Hospitais SA
A Capital - Os Hospitais SA, têm sido um dos emblemas da política de saúde dos últimos tempos. O que tem de bom e de mau este modelo?
Pedro Nunes (PN) - Deve ser defeito meu, mas ainda não consegui perceber em profundidade, a diferença entre Hospitais SA e aquilo que o PS propõe, que são as EPE. Os Hospitais SA, têm uma vantagem, que é permitir uma tomada de decisão mais rápida. Mas têm uma enorme desvantagem, que é a atracção para o abismo, porque ninguém é verdadeiramente responsável pelas decisões que toma. Os Hospitais SA, aparentemente, mais facilmente podem ser privatizados dos que as EPE mas, na prática, nem um nem outro são privados. São Públicos, portanto, não têm o mecanismo de controlo que teria alguém que lá pusesse o seu dinheiro. Mas também não têm um Tribunal de Contas, nem as regras que impedem na administração pública, as coisas de se desencaminharem gravemente. Por conseguinte, as vantagens que têm comportam em si as desvantagens.
A Capital – Mas isso não impede que sejam frequentemente apresentados como hospitais-modelo.
PN – O ministro elogia (Filipe Pereira), o Dr Correia de Campos, diz que não é assim, mas ligeiramente de outra maneira, mas ninguém vai ao fundo da questão. E o fundo do problema é que aquilo não é nada de verdadeiramente diferente dos antigos hospitais. Por que é que os médicos estão, de forma geral, contra os Hospitais SA? Porque percebem que a única coisa que introduziu de novo foram mecanismos de discricionariedade e uma enorme empregabilidade para gestores desempregados – que agora estão empregados aos mais diversos níveis, a gerir se a relva cresce ou não, a fazer contabilidades extraordinárias e a pedir pareceres às "Deloittes" e outras que andam aí na vida. E isto tem custos enormes! Aliás, nalguns Hospitais SA, a única coisa que mudou foi o carro do administrador, que quando era função pública recebia uns carrinhos de refugo, que eram apreendidos no contrabando e a cair aos bocados. Agora, andam todos de Audi ou BMW. De resto, continuam as mesmas dificuldades, a mesma falta de material.
Pedro Nunes (PN) - Deve ser defeito meu, mas ainda não consegui perceber em profundidade, a diferença entre Hospitais SA e aquilo que o PS propõe, que são as EPE. Os Hospitais SA, têm uma vantagem, que é permitir uma tomada de decisão mais rápida. Mas têm uma enorme desvantagem, que é a atracção para o abismo, porque ninguém é verdadeiramente responsável pelas decisões que toma. Os Hospitais SA, aparentemente, mais facilmente podem ser privatizados dos que as EPE mas, na prática, nem um nem outro são privados. São Públicos, portanto, não têm o mecanismo de controlo que teria alguém que lá pusesse o seu dinheiro. Mas também não têm um Tribunal de Contas, nem as regras que impedem na administração pública, as coisas de se desencaminharem gravemente. Por conseguinte, as vantagens que têm comportam em si as desvantagens.
A Capital – Mas isso não impede que sejam frequentemente apresentados como hospitais-modelo.
PN – O ministro elogia (Filipe Pereira), o Dr Correia de Campos, diz que não é assim, mas ligeiramente de outra maneira, mas ninguém vai ao fundo da questão. E o fundo do problema é que aquilo não é nada de verdadeiramente diferente dos antigos hospitais. Por que é que os médicos estão, de forma geral, contra os Hospitais SA? Porque percebem que a única coisa que introduziu de novo foram mecanismos de discricionariedade e uma enorme empregabilidade para gestores desempregados – que agora estão empregados aos mais diversos níveis, a gerir se a relva cresce ou não, a fazer contabilidades extraordinárias e a pedir pareceres às "Deloittes" e outras que andam aí na vida. E isto tem custos enormes! Aliás, nalguns Hospitais SA, a única coisa que mudou foi o carro do administrador, que quando era função pública recebia uns carrinhos de refugo, que eram apreendidos no contrabando e a cair aos bocados. Agora, andam todos de Audi ou BMW. De resto, continuam as mesmas dificuldades, a mesma falta de material.
Dr. Pedro Nunes, bastonário da OM, entrevista "A Capital" - 01.02.05.
4 Comments:
A história dos Hospitais SA é, essencialmente, caricata.
Em vez de representarem um avanço na gestão dos hospitais do SNS, os SA ficaram-se apenas pelos aspectos burlescos, protagonizados por actores de terceira categoria.
Este Dr. Pedro Nunes, o novo bastonário da Ordem dos Médicos, é também uma personagem caricata deste filme.
O fime SA, que tem mais de dramático do que de comédia.
Pedro Nunes é um oftalmologista com muito pouca visão para as coisas da gestão.
Será, eventualmente, o pior Bastonário das últimas duas décadas.
Postei este pedaço da entrevista de Pedro Nunes, não porque ela acrecente algo ao processo dos Hospitais SA, mas, simplesmente, por achar que tem piada a forma atabalhoada como o novo bastonário expõe as suas ideias.
Faz-me lembrar um qualquer representante dos trabalhadores do comércio.
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