quinta-feira, outubro 12

Entrevista

















Acabo de assistir à “grande entrevista” de Judite de Sousa.
Inevitável a abertura com as novas taxas moderadoras (financiadoras).
CC, nervoso de início, tentou justificar a medida com inocência: justiça equitativa (os que podem pagar, como os casos de CC e JS) e a necessidade de fazer receitas que fazem falta ao SNS.
E lembrar que, há meia dúzia de meses, CC dizia de ar convicto que era «uma ilusão completa pensar-se que as taxas moderadoras podiam financiar o sistema de saúde».
As taxas e as urgências preencheram toda a entrevista.
Na justificação da reorganização das urgências, CC, mais espevitado, esteve bem melhor.
Ponto alto, quando considerou que o SNS, sem reformas, era um monstro dominado pelos interesses corporativos dos grupos profissionais da Saúde. Isto no dia em que se realizou a grande manifestação da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública contra as políticas económicas e sociais do governo.
A entrevista constituiu um agradável momento de televisão, CC, no entanto, não conseguiu defender da melhor forma as suas medidas mais polémicas. O dia era de ressaca da grande manifestação, pouco propício (ao ministro) para fazer passar mensagens sobre mais taxas de saúde e encerramento de urgências. Talvez na próxima oportunidade CC seja ouvido, com a atenção que merece, pela população portuguesa.
Nota para o trabalho da JS: excelente.

7 Comments:

Blogger ricardo said...

A Judite de Sousa não lhe deu muita folga.
CC não conseguiu sair da sua área com a bola jogável.

Não há dúvida: a criação das taxas do internamento marca o fim de um ciclo do SNS: prestações tendencialmente gratuitas.

Daqui em diante vai haver co-pagamentos das prestações.

1:12 da manhã  
Blogger ricardo said...

O ministro da Saúde admitiu esta quinta-feira que as taxas de internamento poderão ser aplicadas até 14 dias, a um custo de cerca de cinco euros por dia, medida que deverá ser implementada a partir do próximo ano, noticia a agência Lusa.

Durante uma entrevista ao programa «Grande Entrevista», na RTP1, António Correia de Campos afirmou que os valores destas novas taxas moderadoras ainda poderá sofrer alterações e que só serão definitivos depois da aprovação do próximo orçamento de Estado.

O ministro especificou que, no caso do internamento, o doente poderá ter de pagar uma taxa (cerca de cinco euros) diária, até um máximo de 14 dias, prazo após o qual a doença passa a ser considerada «muito grave».

Segundo o ministro, 14 dias de internamento poderão custar a um utente do Serviço Nacional de Saúde (SNS) 70 euros.

Relativamente às taxas moderadoras que este governo quer aplicar também na cirurgia de ambulatório, o ministro remeteu para a discussão do Orçamento de Estado o seu valor e características.

António Correia de Campos recusou a ideia de que estas novas taxas moderadoras se baseiam no princípio do utilizador-pagador e garantiu que «quem não pode não irá pagá-las», numa referência aos 55 por cento de portugueses que estão isentos destes pagamentos, como doentes crónicos, crianças com menos de 12 anos, grávidas, bombeiros, dadores de sangue, entre outros.

Para António Correia de Campos, cinco euros (por dia) é um preço razoável que «nem sequer paga a refeição» que o utente consome quando internado nas unidades do SNS e pouco mais é do que um maço de cigarros ou o mesmo que um bilhete de cinema, disse.

O ministro adiantou que a diferenciação de rendimentos poderá, num futuro próximo, vir a ser aplicada, mas reconheceu a dificuldade de uma «engenharia financeira» desta natureza.
PD

1:24 da manhã  
Blogger Clara said...

Efectivamente a Grande Entrevista foi de Judite de Sousa.

9:12 da manhã  
Blogger tambemquero said...

NOVAS TAXAS MODERADORAS

Daqui para a frente tudo vai ser diferente.
(Roberto Carlos)

9:15 da manhã  
Blogger Xico do Canto said...

Uma das razões, esfarrapada, apresentada por CC, para a introdução das taxas de penalização foi a alta taxa de crescimento da despesa, na última década, sem contrapartida ao nível da prestação de cuidados de saúde. Passámos do 16º lugar para o 6º (?) no ranking dos países mais gastadores.

Estamos perante um cenário preocupante para qualquer ministro da saúde ou partido no poder. O que se esperava de um bom ministro da saúde é que soubesse intervir no sentido de mobilizar as organizações para, através de ganhos de produtividade, reduzir a despesa e, deste modo, controlar o déficite.

CC foi pelo caminho mais fácil. Tendo por objectivo o controlo do déficite carregou no esforço das famílias, majorando a receita e não se preocupando, na mesma dimensão, com a redução da despesa.

Em recente entrevista concedida a um canal de TV MD portou-se à altura , como lhe compete, e não alinhou com a voz do dono. Relativamente às novas taxas moderadoras para o internamento perdão, taxas penalizadoras, classificou-as como uma nova forma de financiamento do SNS, de co-pagamento, e salientou o que o MS anda a esconder referindo que o esforço das famílias portuguesas, para a sua saúde, já ronda os 3% do PIB, contra os cerca de 2% dos nossos parceiros comunitários. Por outros indicadores cada português paga, para além dos impostos que financiam o SNS, cerca de 40% do custo dos cuidados de saúde que recebe (taxas moderadoras, medicamentos, consultas e clínicas privadas, entre outros). Na CE a média é de cerca de 20%.

É por isto que considero CC como um mau MS. É por este caminho que CC deita abaixo o SNS. Espero que os eleitores lhe dêem a adequada e oportuna resposta.

10:54 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Não ouvi a entrevista e por isso não posso dizer se foi boa, má ou assim, assim.
Mas não posso deixar de mais uma vez expressar o meu desacordo com a aplicação de "taxas de punição" nos serviços de saúde que a todos são devidos e que devem ser financiados pelos nossos impostos.
Diz o Senhor Ministro que muitos vão ficar isentos. Pois é, na verdade os que pagam são sempre os mesmos. Já pagam impostos com taxas mais elevadas em função dos rendimentos, pagam propinas, pagam IVA porque consomem mais, pagam imposto sobre os combustíveis porque são quem anda de carro, e até gastam menos ao Estado porque não têm isenções, não recebem subsídios para isto e para aquilo, não recorrem muitas vezes ao SNS porque vão a médicos particulares, etc., etc..
E agora vão passar a pagar os cuidados em internamento e as cirurgias (e o mais que há-de vir).
E dizer que 5 euros não paga sequer a refeição, é claramente uma justificação de quem não tem argumentos. Porque se assim é, então teremos que diferenciar os preços em função das condições logísticas. E bem sabemos que vários hospitais funcionam em piores condições que muitas clínicas veterinárias. Temos que fazer pagar menos a quem ficar internado numa "camarata" (há quem lhes chame enfermarias!)com seis, oito e dez camas ou mais, em comparação com um doente (governante - ou alguém por ele recomendado - ou outro VIP) que fique internado num quarto com uma só cama e com toda a gente à sua volta.
E como se explica a isenção de menores de doze anos, mesmo que filhos de "pais ricos", e fazer pagar as taxas a famílias de rendimento médio?
E terá explicação a isenção de grávidas com rendimentos elevados, de bombeiros e de dadores de sangue? Se o sangue não pode ser "vendido" não estaremos, afinal, a introduzir por essa via um sistema de pagamento?
Porque razão tem que ser a saúde a "contribuir" para os bombeiros? Não deverão aqueles ser compensados por outras vias e por receitas de outras origens como, por exemplo, parte dos prémios de seguros?
Enfim isto só não dá para rir porque infelizmente estamos a assistir ao desmantelamento do Estado Social, e á introdução de novos e mais graves factores de desigualdade e injustiça social.

5:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O argumento do maço de tabaco e do bilhete de cinema é bem o exemplo da honestidade intelectual de CC na questão das taxas de punição... aliás, enquanto se venderem bens não essenciais de preço superior ao das taxas, tudo será permitido segundo esta lógica distorcida...

7:48 da tarde  

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