dos utentes. Verificou-se a degradação da articulação com os cuidados de saúde primários.

10:18 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

A mudança do invólucro, do modelo jurídico para EPE é muito importante. Não é mera questão formal. Se os hospitais SA não são para privatizar devem-se manter na esfera do Público. Não no sector administrativo, como anteriormente, mas no sector empresarial do Estado.
Veremos se o PS cumpre o Programa neste ponto essencial da Gestão dos Hospitais do SNS.

1:34 da tarde  

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