sábado, julho 12

Economia arrefece

Católica vê economia a arrefecer e défice em risco
A Universidade Católica espera que a economia portuguesa tenha tido um crescimento "marginalmente positivo" no segundo trimestre deste ano, identificando sinais contraditórios na evolução do PIB.
São nuvens negras o que a Católica observa no horizonte de Portugal. Na folha trimestral de conjuntura do Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP), os economistas da universidade estimam que o crescimento homólogo do PIB tenha voltado a desacelerar, admitindo mesmo que se pode verificar uma nova contracção em cadeia.
O NECEP espera agora um crescimento de apenas 0,4% no segundo trimestre, face ao mesmo período de 2013. Numa análise em cadeia, o PIB aproxima-se da estagnação (0,2%). "É com redobrada prudência que o NECEP estima que o crescimento do PIB no segundo trimestre seja marginalmente positivo, embora devido à elevada incerteza não estejam excluídas, nem a possibilidade de uma contracção em cadeia, nem o regresso a níveis de crescimento quase normais", pode ler-se no documento.
Um segundo trimestre desapontante surge depois de os três primeiros meses do ano já terem sido "inesperadamente negativos". O NECEP explica que o abrandamento das exportações no arranque do ano – associado ao encerramento da refinaria da Galp – terá contagiado o segundo trimestre e que o investimento dá "sinais de hesitação". Por outro lado, o consumo privado e o desemprego continuam a apresentar bons resultados.
Tudo somado, os economistas da Católica foram obrigados a rever significativamente em baixa a previsão de crescimento anual para 2014, de 1,4% para 1%, ficando mais próximos das expectativas da Comissão Europeia (1%) e do Banco de Portugal (1,1%). Para 2015, há também uma nova estimativa 0,2 pontos inferior (1,8%).
Défice em risco sem novas medidas
No curto prazo, o principal risco identificado pela Católica está relacionado com a consolidação orçamental. "O ajustamento ao longo de 2013 e 2014 tem prosseguido a um ritmo muito inferior ao necessário. E continua a não ser claro como se irá fechar esse desvio", refere o NECEP, alertando para o aumento da incerteza desde Junho (chumbo do Tribunal Constitucional). "O NECEP destaca a insuficiência das medidas em vigor para atingir as metas orçamentais, em particular um défice de 4% em 2014. E também a dificuldade em antecipar o que será a política orçamental efectiva em 2014 e 2015."
Contudo, admitem que os efeitos dessa incerteza até podem acabar por ser positivos. Por um lado, um défice orçamental maior pode "contribuir para um maior crescimento". Por outro, poderá criar novas necessidades de correcção para 2015, continuando a "afastar recursos da economia portuguesa."

JN, 10 Julho 2014

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