Chantagem dos privados
Sector faz menos 70 mil cirurgias e 550 mil dias de internamento do que o previsto. E critica Estado por não aproveitar as vagas
Os prestadores particulares de saúde estão a produzir abaixo da capacidade instalada, revelam dados da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada. A produção aquém dos planos estará na origem das críticas ao Governo, acusado de manter doentes em lista de espera quando há vagas no privado e a custos menos elevados do que no SNS. O Ministério da Saúde mantém a opção política: a utilização de unidades particulares é o último recurso. semanário expresso 12.09.09
Os prestadores particulares de saúde estão a produzir abaixo da capacidade instalada, revelam dados da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada. A produção aquém dos planos estará na origem das críticas ao Governo, acusado de manter doentes em lista de espera quando há vagas no privado e a custos menos elevados do que no SNS. O Ministério da Saúde mantém a opção política: a utilização de unidades particulares é o último recurso. semanário expresso 12.09.09
A reboque das propostas eleitorais dos partidos de direita aí temos os privados da saúde à pedinchice dos dinheiros públicos.
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2 Comments:
Esta é uma das técnicas usadas pela candonga da construção civil.
Construir num lugar ermo uma habitação sem licenciamento, deixar decorrer algum tempo para "adquirir direitos" e, depois, confrontar o Estado ou as Autarquias com a exigência de bons acessos, electrificação, saneamento, etc.
A estratégia do facto consumado...
O sector privado da saúde, para melhor convencer a opinião pública, promete um regime do tipo promoções (rebaixas de 10%), não se sabendo se estes custos estão relacionados com os custos médios hospitalares por GDH e por casos mix ou se aos contratualizados no exterior no de recuperação das LIC - SIGIC.
Aliás, ninguém tem nada a ver com o planeamento da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), nem onde a mesma foi determinar esses fluxos de acesso, nem a que nívei colocou a ineficiência da resposta do SNS.
Que o sector privado ( mais extenso do que os associados na APHP) tenha ambições é uma coisa, outra será querer transformar o SNS em seu privativo angariador, só faltando como se dizia na velha gíria alfacinha transformar os profissionais do SNS em "azeiteiros"... [*]
Aliás, a APHP, nos propósitos inscritos no seu site denuncia abertamente os seus objectivos objectivos políticos em relação ao SNS :"Subscrevemos o principal pbjectivo dos portugueses no domínio da Saúde.
Defendemos um Sistema de Saúde que assuma características de pluradidade de prestação, competividade, eficiência e liberdade de escolha..."link
Onde já vi "isto" escrito vestido com roupagens programáticas?.
Mais uma vez evita-se mencionar o SNS, o "conceito" a transmitir será "Sistema de Saúde"...(como está no citado texto).
[*] - indivíduos residentes em lupanares (antes da Lei de 1962) que viviam à custa da prostituição e forneciam aos clientes os bidés com água morna, toalhetes e sabão "azul" (que desinfectava)...
PS - "Eles" não sabiam - ninguém sabia - mas, com uma antecipação de muitos decénios, estavam a prevenir a gripe A...
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Vaga para cirurgia demora um ano e vem pelo correio
Hospital de São José recusou operar idosa com problemas na coluna e deu-lhe um ‘cheque’ para ir a Coimbra
A idade pesa e Maria, nome fictício, sentiu-a chegar a todos os ossos da coluna. Aos 75 anos, os dias tornaram-se menos suportáveis e a normalidade ficou suspensa nas mãos de um cirurgião. Maria sabia que a operação seria inevitável e dolorosa, mas nunca imaginou que o maior sofrimento seria provocado pela espera. E esperou quase 365 dias, cada vez mais pesados.
Consciente das dificuldades em conseguir uma consulta de especialidade num hospital público em tempo útil, Maria foi levada pela filha ao médico particular. O diagnóstico foi imediato: era preciso operar. “Seria muito caro, não tínhamos possibilidades” e a porta do Hospital de São José, em Lisboa, tornou-se a única alternativa para aquela família.
“A primeira consulta demorou perto de um mês e meio. O médico pediu vários exames, mas disseram-nos logo que no hospital só podia fazer as análises”. Maria foi, então, encaminhada para unidades convencionadas com o São José para fazer raios-X, TAC e ressonância magnética. Fez tudo e esperou, quatro meses. Nada a acrescentar, o médico confirmou a necessidade de operação e mandou Maria para casa e ficar, outra vez, à espera.
A resposta chegou quase um ano depois da primeira ida ao São José. Na caixa do correio, Maria encontrou um ‘cheque’ de acesso à cirurgia de que precisava, mas teria de viajar até ao Hospital dos Covões, em Coimbra. Não foi. Ser operada à coluna aos 75 anos já era uma aventura suficientemente grande e fazê-lo tão longe de casa e da família era mais do que podia suportar. Mais uma vez, a filha procurou ajuda e encontrou-a. Falou com o médico do São José, explicou-lhe o caso e conseguiu ganhar a sua influência e a desejada vaga. Foi operada em Março e, desta vez, correu bem.
Cerca de 500 mil pessoas não têm médico de família
Em Dezembro de 2008, o sistema informático registava 479.207 pedidos para primeiras consultas hospitalares
No primeiro semestre deste ano, 169.461 utentes entraram para a lista de inscritos em cirurgia. O número é quase o total (174.179) de 2008
Entre Janeiro e Junho, 3613 doentes com cancro foram inscritos para operação. Esperam, em média, 27 dias
A vários quilómetros de distância, outra mulher — que também teme identificar-se — carrega as mesmas dores nos ossos. “Tenho artroses e bicos de papagaio na coluna e ainda problemas de varizes nas pernas”. Com 62 anos, a antiga empregada de padaria conta que deixou de trabalhar porque “as mãos ficam esquecidas e deixo cair tudo. Tive de sair de lá porque estragava muita coisa”.
Passou os últimos dois meses e meio de baixa, mas esta semana foi-lhe retirado esse direito com o argumento de que a sua doença é crónica e, portanto, não goza daquele regime de protecção social. “Ainda para mais, não recebi nenhum dinheiro da baixa. Disseram-me que os pagamentos estão atrasados. Tenho vivido com as poupanças que tenho de parte. Sei que a baixa não me cura, mas o dinheiro sempre ajuda a pagar os medicamentos”. Pelo menos, até que haja outra solução para o seu caso.
Na fisioterapia detectaram-lhe as ‘curvaturas’ do esqueleto e as veias dilatadas nas pernas, encaminharam-na para o hospital e, para já, não aconteceu mais nada. “Estou à espera de consulta há cinco meses e tenho de ir para longe porque o ministério já não nos deixa ficar no hospital aqui perto, onde são tão atenciosos e é tão bonito que mais parece um hotel”. Ao trabalho não deverá voltar, mas tem esperança de, também ela, conseguir aliviar o peso dos dias.
Expresso 13.09.09
Devemo preparar-nos, daqui em diante, para o matraquear destas histórias.
A "chantagem" dos privados vai tomar conta dos meios de comunicação.
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