quinta-feira, outubro 18

O triunfo de Paulo Macedo

Na “greve dos médicos (11 e 12 de Julho 2012), na condução da fase preparatória, houve erros políticos de palmatória, porque houve uma indisposição, uma tentativa de responder com voz grossa a uma movimento que estava a ser delicadíssimo e inteligentíssimo nos seus argumentos”. Este foi um dos acontecimentos em que que Paulo Macedo perdeu o pé, reforçando o poder da Ordem dos Médicos. 
A Ordem dos Médicos, que tinha perdido uma grande parte da sua força, conseguiu reganhar força com uma greve inteligente, bem gerida e aproveitando um motivo muito sólido e de grande aceitação popular. 
Correia de Campos, JN 04.09.12 

Poucos meses depois… 
É vez do ministro da saúde, Paulo Macedo triunfar: «O Ministério da Saúde informou, em comunicado, que o «acordo geral agora assinado», com os sindicatos dos médicos «resulta de 10 meses de trabalho negocial» e que «ambas as partes estão satisfeitas com os resultados alcançados com este acordo global». link 
Pacificada a classe médica, o grande teste está para breve. Com a reforma da rede hospitalar que o ministro Paulo Macedo pretende reiniciar a todo o vapor ainda este ano.

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2 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Numa primeira leitura, três pontos que achei mais relevantes:

a) neutralidade orçamental da medida – é inevitável nos dias de hoje, mas será interessante ver projecções a 5 e 10 anos que mostrem a diferença entre o sistema actual e o novo sistema acordado;

b) o aumento do número de utentes por médico especialista de medicina geral e familiar, aproximando o objectivo de cada residente em Portugal ter um médico de família (de notar que aqui não podemos pensar em valores médios no país, haverá zonas onde os 1900 utentes – 2358 unidades ponderadas – poderão não ser totalmente preenchidos).

c) alteração do regime de serviço de urgência.
Pedro Pita Barros

Faltou acrescentar:

a)- O novo regime de trabalho corresponde a 40 horas de trabalho semanal, com prestação de até 18 horas de trabalho em serviços de urgência.

b)- Em 2013 é aplicado na íntegra, e pela primeira vez, o sistema de avaliação anual do desempenho da carreira médica única (das medidas acordadas , quanto a mim, das mais importantes)

c)Manutenção do descanso compensatório nos termos do artigo 13 do DL 62/79 .
Lamentavelmente manteve-se esta regalia do pessoal médico, grande desperdiçadora de recursos e injusta em relação a outros grupos profissionais.

12:21 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Não é líquido que este acordo se traduza na consolidação (ou num avanço) quando se considera a missão assistencial do SNS.
Os equilíbrios financeiros conseguidos sobre o 'espremer' das horas extraordinárias (cortes na retribuição e aumento do tempo afecto a esse tipo de pretstação) podem ter um reflexo negativo na actividade asistencial, nomeadamente nas unidades de saúde do interior do País onde o recurso a esse tipo de trabalho é rotineiro. Isto é, parece expectável que muitos médicos rejeitem 'prolongar' a sua prestação em situações extraordinárias dada a grande desvalorização pecuniária deste tipo de trabalho.
Por outro lado, a 'solução' deste problema está intimamente ligada à abertura de vagas nas carreiras médicas que efectivamente reduzam a necessidade de recorrer a estes 'expedientes'.
Ora, a abertura de vagas é exactamente a vertente deste acordo que se apresenta como a mais difícil de colocar no terreno. Não porque o processo seja complexo ou polémico (antes pelo contrário vem moralizar aspectos macabros de recrutamento neste sector profissional) mas pela simples razão de que não se entender como essas medidas se poderão executar sem um rebate orçamental. E quem conhece o rumo deste Ministério só pode esperar um 'encalhanço' neste processo, o que poderá deitar tudo a perder.
Há muitos - e importantes - aspectos a analisar neste acordo, que não cabem neste comentário, mas o facto de as bases orçamentais que o 'sustentam' poderem estar 'viciadas', não deixará de ter consequências na sua execução.

1:08 da tarde  

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