segunda-feira, maio 18

Gostava de ter escrito isto

.../ Num país a sério, um partido de centro-direita também já teria percebido que as conclusões destes estudos não são nem "de esquerda" nem "de direita", e não impedem a existência de debate ideológico e políticas alternativas. link Há muitas maneiras de lidar com aquelas que se sabem ser as principais causas do crime. Há formas de combater a pobreza diferentes das políticas sociais e subsídios aos quais parte da direita ideológica se opõe. Há uma sólida agenda conservadora que pode ser avançada sobre a questão da estabilidade das famílias. O fortalecimento das normas de controlo social, obtido através do apoio a organizações culturais, de moradores e de jovens a nível local, favorecendo o estabelecimento de relações entre associações representativas de grupos étnicos e religiosos e a criação de um ambiente de confiança mútua entre as polícias e as populações não tem por que ser intrinsecamente um desígnio "de esquerda". Note-se, de resto, como é triplamente míope a condescendência com que Pacheco Pereira trata o papel da Igreja Católica e as declarações de D. Manuel Martins e D. Jorge Urtiga sobre o caso da Bela Vista. Primeiro, porque poucas instituições conhecem tão bem no terreno as realidades dos "bairros difíceis" como as paróquias e os agentes pastorais. Segundo, porque o seu papel no fortalecimento das normas de controlo social junto das comunidades locais pode ser fulcral, até em ligação a outras confissões religiosas. E, finalmente, é míope em termos estritamente políticos: ao enfatizar exclusivamente o papel securitário do Estado nestas matérias - "garantir a nossa segurança, sem mas, nem ambiguidades" -, Pacheco Pereira deixa aos seus adversários políticos o benefício de serem eles a proporem as soluções ao mesmo tempo mais prometedoras e mais rentáveis do ponto de vista político-eleitoral, tais como os "contratos locais de segurança" que o actual Governo vai celebrando pelo país com várias autarquias*. É bom que haja oferta partidária para todos os nichos de opinião sobre esta questão, inclusivamente as daqueles que acham que tudo se resolverá exclusivamente com penas mais duras e mais polícias. Mas essa é uma função que o CDS-PP já cumpre muitíssimo bem.
Pedro Magalhães , JP 18.05.09

1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Existem duas novas questões na sociedade portuguesa que começam a incomodar os cidadãos.

Um, é a "judicialização" do regime, com todas as suas consquências de descrédito da Democracia, nomeadamente, na separação de poderes;

Outro, será a enfatização das "políticas securitárias", como panaceia para a resolução dos problemas sociais, gravíssimos, e cuja génese não é difícil vislumbrar.

Estas dervivas (ambas) são altamente perniciosas para o regime democrático.
E fazem com que, em pleno crescendo de uma profunda crise económica e social, que encerra todos os ingredientes para gerar um clima de violência, nos últimos tempos, andemos a "passear", displicentemente, p. exº., pela interminável investigação Freeport e pelo bairro da Bela Vista...
Exemplos acabados das novas questões referidas que, em última análise, infectam o País e cujas "soluções" não satisfazem os cidadãos.

Como dizia Sartre:
A violência faz-se passar sempre por uma contra-violência, quer dizer, por uma resposta à violência alheia...

12:19 da tarde  

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