Financiamento da Saúde
A questão do financiamento voltou à agenda política. Em parte, diga-se, pela dramática pressão dos custos. Em parte também pela iniciativa que a APAH concretizou em Fevereiro sobre o tema.
E voltamos, como em 1996/97, aquando da discussão sobre o relatório do Conselho de Reflexão para a Saúde, a assistir ao mesmo tipo de propostas: se o Estado, com os impostos que recolhe dos cidadãos, não pode mais, então, ponham-se os doentes a pagar.
Este tipo de soluções esquece o essencial: o nosso percurso biográfico tem na doença um fenómeno infelizmente incontornável. E convém, enquanto saudáveis, que contribuamos para prestar cuidados aos doentes: nós próprios e os outros. Esquecer este mecanismo segurador básico e a solidariedade que lhe está inerente, torna qualquer solução para o financiamento, redutora e injusta. Redutora, porque diminui drasticamente o universo dos contribuintes; injusta, porque incide exclusivamente sobre os rendimentos dos doentes, tendencialmente mais pobres e mais idosos.
Vai agora um grupo de missão estudar, de novo, o financiamento da saúde. Fazemos votos para que olhe para todos os cidadãos e não para os doentes, quando pensar em reforçar as verbas da Saúde. E que não caia nos clichés habituais: “a gratuitidade aumenta o consumo”; “os doentes mais ricos devem pagar mais”.
A Saúde é um bem de mérito e o seu financiamento não se deve colocar nos momentos em que precisamos de cuidados.
E porque não pensar que o excesso de consumo depende mais da organização e dos dispositivos da oferta do que da postura, pretensamente consumista, da procura ?
E voltamos, como em 1996/97, aquando da discussão sobre o relatório do Conselho de Reflexão para a Saúde, a assistir ao mesmo tipo de propostas: se o Estado, com os impostos que recolhe dos cidadãos, não pode mais, então, ponham-se os doentes a pagar.
Este tipo de soluções esquece o essencial: o nosso percurso biográfico tem na doença um fenómeno infelizmente incontornável. E convém, enquanto saudáveis, que contribuamos para prestar cuidados aos doentes: nós próprios e os outros. Esquecer este mecanismo segurador básico e a solidariedade que lhe está inerente, torna qualquer solução para o financiamento, redutora e injusta. Redutora, porque diminui drasticamente o universo dos contribuintes; injusta, porque incide exclusivamente sobre os rendimentos dos doentes, tendencialmente mais pobres e mais idosos.
Vai agora um grupo de missão estudar, de novo, o financiamento da saúde. Fazemos votos para que olhe para todos os cidadãos e não para os doentes, quando pensar em reforçar as verbas da Saúde. E que não caia nos clichés habituais: “a gratuitidade aumenta o consumo”; “os doentes mais ricos devem pagar mais”.
A Saúde é um bem de mérito e o seu financiamento não se deve colocar nos momentos em que precisamos de cuidados.
E porque não pensar que o excesso de consumo depende mais da organização e dos dispositivos da oferta do que da postura, pretensamente consumista, da procura ?
Manuel Delgado, GH n.º 15
3 Comments:
Texto excelente.
MD tem norteado toda a sua carreira com extremo calculismo.
Por vezes, surpreende-nos com algumas intervenções corajosas.
Não posso deixar de realçar o mérito que este curto texto encerra.
Trata-se a meu ver de colocar uma questão importante, essencial e complexa de forma clara. simples, precisa e concisa.
Percebe-se o essencial e não é preciso um longo discurso sobre o tema.
Manuel Delgado, como sabemos, conhece bem as matérias...é pena que nem sempre use a formação e informação de que dispõe no melhor sentido.
Excelente abordagem.
Desta vez, Parabéns para o MD.
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