Remuneração pelo Desempenho
Jornal de Notícias - Os médicos não ganham nada mal.
Correia de Campos - Têm de facto um ordenado baixo, mas a este acresce mensalmente o pagamento das urgências e das horas extraordinárias, pelo que julgo que não ganham nada mal. Nós não queremos que ganhem menos, queremos sim dar-lhes uma maior e melhor retribuição que será proporcional ao seu desempenho. O sistema actual, baseado no tempo de trabalho e não no trabalho efectivamente realizado, cria injustiças a que quero pôr cobro. E compete aos directores clínicos fazer a avaliação do binómio desempenho/retribuição. O modelo que estamos a conceber – que já está a funcionar nalguns hospitais – baseia-se na monitorização da informação, o que permitirá saber quem fez o quê e quando a cada paciente que entrou na Urgência. Este mecanismo, utilizado em muitos hospitais estrangeiros, vai permitir-nos reorganizar os serviços de urgência e retribuir melhor o trabalho que os médicos prestam nos hospitais.
Entrevista ao magazine do JN (24.07.05)
Correia de Campos - Têm de facto um ordenado baixo, mas a este acresce mensalmente o pagamento das urgências e das horas extraordinárias, pelo que julgo que não ganham nada mal. Nós não queremos que ganhem menos, queremos sim dar-lhes uma maior e melhor retribuição que será proporcional ao seu desempenho. O sistema actual, baseado no tempo de trabalho e não no trabalho efectivamente realizado, cria injustiças a que quero pôr cobro. E compete aos directores clínicos fazer a avaliação do binómio desempenho/retribuição. O modelo que estamos a conceber – que já está a funcionar nalguns hospitais – baseia-se na monitorização da informação, o que permitirá saber quem fez o quê e quando a cada paciente que entrou na Urgência. Este mecanismo, utilizado em muitos hospitais estrangeiros, vai permitir-nos reorganizar os serviços de urgência e retribuir melhor o trabalho que os médicos prestam nos hospitais.
Entrevista ao magazine do JN (24.07.05)
Aqui temos o anúncio de medidas fundamentais para conseguir elevados ganhos de eficiência nos hospitais do SNS, pondo termo ao actual sistema de remuneração de base salarial, e de pagamento como trabalho extraordinário das horas não activas efectuadas nos turnos de Urgência.
9 Comments:
O que atrás escrevi faz todo o sentido neste post.
Em Portugal o problema fundamental com a classe médica tem a ver com a reforma das carreiras.
Com os hospitais EPE as carreiras vão manter-se.
Todos sabemos que a remuneração base do pessoal médico é baixa.
Para engordar a remuneração base os médicos recebem largas somas correspondente à prática do trabalho extraordinário efectuado nas Urgências.
(a remuneração base apenas cobre 15 hoas de trabalho na Urgência).
O trabalho médico ém Portugal é assim caracterizado pela prática de muitas horas de presença não activas.
A obtenção de eficiência na exploração dos HH em Portugal passa pela reestruturação do trabalho das Urgências: composição das equipas, redução drástica das horas de trabalho não activas.
No RU na maioria dos hospitais as Urgências são asseguradas por médicos adstritos a este serviço. Os médicos especialistas estão nos internamentos sendo chamados à Urgência sempre que a sua presença é necessária.
É por isso que a maioria dos médicos têm se mostrado contrários à adopção do "alert" nas urgências. O "alert" não os interessa porque pros médicos o que importa é receber as horas extraordinárias, mesmo que isso implica passar mais tempo à conversa do que a atender doentes.
E depois falam e falam contra os CA dos HSA como se o papão da Saúde fossem (apenas e exclusivamente) eles...
Os médicos ganham mal? Quem disse?
Que eu saiba não ganham menos do que os técnicos superiores do Estado?! Se eles ganham mal (e concordo) todos ganham mal. As medidas anun ciadas não pdem ficar só por pagar prémios por produção adicional. Primeiro tem que se definir um mínimo que todos devem garanrir em relação com o seu salário. Há discrepâncias enormes, por exemplo, no número de consultas e nas urgências de ambulatório. Médicos que claramente são improdutivos ao lado de médicos que estão muito acima da média. E muitos desses médicos que trabalham nas urgências em regime de acumulação têm as correspondentes remunerações acrescidas. Justifica-se esta situação?
O que tem havido é tentativas para dar prémios por acto(s) acima de um patamar mínimo. Simplesmente esse mínimo é de tal forma que quase contemple aqueles que não fazem nada. É esta a tentativa que alguns directores de serviços de urgência vêm fazendo. Quando questionados sobre o n~umero de médicos que uma medida desta natureza permitirá libertar...aí ficam sem resposta.
Corremos o risco de caminhar para mais uma situação do tipo do regime das 42 horas com exclusividade geradora de imensos problemas.
E que sistema devem então adoptar-se em relação a aoutros profissionais? Idêntico sistema deve ser adoptado para enfermeiros, auxliares, técnicos de diagnóstico e terapêutica, etc.
Porque fala CC só nos médicos?
É o lobie a funcionar, nomeadamente o "grupo de reflexão" satélite de Correia de Campos.
Antes de qualquer outra solução devem ser implementadas medidas de controle e registo de actividade que permitam avaliar, claramente, os recursos (humanos) necessários e só então avançar com medidas de remuneração "à peça".
Os médicos ganham mal? Quem disse?
Que eu saiba não ganham menos do que os técnicos superiores do Estado?! Se eles ganham mal (e concordo) todos ganham mal. As medidas anun ciadas não pdem ficar só por pagar prémios por produção adicional. Primeiro tem que se definir um mínimo que todos devem garanrir em relação com o seu salário. Há discrepâncias enormes, por exemplo, no número de consultas e nas urgências de ambulatório. Médicos que claramente são improdutivos ao lado de médicos que estão muito acima da média. E muitos desses médicos que trabalham nas urgências em regime de acumulação têm as correspondentes remunerações acrescidas. Justifica-se esta situação?
O que tem havido é tentativas para dar prémios por acto(s) acima de um patamar mínimo. Simplesmente esse mínimo é de tal forma que quase contemple aqueles que não fazem nada. É esta a tentativa que alguns directores de serviços de urgência vêm fazendo. Quando questionados sobre o n~umero de médicos que uma medida desta natureza permitirá libertar...aí ficam sem resposta.
Corremos o risco de caminhar para mais uma situação do tipo do regime das 42 horas com exclusividade geradora de imensos problemas.
E que sistema devem então adoptar-se em relação a aoutros profissionais? Idêntico sistema deve ser adoptado para enfermeiros, auxliares, técnicos de diagnóstico e terapêutica, etc.
Porque fala CC só nos médicos?
É o lobie a funcionar, nomeadamente o "grupo de reflexão" satélite de Correia de Campos.
Antes de qualquer outra solução devem ser implementadas medidas de controle e registo de actividade que permitam avaliar, claramente, os recursos (humanos) necessários e só então avançar com medidas de remuneração "à peça".
Penso que é o que está a ser feito. Daí o CC falar em monitorização da informação.
E o CC disse:
"O sistema actual, baseado no tempo de trabalho e não no trabalho efectivamente realizado, cria injustiças a que quero pôr cobro".
Quem disse que a solução da produtividade dos médicos, em PORTUGAL,está na modalidade de pagamento?
Onde estão os estudos feitos em países europeus que evidenciem as vantagens e o aumento de produtividade causados pelo pagamento por acto médico?
Apresentem-nos , gostaria de os conhecer.
Sei que , por exemplo, nos EUA o pagamento ao acto resultou numa prática de actividade cirúrgica por habitante 25 % superior à taxa europeia.
Se o objectivo é melhorar a performance dos médicos em meio hospitalar, talvez possa ser este o caminho a percorrer:
1. Não entreguem os CA as pessoas sem perfil, personalidade e projecto estratégico ajustados pra o Hospital onde eles exercem
2. Estudem um novo modelo de afectação e distribuição do horário a cumprir na base das 42 horas.
3.Afectar os médicos ( equipa fixa )com a especialização adequada: intensivistas / internistas ao serviço de urgência, base/semanal ou mensal, enquanto não existrirem intensivistas em número adequado;
4.Não fazer da actividade urgente ou emergente a base da actividade cirúrgica e internamento hospitalar ( a principal razão da baixa preformance e do descontrolo das despesas nos hospitais é o fraco peso da actividade programada no hospital, em termos de cirurgia e admissões de doentes)
5. Premiar desempenho das equipas de trabalho e NUNCA premiar o desempenho individual ( não sabem o que aconteceu com os programas especiais de recuparação das listas de espera?)
6. Os prémios colectivos NUNCA devem ser pecuniários.
7.Os prémios devem ser:bolsas de formação;visitas de estudos; estágios no país ou no estrangeiro; melhorias das condições de prestação ; modernização tecnológica ; progresão por mérito na carreira;oferta de lugares na organização, etc.
8. Estes prémios tem retorno no aumento da satisfação e motivação do grupo de trabalho e consequentemente trazem aumento de produtividade
9.Tem ser introduzida a contratualização interna( cada serviço médico ou de diagnóstico tem de contratualizar objectivos, resultados e um orçamento com o CA, como se de uma micro-empresa se tratasse dentro da empresa mãe hospital.
10 Monitorizar os actos clínicos online e em suporte digital ( hoje,apenas as receita e as prescrições electrónicas são aceitáveis)
11 Em resumo aplicar métodos gestão muito técnicos e de elevado conhecimento de psicologia humana para provocar elevados níveis de motivação e envolvimento dos médicos , tendo consciência que são o principal motor de produção e de indução de produção na saúde.
12. O pagamento ao acto apenas pode pode funcionar em equipas muito restritas, cujos elementos são escolhidos com apertados critérios de selecção e nunca para equipas formadas a doc ao longo dos anos.
13. Só percebo o pagamento ao acto se o objectivo é acabar com o SNS e conduzir à sua privatização gradual e acelelarada e passar a gastar 12% do PIB na sáude até 2010
14.A solução é melhorar a performance de gestão clínica e o resto virá por acréscimo.
15. SÓ A BOA E EFECTIVA GESTÃO CLÍNICA PODE PRODUZIR RESULTADOS ( a monitorização dos actos médicos, em termos de garantia de qualidade e produtividade é a resposta de que se precisa há muitos anos e a única forma de lá chegar)
16. Se me dizem que os poderes corporativos não permitem a gestão desta mudança então estamos no fim da linha, mas eu ainda acredito. Nós AH temos uma grande responsabilidade da situação desregulada que se vive no SNS, por isso temos que, éticamente, contribuir para a solução , já que também fomos cúmplices no problema.
17. Há milhares de médicos que estão desejando uma outra forma de gerir e motivar o seu grupo profissional e para muitos, posso garantir, o dinheiro não é o principal factor de motivação e envolvimento profissional.
RESUMINDO:
As más práticas de gestão técnica e política são as grandes responsáveis pelo crescimento dos poderes corporativos nos Hospitais e no SNS
Tudo é reflexo da demasiada incompetência,falta de visão estratégica, sentido de missão e construção do futuro, há mais de 20anos
Custa-me ver no meu país passarem a vida a andar com a casa à volta em vez de enrroscarem a lâmpada.
Vão à europa e pratiquem o benchmarking total e permanente e irão ver não cometem tantos erros e esqueçam os EUA, eles estão aflitos e não sabem como controlar as despesas da saúde, mesmo deixando de fora milhões de cidadãos.
Já agora sugiro que visitem a AUTOEUROPA e aprendam a forma de motivar pessoas. Vale a pena
As medidas apontadas no número 7 do comentario anterior são medidas que não resultam claramente na classe médica como em geral nos quadros superiores das empresas. O que resulta são as férias pagas no estrangeiro, os bons carros com direito de opção de conmpra, etc. Isto é bolsas de estudo, estágios etc., são coisas que os médicos sempre conseguiram por oputros meios. Depois teriam que ser generalizadas o que tornaria o sistema impraticável. Dinheiro, dinheiro e mais dinheiro é o que todos procuram. No caso dos médicos, porém, só muito, muito dinheiro e talvez nem isso, os motivará. Pelo mesno no contexto do nosso actual sistema. Eles já ganham praticamente o que querem. Têm "emprego" garantido nos Hospitais e trabalho efectivo nas clínicas e consultórios privados. Fazem "bancos de urgência" bem pagos e ficam logo com doze horas semanias para a actividade privada.
Angariam clientes nos hospitais e vão operá-los em estabelecimentos particulares. Na actividade privada ganham milhares de euros por mês e portanto qualquer sistema de melhoria de remuneração baseado na produção a curto prazo tenderá a ser apenas um direito adquirido em prejuízo da qualidade.
Defacto estou muito mais de acordo com uma mudança que passe pelo aumento da oferta de cuidados, convencionando os cuidados com clínicas e médicos particulares, e muito menso SNS.Aos hospitais deveriam ficar reservados os cuidados mínimos da saúde tais como atendimentos em urgência. A medicina programda, as consultas, os tratamentos, etc., seriam assegurados por particulares em sistema convencionado. Por outro lado deveriam ser estimulados os seguros de doença garantindo-se prémios mais acessíveis e eventual "comparticipação" nos seguros de famílias de menores recursos.
Para algumas especialidades contratava médicos estrangeiros até que o sector privado acaba-se
Em alguns lugares e especialidades estão a despedir-se para aumentar a procura no Privado
Os médicos são necessários mas comem tudo
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