domingo, agosto 7

A Coisa está Feia

Varanda et Ange.
A situação está feia. Apesar da Maioria Absoluta, surgem sintomas preocupantes de que o Governo de José Sócrates poderá deixar de ter condições de governar a curto prazo. O que se seguirá?
Saldanha Sanches interroga-se sobre o futuro do XVII Governo Constitucional num artigo publicado no no Semanário Expresso n.º 1710 de 06.08.05. :
O engenheiro Sócrates começou o seu mandato com medidas impopulares e corajosas..
Um largo leque de economistas aplaudiu as suas medidas.
A OTA e o TGV alteraram tudo. A mesma coligação que tinha justificado o aumento do IVA e aplaudido os primeiros passos de Sócrates voltou a falar para condenar sem apelo nem agravo os novos investimentos públicos.
Só com uma fé ilimitada na intervenção do Estado na economia se pode aplaudir o investimento público português.
Quando o pobre eleitor vê que um investimento de milhões e milhões como o Metro do Porto continua a ter à sua frente o major Valentim “batatas” Loureiro.
O PS tem a maioria absoluta, mas está a perder de dia para dia aquele mínimo de legitimidade que poderia permitir-lhe fazer as reformas a que não tem maneira de escapar.
Vai encontrar em Outubro uma situação social degradada e um sector privado exangue e incapaz de continuar a sustentar o sector público com os seus direitos adquiridos e inviáveis.
Crise económica, crise política. Se a perda do ministro das finanças for apenas a primeira perda de um ministro das Finanças e tivermos aquela tão sul-americana dança de cadeiras nas pastas económicas, saberemos também que, com ou sem maioria, o Governo está a prazo.
Mas depois de Sócrates o quê ? Um outro governo PS? Não se vê qual. Novas eleições e governo PSD? Sabe-se lá como reagiriam os eleitores e qual seria o nível de abstenção.
Seja como for as perspectivas são todas más. Que PSD poderia ser alternativa a este se o Governo deixar de conseguir governar ?
Sintomas de que isso pode acontecer não faltam.
A OTA e o TGV são a busca desesperada de alternativas. É uma mudança de rumo que pode ser o fim do Governo.
Se o fizer perder o único crédito que tinha -a coragem de tomar medidas difíceis – sem que desapareça a necessidade de as tomar, como vai conseguir governar ?
Saldanha Sanches
O colapso prematuro do XVII Governo Constitucional constituirá, qualquer que seja a solução seguinte, um sério revés para o país e para a Saúde em particular.
Se imaginarmos o cenário: um novo governo de maioria PSD, Cavaco Silva, presidente da República, e Luís Filipe Pereira, ministro da Saúde, podemos facilmente antever o que acontecerá ao SNS.
Mas o pior cenário possível será o da sucessão de Governos minoritários sem capacidade de manobra a tentarem fazer o que podem.
A coisa está feia e o futuro incerto. Fazemos votos para que o primeiro ministro, José Sócrates, regressado das férias no Quénia, abandone o seu ar empertigado de prima dona, ponha por algum tempo de lado os fatinhos novinhos em folha, irritantemente engomados, as gravatinhas sempre a condizer, como os delegados dos laboratórios farmacêuticos, arregaçe as mangas, vista o fato de trabalho e faça as reformas díficeis a que não podemos fugir para equilibrar esta geringonça.

15 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sócrates realmente começou bem.
Depois perdeu o pé.
Não por causa das medidas impopulares, mas, essencialmente por alguns erros graves como as das nomeações de que a CGD é exemplar.

depois continuamos a ver um país desorganizado incapaz de fazer face à maioria das dificuldades.
A questão dos fogos é exemplar.
Embora aqui o erro seja colectivo.
As populações são incapazes de se organizar, prevenirem-se para estas catástrofes e não estar sempre à espera do Estado Salvador.
Depois face à tragédia são corajosas combatendo o infortúnio com generosidade.
Enfim é o país que temos!
Voltando ao Sócrates, vai ser muito difícil. Já se sabia. De qualquer maneira a prestação está a ficar aquém das expectativas.

2:46 da tarde  
Blogger xavier said...

O País todo a arder.
Os políticos não acham necessário esclarecer os portugueses sobre o que se passa e que dignamente se retiram para o Algarve em gozo de férias. Nenhum deles se apercebeu da quantidade de ridícula arrogância de autêntico desprezo pelo eleitorado que estecomportamento implica.
E por cima disto vem Sócrates com a sua maioria e os seus cinco meses de Governo.
Não se esperavam maravilhas dele. Já não se esperam maravilhas de ninguém.
De qualquer maneira, e modestamente, não se esperava uma espécie de segundo Santana empertigado e soxcialista, com o mesmo descaramento do outro.
Não se lhe pedia muito, quase que não se lhe pedia nada. E estávamos preparadíssimos para o desculpar: que não cumprisse as promessas, trapalhadas com ministros, nomeações de camaradinhas.
O que lhe apetecesse, desde que mostrasse um bocadinho de embaraço, de vergonha, se possível, de remorsos. Não. O bravo Sócrates, como ele declarou, “não se intimida”. A pátria agradece, e aguenta, coitada.
Vasco Pulido Valente - JP 06.08.05

3:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O problema é este. O PS não tem dinheiro, como teve quando saíu Cavaco Silva, para gastar a rodos! E em crise o PS é (sempre foi incapaz de governar). O PS não sabe criar condições para produzir riqueza apenas é muito hábil a desbaratar as reservas do país.
Sócrates cvomeçou muito bem? Em quê? Com a venda de medicamentos fora das farmácias? Com o aumento do IVA? Com os ataques aos trabalhadores da Administração Pública?
Sócrates não fez nada e nada vai fazer. Aliás é o que neste momento faz pelo país. Como 1º ministro de um país subdesenvolvido ele aí está, qual imoperador Bokassa, a passar férias no Quénia! Se fosse em África já o exército tinha feito um golpe de Estado e ele só tinha que se refugiar junto dos seus amigos (angolanos?).

4:01 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Dada a situação que o país atravessa a decisão de José Sócrates ir passar férias no Quénia entre a bicharada selvagem, é rídicula e de desprezo pelos portugueses que não vêm solução para o país.

4:06 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sócrates foi em serviço: vai trazer com ele um "cabaz" de animais selvagens (leões, tigres, búfalos e leopardos para povoamento das florestas portuguesas. Será a solução para o combate aos incêndios pois os incendiários deixarão de penetetar mas matas para atear os fogos. Quem disse que Sócrates está de férias? E virão também elefantes para tranporte de passageiros no TGV e combate a incêndios utilizando a tromba para despejar agua sobre os fogos.
Estejamos pois confiantes nesta medidas inovadoras saídas da cabecinha pensadora que é Manuel Pinho.

4:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Karl Popper said:

" optimism a duty! The future is yet to be decided. It is not pre-determinated. No-one can predict it, except by chance. The opportunities which lie in future, good as well as bad, are unknown. If I say "Optimism is a duty"then that does not only mean that the future is indecided, but also that we all contribute to it by what we do. We are all responsable for what will happen. So we should all do what we can to make the future a better place, instead of predicting something worse".

4:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Excert of the article " EThics as bridge between economic viability and quality
in "Hospital /03 / 20052:

Ethical competence can be a decisive " leadership factor" within hospital management, within medical teams and in the everyday reality on the ward

A nomeação de pessoas sem formação específica em gestão de serviços de saúde, e sem a cultura de ética da missão " saúde" é uma vergonha e uma aberração dos nossos políticos que pensam que os hospitais são empresas quaisquer.

Atenção que são das empresas mais complexas e difernciadas que se podem imaginar e são constantemente desrespeitadas com a nomeação de sucessivos para- quedistas para os CA

Há de facto uma cultura organizacional que é dificil perceber para os gestores de saúde profissionais quanto mais para os outros

Não respeitem nem a AP, nem os hospitais, nem os profissionais, nem os doentes quando distribuem os amigos pelos CA, mesmo quando são AH de carreira.

Venham os concursos entre profissionais com formação e curriculum adequado feito em organizações de saúde

Não acredito nos sábios com curriculum em outro tipo de empresas públicas ou privadas, os Hospitais não são repartições públicas com receitas e despesas há um "core business" muito específico e uma forma muito especial para motivar os profissionais com um status muito forte para produzir resultados de qualidade e não sómente número de exames e actos médicos

5:09 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A máquina partidária do PS está a trucidar o Sócrates.
Mais uma nomeações tipo CGD e temos o governo em maus lençóis.

6:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E aquilo que parece é que o Governo de José Sócrates está, como tantos antes dele, a proceder a uma limpeza de balneário – o que fragiliza qualquer estratégia de gestão dos níveis de confiança. Quem dá crédito a uma equipa que só parece entrar em campo por ser próxima do treinador? Ninguém. E quando ninguém confia na economia portuguesa, não há planos de investimento que salvem o país.
DE

10:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Esta ideia de que os hospitais são organizações muito complexas e diferenciadas e por isso difíceis de gerir não passa muitas vezes de uma panaceia para justificar o status quo! Os hospitais são organizações complexas na multiplicidade dos "produtos" da sua actividade mas também sabemos que o acto médico está hoje muito apoiado nas tecnologias e grande parte das patologias e intervenções têm muito de rotina. A complexidade não pode justificar a incapacidade de gestão. De resto existem organizações bem mais complexas e nem por isso deixam de ser geridas com bons resultados. Enquanto se mantiver a ideia de que os AH são os únicos capazes de gerir estabelecimentos de saúde estaremos a perpetuar o erro de gestão de mais de duas dezenas e meia de anos. Não são únicos mas também não são de excluir tal como outros profissionais de gestão. A realidade é conhecida. Os dados existem. Os meios de gestão e controlo estão acessíveis. Apenas falta mudar as mentalidades e essa mudança tem que ser feita com mudança nas políticas e nos executores. Reconheçamos que é uma mudança exigente e que implica acima de tudo bom senso. Não pode servir de desculpa o argumento de que se trata da "saúde" e por isso os profissionais têm que ter uma motivação especial. Maior motivação do que já têm? O que eles têm é que ter mais respeito pelos doentes e menos ambição financeira pessoal. Ter iates, casas de campo, féris frequentes no estrangeiro (pseudo congressos)não tem que ser "obrigatório" para a classe médica (obsessão). Trabalhar em dois ou mesmo três estabelecimentos de saúde (públicos ou privados não tem que ser "obrigatório" da classe dos enfermeiros). Como noutras profissões devem ser aplicadas regras claras de exercício da actividade. Se um profissional trabalha 50 60 ou 70 horas por semana (meses a fio) em alguns dos postos de trabalho a produtividade há-de ser reduzida.

10:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Este governo está a pagar pela sua indefinição!
O PS teve maioria absoluta mas quem continua a mandar são os boys do PSD e do PP.
Tem algum jeito manter a Cardona e os boys e girls trazidos para os CA,s dos HH pelo LFP?
Estamos a aguardar pelas eleições autárquicas para o necessário ajuste de contas...
Para mim, desilusões do PS nunca mais!

12:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Xavier Porque que este comentário não passa para a pagina Central. Esta ideia de que os hospitais são organizações muito complexas e diferenciadas e por isso difíceis de gerir não passa muitas vezes de uma panaceia para justificar o status quo! Os hospitais são organizações complexas na multiplicidade dos "produtos" da sua actividade mas também sabemos que o acto médico está hoje muito apoiado nas tecnologias e grande parte das patologias e intervenções têm muito de rotina.

6:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Que tem dúvidas da extrema complexidade das organizações hospitalar ou está mal informado ou não conhece os Hospitais.

No verão de 2004 pude ler num jornal Holandês um arigo intitulado " hospiatis são mais complexos que a unilever"

Os hospitais podem e devem ser geridos com métodos e técnicas de gestão adequadas e à semelhança das práticadas em outras organizações públicas ou privadas

Mas?

Tomem nota desta definição do sociólogo Alain Touraine :

" No Hospital deverá existir uma organização gerida por uma mistura de lógicas profissionais, financeiras , administrativas e corporativas, ou deverá essa organização centrar-se no Doente, para que este não seja apenas um objectivo de cuidados , mas também um sujeito activo informado, capaz de projectos e de memória, partilhando nas escolhas e na aplicação destes cuidados médicos?"

Face a esta definição já parece mais complexa não acham?

Mais uma definição:

Peter Drucker

"As organizações sem fins lucrativos não fornecem bens ou serviços nem controlam.

O seu produto não é um par de sapatos, nem uma regulamentação efectiva, mas um ser huamno modificado.

Estas organizações são agentes de evolução humana"

Mais complexa ainda não acham?

Quem escreve este comentário tem 20 anos de experiência de gestão e já fez 4 estágios profissionais em países como ( EUA,Alemanha Reino Unido e França)

Não tentem simplificar o que é complexo porque mesmo lá fora é preciso muito saber, saber fazer e saber ser para conseguir resultados, garantia de qualidade e a permanência nos lugares.

Mesmo para gestores com formação apropriedada é mesmo muito difícil.

Quantas Administrações teve o HSM nos últimos 10 anos ( cerca de 10 com formações e experiências curriculares diversas).

Já conseguiram um linha de rumo estratégica e um nível de performance em eficiência e eficácia aceitáveis.

Não . penso que não.

Então é ou não complexo????

8:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Tenho poucos anos de experiência
Conheço bem o hospital e todos os AH com todo tipo de funções.

Os hospitais são empresas com o Objectivo de tratar os Doentes

Os actos de Gestão têm de ser responsabilizados e tem de combater o desperdício fácil e difícil como noutra organização com dimensão maior ou menor

As organizações sem fim lucrativos sustentam milhares de famílias e empresas, como noutra instituição qualquer.
O produto final não é um par de sapatos são agentes da evolução humana, isto nos sapatos é gestão da qualidade na saúde são médicos em conjunto com os enfermeiros.
Não vejo aqui a necessidade de ter um curso de AH para fazer escolhas.
A linha de rumo no nosso país não existe nas empresas sem fins lucrativos, porque são colocadas pessoas sem valor tanto na gestão intermédia como nos CA.

Cá em Portugal são colocadas pessoas sem aptidão para a gestão nas empresas (estes até podem ter formação de base na Gestão) depois a palavra gestão é culpada de tudo quando sabemos que a maioria das decisões são tomadas por pessoas que nada tem a ver com a gestão.

Queria exemplos da necessidade do curso de AH para decidir ou escolher.
Penso que a experiência e a responsabilidade é muito mais importante e que as áreas de base relacionadas com gestão têm mais aptidão para a gestão. Todos sabemos gerir só que uns têm aptidão.

11:43 da manhã  
Blogger xavier said...

Excelente debate.
Há debate, como sabem, quando independentemente dos pontos de vista em confronto, os comentadores apresentam argumentos válidos, esclarecedores da posição que defendem.
Em breve passarei algum dos argumentos apresentados para a página principal.

1:39 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home