SNS, responsabilizar os dirigentes
Quais são os principais problemas da Saúde portuguesa?
Em minha opinião, no ponto de vista dos utentes o principal problema reside no acesso à prestação de cuidados de saúde. Dou como exemplo a lista de espera no acesso a primeiras consultas das especialidades hospitalares requeridas pelos médicos de família, estimada em perto de 400 mil utentes. No caso das especialidades cirúrgicas, sendo os respectivos especialistas hospitalares quem têm competência para os inscrever nas listas de espera para intervenções de cirurgia, e como o tempo de espera das primeiras consultas não está a ser acrescido às listas de espera das intervenções, (SIGIC), estas listas não são realistas. Creio que este problema constitui um dos factores para o excessivo recurso a serviços de urgência hospitalares.
É urgente criar condições para a responsabilização dos dirigentes das entidades prestadoras de cuidados do SNS. Dou um exemplo triste da actuação dos dirigentes hospitalares no caso recente dos cuidados oftalmológicos.
No ano de 2006 foram efectuadas 183.349 primeiras consultas e 45.531 actos cirúrgicos nos Serviços de Oftalmologia dos hospitais do SNS. A vergonha nacional de alguns Municípios terem suportado as despesas com a deslocação de munícipes para serem tratados em Cuba, levou a intervenção directa da Ministra da Saúde a organizar o Programa de Intervenção em Oftalmologia que importou em 28 milhões de euros, que incluiu remunerações extra, com o qual foi conseguido em 2008 realizar 255.524 primeiras consultas e 83.255 cirurgias. Foi preciso ser do conhecimento público o recurso aos serviços em Cuba. Antes desse recurso, nem as Administrações Regionais de Saúde, nem os dirigentes hospitalares, nem os directores de serviços sabiam da existência das respectivas listas de espera? Terminado o Programa levado a efeito, ou esgotada a injecção dos 28 milhões de euros, vai voltar tudo à mesma com novas listas de espera?
Santos Cardoso, do MUS Movimento de Utentes da Saúde
O Programa de Intervenção em Oftalmologia (PIO), anunciado em Junho 2008, destinado a contratualizar com os hospitais públicos 75 mil primeiras consultas e 30 mil cirurgias em produção adicional, a realizar até Junho de 2009, conseguiu reduzir a lista de espera para 27 mil utentes à espera de cirurgia aos olhos no início deste ano .
Quando terminar o programa, a ministra advertiu oportunamente, "caberá aos hospitais evitarem voltar ao início", deixando claro tratar-se (PIO) de um “programa excepcional para um problema excepcional”.
Alguém quer apostar o que vai acontecer?
Em minha opinião, no ponto de vista dos utentes o principal problema reside no acesso à prestação de cuidados de saúde. Dou como exemplo a lista de espera no acesso a primeiras consultas das especialidades hospitalares requeridas pelos médicos de família, estimada em perto de 400 mil utentes. No caso das especialidades cirúrgicas, sendo os respectivos especialistas hospitalares quem têm competência para os inscrever nas listas de espera para intervenções de cirurgia, e como o tempo de espera das primeiras consultas não está a ser acrescido às listas de espera das intervenções, (SIGIC), estas listas não são realistas. Creio que este problema constitui um dos factores para o excessivo recurso a serviços de urgência hospitalares.
É urgente criar condições para a responsabilização dos dirigentes das entidades prestadoras de cuidados do SNS. Dou um exemplo triste da actuação dos dirigentes hospitalares no caso recente dos cuidados oftalmológicos.
No ano de 2006 foram efectuadas 183.349 primeiras consultas e 45.531 actos cirúrgicos nos Serviços de Oftalmologia dos hospitais do SNS. A vergonha nacional de alguns Municípios terem suportado as despesas com a deslocação de munícipes para serem tratados em Cuba, levou a intervenção directa da Ministra da Saúde a organizar o Programa de Intervenção em Oftalmologia que importou em 28 milhões de euros, que incluiu remunerações extra, com o qual foi conseguido em 2008 realizar 255.524 primeiras consultas e 83.255 cirurgias. Foi preciso ser do conhecimento público o recurso aos serviços em Cuba. Antes desse recurso, nem as Administrações Regionais de Saúde, nem os dirigentes hospitalares, nem os directores de serviços sabiam da existência das respectivas listas de espera? Terminado o Programa levado a efeito, ou esgotada a injecção dos 28 milhões de euros, vai voltar tudo à mesma com novas listas de espera?
Santos Cardoso, do MUS Movimento de Utentes da Saúde
O Programa de Intervenção em Oftalmologia (PIO), anunciado em Junho 2008, destinado a contratualizar com os hospitais públicos 75 mil primeiras consultas e 30 mil cirurgias em produção adicional, a realizar até Junho de 2009, conseguiu reduzir a lista de espera para 27 mil utentes à espera de cirurgia aos olhos no início deste ano .
Quando terminar o programa, a ministra advertiu oportunamente, "caberá aos hospitais evitarem voltar ao início", deixando claro tratar-se (PIO) de um “programa excepcional para um problema excepcional”.
Alguém quer apostar o que vai acontecer?
Etiquetas: s.n.s
3 Comments:
Portugal apresenta importantes dificuldades em controlar infecções hospitalares.Um número significativo de HH's e Centros Hospitalares (68) reconhecem que não dispõem de políticas e procedimentos de prevenção e controlo de infecção.linkAlguns (poucos) HH's não possuem uma CCI (Comissão de Controlo da Infecção)... em pleno séc. XXI!
Finalmente, o IGAS concluiu que uma percentagem significativa (18%) das CCI, "não fazem vigilância epidemiológica de acordo com os padrões dos Planos de Prevenção e Controlo da Infecção"...
link (pág.6)
As Administrações hospitalares têm de estar dotadas de acessorias técnicas eficientes, se não, toda a estrutura hospitalar começa a meter água...
Lavar frequentemente as mãos é importante. Todavia, não basta.
Perante a ameaça de uma pandemia gripal estes dados são desastrosos.
Exigem uma imediata intervenção do MS.
PPP e regimes de mobilidade
Através da figura regimental da pergunta, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda endereçou ao Ministério da Saúde um documento, com data de 30 de Abril, onde pede esclarecimentos sobre quais são as orientações da tutela «no que concerne à transferência dos recursos humanos a prestar serviço nos equipamentos de saúde agora geridos, ou a gerir, em regime de parceria público-privada (PPP) e em regime de entidades públicas empresariais (EPE)».
A interpelação vem na sequência de alegadas cartas enviadas a profissionais do Hospital de Cascais pela ARSLVT, informando-os de que podem exercer funções para a PPP que vai gerir a nova unidade, através dos instrumentos de mobilidade previstos na lei. Esta interpretação já tinha sido rebatida pelo SIM, que exorta os médicos daquele hospital a permanecerem com «contrato de trabalho em funções públicas», porque «os famosos regimes de mobilidade não se lhes aplicarão, a não ser que eles próprios, por si, o queiram».
TEMPO MEDICINA ONLINE de 2009.05.11
Segundo o Público de hoje um recém-divulgado Relatório da Inspecção Geral das Actividades em Saúde refere que 15% dos Hospitais do SNS reconheceram não dispor de “políticas e procedimentos de prevenção e controlo de infecção”.
No sector privado, afirma o mesmo relatório, 25 por cento das unidades não fazem auditorias periódicas para prevenir infecções.
Acrescenta ainda o jornal que “Cristina Costa, da Divisão de Segurança do Doente da Direcção Geral de Saúde, admite que a situação não é óptima, mas realça que tem melhorado muito nos últimos anos.”
Mas então a Inspecção constata que no SNS há hospitais que não dispõem de políticas e procedimentos de prevenir e controlar a infecção e não acontece nada?
E vinte cinco por cento das unidades privadas ignoram o problema da infecção hospitalar e continuam abertas só porque nos últimos anos era ainda pior?
E a Divisão de Segurança do Doente (este título só pode ser mesmo ironia) satisfaz-se com o facto de a situação ter vindo a melhorar?
Repare-se que não estamos a falar da estrutura, que poderia dar origem às desculpas habituais. Estamos muito simplesmente a falar do processo.
Ou seja, da vontade das pessoas em melhorar a segurança dos doentes.
Sr.ª Ministra, se não têm vontade porque não os dispensa?
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