sexta-feira, outubro 7

Preços a Subir

Eis alguns dados objectivos que “ajudam” os liberais, os defensores da economia de mercado e os amigos de Correia de Campos. O Cegripe aumentou o preço industrial (isto é, de venda pela Indústria) de 2,88 euros para 2,99 (3,82%) desde que o preço dos MNSRM foi liberalizado (15 de Setembro). O Bucagel aumentou de 2,12 para 2,21 (4,30%). O Mebocaina forte de 3,21 para 3,43 (6,88%). O Nicorette Patch de 14,16 para 20, 18 (42,51%). O Panadol de 1,78 para 2 (12,18%). A Aspirina C de 2,43 para 2,7 euros (11,23%). Era disto que se estava à espera? Ou, pelo contrário, foi-nos prometido que os preços dos medicamentos baixavam? O problema das cruzadas ideológicas é que elas chocam com a realidade. Só não vê quem não quer ver.
Luís Oriente
Correia de Campos comenta hoje no Expresso o aumento do preço dos MNSRM desencadeado pela Indústria logo que os mesmos deixaram de ter preço fixo : “oportunismo dos laboratórios”.
Ingenuidade do ministro? Incompetência do ministro? Cumplicidade disfarçada (com os laboratórios)?
Então, não era de prever que, quando se levantassem as barreiras dos preços, estes aumentariam? Primeiro na Indústria. A seguir na Farmácia. Quando chegarem as novas lojas estarão, então, criadas as condições para uma percepção de que os preços baixam – naturalmente para valores que não serão inferiores aos praticados antes de 15 de Setembro. Entretanto, nas localidades que não têm hipermercados, nas localidades onde apenas existe uma farmácia (600), e nas horas (noite) e dias (domingos) em que as farmácias continuarão abertas sem concorrência, os preços continuarão mais altos. É assim que o Mercado funciona. Não basta dizer que se é “Ministro da Saúde de um Governo com Maioria Absoluta” para que as coisas corram bem.
Luís Oriente

11 Comments:

Blogger tonitosa said...

Mas como com a venda fora das farmácias os preços (disseram-nos) vão baixar, é bem possível que o consumidor venha a poder comprá-los mais baratos????
Está-se mesmo a ver...
Isto é que é governar o sector da Saúde.
Mas como os preços convencionados vão baixar 5%, nos planos de CC, daqui a algum tempo vamos estar todos mais ricos. Até vamos poder viver à grande e à francesa!!!!

11:27 da manhã  
Blogger xavier said...

O preço dos cerca de 1500 MNSRM pode ser alterado à saída do laboratório, no armazenista, na farmácia ou nos hipermercados onde de futuro passarão a ser vendidos.

10:06 da tarde  
Blogger Clara said...

Perante a nova lei e o fim do monopolólio das farmácias, cada laboratório irá adequar as estratégias aos diferentes produtos. Mas várias fontes da indústria são unânimes em defender, pelo menos no início, uma subida dos preços destes produtos.
"A liberalização dos preços destes medicamentos irá provalvemente traduzir-se num aumento dos preços, até porque muitos estavam desactualizados", diz o gestor de produto de um laboratório farmacêutico, que não quis ser identificado.
Os laboratórios "têm novos preços mais elevados, mas a subida corresponde à antiga margem do armazenista, que é absorvida", disse outra fonte de uma multinacional farmacêutica. "Na prática, o medicamento acaba por entrar na farmácia exactamente ao mesmo valor que chegava antes".
Segundo este responsável, "serão as farmácias quem na prática tem na mão" o aumento dos preços. "Além do anunciado aumento depois das 22h00, os estabelecimentos que não tenham concorrência deverão subir preços", conclui a mesma fonte.
Jornal Público 07.10.05

10:10 da tarde  
Blogger tonitosa said...

IGIF...IFIF...IGIF?!...
Certamente não desconhecem os vários comentadores que alguns Hospitais estariam em condições , em diversos casos, de adquirir medicamentos mais baratos, à margem dos concursos do IGIF. Mas o fornecedor não pode fazê-lo, sob pena de ter que praticar o mesmo preço (mais baixo) para todos os estabelecimento do SNS.

12:47 da manhã  
Blogger xavier said...

Os preços de aquisição para os hospitais, segundo as normas do IGIF, são, em regra, várias vezes inferiores ao preços de venda ao público nas farmácias.

Não concordo.
Os medicamentos de distribuição exclusiva hospitalar (não estão acessíveis nas farmácias oficina) não têm PVP.
Os AUE também não.
O PVP = PVA+ 8% armazenista+20% farmácias (antes das reduções obrigatórias dos 6% decretadas por este Governo).
Logo os medicamentos distribuídos aos HH deveriam ser todos, no mínimo, 20% mais baratos por não incluírem a margem das farmácias.
Os preços praticados pelos laboratórios aos hospitais (compras directas) está fora de controlo. Os laboratórios fazem imputar ao preço dos medicamentos fornecidos aos hospitais os juros dos pagamentos em atraso (que chegam a ultrapassar em média ano e meio).
Em relação aos preços obtidos nos concursos centralizados do IGIF o controlo é mais eficaz mas longe de ser o desejável.

12:48 da manhã  
Blogger xavier said...

Numa análise ABC de valores os medicamentos que integram o grupo A (de maior valor) são todos de distribuição exclusiva hospitalar:
Antineoplásicos e imunomodeladores e antivíricos (Tratamento do cancro e HIV).
Em relação aos restantes medicamentos de uso hospitalar e também comercializados nas farmácias oficina os distribuídos aos HH têm apresentações diferentes ( > concentração, embalagem geralmente em blister).
A comparação de preços terá de ser feita em DDD.

Os Concursos centralizados são indispensáveis.
Por outro lado é necessário por as farmácias hospitalares a fornecer os medicamentos dos doentes das urgências e das consultas hospitalares.

As farmácias oficina passariam a fornecer somente o receituário dos doentes do ambulatório dos Centros de Saúde.
Esta é uma medida que afectaria seriamente o negócio do senhor João Cordeiro.
Infelizmente sucessivos Governos não conseguiram levar por diante o projecto de reestruturação das farmácias hospitalares.

1:09 da manhã  
Blogger xavier said...

Nós também temos gostado muito dos seus comentários sobre a política do medicamento.

Os medicamentos adquiridos pelos Hospitais (preço de aquisição) deverão ser sempre mais baratos pois têm menos os encargos do retalhista (farmácia oficina).

Mas há outros custos a considerar.
Os custos inerentes à distribuição interna dos medicamentos os quais chegam a onerar o custo dos medicamentos em 25% (custos de funcionamento da gestão de stocks da farmácia+ custos do sector de compras+ custo da distribuição (unitária e não só).
Para não cairmos no erro de estarmos a fazer um grande esforço para poupar unicamente no farelo é necessário pensar muito bem todas as componentes deste processo complexo.

Os medicamentos de distribuição exclusiva hospitalar representam mais de 50% da despesa hospitalar com medicamentos.

7:40 da tarde  
Blogger xavier said...

Infelizmente a tendência vai no sentido contrário. Ou seja, das externalizações.
Hoje as prestações não clínicas são asseguradas normalmente por prestadores externos. Alimentação, segurança, tratamento de roupa, assistência técnica, consultoria, também MCDTS (análises clínicas, diagnósticos por imagem).

Os medicamentos que dão entrada no armazém da farmácia hospitalar com um preço (x) quando são administrados pelo enfermeiro como diz já têm (x+ 25%).
A elevada ineficiência do sector de compras, armazenamento e distribuição de medicamentos faz com os elevados custos do aprovisionamento onerem extraordináriamente os custos destes fornecimentos.

Daí que hoje se fale em adjudicar estes serviços a entidades externas de forma a obter ganhos de eficiência. A margem de manobra efectivamente é enorme.

Actualmente as farmácias hospitalares não fornecem medicamentos aos doentes atendidos nas urgências nem nas consultas externas (com excepção dos medicamentos de distribuição exclusiva hospitalar).

Se os preços de aquisição fossem favoráveis e os encargos resultantes do armazenamento e distribuição fossem baixos seria vantajoso o hospital passar a fornecer os medicamentos a estes doentes.

Não é por acaso que a ANF anunciou mais do que uma vez que é candidata à prestação de serviços de fornecimento de medicamentos aos hospitais.
Não tenho dúvidas que os ganhos de eficiência seriam espectaculares.

Um dado importante para esta avaliação:
O Hospital Amadora Sintra tem uma despesa significativamente inferior com a aquisição e distribuição de medicamentos relativamente ao Hospital Garcia de Orta ( na ordem dos 35%), para iguais níveis de produção.
Porque será ?
Aquisições negociadas para obtenção de preços vantajosos, Cumprimento rigoroso do formulário hospitalar, uma gestão eficiente dos stocks, maior disciplina dos ,médicos prescritores.
Só é pena que estes ganhos de eficiência não revertam a favor do Estado. E não haja quebras de qualidade das prestações.
Esta solução esbarra sempre com a maior das dificuldades: a incapacidade, a impreparação do Estado na supervisão dos contratos de gestão privada.

1:48 da manhã  
Blogger xavier said...

“Ainda é cedo para tirar conclusões. Só por curiosidade, vai ser possível ter preços diferentes em locais de venda diferentes? ou é-se obrigado a praticar preço uniforme? o vendedor tem alguma liberdade no estabelecimento do preço de venda final?”

Resposta: Os medicamentos de preço livre deixam de ter o preço afixado nas embalagens. Em consequência, os locais de venda vão praticar os preços que entenderem. As farmácias, por exemplo, actualizaram já o software Sifarma para que o farmacêutico possa estipular o preço que entender no momento do acto de dispensa. Isto significa que a mesma embalagem de medicamento comprada a um determinado preço poderá (deverá…) ser vendida a preços diferentes pela mesma farmácia se a dispensa for feita ao meio-dia ou à meia-noite, na 2ª feira ou no domingo. Além disso, uma farmácia de Mourão, onde não existirá nunca concorrência venderá mais caro do que uma farmácia da Amadora, apesar de terem comprado o mesmo medicamento ao mesmo preço na central de compras da ANF. Para os mais esquecidos convém recordar que este sistema vigorava até há cerca de 10/15 anos atrás e que foi um governo socialista (do Engº Guterres) e um secretário de Estado socialista (Dr Boquinhas, agora gestor hospitalar) quem resolveu introduzir os preços fixos, aproveitando para baixar as margens das farmácias nestes MNSRM para 20% - aliás, sob pressão da DECO que, na altura, achava que os medicamentos deviam ter o mesmo preço em todo o País. Como os tempos mudaram – na ânsia de ajudar os “clusters” da distribuição moderna.
LUÍS ORIENTE

2:11 da manhã  
Blogger Clara said...

Sem dúvida, uma das melhores páginas de comentários que me foi dado ler aqui na SaudeSA

3:36 da tarde  
Blogger xavier said...

Amén !

9:59 da tarde  

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