quarta-feira, maio 4

Fim do Estado de Graça?


1. - A estratégia do primeiro ministro, José Sócrates, era conduzir a governação do país, o mais calmo possível, até às próximas eleições autárquicas. Depois, até às presidenciais, logo se veria. Mais para diante as necessárias medidas impopulares a fazer estalar inevitáveis polémicas e reacções dos atingidos pelo gume das reformas.
De repente, esta estratégia, que parecia destinada ao sucesso, ameaça ruir com fragor face à polémica instalada depois de conhecida a decisão do ministro da saúde em suspender as PPP para a construção dos hospitais de Gaia, Algarve, Vila do Conde/Póvoa de Varzim, Guarda, Évora e Sintra.

2. - A decisão do ministro da saúde, António Correia de Campos, de só avançar com os hospitais com compromissos contratuais assumidos (Loures, Cascais, Braga e Vila Franca de Xira) e reavaliar o programa das parcerias da saúde é acertada visto não haver estudo de sustentação para este projecto.
O problema está na forma como Correia de Campos geriu o timing da decisão relativa a este processo. Tendo admitido, desde sempre, a sua concordância com o projecto das parcerias, embora ressalvando a necessidade deste ser repriorizado, só ontem, através de uma nota oficial, fez conhecer a sua decisão final de os hospitais de Gaia, Algarve, Vila do Conde/Póvoa de Varzim, Guarda, Évora e Sintra, ficarem a aguardar pelo resultado de estudos técnicos, a encomendar pelo ministro. Inevitavelmente, alguns dos autarcas que viram os projectos hospitalares para a sua região suspensos reagiram com rudes críticas ao governo.

3. - Acabo de assistir na "Sic Notícias" à intervenção inflamada de Macário Correia a chamar mentiroso e cata vento ao governo, depois de ter passado a gravação do discurso de campanha de José Sócrates a prometer a construção do hospital Central Algarvio. Interrompendo a intervenção de Macário a pivot do jornal anunciou a chegada de um comunicado do primeiro ministro à redacção a reafirmar a sua intenção de construir o hospital do Algarve. Contradizendo assim a posição do ministro da saúde e a necessidade de realização dos estudos por si anunciados.
Pronto... Aí temos o governo a abanar por todos os lados. Decorrido mês e meio de governação parece ter-se acabado o estado de graça do XVII Governo Constitucional. Com o ministério da saúde a dar uma ajudinha. Começam a confirmar-se os nossos receios.

13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Estes senhores autarcas não fazem a mais pequena ideia das implicações inerentes à criação de novos hospitais como é o caso do Algarve.

O problema não estará tanto no volume de financiamento necessário para a construção e equipamentos mas em relação aos encargos de exploração que irão sobrecarregar ainda mais o orçamento da saúde.

O nosso primeiro ministro também já devia saber que as promessas eleitorais têm que ser muito bem avaliadas, sob o ponto de vista dos encargos a assumir.`Há promessas que nos saem muito caras.
Projectos desta envergadura não podem ser lançados sem o desenvolvimento dos necessários estudos prévios para a sua sustentação.

Realmente em relação a este processo Correia de Campos fez trapalhada uma vez mais.
Há falta de rigor e oportunidade nas suas declarações.
Os pontos fracos do seu discurso são aproveitados meticulosamente pelos venenosos da comunicação social para fomentar a confusão.
E, aí temos uma enorme peixarada com alguns dos mais émeritos protagonistas deste tipo de episódios. Só vai faltando o Alberto João.

1:35 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Estes autarcas como V Exª diz, se calhar sabem o mesmo que os autarcas de Loures, de Cascais , de Gaia, etc.
Penso que Macário Correia tem razão, os aprendizes de políticos não, como é o caso de CC e da sua equipa.
Toda agente sabe que o Algarve tem uma população, neste momento de cerca de 1 200 000, e no verão duplica ou tripica.
Os censos feitos, mais uma vez, foram mal feitos, por motivos diversos.
A verdade é que como residentes estrangeiros, com residência já lá vivem cerca de 200.000 ,reformados, ingleses, alemães, holandeses, finlandeses, suecos, etc, trazendo consigo, durante o ano as famílias que os vêm visitar, e não pedem subsídios. A tendência é para aumentar.
Justifica há muitos anos um hospital Central na Região.
O erro foi se calhar Loures e outros.
O Algarve se reclamar o que lhe é devido em termos de IVA, estaria muito melhor, e a industria no norte acabou ou está moribunda.
Lisboa recebe o que não lhe pertence, porque a maior parte das empresas de hotelaria estão sediadas em Lisboa.
Os Algarvios têm que acordar, e tornar a região autónoma, é a única que tem historicamente justificação para isso ou para mais.

8:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Em relação a este processo queria acrescentar mais um ponto que me parece importante.
Ao suspender o avanço das PPP relativamente a seis hospitais, Correia de Campos anunciou a necessidade de construção de outras unidades: Hospital de Todos os Santos e mais um hospital para a margem sul do Tejo.
O que é que o pagode pensou. O ministro vai deixar de fora alguns dos hospitais programados por Luís Filipe Pereira e construir mais hospitais em Lisboa, que é uma das zonas do país que dá mais votos.
Por outro lado, o anúncio da realização de estudos (necessários sem dúvida) cria a sensação de que o governo pretende protelar indefenidamente a construção dos hospitais agora suspensos.
Trapalhadas.
O estiloSantana Lopes está de volta.

9:17 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Promessa contraria declarações do ministro da Saúde
Sócrates garante que Hospital do Algarve vai ser construído

O primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu ontem que a promessa eleitoral do PS de construir o Hospital Central do Algarve vai ser cumprida, dois dias depois do ministro da Saúde ter anunciado que apenas cinco dos dez novos hospitais vão ser construídos e que o Algarve não seria contemplado com obras.
Jornal Público 05.05.05

9:23 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

José Sócrates não é o Santana.
Tendo ocorrido uma contradição entre as declarações do primeiro ministro e do seu ministro da saúde, prevalece a palavra do primeiro. JS mostra assim a toda a gente quem é que manda na Sé e que é ele que tem sempre a última palavra.
A POLÉMICA
Sócrates mantém novo hospital para o Algarve

O primeiro-ministro, José Sócrates, disse ontem que mantém a promessa, formulada durante a última campanha eleitoral, de concretizar o projecto do Hospital Central do Algarve (HCA). Ontem, o deputado e candidato à presidência da Câmara de Faro pelo PS, José Apolinário, havia-se insurgido contra a decisão, adiantada pelo Ministério da Saúde, de avançar apenas com cinco dos dez novos hospitais anunciados pelo anterior executivo, não incluindo entre as unidades prioritárias o HCA. E recordou que Sócrates havia dito, em Faro, que, se viesse a ser primeiro-ministro, o HCA seria uma realidade. "Disse e mantenho", declarou Sócrates na Figueira da Foz, após a inauguração de um centro geriátrico. O primeiro-ministro acrescentou que aquilo que o ministro da Saúde, Correia de Campos, pretendeu significar, era que o anterior executivo não havia realizado os estudos necessários à concretização do projecto, com base numa concessão público-privada. "O Ministério da Saúde vai fazer agora esses estudos", reforçou o primeiro-ministro.
Jornal Público, 05.05.05

9:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Que bonito é o nosso país.

Eu digo, tu crandizes, ele comunica,

Que médicos é que vão para o novo hospital?

10:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

`São as trapalhadas do C. Campos, caracterizadas por um déficit congénito de ácido glutâmico...Isto está a ficar bonito...
Temos ao que parece um ministro da Saúde com prazo de validade curto..

Castro Verdiano

11:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Qual a diferença entre este governo e o antecessor em termos de confusões?
É porque o primeiro ministro anterior ter fama de gostar mais de mulhers que este?
É porque o presidente da república é aprendiz de mágico?
Confusões:
O ministro da justiça e as suas diatribes.
O ministro CC, que não sabe que quer e não vai ter dinheiro para fazer o que propôe.
O ministro da agricultura que diz que vai controlar a seca...
O ministro da administração interna que vai relançar o negócio dos fogos.
O Jorge Coelho já disse quem manda no PS, sobre o aborto, ele é o paquete de serviço.
O pior de todas estas coisas, a cobrança dos lóbis, vai começar, portanto, cozam os bolsos, porque vamos ser mais roubados por este estado.
Querem mais? Aguardem...

1:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mais preocupante que o Primeiro Ministro "clarificar" o que o Ministro anunciou, e retomar a promessa de construção de um Hospital Central no Algarve, é a sensação de que afinal ainda se cede à pressão exercida via media; e se é assim agora, basta ir pensando no que virá depois. Todos os concelhos deste país querem o seu hospital, sobretudo se forem os outros todos a pagar por ele (e como referido num comentário anterior, não é o custo de construção que pesa mais, será a manutenção em funcionamento do mesmo).

Agora, verdadeiramente interessante é outra questão, válida para qualquer um dos novos hospitais que se queiram construir, e em particular na zona de Lisboa, se já há falta de certos recursos de profissionais, quem, quando e onde é que vai fechar para que a abertura das novas unidades seja racional dentro do SNS? Calculo que a resposta seja "faz-se um estudo", esperemos que pelo menos pensem no assunto.

2:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A possibilidade de construção de novos hospitais deve assentar em estudos exaustivos que abordem «factores extrinsecos» (relacionados com a rede hospitalar existente e epidemiologia)e «factores intrinsecos» (nomeadamente, implantação e modelo de financiamento e gestão).
Partindo de uma observação empirica sou levado a crer que uma exploração mais eficaz e eficiente da rede hospitalar existente diminuiria bastante a necessidade de construção de novos hospitais.
Insisto na opinião segundo a qual há necessidade urgente de clarificar a gestão da rede hospitalar existente quer quanto ao respectivo enquadramento legal quer quanto aos profissionais que a executam (obs:Tenho dificuldade em admitir que um engenheiro técnico agrário enquanto presidente de um CA de um Hospital Distrital possua as condições suficientes para maximizar a respectiva exploração).
O ruído gerado àvolta da decisão de S.Exªo Ministro da Saúde de se construirem(?)apenas 5 dos 10 HH previstos em regime de PPP não será mais que a reacção de vectores de interesses (politicos e económicos)que muito têm contribuído para a degradação do SNS.
Quanto a esta matéria,concordo com a decisão do Sr.Ministro da Saúde.

Cordiais cumprimentos.

4:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vão a www.aposteesejafeliz.com. Já podem apostar no 1º ministro deste governo a ser demitido. O CC está com hipóteses de 1/5 mas descem a cada dia que passa.
Ontem foi a bronca dos hospitais, hoje estamos bem.... mal posso esperar para ver qual é a palermice do CC que vem amanhã nos jornais.

Força Xavi,

MP, o vizinho um pouco mais distante

5:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Algarve acusa ministro da Saúde de "incoerência"
Os autarcas do Algarve reagiram ontem à intenção do ministro da Saúde, Correia de Campos, de suspender a construção de cinco hospitais em parceria com grupos privados - entre eles o Hospital Central do Algarve - acusando o Governo de incoerência.

Macário Correia, presidente da Junta Metropolitana, acusou o Executivo de "mudar de opinião ao sabor das circunstâncias", envolvendo-se "numa trapalhada". Também o líder do PSD Algarve afirmou que Correia de Campos já garantiu "um lugar na pole position da primeira remodelação governamental". Isto porque, menos de 24 horas depois do anúncio do ministro de reavaliar estes hospitais, o primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu que a promessa do PS de construir o Hospital Central do Algarve, caso vencesse as eleições legislativas, vai ser cumprida. A ex-presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Assunção Martinez, garantiu ainda ter deixado pronto um plano da nova unidade, que estaria pronta para avançar em Agosto. Mas o ministério considera que faltam estudos que permitam comparar as necessidades de todo o País.

In "DN", de 06/05/05
As trapalhadas desde Ministro da Saúde

5:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Acabo de ouvir agora nas notícias que o Ministro da Saúde anunciou que afinal os 10 hospitais sempre vão ser construídos.
Demitam este Ministro já!!!!!

6:04 da tarde  

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