Healthcare for London (3)
hospital de St. Mary, paddington, londres
Regressado ao Saudesa após 15 dias de férias sem Internet, dois temas despertaram a minha atenção, havendo pontos de contacto nas razões pelas quais são para mim apelativos. São eles a divulgação “oficial” do Relatório sobre a Sustentabilidade do SNS link (sobre o qual hoje não vou pronunciar-me) e o plano "Healthcare for London", coordenado pelo Prof. Ara Darzi. link link
Ambos são trabalhos extensos e fundamentados, dos quais, obviamente, se pode discordar. Mas só fica bem fazê-lo numa base também documentada e fundamentada e não sobre considerações derivadas de opções individuais prévias ou da afectividade de cada um, porque estas considerações, quer pela prontidão com que são aduzidas, quer pelo próprio conteúdo, sugerem, muitas vezes, que foi dispensada a ponderação – quando não também a leitura – do texto objecto do comentário. No entanto, não é do conteúdo, ou das soluções propostas, que vou ocupar-me. Limitar-me-ei a aspectos meramente formais, embora também, naturalmente, importantes e condicionadores do sucesso da acção quando as propostas chegam à fase da implementação. O que pretendo realçar é a forma de decidir, preparar e facilitar a mudança para que ela possa passar das páginas das propostas ou das decisões para o mundo do real, produzindo o sucesso esperado que a justifica e para que sejam minimizados, até onde possível, os percalços em curso de execução e os efeitos adversos que tenham de ser suportados.
Devo, antes que avance, fazer a minha declaração de interesses: de longa data, vejo com expectativas elevadas a literatura produzida pelos gabinetes de Sua Majestade na abordagem dos problemas, quer pela sua objectividade quer pelo poder de convicção ou pela consistência da argumentação apresentada.
Aqui me encontro, mais uma vez, com o comentário do É-Pá: “A leitura deste plano "Healthcare for London" evidencia, em relação a nós, duas posturas culturais, diametralmente, opostas”. link
Onde está a oposição? Para mim, sobretudo na forma de condução dos processos. Exemplifiquemos.
Encerrámos maternidades e serviços de urgência (ou que tais) – medidas que até se afiguram correctas! – com as reacções que ainda temos bem presentes. Alguém se lembra de qualquer iniciativa, minimamente consistente, levada a cabo para explicar as razões que impunham tais medidas às populações supostamente atingidas, ou mesmo só às entidades que as devem representar? Foi prévia e adequadamente divulgada a necessidade da mudança, ou seja, os riscos a que a situação anterior estava a expor essas populações (sobretudo as sequelas, para a vida inteira, de partos realizados sem as condições de segurança possível) e os custos que, em alternativa, teria a sua superação? Não se tendo feito, não se tendo mostrado como essas medidas se integram numa política global de saúde dirigida à melhor satisfação das necessidades de saúde da população (concretamente, da população atingida), a esta ficou a alternativa de as considerar mais uma “espoliação” de direitos adquiridos, mais um episódio de descriminação negativa do interior (tanto mais que os grandes centros urbanos não foram atingidos de forma visível), e tudo derivado do único propósito de economizar nos locais onde já se gasta menos, em saúde como no resto, agravando ainda mais o deficit de equidade do SNS.
E no RU? Com base apenas no Sumário Executivo do plano "Healthcare for London" (donde extraio as citações seguintes) vejamos, em contraponto, quanto cuidado é posto na abordagem das temáticas e na busca de consistência para lhes conferir aceitabilidade.
a) – Promover a equidade e a satisfação da população, enfrentar os desafios:
- Equity of care is a founding principle of the NHS, but healthcare in London is not equitable, either in terms of mental and physical health outcomes, or in terms of the funding and quality of services offered (Ponto 3). …One of the main themes of this report is the importance of reducing health inequalities by giving everyone access to the best possible care. … So I will be expecting both local and strategic implementation to make systematic use of health inequalities impact assessments to ensure improvements are helping those who are currently the least well-served by the NHS. (Ponto 31);
- … Twenty-seven per cent of Londoners are dissatisfied with the running of the NHS compared with eighteen per cent nationally. Londoners are also less satisfied than people nationally with their GP services (Ponto 3);
- This report … also reflects a major exercise to hear what Londoners say they want from their healthcare system. It sets out a compelling ten-year vision for healthcare in London. (Ponto 2);
- Verificam-se …notably high rates of HIV, substance misuse, mental health problems, and high rates of childhood obesity. …O NHS must to be able to meet the needs of our wonderfully diverse and highly mobile population. The NHS must be accessible to all. (Ponto 3);
- The hospital is not always the answer. As set out in the White Paper, Our health, our care, our say, most people are best cared for by community services. But 97 per cent of London outpatient appointments still take place in hospital. And, dissatisfied with the availability of GP services out of working hours, Londoners are instead using A&E departments for urgent care. (Ponto3);
- We need to provide more specialised care. …the most seriously ill need more specialised care. In order to ensure sufficient volumes of work ... specialised services need to be centralised in fewer hospitals catering for large populations. (Ponto 3);
- We are not using our workforce and buildings effectively. …Productivity levels in London are lower than elsewhere in England. … The NHS estate is a huge and hugely underutilised resource. (Ponto 3);
- We need to make the best use of taxpayers’ money. …The NHS in London would be failing in its duty to its population if it did not make best use of the money it has. Money wasted through inefficiency in one aspect of healthcare is money that could have been used to save lives elsewhere. … The only way for future healthcare provision to be sustainable is changing to ensure care is provided in the most cost-effective way. (Ponto 3);
- …The UK as a whole risks lagging behind its international competitors. London needs to explore the model of Academic Health Science Centres being followed by other large cities if it wants to be at the cutting-edge of research and clinical excellence. (Ponto 3);
- It is clear that demand for NHS services is only going to grow. Our detailed modelling makes it clear that continuing with the old ways of doing things will not only be ineffective, it is also likely to be unaffordable. Any proposals for change need to show that they take into account our best predictions of what the future will bring. (Ponto 9);
- Our detailed feasibility modelling suggests that our proposed new model would, in the most likely growth scenario for demand in health services, save the NHS £1.5 billion each year. So these changes are necessary not just to improve services, but also to make future activity affordable. An NHS with a strong emphasis on prevention and early intervention saves lives and saves money.(Ponto 26);
b) Enunciar os princípios para a mudança (Ponto 11)
• Services focused on individual needs and choices. … Patients should feel in control of their care and be able to make informed choices;
• Localise where possible, centralise where necessary. Routine healthcare should take place as close to home as possible. More complex care should be centralised …;
•Truly integrated care and partnership working, maximising the contribution of the entire workforce. Better communication and co-operation is needed. …Care should be multidisciplinary, bringing together the valuable contributions of practitioners from different disciplines. …;
• Prevention is better than cure. Health improvement, including proactive care for people with long-term conditions, should be embedded in everything the NHS does. Close working with local authority partners is needed to help people stay mentally and physically healthy;
• A focus on health inequalities and diversity. … The most deprived areas of London … need better access to high quality healthcare. … Improvements also need to take into account London’s rich ethnic and cultural diversity. We are advocating that patients have more information to make choices about their care and this should be accessible to all;
c) – Criar condições para o sucesso (Ponto 29)
… This report identifies the main drivers for change and improvement that will ensure the vision in this Framework becomes a reality, and demonstrates the part that everyone in the NHS can play.
• Commissioning. Commissioning is potentially a very powerful lever for driving change. We need the right commissioning skills and structure, and we need to commission in partnership with others;
• Partnerships to improve health. The NHS has often made the mistake of thinking it can change healthcare outcomes on its own. It cannot. The NHS must work with its partners – the London boroughs, the Greater London Authority and the Mayor’s Office, the voluntary and private sectors, and the higher education sector – to implement this Framework;
• Public support. For change to succeed both the public and politicians need to believe that it is in the public’s interest. The clinical case for change needs to be clearly made. And there needs to be up-front investment to help put new services in place quickly and win public support for change;
• Clinical leadership. The whole approach of this review has been to develop clinical support for our proposals. But it is easy to support principles for London, harder to support change in the hospital or locale where you work. Many clinicians understandably fear that change will affect their job satisfaction, their autonomy, their clinical reputation. To confront and assuage these fears, NHS London needs to identify clinical champions to make the case for change;.
• Training and the workforce. Clinical leadership is important but so too is the development of the workforce more broadly. New models will call for new roles and new skills. NHS London needs a single workforce strategy to help align recruitment and training with changing needs;
• Patient choice and information. The choices that patients make about their healthcare will increasingly drive change and improvement. The better the information, the more those choices can drive improvement. Information for choice needs to be developed in priority areas such as GP and maternity services;
• Funding flows. Commissioning can only drive change if it has a direct impact on the income of healthcare providers. Funding flows need to be used to incentivise the best practice contained in this report. At its simplest, this means commissioners defining the best, safest practice for a patient pathway and then ensuring that this and only this is the practice they pay for;
• Better use of our estates. The NHS in London has a huge and under-utilised estate. We need a comprehensive estates strategy to support this Framework, including exploring how surplus or underused estate can be used to finance new developments.
Não valerá a pena acrescentar mais nada. As diferenças saltam à vista.
AIDENÓS
Ambos são trabalhos extensos e fundamentados, dos quais, obviamente, se pode discordar. Mas só fica bem fazê-lo numa base também documentada e fundamentada e não sobre considerações derivadas de opções individuais prévias ou da afectividade de cada um, porque estas considerações, quer pela prontidão com que são aduzidas, quer pelo próprio conteúdo, sugerem, muitas vezes, que foi dispensada a ponderação – quando não também a leitura – do texto objecto do comentário. No entanto, não é do conteúdo, ou das soluções propostas, que vou ocupar-me. Limitar-me-ei a aspectos meramente formais, embora também, naturalmente, importantes e condicionadores do sucesso da acção quando as propostas chegam à fase da implementação. O que pretendo realçar é a forma de decidir, preparar e facilitar a mudança para que ela possa passar das páginas das propostas ou das decisões para o mundo do real, produzindo o sucesso esperado que a justifica e para que sejam minimizados, até onde possível, os percalços em curso de execução e os efeitos adversos que tenham de ser suportados.
Devo, antes que avance, fazer a minha declaração de interesses: de longa data, vejo com expectativas elevadas a literatura produzida pelos gabinetes de Sua Majestade na abordagem dos problemas, quer pela sua objectividade quer pelo poder de convicção ou pela consistência da argumentação apresentada.
Aqui me encontro, mais uma vez, com o comentário do É-Pá: “A leitura deste plano "Healthcare for London" evidencia, em relação a nós, duas posturas culturais, diametralmente, opostas”. link
Onde está a oposição? Para mim, sobretudo na forma de condução dos processos. Exemplifiquemos.
Encerrámos maternidades e serviços de urgência (ou que tais) – medidas que até se afiguram correctas! – com as reacções que ainda temos bem presentes. Alguém se lembra de qualquer iniciativa, minimamente consistente, levada a cabo para explicar as razões que impunham tais medidas às populações supostamente atingidas, ou mesmo só às entidades que as devem representar? Foi prévia e adequadamente divulgada a necessidade da mudança, ou seja, os riscos a que a situação anterior estava a expor essas populações (sobretudo as sequelas, para a vida inteira, de partos realizados sem as condições de segurança possível) e os custos que, em alternativa, teria a sua superação? Não se tendo feito, não se tendo mostrado como essas medidas se integram numa política global de saúde dirigida à melhor satisfação das necessidades de saúde da população (concretamente, da população atingida), a esta ficou a alternativa de as considerar mais uma “espoliação” de direitos adquiridos, mais um episódio de descriminação negativa do interior (tanto mais que os grandes centros urbanos não foram atingidos de forma visível), e tudo derivado do único propósito de economizar nos locais onde já se gasta menos, em saúde como no resto, agravando ainda mais o deficit de equidade do SNS.
E no RU? Com base apenas no Sumário Executivo do plano "Healthcare for London" (donde extraio as citações seguintes) vejamos, em contraponto, quanto cuidado é posto na abordagem das temáticas e na busca de consistência para lhes conferir aceitabilidade.
a) – Promover a equidade e a satisfação da população, enfrentar os desafios:
- Equity of care is a founding principle of the NHS, but healthcare in London is not equitable, either in terms of mental and physical health outcomes, or in terms of the funding and quality of services offered (Ponto 3). …One of the main themes of this report is the importance of reducing health inequalities by giving everyone access to the best possible care. … So I will be expecting both local and strategic implementation to make systematic use of health inequalities impact assessments to ensure improvements are helping those who are currently the least well-served by the NHS. (Ponto 31);
- … Twenty-seven per cent of Londoners are dissatisfied with the running of the NHS compared with eighteen per cent nationally. Londoners are also less satisfied than people nationally with their GP services (Ponto 3);
- This report … also reflects a major exercise to hear what Londoners say they want from their healthcare system. It sets out a compelling ten-year vision for healthcare in London. (Ponto 2);
- Verificam-se …notably high rates of HIV, substance misuse, mental health problems, and high rates of childhood obesity. …O NHS must to be able to meet the needs of our wonderfully diverse and highly mobile population. The NHS must be accessible to all. (Ponto 3);
- The hospital is not always the answer. As set out in the White Paper, Our health, our care, our say, most people are best cared for by community services. But 97 per cent of London outpatient appointments still take place in hospital. And, dissatisfied with the availability of GP services out of working hours, Londoners are instead using A&E departments for urgent care. (Ponto3);
- We need to provide more specialised care. …the most seriously ill need more specialised care. In order to ensure sufficient volumes of work ... specialised services need to be centralised in fewer hospitals catering for large populations. (Ponto 3);
- We are not using our workforce and buildings effectively. …Productivity levels in London are lower than elsewhere in England. … The NHS estate is a huge and hugely underutilised resource. (Ponto 3);
- We need to make the best use of taxpayers’ money. …The NHS in London would be failing in its duty to its population if it did not make best use of the money it has. Money wasted through inefficiency in one aspect of healthcare is money that could have been used to save lives elsewhere. … The only way for future healthcare provision to be sustainable is changing to ensure care is provided in the most cost-effective way. (Ponto 3);
- …The UK as a whole risks lagging behind its international competitors. London needs to explore the model of Academic Health Science Centres being followed by other large cities if it wants to be at the cutting-edge of research and clinical excellence. (Ponto 3);
- It is clear that demand for NHS services is only going to grow. Our detailed modelling makes it clear that continuing with the old ways of doing things will not only be ineffective, it is also likely to be unaffordable. Any proposals for change need to show that they take into account our best predictions of what the future will bring. (Ponto 9);
- Our detailed feasibility modelling suggests that our proposed new model would, in the most likely growth scenario for demand in health services, save the NHS £1.5 billion each year. So these changes are necessary not just to improve services, but also to make future activity affordable. An NHS with a strong emphasis on prevention and early intervention saves lives and saves money.(Ponto 26);
b) Enunciar os princípios para a mudança (Ponto 11)
• Services focused on individual needs and choices. … Patients should feel in control of their care and be able to make informed choices;
• Localise where possible, centralise where necessary. Routine healthcare should take place as close to home as possible. More complex care should be centralised …;
•Truly integrated care and partnership working, maximising the contribution of the entire workforce. Better communication and co-operation is needed. …Care should be multidisciplinary, bringing together the valuable contributions of practitioners from different disciplines. …;
• Prevention is better than cure. Health improvement, including proactive care for people with long-term conditions, should be embedded in everything the NHS does. Close working with local authority partners is needed to help people stay mentally and physically healthy;
• A focus on health inequalities and diversity. … The most deprived areas of London … need better access to high quality healthcare. … Improvements also need to take into account London’s rich ethnic and cultural diversity. We are advocating that patients have more information to make choices about their care and this should be accessible to all;
c) – Criar condições para o sucesso (Ponto 29)
… This report identifies the main drivers for change and improvement that will ensure the vision in this Framework becomes a reality, and demonstrates the part that everyone in the NHS can play.
• Commissioning. Commissioning is potentially a very powerful lever for driving change. We need the right commissioning skills and structure, and we need to commission in partnership with others;
• Partnerships to improve health. The NHS has often made the mistake of thinking it can change healthcare outcomes on its own. It cannot. The NHS must work with its partners – the London boroughs, the Greater London Authority and the Mayor’s Office, the voluntary and private sectors, and the higher education sector – to implement this Framework;
• Public support. For change to succeed both the public and politicians need to believe that it is in the public’s interest. The clinical case for change needs to be clearly made. And there needs to be up-front investment to help put new services in place quickly and win public support for change;
• Clinical leadership. The whole approach of this review has been to develop clinical support for our proposals. But it is easy to support principles for London, harder to support change in the hospital or locale where you work. Many clinicians understandably fear that change will affect their job satisfaction, their autonomy, their clinical reputation. To confront and assuage these fears, NHS London needs to identify clinical champions to make the case for change;.
• Training and the workforce. Clinical leadership is important but so too is the development of the workforce more broadly. New models will call for new roles and new skills. NHS London needs a single workforce strategy to help align recruitment and training with changing needs;
• Patient choice and information. The choices that patients make about their healthcare will increasingly drive change and improvement. The better the information, the more those choices can drive improvement. Information for choice needs to be developed in priority areas such as GP and maternity services;
• Funding flows. Commissioning can only drive change if it has a direct impact on the income of healthcare providers. Funding flows need to be used to incentivise the best practice contained in this report. At its simplest, this means commissioners defining the best, safest practice for a patient pathway and then ensuring that this and only this is the practice they pay for;
• Better use of our estates. The NHS in London has a huge and under-utilised estate. We need a comprehensive estates strategy to support this Framework, including exploring how surplus or underused estate can be used to finance new developments.
Não valerá a pena acrescentar mais nada. As diferenças saltam à vista.
AIDENÓS
Etiquetas: NHS
12 Comments:
Novo ranking para os HHs do SNS
Classificar os serviços de saúde por ‘ratings’, de forma semelhante às estrelas atribuídas aos hotéis, de fácil percepção pelo público, é uma das principais medidas que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) quer publicar já em 2008, à imagem do que já se faz no Reino Unido e nos Estados Unidos.
“Queremos avaliar todos os cuidados de saúde, públicos, privados e sociais, sem qualquer distinção”, explica Álvaro Almeida, presidente da ERS. E anuncia: “Os primeiros ratings vão sair já em 2008 e o sistema de avaliação já está a ser implementado.”
Face a esta tarefa longa e complexa, Álvaro Almeida quer que o Sistema de Avaliação da Qualidade dos Serviços de Saúde seja aplicado de forma faseada, com a discussão pública dos métodos de avaliação. Certo é que os indicadores escolhidos terão de incluir a satisfação dos doentes. Feita a avaliação dos cuidados de saúde, os resultados deverão ser publicados “no ‘site’ da ERS para que possam ser livre e facilmente consultados pelos potenciais utentes”, lê-se no Plano de Actividades da reguladora.
Ao que o Diário Económico apurou, o documento já foi aprovado pelo ministro da Saúde que se escusa, por enquanto, a comentar as medidas propostas. Os administradores públicos e privados, porém, não se inibem de aplaudir o novo sistema de avaliação.
“Parece-me uma excelente ideia”, exalta Rui Raposo, presidente do Hospital Amadora-Sintra, uma parceria do Estado com o grupo Mello. “É muito importante que haja uma avaliação dos indicadores de qualidade e desempenho. Mas atenção: tem de ser uma avaliação objectiva”, alerta o administrador hospitalar.
Adalberto Campos Fernandes, presidente do Hospital Santa Maria, o maior do país, adianta que “apesar de ser uma boa iniciativa”, “é preciso que a avaliação seja feita com os meios adequados e que os parâmetros sejam criteriosamente escolhidos”.
O entusiasmo não é diferente do lado dos operadores privados. “É uma óptima iniciativa, muito importante e necessária”, gaba José Mendes Ribeiro, presidente do Grupo Português de Saúde. “É um sistema muito útil para os doentes”, garante.
A ideia de criar um sistema de avaliação dos serviços de saúde já não é nova. Abel Mateus, presidente da Autoridade da Concorrência, dissera já que era fundantal que “os utentes tenham informação sobre a performance dos serviços”. O presidente do regulador falava num seminário sobre novas perspectivas para o sector da saúde, no Porto, quando frisou que cabe à entidade reguladora “coligir e difundir essa informação.” E ainda sugeriu: “Em alguns países introduziu-se o sistema de zero a cinco estrelas. É uma forma simplificada que tem algumas vantagens.”
Os primeiros ‘ratings’ serão publicados já no próximo ano, a par de outros estudos sobre as condições de concorrência em vários sectores do mercado.
DE 18.07.07
O "Healthcare of London" parece ter por base uma nova concepção de organização dos cuidados através de serviços de ponta altamente especializados com grande concentração de meios para fazer face aos estados mais agudos de doença, permitindo uma taxa muito elevada de rotação dos doentes.
Parece deitar por terra a concepção do hospitais generalistas com todas as especialidades baixa actualização tecnológica e baixa produtividade.
Na sua última crónica no DE PKM faz uma introdução alegórica sobre invenção/inovação.
(...)Tomemos o caso da tracção a vapor. Quem descobriu o efeito propulsor do vapor foi Hierão de Alexandria que, sobre o assunto escreveu um tratado, Pneumatica, há 2.100 anos! Todavia a máquina a vapor foi reinventada por James Watt em 1763. E a partir daí, associada aos anteriores inventos da indústria têxtil (Spinning Jenny, por exemplo) e aplicada ao transporte ferroviário (primeiro) e marítimo (depois) foi o motor da revolução industrial. A concepção original de Hierão ficou restrita a alguns “mecanismos lúdicos” propostos no Pneumatica, sem qualquer sequência. A invenção de Watt e as invenções de Hargreaves e Arkwright tiveram rapidamente aplicação tecnológica. Hierão apenas inventou. A tecnologia e o baixo nível de necessidades de então não incentivaram quaisquer desenvolvimentos. As invenções de Watt, Hargreaves e Arkwright traduziram-se imediatamente em inovações sucessivas e foram o motor da Revolução Industrial.
Seminaris
Quem descobriu o efeito propulsor do vapor foi Hierão de Alexandria que, sobre o assunto escreveu o tratado Pneumática há 2.100 anos! Porém, a máquina a vapor foi (re)inventada por James Watt em 1763. Desde essa altura, e em ambiente sócio-cultural muito diferente, a sua (re)invenção foi propulsora da indústria têxtil, aplicada ao transporte ferroviário e marítimo. Foi o motor da revolução industrial.
Paulo Kuteev Moreira
A coincidência dos textos é muito infeliz...
..."NHS London needs to identify clinical champions to make the case for change"...
Em Portugal, "isto" não existe no SNS.
Todavia, por cá, "isso" é a estratégia de captura de recursos humanos do sector privado.
Logo, "isto" versus "isso". Cá e lá.
Continua a ser uma estimulante experiência a leitura deste blogue.
A qualidade e dedicação de alguns colaboradores como o Xavier, É-Pá, aidenós, tonitosa, joão pedro, clara, fazem deste sítio um instrumento de partilha de informação e conhecimento único.
Não será, pois, de admirar que continuem a sair deste núcleo esforçado, brilhantes colaboradores da nossa administração de saúde.
Veremos o que sai dos rankings, mas será pelo menos uma forma da ERS "abanar algumas árvores"!
PKM: não queria acreditar no comentário anterior, e fui verificar, em http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/05/mito_do_estado_1.html
Foi por coisas destas que Clara Pinto Correia deixou de escrever para a Visão.
A alegoria é marginal ao conteúdo do artigo do DE.
Pode acontecer a qualquer um quando se trata de recolher elementos para a elaboração de um determinado trabalho.
Temos caso...
Aparentemente a atribuição de uma classificação aos hospitais de acordo com a "QUALIDADE" dos serviços prestados encerra uma boa iniciativa.
Trata-se aliás de um tema que há alguns anos vinha sendo tratado e que chegou a ganhar algum impulso com a empresarialização dos hospitais.
Teremos assim, como ouvimos referir, uma escala que permitirá aos cidadãos e potenciais utentes em particular saber quais os "melhores hospitais".
Quanto aos estabelecimentos de saúde particulares não haverá grandes problemas e os doentes são livres de escolher onde querem ser tratados.
O que será diferente nos hospitais do SNS. Comecemos por
lembrar que se encontra legalmente consagrada na legislação a "liberdade de escolha" e essa liberdade não tem sido respeitada. Cada um de nós, como sabemos, deve recorrer ao "seu" hospital de acordo com a residência. E se alguns hospitais vão facilitando (algumas vezes até com base em falsas moradas) outros há que são mais exigentes. Assim, a liberdade de escolha, prevista na lei, não está a ser respeitada.
É por isso que se pode perguntar: se os hospitais vão ser classificados de "cinco, quatro, três estrelas (ou algo parecido) pode o doente optar por ser visto e tratado no melhor dos hospitais? Ou será que, tal como nos hotéis, vamos ter hospitais para ricos e hospitais para pobres? E teremos taxas de punição diferenciadas por hospital em função do seu maior ou menor número de estrelas?
E será a classificação expressa numa tabela geral, ou irá ser desdobrada por especialidades. Um hospital menos bom numa determinada especialidade, como nos mostra a realidade, pode ser excelente numa outra porque, por exemplo, tem melhor equipamento e sobretudo melhores RH.
A ERS que até agora pouco se fez notar parece querer, agora, mostrar trabalho.
A esperança é a última a morrer. Sejamos optimistas.
Estou certo de que na ERS tudo terá sido pensado ao pormenor. Mas tenho cá um pressentimento de que será mais uma iniciativa para tramar o Zé e o SNS.
Uma nota apenas: Tanto quanto sei (ou julgo saber) Mendes Ribeiro deixou o GPS.
Não queria (não devo) pronunciar-me sem antes conhecer a metodologia do chamado "plano de classificação dos HHs do SNS".
Contudo, de antemão, partilho de algumas preocupações expressas no comentário de tonitosa.
Mais, já o termo "classificação" deixa-me de "pé atrás". Seria preferivel "qualificação".
Senão corremos o risco de deslizar para processos algo idênticos às acreditações, que vêm sendo efectuadas em múltiplos HHs portugueses, por organizações internacionais, e que me merecem as maiores reservas.
Ficamos, portanto, à espera de conhecer (antecipadamente) o sistema de avaliação que a ERS pretende implementar...
Com esta novidade da ERS vou de férias para uns HH*****
Até breve!
* HH - Hospitais ou Hotéis, à escolha.
Enviar um comentário
<< Home