sábado, julho 18

A "pouca-vergonha" ao rubro

Governo paga incentivos para cirurgias ao cancro link

.../ O Governo vai desenvolver um programa especial para resolver as listas de espera para cirurgia na área do cancro, que ultrapassam os tempos legais em 40% dos casos nas principais unidades. O coordenador nacional das doenças oncológicas, diz que o programa, que passará pela atribuição de incentivos ", deve avançar em 2010". A solução mais provável será criar um "programa semelhante ao da obesidade, ou seja, contemplando em pacote a cirurgia mas também outras modalidades de tratamento". Mas há ainda uma outra solução, "que será contratualizar produção adicional às unidades através de incentivos às equipas médicas".
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Mais um esquema negocial a ser montado com a complacência dos responsáveis políticos.
Então a contratualização não serve para nada?
Desistimos, por completo, de investir no SNS e nos HH’s públicos?
Desvalorizou-se a importância de melhorar a organização interna dos HH’s e dos IPO’s. Estagnou-se o investimento em equipamentos. Restabeleceu-se o quadro legal que faz dos médicos meros funcionários públicos.
E agora?
Vamos pela via mais fácil que é a solução do tipo “obesidade”?
Os peritos saltitam no caldeirão dos conflitos de interesses como a batata frita na frigideira. É ver-lhes o rasto de onde vêm e para onde vão. Instalam-se “convenientemente” nas sociedades e associações científicas ou até, se necessário, nas direcções dos colégios da OM. Tudo isto para conseguirem os mecanismos mais eficazes de lobbying. Esta invenção do preço compreensivo não visa outro fim que não seja garantir pacotes aos privados que desesperam pelos seguros não pagarem todas as partes dos tratamentos. Tendo percebido, que o negócio da saúde já foi chão que deu uvas tentam tudo por tudo para rentabilizar os investimentos quer através dos cavalos de Tróia (conhecidas como PPP’s) quer capturando, a todo o custo, o “negócio do cancro”.
O desespero é tal que um destes “dinâmicos e empreendedores” grupos privados do norte instalou nas suas unidades alas preferenciais para atendimento preferencial aos doentes com H1N1.

Tenham, todos, por favor, vergonha na cara.
Respeitem os cidadãos e os contribuintes. Invistam, com seriedade, na rede pública. Não incentivem a desnatação dos centros públicos com legislação e incentivos adversos para depois caírem, logo a seguir, na ladainha oportunista dos peritos cuja “independência” fala por si.

Basta ver a misturada de funções que exercem como consultores e opinadores na DGS, na ACSS, no ACS, no MS isto, tudo, antes de irem fazer aplicar as medidas que preconizam nos grupos privados onde trabalham.

Átila

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11 Comments:

Blogger Tavisto said...

Algo vai mal quando um sistema só funciona à custa de incentivos. Já temos um programa de recuperação, de nome SIGIC, que engloba a cirurgia oncológica. Agora, pelos vistos, iremos ter um SIGIC específico dentro do SIGIC geral para trazer para tempos de tratamento clinicamente aceitáveis a patologia oncológica.
Mas será que ninguém pára para pensar? Como bem é dito nesta peça “Então a contratualização não serve para nada? Desistimos, por completo, de investir no SNS e nos HH’s públicos? Desvalorizou-se a importância de melhorar a organização interna dos HH’s e dos IPO’s. Estagnou-se o investimento em equipamentos. Restabeleceu-se o quadro legal que faz dos médicos meros funcionários públicos.
Os nossos decisores não entendem que continuar nesta senda de tentar resolver os problemas do SNS à custa da “gasosa”, termo usado em Angola para cunhar o pequeno e grande suborno sem o qual a máquina administrativa, do polícia ao ministro, não funciona, é condená-lo à extinção por obsolescência? Ou será isso mesmo que muitos pretendem?

1:10 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

É claro que tudo isto tem por objectivo a entrega aos prestadores privados .
Falta saber com clareza quem de dentro do sistema comanda esta estratégia.

10:05 da manhã  
Blogger Hospitaisepe said...

Quer dizer, o SNS não tem salvação possível.
Morte rápida às mão de Luís Filipe Pereira e da Manuela Ferreira Leite. Ou morte lenta à custa dos golpes certeiros desferidos pela rapaziada do PS.

10:13 da manhã  
Blogger 007 said...

Varandas Fernandes assume funções na administração dos HPP

O médico João Varandas Fernandes assumiu as funções de administrador dos Hospitais Privados de Portugal (HPP) - Hospital de Cascais. A unidade hospitalar pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos. João Varandas Fernandes foi director do Departamento de Urgência e Trauma do Hospital de S. José de Lisboa e já desempenhava as funções de director clínico dos HPP Hospital de Cascais. Luís Pedroso Lima assumiu as funções de administrador do Grupo Hospitais Privados de Portugal, SGPS SA onde se junta ao presidente, António Maldonado Gonelha e ao administrador José Miguel Boquinhas.
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Ora aqui está um grupo “privado” da saúde que prima pela grande dinâmica. Tendo conseguido bater todos os recordes em termos de desempenho económico e financeiro apresenta-se como uma das entidades, a nível planetário, com maior mobilidade interna dos seus quadros de topo. Com uma vantagem para esses mesmos quadros de que o sistema tem uma importante válvula de segurança – quem entra nunca sai. O que acontece é que vai variando de posição – ora na holding, ora nas unidades, ora nas unidades, ora na holding Como diria o povo “vira o disco e toca o mesmo”. Os resultados vão afundando, mas os grandes timoneiros estão garantidos pelas diferentes bóias dos “amigos” nadadores-salvadores. É um verdadeiro estudo de caso. Vale a pena observar. Arriscamos uma aposta: Varandas Fernandes (frustrada a presidência do SLB) presidente dos HPP e José Miguel Boquinhas vogal executivo do Hospital da Misericórdia de Sangalhos…

11:33 da manhã  
Blogger Horácio said...

De facto alguma rapaziada do PS é bem mais perigosa do que LFP e seus seguidores. Não é preciso ser muito imaginativo para os identificar. É que para fazer bons negócios dá imenso jeito aparecer como "socialista".

11:55 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

O HPP Hospital de Cascais, pese embora o curto espaço de tempo, já vai no terceiro conselho de administração: 1.º presidido pelo eng.º Pedroso de Lima; 2.º presidido pelo dr.Roque e o 3.º predidido pelo eng.º Dias Alves.
Tudo sob a batuta sapiente do dr. José Manuel Boquinhas, sem melhoria de resultados económicos e finançeiros à vista.
Vamos ver o que vai acontecer até ao próximo Natal.

11:48 da tarde  
Blogger Unknown said...

Caro Dr. Feelgood esta exaltante instabilidade mais própria do frenesim de um albergue espanhol remete-nos para uma reflexão tão antiga (feita em 1871, por Eça de Queirós, no primeiro número d'As Farpas) quanto actual:
“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!”

12:50 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Daqui em diante não é dificil prever que cada especialidade irá reclamar o seu próprio programa especial, nada como criar uns atrasosinhos na lista de espera para reclamar mais dinheiro - afinal, nada de novo, já era assim antes do SIGIC, foi só dar-lhes tempo para se ajustarem.

Quase que aposto que vamos ver os tempos de espera a aumentarem nas outras especialidades, à procura dos "incentivos" extra!

1:11 da manhã  
Blogger Hospitaisepe said...

O que é preciso para salvar o nosso Sistema de Saúde?
O naufrágio é inevitável?
Será que isto foi sempre assim?!...
Em que medida a actual crise económica planetária veio acelerar a marcha inexorável?
O exemplo do que se passa nos EUA não nos serve de nada?

9:47 da manhã  
Blogger Tavisto said...

Aproximam-se as legislativas e agudizam-se os conflitos PR/Governo. À semelhança do que se passou com o TGV, Cavaco Silva parece pretender deixar, também, a decisão das carreiras médicas para o próximo executivo.

ANA TOMÁS RIBEIRO:

O Presidente da República pediu recentemente ao Governo explicações sobre as implicações financeiras no Orçamento do Estado dos dois diplomas das carreiras médicas, aprovados no início de Junho em Conselho de Ministros, confirmou o DN junto de várias fontes. Apesar de fonte oficial da Presidência da República se limitar a dizer que "não há comentários sobre diplomas em apreciação". E fonte oficial do Ministério da Saúde também só afirma que "o Governo não comenta nem presta informação sobre o seu relacionamento com o Presidente da República no âmbito do procedimento legislativo. Como tal também não o fará neste caso."
Já os sindicatos representativos da classe receiam que, depois de verem aprovado por este Governo os diplomas que tentaram negociar sem êxito com sucessivos ministros da Saúde de vários executivos, estes possam ser vetados pelo Presidente da República, voltando tudo ao ponto zero, numa altura próxima de eleições. E manifestam-se surpreendidos com o facto de o presidente estar a pedir esclarecimentos sobre aspectos financeiros, quando nenhum dos diplomas aborda matéria salarial.
Assim, em comunicado conjunto enviado ontem para as redacções, a FNAM - Federação Nacional dos Médicos - e o SIM - Sindicatos Independente dos Médicos - alertam para os rumores do pedido de explicações do Presidente ao Governo e sublinham: "Se estes rumores têm fundamento, a nossa estupefacção é total, dado que os dois diplomas em causa definem os princípios gerais da revisão das carreiras médicas a regulamentar em sede de contratação colectiva e nem sequer abordam qualquer matéria salarial." Além disso, relembram, "esses dois diplomas limitam-se a executar uma lei-quadro aprovada pela Assembleia da República (Lei n.º 12-A/2008 e promulgada pelo Presidente da República". Ao mesmo tempo, as estruturas sindicais congratulam-se com "o facto evidente de que não terão sido suscitadas pelo PR quaisquer questões de inconstitucionalidade". E sublinham que as negociações com o Governo "cumpriram todos os requisitos legais e constitucionais", pelo que consideram que "nada é susceptível de explicar esta grave situação criada, e que configura aquilo a que alguém em tempos designou de força de bloqueio".
Ao fim de longas negociações, Governo e sindicatos chegaram a acordo sobre os novos diplomas das carreiras médicas a 3 de Junho. Os diplomas foram aprovados em Conselho de Ministros a 6 de Junho e terão seguido alguns dias mais tarde para a Presidência da República. Assim, Cavaco Silva ainda está dentro do prazo definido de 40 dias para se decidir se promulga ou exerce o direito de veto sobre aqueles diplomas, comunicando por escrito ao Governo o sentido do veto, explica fonte ligada ao processo. "Não existindo inconstitucionalidades, terá de exercer o veto político", defende Mário Jorge, dirigente da FNAM.
Para já, este impasse está a causar preocupação aos sindicatos, também por impedir o avanço da negociação colectiva, em que seriam discutidas as remunerações para aos médicos.

11:50 da manhã  
Blogger SNS -Trave Mestra said...

Sócrates só conseguirá ultrapassar a actual crise política se responder condignamente à coligação PR/PSD (Aníbal Cavaco Silva/ Manuela Ferreira Leite).
Ou seja, apresentar como candidato do PS (então governo minoritário) às próximas eleições presidenciais Manuel Alegre, capaz de limpar o candidato da direita , à segunda volta.

6:21 da tarde  

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