quarta-feira, setembro 9

O PSD quer acabar com o SNS (3)



Em boa verdade o programa do PSD para a Saúde não difere do que vem sendo defendido por este partido nos últimos anos.

A apologia do sistema nacional de saúde, em que o SNS prestador se vai esvaziando à medida que os privados o vão substituindo, é a sua bandeira e a sua meta.

Os tempos em que o pensamento de personalidades como Albino Aroso e Paulo Mendo, pontificavam na política de saúde “laranja” já lá vão. Os resquícios da ideologia social-democrata desapareceram de todo. O PSD pós Cavaco é todo ele neoliberal e anti-estado e o senhor que se segue (Pedro Passos Coelho) é um ultraliberal. Para eles o Estado não passa de um empecilho ao florescimento da economia de mercado capitalista, a sociedade não é mais que um mundo de trocas comerciais em que tudo se resume ao deve e haver material sem qualquer respeito pela área social ou sensibilidade humana que vá além da caridade beata.

O PSD de hoje é mesmo um partido autista, basta ler as declarações de António Borges para se perceber que não aprenderam nada com a terrível crise financeira que a ideologia que prosseguem arrastou o Mundo. Para estes senhores os erros são para repetir. Se países como os Estados Unidos procuram corrigir os desmandos do neoliberalismo fazendo intervir cada vez mais o Estado na área social, Saúde em particular, a eles pouco interessa, persistem em ignorar as causas da crise que atravessamos enquanto choram lágrimas de crocodilo pela suas vítimas.

Para conseguir os seus intentos, a Direita não poupa esforços nem tem pejo em recorrer à mentira e mistificação. O Expresso notícia que Mendes Ribeiro vai lançar um livro no qual defende a liberdade de escolha do doente (público/privado) para ser tratado. Tudo com base num aturado estudo de ano e meio em que terá comparado os custos do SNS com o privado tendo, neste caso, o regime da ADSE como referência. Para além dos dois universos não serem comparáveis quanto a níveis de prestação de cuidados de saúde, não sei se terá tido em linha de conta que se o subsistema pagasse ao SNS o que deve e não fosse apoiada pelo orçamento de estado, estaria insolvente há muito tempo.
O facto de reconhecer que ninguém no País sabe quantos são os utentes do SNS, nem haver informação fidedigna sobre Saúde, não o impede de concluir que o tratamento no privado fica mais barato, defendendo a substituição do SNS por um sistema convencionado em toda a linha.
MR
escolheu dois intelectuais de prestígio, António Barreto e João Lobo Antunes, para apresentarem o seu livro,adensando assim o debate ideológico em torno da Saúde. Esperemos que a notória vaidade e ressentimento político destas figuras públicas, não se sobreponham à reconhecida capacidade intelectual e sentido crítico dos apresentadores.

tá visto

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4 Comments:

Blogger tambemquero said...

Ministra da Saúde escusou-se a comentar declarações
Criador dos hospitais-empresa diz que SNS é insustentável
10.09.2009 - 07h51 Alexandra Campos, André Jegundo
O economista que esteve na génese da empresarialização dos hospitais públicos, José Mendes Ribeiro, acredita que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é "insustentável [financeiramente] a longo prazo" se nada mudar, entretanto.

"É matematicamente impossível que [os gastos] continuem a crescer por ano mais do que o PIB [produto interno bruto]", sustenta, sublinhando que a despesa com a saúde representa já 26 por cento do Orçamento do Estado. O antigo responsável pela unidade de missão dos Hospitais SA lançou ontem um livro em que apresenta uma proposta ousada: a liberdade de escolha dos doentes para serem tratados (no público ou no privado).

Interpelada pelo PÚBLICO à margem do lançamento de um outro livro - o do fundador do PS António Arnaut, em que este recorda a génese e as vicissitudes por que o SNS passou até à sua consolidação -, a ministra Ana Jorge escusou-se a comentar as previsões de Mendes Ribeiro. Disse apenas "não partilhar a mesma opinião". O único caminho para o SNS é "a luta pela sua continuidade".

O SNS representa hoje "a diferença entre o PS e o PSD" e é "fundamentalmente isso que está em jogo nas próximas eleições legislativas", escreveu por sua vez numa mensagem enviada para ser lida na cerimónia o histórico socialista Manuel Alegre, lembrando que "não existe no programa eleitoral do PSD uma única referência ao SNS".

Liberdade de escolha

A tese central do livro Saúde - A Liberdade de Escolher é a de que o regime da ADSE, que cobre cerca de 12 por cento da população (os funcionários públicos), deve ser alargado a toda a população. Até porque, pelos cálculos de Mendes Ribeiro, um doente tratado no SNS custa mais ao Estado do que um doente tratado no regime da ADSE (938 euros contra 780, respectivamente).

Aos que prevêem que a universalização da liberdade de escolha conduzirá ao desmantelamento do SNS, o economista responde que este princípio, além de ser compatível com a manutenção do SNS, até será a forma mais adequada de promover a sua eficiência.

Para Mendes Ribeiro, não faz sentido que coexistam dois sistemas públicos (ADSE/SNS) e a solução passa pela unificação do sistema de financiamento. E a rede pública de hospitais deve ser paga pelo Estado aos mesmos valores pagos aos privados.

O livro foi apresentado pelo médico João Lobo Antunes e pelo sociólogo António Barreto, que o prefacia. O sociólogo nota no prefácio que Mendes Ribeiro "desloca a discussão dos velhos termos ideológicos e estreitamente políticos, para a colocar antes de mais em contexto técnico, económico, financeiro e social".
JP 10.09.09

10:27 da manhã  
Blogger Tavisto said...

O problema da sustentabilidade dos serviços de saúde não é um problema exclusivo do nosso SNS, ele é confrontado pela maioria dos países da OCDE estando as causas bem identificadas (envelhecimento das populações, inovação tecnológica ....). Portanto, o crescimento das despesas da saúde acima do valor do PIB, sendo um problema real a ser resolvido, não é uma particularidade nacional nem pode ser atribuído ao modelo adoptado, sendo que os SNS baseados em seguros de saúde/convenção, como o agora defendido por Mendes Ribeiro/Ferreira Leite são, no geral, mais despesistas do que os do tipo Beveridge. Parece-me pois que este argumento não colhe para se propor uma mudança no paradigma do modelo.
Não sabendo que cálculos fez Mendes Ribeiro para concluir que um doente tratado pela ADSE fica mais barato que no SNS, limito-me a exprimir a perplexidade pela precisão dos números apresentados (780 vs 938 euros) quando é o próprio a reconhecer que ninguém no País sabe quantos são os utentes do SNS, nem haver informação fidedigna sobre Saúde. O que se sabe, com toda a certeza, é que há uma enorme diferença nos níveis de cuidados prestados pelo SNS e pelo subsistema, parecendo-me, com a ressalva de não conhecer os dados em que se baseou para chegar à precisão do apurado, que se estão a comparar coisas distintas.
Numa coisa concordo com Mendes Ribeiro, a de não haver justificação para manter dois regimes públicos (ADSE/SNS). Não faz sentido que os funcionários públicos sejam beneficiários de um sistema de saúde á parte, que abrange os próprios prestadores de cuidados no SNS, que, para ser solvente, é largamente financiado pelo orçamento geral do estado. Os funcionários públicos, como qualquer grupo de cidadãos, estão no pleno direito de terem os seu próprio subsistema de saúde mas ele terá de ser auto-sustentável.
Quanto à justeza da nota de prefácio de António Barreto dizendo que MR "desloca a discussão dos velhos termos ideológicos e estreitamente políticos, para a colocar antes de mais em contexto técnico, económico, financeiro e social", fica para já ensombrada pelo momento escolhido para o lançamento do livro.

11:48 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Farisaísmo

A líder do PSD diz que se propõe diminuir a despesa pública para depois poder baixiar os impostos.
É puro farisaísmo. O programa do PSD implica uma enorme subida da despesa pública. A compensação da segurança social pela diminuição de 2 pontos percentuais da contribuição social patronal iria custar ao orçamento centenas de milhões de euros. Os encargos orçamentais com o pagamento dos cuidados de saúde privados, ao abrigo da proposta da "liberdade de escolha" do prestador, não seriam de menor montante. Os vários programas de ajuda às empresas não ficariam por menos. O elevação dos encargos com os certificados de aforro acaretariam outro enorme aumento da despesa.
Perante estas propostas despesistas, só por pura hipocrisia é que se pode falar em diminuir os gastos públicos, a não ser que o PSD se proponha compensar essa nova despesa públicxa com cortes noutros sectores. Mas onde: na educação, no SNS, nas prestações sociais, na segurança na defesa? O PSD tem de esclarecer!
Vital Moreira, Causa Nossa

2:30 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Mendes Ribeiro é um espectro dos velhos tempos de Luís Filipe Pereira e do governo PSD/CDS.
Só que agora a sua "missão" é vestir uma outra roupagem para atingir o SNS, lançando a confusão.

“Quem Não o Conhece que o Compre”!
Foi assim que foi gerir o GPSaúde, a Unimed, hoje, em processo de insolvência...

Ou, vêm tarde.
Já teria sido arregimentado para lançar a confusão pela patriótica "política de verdade"!
Não será assim?

12:44 da manhã  

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