sexta-feira, abril 21

Sempre em Festa


O Governo Sócrates, campeão de marketing, continua o frenesim de inaugurações , encerramentos e anúncio de medidas .
O modelo Sócrates prá Saúde é o ministério vai, vai, liderado por CC, que também se pela por animação.
O último “hapenning” aconteceu hoje com o anúncio do projecto de Cuidados Continuados, para apoiar doentes crónicos e dependentes, que irá criar, segundo o Governo, 49 mil novos postos de trabalho e um custo adicional de 300 milhões de euros.
Não está em causa a bondade desta medida que em dez anos prevê criar 50 equipas domiciliárias de suporte para os cuidados paliativos, equipas de gestão de altas para os 90 hospitais públicos e mais 2700 camas de convalescença.
Mas o essencial é transmitir animação.
A troupe socialista vai, vai, continuar com o programa das festas. Ontem o casino, hoje os cuidados continuados, brevemente a entrega do SNS aos privados com o aplauso dos tecnocratas da OCDE .

3 Comments:

Blogger tonitosa said...

Xavier,
Confesso que este seu post/comentário(?) me surpreende.
Não tem sido este, geralmente, o tom das suas intervenções. Você, mais frequentemente, tem-se manifestado mais optimista quanto às medidas do Governo/Ministro da Saúde.
E neste caso não deixo de concordar consigo. Já o disse neste blog: até agora temos assitido ao anúncio de muitas medidas. As aplicadas no terreno são só as mais fáceis de tomar e que produzem efeitos imediatos na despesa e no bem-estar da população. Fechar serviços é na verdade muito fácil. Mesmo assim, como se tem verificado, parece não haver muitas certezas do Governo a avaliar pelas hesitações face às reacções da população.
Quanto aso cuidados continuados estamos perante mais uma medida de mera propaganda política. Quando tomou posse CC hostilizou as Misericórdias. Mesmo que discordasse dos protocolos celebrados para a prestação de cuidados continuados, CC não foi feliz ao pôr em causa aboa-fé das Instituições, tendo provocado a reacção das mesmas.
Agora, como se verifica, as Misericórdias surgem como um parceiro fundamental no projecto anunciado.
Mas o que é curiosos é verificarmos que o governo aponta o prazo de dez anos para implementar o projecto! E dez anos é defacto ...muito tempo.
Aliás daqui a dez anos já nada será como hoje.
E CC não será concerteza ministro da saúde.
Dois aspectos merecem também ser destacados: a criação de 49 000 novos postos de trabalho e o custo adicional de 300 milhões de euros.
Quem vai suportar tais custos? São custos de investimento? E quem suporta as despesas correntes anuais?
De qualquer modo se serão preciso dez anos para criar 50 equipas domiciliárias...bem podem os nossos doentes esperar...sentados!

5:38 da tarde  
Blogger xavier said...

Caro tonotosa
Isto é o melhor que CC está a fazer.
Trata-se de investimento necessários para melhorar a efectividade e eficiência dos cuidados aos idosos.
Muito dinheirinho de poderá poupar se as medidas agora anunciadas se tornarem efectivas.

O que já não há pachorra é para o estilo, para o marketing obsessivo, canibal, saloio, massacrante deste governo.
Discursa a carmen, discursa o ministro da solidariedade, discursa o CC, discursa o primeiro dos fatinhos.
Parecia uma cerimónia de obra feita.
Só visto.

10:12 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Caro Xavier,
Publicidade e propaganda à parte...
Concordo com medidas que permitam resolver um dos mais graves problemas quer das populações, sobretudo dos doentes crónicos e dependentes, quer dos hospitais, onde pessoas internadas permanecem frequentemente para além do tempo tido como necessário ao seu tratamento na fase aguda.
No entanto, embora não tenha dados sobre a matéria, tenho impressão que feitas as contas, não será esta a "principal medida" para melhorar a prestação de cuidados, quer a idosos quer a outros "dependentes". As instituições (Misericórdias ou outras) fazem-se pagar pelos serviços prestados e quando se trata de prestação de cuidados continuados, os preços são já muito elevados.
Depois, se estivermos perante as ditas equipas domiciliárias de apoio (suporte) a cuidados paliativos, duas questões se colocam: primeiro tal pressupõe que as pessoas tenham outros apoios de família e/ou amigos; depois os custos de deslocação das equipas (o tempo tem custos e é escasso) não deixarão de ser significativos.
Isto pode significar que o projecto não tenha o sucesso que se espera. Se alguém tem que, mais frequentemente, faltar ao trabalho para prestar assistência aos seus familiares doentes, os custos para a Segurança Social e para a Economia do País não deixarão de fazer-se sentir.
E, só quem nunca teve doentes em casa a precisar de cuidados paliativos, não sabe o sofrimento para o doente e para os que o apoiam, que isso acarreta.
Vamos ter médicos e enfermeiros a deslocar-se, gastando horas nessas deslocações?
Quanto a cuidados continuados, estamos ainda perante uma situação em que o aumento da oferta vai induzir o aumento da procura. Hoje, como sabemos, muitas famílias procuram que os seus doentes permaneçam internados, por falta de condições para os receberem de regresso as suas casas e por frequentes dificuldades no seu acompanhamento. Uma vez "institucionalizados" em cuidados continuados maiores serão as resistências em recebê-los.
Dir-se-á que as famílias são obrigadas a dar apoio aos seus membros. É verdade...mas também sabemos como quase sempre são os próprios governantes e altos dirigentes a interferir para que os "seus" permaneçam internados.
Enfim, feitas as contas, repito, talvez no final os "ganhos" financeiros não sejam suficientemente compensadores dos custos para o bem-estar.
Obviamente que a ocupação de camas indispensáveis (e necessárias) em cuidados agudos não deve ocorrer. Mas parece-me que é todo o sistema que está em causa e não apenas uma parte (anida que importante) que é a do internamento indevido nos hospitais.
E se há carência de camas em muitos casos, também sabemos que, em número significativo, também há camas desocupadas. Basta ver as taxas de ocupação.
Há no entanto um aspecto importante a considerar e sobre o qual já várias vezes nos interrogamos: se o doente for colocado numa instituição em cuidados continuados, tudo se conjuga para que as suas despesas de internamento sejam comparticipadas pelos próprios à semelhança do que acontece hoje com a colocação em lares e outros equipamentos de IPSS's. Ora, sendo os cuidados continuados (ainda) cuidados de saúde necessários ao tratamento e recuperação do doente, fazer pagar pelos próprios é contrário à ideia de um SNS tendencialmente gratuito sendo mesmo "discriminatório". Será legal?
Coisa bem diferente é o doente ter alta e não regressar a sua própria casa. Mas então não estamos já no domínio da saúde, mas antes da segurança social. Neste caso devem ser-lhe imputadas despesas em função dos seus rendimentos, por exemplo, cobrando-lhe parte da reforma, se for o caso.
Vai a Segurança Social ser chamada a "comparticipar" nos custos da Saúde? E depois dir-se-á, mais uma vez, que a Segurança Social está em processo de "falência" financeira, parecendo ter razão o actual ministro das finanças!

5:35 da tarde  

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