Liderança Médica nos Hospitais
- Gestão Hospitalar (GH) – Disse à revista “EndoNews” que os hospitais são melhores geridos por médicos que por não médicos.
- Pedro Nunes (PN) – Disse! Aprendi que na gestão há duas plataformas – uma de liderança e uma de gestão. A da liderança tem a ver com o conhecimento da realidade e a tomada de decisões que derivam dessa realidade de modo a definir os caminhos que as estruturas devem seguir. E a plataforma de gestão é o que torna exequível que essas decisões tenham efectividade no terreno.
Nos hospitais é preciso uma liderança que seja médica porque quem não o for não consegue perceber como obter os melhores resultados de cada uma das áreas.
Quem quiser gerir um hospital tem que conhecer minimamente a linguagem com que tem de falar com o oftalmologista, o internista, com o cirurgião, o anestesista, para entroncar tudo.
Depois há a gestão financeira, os procedimentos de organização, a gestão de pessoal. Para isso há os Administradores Hospitalares, que, seguramente, farão um papel excelente e são imprescindíveis.
Não vamos é confundir a plataforma de gestão com a plataforma de liderança!
Os hospitais são melhores geridos por médicos porque tem de haver uma cabeça médica no vértice do sistema para tomar decisões de natureza médica.
- GH – Um hospital tem um conselho de administração...
- PN – Tem um presidente, que é um médico, que tem de ter funções de direcção efectiva.
- GH – Tem de ser um médico?
- PN – O Presidente do Conselho de Administração de um hospital deve ser sempre um médico e revejo-me na figura de um director de hospital que seja um médico. Que pode ser o Presidente de um Conselho de Administração.
- GH – E assessorado por Administradores ?
- PN – Não quero ser mal interpretado. O que está a mais nos hospitais são os não profissionais – indivíduos pescados nas várias áreas de gestão, são elementos estranhos à Saúde.
- GH – Administradores hospitalares com formação específica?
- PN – Tenho imenso respeito pelos Administradores Hospitalares porque são gente da gestão, da economia, com uma vocação específica e um treino específico para a Saúde.
Uma Administração de um hospital deve ser encabeçada por um médico, que deve ter um excelente gestor financeiro que diga ao médico e lhe permita perceber até que ponto as decisões que toma têm consequências de natureza financeira e económica.
- GH – A última palavra seria sempre do médico?
- PN – A última palavra é de um Conselho de Administração em que o director deveria, claramente, ser médico. É ele que sabe, que consegue integrar as informações que vêm da base, porque as decisões são decisões de saúde e têm implicações nos cuidados prestados aos doentes. Os aspectos financeiros são operacionais, mas não são o centro da questão.
Revista Gestão Hospitalar- Março 2005
- Pedro Nunes (PN) – Disse! Aprendi que na gestão há duas plataformas – uma de liderança e uma de gestão. A da liderança tem a ver com o conhecimento da realidade e a tomada de decisões que derivam dessa realidade de modo a definir os caminhos que as estruturas devem seguir. E a plataforma de gestão é o que torna exequível que essas decisões tenham efectividade no terreno.
Nos hospitais é preciso uma liderança que seja médica porque quem não o for não consegue perceber como obter os melhores resultados de cada uma das áreas.
Quem quiser gerir um hospital tem que conhecer minimamente a linguagem com que tem de falar com o oftalmologista, o internista, com o cirurgião, o anestesista, para entroncar tudo.
Depois há a gestão financeira, os procedimentos de organização, a gestão de pessoal. Para isso há os Administradores Hospitalares, que, seguramente, farão um papel excelente e são imprescindíveis.
Não vamos é confundir a plataforma de gestão com a plataforma de liderança!
Os hospitais são melhores geridos por médicos porque tem de haver uma cabeça médica no vértice do sistema para tomar decisões de natureza médica.
- GH – Um hospital tem um conselho de administração...
- PN – Tem um presidente, que é um médico, que tem de ter funções de direcção efectiva.
- GH – Tem de ser um médico?
- PN – O Presidente do Conselho de Administração de um hospital deve ser sempre um médico e revejo-me na figura de um director de hospital que seja um médico. Que pode ser o Presidente de um Conselho de Administração.
- GH – E assessorado por Administradores ?
- PN – Não quero ser mal interpretado. O que está a mais nos hospitais são os não profissionais – indivíduos pescados nas várias áreas de gestão, são elementos estranhos à Saúde.
- GH – Administradores hospitalares com formação específica?
- PN – Tenho imenso respeito pelos Administradores Hospitalares porque são gente da gestão, da economia, com uma vocação específica e um treino específico para a Saúde.
Uma Administração de um hospital deve ser encabeçada por um médico, que deve ter um excelente gestor financeiro que diga ao médico e lhe permita perceber até que ponto as decisões que toma têm consequências de natureza financeira e económica.
- GH – A última palavra seria sempre do médico?
- PN – A última palavra é de um Conselho de Administração em que o director deveria, claramente, ser médico. É ele que sabe, que consegue integrar as informações que vêm da base, porque as decisões são decisões de saúde e têm implicações nos cuidados prestados aos doentes. Os aspectos financeiros são operacionais, mas não são o centro da questão.
5 Comments:
Não sei em que manual é que o Bastonário da Ordem dos Médicos aprendeu estas máximas de gestão.
Médicos gestores de topo Administradores Hospitalares técnicos de contas.
Os médicos estão habilitadospara tomar decisões técnicas: tipo de cirurgia, tratamento adequado, tipo de exames.
Neste campo temos vários decisores: médico assistente, director de serviço, director clínico.
A decisão de gestão envolve a ponderação de vários factores: técnicos, económicos e financeiros.
Nesta decisão o médico é elemento indispensável. Não é, no entanto, o elemento, mais habilitado para tomar as decisões últimas.
Ao contrario do que acontece noutros países as faculdades de medicina em Portugal não incluem nos seus curriculos formação em gestão.
Só os gestores altamente habilitados nas técnicas de gestão dos serviços de saúde podem ser os gestores de topo dos hospitais.
Se houver médicos com estas habilitações tanto melhor.
Há determinados cargos exercidos por médicos - directores de serviço, directores clínicos, bastonários da ordem dos médicos -que deveriam ter como requisito obrigatório a frequência, com aproveitamento, de um curso de gestão de serviços de saúde.
Então o Dr. Pedro Nunes demonstra tanta admiração pelos Administradores Hospitalares, achando-os, inclusivé, indispensáveis para fazer as contas do hospital e o AH reagem com tamanha desconsideração em relação ao poder médico.
Assim não vai haver acordo das corporações. O que é mau para os Administradoreas Hospitalares.
Que eu saiba os hospitais não podem funcionar sem médicos.
Já sem Administradores ...
É pegar ou largar...
É por estas e por outras que os hospitais chegaram ao estado actual, legitimando "brincadeiras" como as das SA.
Dizer que o Director de um Hospital tem que ser um médico é uma visão meramente corporativista e imbecil. A grande maioria dos directores de serviço, nem os horários dos colegas conseguem gerir, quanto mais um hospital...
A gestão hospitalar exige a participação dos médicos, mas não no sentido da representação corporativista da classe num conselho de administração. os médicos são indispensáveis na definição da estratégia e da sua implementação, mas essencialmente num patamar técnico. No que respeita à gestão económica e financeira, gestão de recursos humanos, produção etc., a grande maioria dos médicos nada acrescentam como mais valia à gestão, mas que constituem o fundamento da gestão de topo. Ou será que o Bastonário apenas pretende que os médicos representem os hospitais em juízo e fora dele?...
Seria mais inteligente e intelectamente mais honesto defender a formação específica e experiência prévia reconhecida ao nível da gestão intermédia hospitalar, daqueles que assumem a gestão de topo dos hospitais, independemente da formação de base de cada gestor. Já agora, o ministro da saúde tb devia ser sempre médico...
Um bom exemplo de que os hospitais podem ser bem geridos sem ser por médicos, mas obrigatoriamente por pessoas que sabem de gestão é o caso da Gestao dos Hospitais em França. O modelo já existe há décadas e parece que tem funcionado bem, a avaliar pelo ranking dos melhores sistemas de saúde. Ali o Director do Hospital é um Administradores Hospitalares, colocado por concurso público nacional,formado pela Escola Nacional de Saúde Pública, de Rennes, alguns dos quais até podem ser médicos. Porque não, se tiverem essa apetência e gostarem mais de ser gestores do que do exercíio prático da medicina. O Dr. Luis Magão, que foi muitos anos Director-Geral do Departamento de Planeamento da Saúde era médico, com o curso de Administração Hospitalar; a Enfª Mariana Dinis de Sousa, que foi Directora-Geral do DRHS, por sinal excelente, e ex-bastonária da Ordem dos Enfermeiros, também tinha o Curso de Adm. Hospitalar. Outros médicos e enfermeiros poderiam ser Directores Hospitalares desde que diplomados em A.H. Sim, porque ser médico apenas não de garantia de se ser bom lider ou bom gestor. Como identificá-los? E até porque os médicos que vão para Directores, em exclusividade, em geral é porque não gostam de ser médicos ou é porque não são ons médicos. Alguém se lembram do «P30» ?
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