A Queda da Máscara
O PSD (finalmente) deixou cair a máscara e fugiu-lhe o pé para a ideologia. link Com este gesto dá, de bandeja, uma enorme oportunidade ao PS de mostrar, de uma vez por todas, que o socialismo democrático nada tem que ver com o ecletismo ideológico do PSD que, qual caldeirada à fragateira, vai oscilando, ao longo dos anos e das eleições, entre o populismo trauliteiro e o neo-liberalismo fingido de social-democracia avançada. Em boa verdade o PSD o que quer é garantir o controlo do Estado para dinamizar os impulsos negocistas das suas clientelas. Desta vez a gula reprimida e há tanto tempo disfarçada foi posta a nu. Aí está neste programa “focado” o PSD saiu do armário. E solta tudo o que lhe vai na alma. Privatizar, privatizar, privatizar. Até que enfim se augura a possibilidade de (finalmente) pôr a mão na (imensa) massa que ainda se encontra sob o domínio público e desmantelar esse “dinossáurico” pilar do Estado social que dá pelo nome de SNS. A palavra de ordem é “concorrência” sob a batuta firme do Eng. Teófilo Leite (o mesmo dos calçados) compassado pelo vigor do Dr. Salvador e, quem sabe, qual Fénix renascida das cinzas, da SLN BPN (não sabemos que projectos ocultos ainda poderão existir na imensa documentação encontrada na casa de banho do Dr. Dias Loureiro).
E perante esta enorme ameaça onde está o combate político do PS? Não vislumbrámos ainda. Parece que entrámos num ritual “gripal” em cujas entremeadas se processam intermináveis e repetidas inaugurações de SUB’s, SAG’s, camas de continuados, USF’s e extensões entrecortadas, aqui e ali, por assinaturas de protocolos de coisas a fazer para a outra legislatura.
Ficamos na esperança de que alguém com experiência política no PS se dê (rapidamente) conta que não se ganham causas sem discutir ideias e, sobretudo, sem forçar os adversários a vir a terreiro discutir essas mesmas ideias. Persistir no ritual inauguracionista de extensões de saúde em Mafamude ou de SAG’s na Coelheira é contribuir para o desfile certo na passerelle das PPP’s da Dra. Ferreira Leite (de braço dado com a Eng. Isabel Vaz e com o Dr. Boquinhas)...
E perante esta enorme ameaça onde está o combate político do PS? Não vislumbrámos ainda. Parece que entrámos num ritual “gripal” em cujas entremeadas se processam intermináveis e repetidas inaugurações de SUB’s, SAG’s, camas de continuados, USF’s e extensões entrecortadas, aqui e ali, por assinaturas de protocolos de coisas a fazer para a outra legislatura.
Ficamos na esperança de que alguém com experiência política no PS se dê (rapidamente) conta que não se ganham causas sem discutir ideias e, sobretudo, sem forçar os adversários a vir a terreiro discutir essas mesmas ideias. Persistir no ritual inauguracionista de extensões de saúde em Mafamude ou de SAG’s na Coelheira é contribuir para o desfile certo na passerelle das PPP’s da Dra. Ferreira Leite (de braço dado com a Eng. Isabel Vaz e com o Dr. Boquinhas)...
007
Etiquetas: Legislativas 09
19 Comments:
Será que, à semelhança do Pina de Moura, os barões do PS decidiram pactuar com o inimigo, sob a batuta de Cavaco Silva .
Entre nós, estas traiçoesinhas (em salvação da pele) são muito frequentes, um velho hábito aperfeiçoado, ao que parece, no reinado dos Filipes.
Dificilmente se poderá considerar o Programa do PSD uma proposta séria de governação para a próxima legislatura.
Promete-se tudo e mais alguma coisa, desde que tal seja susceptível de angariar votos: Termo da avaliação dos professores e das taxas moderadoras. Privatização de serviços de saúde (Hospitais, Centros de Saúde, USF´s) e PPP´s, muitas PPP´s, de molde a iniciar um novo ciclo de negociatas para satisfazer as clientelas partidárias.
A fórmula que o PSD encontrou de promover a sustentabilidade do SNS é entregar a sua gestão aos associados do eng.º Teófilo Leite. O que significará, naturalmente, o aumento das dificuldades de acesso aos cuidados de saúde. Que a curto prazo se traduzirá na criação de um sistema a duas velocidades de acordo com a situação económica dos utilizadores.
Esta é a verdade das propostas do PSD.
No PS, há muitos barões calados. Em preparação para o der e vier.
Entre a arraia miúda, e não só, há muita impreparação, falta de jeito e de educação link
o barão Pina Moura deu todos os indicios que pretende iniciar um trajecto que se sobreporá ao de Zita Seabra.
É um ex-barão - deixou as baronias que possuia no PS (florescentes na época Guterres), para se tornar um próspero donatário.
A sua especialização deixou de ser a política.
Esta só lhe serviu para fornecer os instrumentos que lhe permitissem aperfeiçoar a sua performance na área da business intelligence..
Não andará - no mundo da informação e tráfico de influências dos negócios - muito longe, dos "insiders traders"....
Só que esta espécie de privilégios da informação financeira - que possibilita fusões, consórcios e outras operações - não são punidas como as que são praticadas no âmbito da Bolsa de Valores...
A sua relutância e resistência, há alguns anos, em pedir a suspensão do mandato de deputado indiciaram que a estratégia era essa. Continuar no inner circle do Poder, para melhor gerir os negócios.
Enfim, os barões políticos em Portugal - sejam de que partido for - esticam a corda até ao máximo e depois cansam-se de servirem ideais cuja retribuição quase não dá para os charutos, enveredam em grande pelo Mundo dos negócios, da banca, dos seguros, empresas pública gigantes, da consultoria financeira e de investimentos, etc.
Esta foi, no fundo, a origem e a motivação do grupo BPN/SLN, na sequência do fim do ciclo governamental do "cavaquismo"...
Hoje, os processos são mais cuidados, mais elaborados, com mais etapas intermédias, mas a finalidade é a mesma. Sejam os protagonistas Pina Moura, Jorge Coelho, Armando Vara, só para falar dos, actualmente, mais visíveis...já que é o PS que está no Poder.
Quanto ao futuro?
Na saúde o mundo empresarial fervilha em sintonia com o poder financeiro. As perspectivas que a negociação de “muitas e novas” PPP's abrem, o anunciado abocanhar da actividade prestadora do SNS são, por assim dizer, como se iniciasse um novo ciclo do volfrâmio...
A conhecida frase da zeladora dos interesses do grupo BES na Saúde: “melhor que o negócio das armas, só o da saúde”, diz tudo ... e poderá esclarecer por onde andam alguns dos barões (velhos e novos).
Ou, então, como, ontem, o Sol Windows referia link
como tendo sido proferida por Manuela Ferreira Leite, acerca do "baldanço" dos barões:
“Em funerais, missas de sétimo dia e acções de campanha vai quem quer”...
Esta senhora é mesmo a baronesa da política tétrica…
.
POST 1
Tem muita razão o presidente da APAH quando refere:
«Neste ano e no final do ano passado a pressão que estava a ser exercida pela tutela no sentido que os resultados dos hospitais caminhassem dentro daqueles parâmetros e dos indicadores que foram determinados parece-me que essa pressão não aconteceu da forma que vinha acontecendo».
Tal como sempre teve muita razão o Prof. Paulo K. Moreira quando, faz mais de um ano, denunciou e preveu que assim seria desde que a nova Ministra entrou em funções.
Aliás, a demissão de Correia de Campos foi o primeiro e principal sinal de que Sócrates baseava a sua acção politica na demagogia apoiada nas sondagens com o único objectivo de se perpetuar no poder. Nessa accão de interferência negativa na modenização do SNS, caiu a máscara deste primeiro-ministro que foi o primeiro a utilizar as técnicas de comunicação e marketing politico para se vender a si próprio como um... “sabão”.
Como este primeiro-ministro é o menos culto e com menos qualificações que alguma vez tivemos em Portugal, o falseamento da imagem foi, desde sempre, a sua principal arma (tal como a dos mediocres Santana Lopes ou Luis Filipe Meneses). Como sempre, essa arma tem limites. Que saudades dos politicos com ideias e intelecto... Mas, como o nosso povo é sábio, o “eng” Sócrates já não engana ninguém. Vai, de facto, perder as eleições, e acredito que sofrerá a pior derrota de sempre do PS. Porque vai perder o centro-direita para um PSD percebido como muito mais sério que o de Santana Lopes em 2005... e faz muito tempo que perdeu uma grande parte do centro esquerda agora indeciso entre o BE e o PCP.
Para o SNS, mantém-se tudo como em 2005. Problemas graves no financiamento do SNS; insuficiências nos CSP; elevadas taxas de desperdicio e de reinternamentos, elevada taxa de infecções nosocomiais (um problema escondido...); uma saúde pública sub-financiada, desorganizada e agora muito desacreditada pelo excessivo envolvimento politico do Sr DGS; processos de adopção de novas tecnologias que questionam o melhor interesse público; e, muito tristemente, uma gestão hiper-centralizada (essa uma falha do próprio Correia de Campos que cedeu à pressão dos caciques do PS nesse sentido) que nunca permitiu a verdadeira adaptação às necessidades e realidades locais. Desemprego nas profissões da saúde em contraste com o deficite de serviços na comunidade, etc., etc., etc....
(continua)
POST 2 (continuado)
...apesar da propaganda actual do Governo PS, estamos na mesma nas questões essenciais da gestão e sustentabilidade do SNS.
COM ANA JORGE, FICA CLARO QUE UM MÉDICO NÃO É A MELHOR SOLUÇÃO PARA GERIR O SNS! Vamos discutir o Futuro do SNS a
Sério?
Por outro lado, acenar, neste blogue, com fantasmas em relação ao programa do PSD para a saúde demonstra, sobretudo, que os bloguers (sobretudo os enviados do PS) não perceberam os efeitos nefastos que a governação de Sócrates teve no SNS (ou fingem não perceber porque beneficiam das suas benesses). O periodo 03/2005 a 09/2009 enfraqueceu o SNS. Muito mais que o periodo de Luis Filipe Pereira.
Os processos modernizadores iniciados por CC, porque ficaram incompletos, aprofundaram os problemas organizacionais, económicos e financeiros do SNS. Colocaram em causa, definitivamente, a sua sustentabilidade e o seu Futuro. As incoerências das PPP do PS e a aberração da falta de clareza nas posições de Ana Jorge (por exemplo no caso da ADSE e no controlo electróncio da assiduidade dos médicos nos hospitais) abriram brechas diversas de dificil resolução no melhor interesse nacional... sem esquecer que a construção de um hospital privado contribui para o endividamento do país; logo, se não o vamos apoiar, deviamos tê-lo impedido (por exemplo, levantando barreiras à sua construção como se faz nos paises escandinavos)!
Acima de tudo, para o SNS, o periodo de Sócrates, conforme os 91milhões de deficit dos hospitais EPE revelados hoje nos deixam antever, criou as condições para a sua insolvência aprofundada pela previsivel restrição orçamental advinda da profunda críse económica (e orçamental) em que vamos viver nos próximos 2-3 anos.
Entretanto, os bloguers do “saúdesa” a brincar aos políticos anónimos... Venha o caos da gripe para vos entreter!
PS: fico espantado ao verificar que um membro do governo PS, um Sec de Estado da saúde, tenha tempo de enviar mensagens de propaganda para blogues anónimos como este... a sua mensagem demostrou a forma como o senhor trabalha no desenvolvimento de políticas de saúde... se calhar também o faz sob anonimato porque desconhecmos grandes (ou pequenos) escritos com algum significado e originalide ou interesse produzidos por este senhor. Talvez tenha posts anónimos que sejam de melhor qualidade. Mas não há forma de sabermos...
O comentador anterior - "benenoso" como sempre- sobre os resultados dos HHs recentemente publicados importa ter em atenção o seguinte:
«A quebra estará relacionada com a redução dos proveitos extraordinários, que caíram 42,7 por cento para 35 milhões de euros, face aos 61,1 milhões do período homólogo.
No entanto, os resultados operacionais dos hospitais EPE (excluindo o Amadora-Sintra) melhoraram 15,7 por cento. Apesar deste aumento, o saldo continua a ser negativo em 84,8 milhões de euros face aos 100,6 milhões de euros negativos de igual período do ano passado. »
Ao contrário do que aconteceu nos HHs SPA, este ano os HHs EPE tiveram quebra das receitas extraordinárias, mas os resultados operacionais melhoraram.
Nota: O comentário do "anónimo" Alvim, a propósito da intervenção do SE neste blog, é um nojo. A condizer com largos trechos do seu comentário, desproporcionado e ofensivo. Enfim, digno de semelhante comentador.
Há gente menos digna que não merece aqui entrar.
No programa do PSD está subjacente uma transferência de modelo para o SNS.
Seguindo a tal "política de verdade" não a cita, nem abre o jogo, como é apanágio de todo este documento.
Na verdade, a mudança de paradigma não deixa de estar estampada nas entrelinhas.
O actual SNS vai deixar de referenciar-se pelo modelo inglês (NHS), para adoptar o modelo francês, com o seu sistema seguro de saúde universal e, consequente, a concorrência entre serviços públicos e privados.
Neste sistema vamos então ver como disparam os custos de financiamento, como se obtêm bons os resultados operacionais e como se garante a sustentabilidade do sistema.
Parece óbvio que, Manuela Ferreira Leite, tal como fez Durão Barroso no XV Governo Constitucional (lembram-se do "choque fiscal"?), vai reflectir o inevitável aumento de custos, nos impostos, onde há solenes promessas...num documento que pretende não comprometer-se com nada!
No entanto, as medidas para a Saúde que o Programa Eleitoral do PSD preconiza, caminham nesse sentido.
Não parece haver outra saída que não passe pela subida de impostos. Mas a Direita quando o faz não procede tão ingenuamente.
Promove uma "reforma fiscal" para atingir esse objectivo.
A desculpa será a habitual: desconheciam a gravidade da situação orçamental...Na verdade, viviam noutro País...
Se este argumento for, outra vez, usado por MFL, como o fez em 2002, é caso para pensarmos o que a dita senhora vai hipotecar ou vender segmentos do SNS, para conseguir supletivamente dotações orçamentais extraordinárias. É a sua especialidade!
Chegará à venda de Hospitais ou fica-se pela PPP's "à portuguesa"?
Aceitam-se sugestões...
.
Tanto ódio vindo da Escandinávia. Esta prosa amarga, quase soez faz lembrar algumas crónicas publicadas, a espaços, no DE. Olhe que o ódio é mau conselheiro, faz perder lucidez, serenidade e distanciamento na análise dos factos. Reflicta nas palavras de Bertrand Russell quanto este diz que " muitos homem cometem o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que desejam". A esse propósito não se deixe iludir quanto às previsões eleitorais. Não confunda desejos com e realidade...
Caro Hospitais EPE partilho da sua indignação quando diz: ..."Nota: O comentário do "anónimo" Alvim, a propósito da intervenção do SE neste blog, é um nojo. A condizer com largos trechos do seu comentário, desproporcionado e ofensivo. Enfim, digno de semelhante comentador.
Há gente menos digna que não merece aqui entrar"...
Infelizmente aplica-se aqui o adágio popular ..."não sirvas quem já serviu"...Infelizmente há pessoas que se dão mal com as mudanças de ciclo de vida ao nível educacional e profissional. Ficam cheios de mágoas, de ressentimentos, de sede de vingança. Em certo sentido são e serão sempre seres anti-sociais. Desdenham dos blogues mas não resistem a escrever neles "inventando" referências cruzadas. Não conseguem sair do armário. Vêem um inimigo em cada esquina. Tendo vindo muito de baixo não sabem conviver com os patamares diferenciados das saociedades em que vivem. Deixam-se cair na doentia percepção de ver nos adversários apenas inimigos. Neste caso concreto, deste blogue, vivem atormentados pela ideia de ver, em cada nickname, um enviado do PS, um conselheiro do Sócrates, um boy partidário. Esta mesquinhez deve tornar-lhes a vida num inferno de infelicidade. Seguramente que abominam as uniões de facto...
A saída a terreiro do anónimo Alvim é sinal que os últimos posts atingiram o alvo em cheio.
Vamos continuar para ver quantos mais tiram a cabeça de fora.
Que falta que faz a ideologia. Estes agiotas do "mercado" da saúde não resistem a uma sólida discussão de ideias. É isso que faz falta. Sem qualquer tipo de temor ter a ousadia de trazer para o debate político a discussão em torno do SNS. António Arnaut dá-nos o pretexto ideal com o lançamento em Coimbra, já no próximo dia 09 de Setembro do livro sobre os 30 anos do SNS. Os argumentos desta direita bafienta que se acolita atrás da incompetência política em vestes de "credibilidade e de verdade". Esta direita requentada, nostálgica do Estado novo, controleira dos "costumes", inculta e insensível abomina políticas sociais que promovam a integração social. Daí os plafonamentos na segurança social, a privatização na saúde. Recorrendo a um cinismo medíocre evoca a liberdade, o mercado, o fim da asfixia do Estado para libertar os seus clusters sociológicos da convivência insuportável com o "povo". Aparece sempre servida pelos novos travestis da política que, vindos da esquerda, se deslumbram com o conforto das carpetes e o aroma dos salões para logo de seguida servir de "capacho" ideológico à direita que os despreza. Defender o Estado social e o SNS é um acto de coragem contra os predadores neo-liberais que postulam banalidades sobre sustentabilidade e liberdade de escolha. Os Alvins deste mundo querem, de facto, a liberdade de escolha para si próprios e para os seus interesses empresariais. Hoje ninguém duvida de que o alimento dado por LFP à iniciativa privada fez crescer, desmesuradamente, este tipo de investimento que agora agoniza desesperado pela tomada do financiamento público. Basta ver como as agências de comunicação, nestes últimos meses, se entretêm a esconder todo o tipo de "crises" que se conhecem no sector privado desferindo, ao mesmo tempo, um violento e feroz ataque a tudo o que possa representar mudança e valor no SNS.
Quanto aos "Alvins" nós conhecemo-los muito bem e guardamo-los em registo para memória futura...
Caro e-pá!,
Vender hospitais é um plano partilhado pelo bloco central. Os apoios e patrocinios dos que de tal beneficiam aos dois partidos (PS e PSD) sempre compensam...
Em relação às PPP à portuguesa depende se é versão PS ou PSD que, apesar de tudo, diferem em pontos essenciais ainda que ambos de efeitos duvidosos para o melhor Futuro do SNS.
Nas entrelinhas pode ler-se, de facto, a possibilidade de um Futuro governo PSD adoptar alguns principios daqueles inspirados naquele que tem sido considerado o melhor sistema de saúde do Mundo (a França). Nesse ponto, e uma vez que até o nosso SNS ultrapassa o NHS inglês em variados rankings, a tentativa de aproximação a um sistema melhor coloca a fasquia acima... e não abaixo.
Agora, queria pergunatr uma coisa que, para alguns será ingenuidade, e só a coloco porque, de facto, não faço ideia quem são os artistas e personagens deste blogue (apesar das jantaradas que fazem juntos, não sei onde nos inscrevemos).
O que é que realmente vos amedronta na abertura a um sistema púbico em concorrência com o sistema privado sendo este baseado em financiamento público e sem encargos adicionais para o cidadão?
Ou seja, se o sistema continuar a atribuir ao cidadão o mesmo tipo de acesso actual, o que vos mete medo?
a) A perda dos vosso privilégios pessoais?
b) A introdução de técnicas de gestão dos privados que vos fariam trabalhar mais?
c) A redução de postos de nomeação nas administrações hsopiatalares (tão queridas pelos caciques PS e PSD?)
d) A responsabilização e punição da incompetência na gestão hospitalar?
e) A possivel falência por falta de procura de alguns hospitais de baixa qualidade?
Aceitam-se sugestões...
Então e ninguém se congratula com a promessa do PSD de cancelar, em Outubro próximo, as “taxas de punição” introduzidas pelo governo PS?
PS: caro “hospitaisepe”, fica aborrecido com comentários desinibidos sobre o PS? mas aceita que se insulte aqui livremente a Dr.a MFL, o PSD e a Eng.a Isabel vaz?... dois pesos...
Escandinávia? Vivo em Santo Tirso.
O Tiburcio confunde clarividência com “ódio”. Está equivocado. Faltam 26 dias para confirmarmos.
O 007 também está equivocado. Mas se está a falar de quem eu penso, está a fulanizar o debate. Não discute ideias. Pena. Que posição de responsabilidade ocupa no SNS? podemos saber?
Sem esquecer que a construção de um hospital privado contribui para o endividamento do país; logo, se não o vamos apoiar, devíamos tê-lo impedido (por exemplo, levantando barreiras à sua construção como se faz nos países escandinavos)!
No meio do arrazoado de críticas e considerações, Alvim põe o dedo na ferida relativamente a uma questão importante do nosso sistema de saúde que é a da falta de planeamento. Mas, há que dizê-lo, no que respeita à oferta hospitalar essa falha foi propositada senão mesmo planeada.
Questionado sobre esta matéria, ouvi Correia de Campos dizer que numa economia de mercado os privados são livres de construírem os hospitais que quiserem (as palavras podem não ter sido estas mas foi este o sentido das mesmas), portanto…… Sabemos bem que não é assim e que tal não acontece na maioria dos países com economias de mercado desenvolvidas e SNS estruturados. É evidente que CC sabia isso e muito mais (LFP talvez não soubesse) e, se não propôs legislação que controlasse a oferta foi porque, à semelhança do seu antecessor, queria mudar o paradigma da oferta hospitalar. Os seus objectivos nesta área obedeciam à mesma filosofia do actual programa eleitoral do PSD, retirar à esfera pública a função de prestador, contida subliminarmente na frase:
“«Introduziremos uma separação funcional, e porventura orgânica, entre o financiamento, a prestação e a regulação da saúde, que permita simultaneamente a maior abertura ao mercado concorrencial e a melhor clarificação das relações entre os sectores público, privado e social.»
É evidente que as coisas não correram de feição aos grupos económicos a quem se destinava a oferta. Primeiro porque a “ideologia” do MS se alterou com a chegada de Ana Jorge, depois porque, com a queda da máscara da eficiência financeira e da prometida prosperidade sem limites do capitalismo neoliberal, o governo PS se retraiu no abrir de portas da área social aos grupos económicos.
Portanto Alvim, neste momento os dados estão lançados e não vai haver espaço para todos. Ficamos apenas sem saber quantos hospitais públicos irão à falência, caso MFL e o seu séquito de neoliberais cheguem ao poder, ou quantos projectos privados irão sucumbir, caso a política do próximo governa seja, e para isso tenha capacidade, a de aprofundar a reforma do hospital público.
É sempre útil que venham a terreiro os paladinos defensores dos efeitos mágicos do “mercado” no sector da saúde. É certo que a profundidade da discussão não parece muito grande. A título de exemplo cito a frase: …”O que é que realmente vos amedronta na abertura a um sistema público em concorrência com o sistema privado sendo este baseado em financiamento público e sem encargos adicionais para o cidadão?”…Parece um bom ponto de partida para estimular um debate mais sério e tecnicamente mais apurado.
Afinal o que será para o Alvim um sistema púbico em concorrência com o sistema privado sendo este baseado em financiamento público e sem encargos adicionais para o cidadão? Terá vindo a acompanhar o movimento de reforma dos diferentes países europeus e, mais recentemente, dos Estados Unidos?
Resultará de uma total separação dos sectores? Do incentivo à subutilização da capacidade pública? A formação médica também será privatizada e entrará no livre jogo da concorrência?
Terá o distinto Alvim reflectido sobre a relevância dos valores da equidade, da universalidade e da integração de cuidados? Que utilidade atribui à transferência de financiamento público para organizações com meros fins lucrativos? Acredita que o sistema se valoriza e qualifica com lógicas estritamente comerciais baseadas no incremento dos cuidados desnecessários e na montagem de circuitos redundantes de captura dos fundos públicos? Terá percebido a lógica das PPP’s à Portuguesa bem expressa na realidade LCS S24?
Ficamos à espera das respostas…
Caro Alvim:
"Ou seja, se o sistema continuar a atribuir ao cidadão o mesmo tipo de acesso actual, o que vos mete medo?"
O meu problema não são medos.
Já cumpri com a minha prestação (o melhor que sabia e podia) para dignificar o SNS, desde a sua fundação, há 30 anos.
Entretanto, chegou o tempo da aposentação... e parti de consciência tranquila.
As minhas inquietações não derivam de conservar, adquirir ou renunciar a "tachos" ou "mordomias".
O futuro do SNS - antes de qualquer avaliação mercantilista -é uma importante questão política e um fulcral problema social para os portugueses.
Não um problema para envolver em rábulas sobre as "panaceias da verdade", melhor, políticas que cuidadosamente foram maquiladas de "verdades insofismáveis", mas não passam de mal digeridos arremedos neo-liberais...
Não escrevo neste blog enquanto profissional do SNS, que como insinua esteja a espera de benesses ou de sinecuras ou, ainda, tenha qualquer cargo ou nomeação em risco. Para esse peditório já demos!
Faço-o enquanto cidadão, com formação na área da Saúde, que é coisa que não se perde com a aposentação.
O que me move é uma profunda crença de que, primeiro, a equidade, e logo de seguida, a universalidade, vão à vida.
E cada vez que olho para o Programa Eleitoral do PSD, mais fico convencido desta triste realidade.
Seria bom que MFL tomasse em consideração a encrenca em que se meteu Roselyne Bachelot, cuja reforma dos Hospitais públicos foi prontamente desmascarada como uma privatização encapotada. link
Finalmente, um pequeno desabafo. Não sei porquê, caro Alvim, a seu linguajar faz-me lembrar PKM. Porquê?
.
Post 1
Caro 007,
Apesar dos seus comentários caricatos do foro psicanalitico da análise de personalidade que, na nossa adolescência, sob a influência de Sartre, faziamos no café Majestic nos anos 80 (já ultrapassamos essa fase), e uma vez que coloca questões mais sérias neste post, vejamos algumas ideias concretas...
“Afinal o que será para o Alvim um sistema púbico em concorrência com o sistema privado sendo este baseado em financiamento público e sem encargos adicionais para o cidadão?”
R: Um sistema de saúde como o francês, por exemplo. O NHS inglês introduziu com Blair (...um idolo de Sócrates?) alguns processos de concorrência aberta. Por exemplo para o combate ás listas de espera mas com negociação de preços em equilibrio com o respeito pelas guidelines de qualidade do NICE (algo que os privado portugueses teriam condições de realizar ainda que com muito pouco "vontade" para o fazer pois o sistema dos GDH’s é uma verdadeira Árvore das Patacas...).
“ Terá vindo a acompanhar o movimento de reforma dos diferentes países europeus e, mais recentemente, dos Estados Unidos?”
R: Sim. Como analiso sistemas de saúde faz muitos anos, há muito mais exemplos que posso enviar-lhe para um endereço de email que não seja anónimo. Sobre os EUA ando a anlisar em pormenor o que lá se passa. Acredite que é verdadeiramente fascinante... mas o 007 queria negar que os sistemas de saúde europeus têm promovido uma função complementar para os privados? Na verdade, essa é a posição do programa do PSD e dos grupos privados sérios (NB: atenção que temos que começar a distinguiir o trigo do joio no privado... como no público...)
Post 2
Caro 007 (continuado)
“Resultará de uma total separação dos sectores?”
R: a visão integrada, que defendo faz muitos anos, não depende de divisões administrativo-burocráticas; o busilis reside na forma como as equipas multiprofissionais de saúde trabalham (ou não trabalham...) nos vários niveis de prestação e na intersectorialidade.
“Do incentivo à subutilização da capacidade pública?”
R: essa já existe no nosso SNS. Não foi inventada por nenhum partido mas por uma realidade resultante da iniciativa privada individual de PMEs (clinicas, laboratórios de análises, etc) de propriedade de profissionais do mesmo hospital colocadas, "estratégicamente" do "outro lado da rua" do hospital público e de uma grande “confusão” no sistema de convenções... Toquemos então nas feridas reais do SNS, se quer discutir a sério...
“A formação médica também será privatizada e entrará no livre jogo da concorrência?”
R: numa perspectiva europeia essa questão está respondida. Algumas das melhores escolas de saúde do Mundo e da Europa são privadas (e muitas elas públicas, naturalmente) mas concorrem, crescentemente, para terem alunos e garantirem o seu auto-financiamento. Por outro lado, pergunte aos jovens portugueses que querem obter uma Licenciatura em Medicina o que fazem nos dias que correm. Se está a referir-se à formação pós-graduada... Desde que o Estado em Portugal tenha capacidade de regulação (e tem, se quiser...), os privados mais sérios conseguirão, com toda a certeza, bons resultados (como sabe nem todos os hospitais públicos fazem um bom trabalho nesse âmbito).
De uma forma geral, o conceito de concorrência aqui já existe e reflecte-se entre os próprios candidatos. Veja o conceito de forma mais abrangente e concordará.
“Terá o distinto Alvim reflectido sobre a relevância dos valores da equidade, da universalidade e da integração de cuidados?”
R: Distinto deve ser o 007. Com tal pseudónimo deve estar envolvido em muitos filmes. Esses são valores centrais dos sistemas de saúde que, infelizmente concordará comigo, que não reflectem exactamente a realidade do nosso SNS (excepto a universalidade que promovemos bem...) uma vez que, no nosso SNS, a equidade e a integração são, no minimo, bastante deficitários.
“Que utilidade atribui à transferência de financiamento público para organizações com meros fins lucrativos?”
R: o mesmo que para os “não-lucrativos”. Se geram emprego, fomentam ganhos em saúde, promovem algum crescimento económico local... não vejo diferenças (como não as vemos em França, por exemplo)
“Acredita que o sistema se valoriza e qualifica com lógicas estritamente comerciais baseadas no incremento dos cuidados desnecessários e na montagem de circuitos redundantes de captura dos fundos públicos?”
R: Não acredito! Estamos de acordo? Mas não estará a referir-se aos programas de “combate” às listas de espera quando diz “incremento dos cuidados desnecessários”...? e quem tem retirado ganhos desse “processo”?
“Terá percebido a lógica das PPP’s à Portuguesa bem expressa na realidade LCS S24?”
R: percebi muito bem. Apesar de viver em Santo Tirso. Percebi há anos e até denunciei as aberrações por escrito (com a minha cara e nome). E o 007? Quando se apercebeu? E tem lutado para reformular esses modelos? Se sim, estamos juntos nessa luta!
Caro e-pá,
Pelos seus escritos anónimos tenho-o por pessoa séria e uma mente culta e, como tal, aberta. Parece uma pessoa experimentada pela vida e conhecedora da realidade do SNS no terreno. Os seus comentários e análises inspiram respeito e reflexão. Pena que não seja acompanhado no nível de debate que lança pela maioria dos “habitués” deste blogue.
PS: linguajar? PKM? como disse, vivo em Santo Tirso. Trabalho em Gaia. Acho que esse senhor anda bem longe daqui. E ainda bem.
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