Política de Saúde: 1.º Balanço.
1. - Luís Filipe Pereira, tudo o indica, está prestes a abandonar o Ministério da Saúde. É, portanto, altura de fazer o balanço da sua prestação e das reformas que pretendeu implementar.
2. - "O ano dos hospitais SA e dos balanços "criativos" da tutela".
Combater a ineficácia do Serviço Nacional de Saúde (SNS), introduzindo uma nova lógica de gestão de cariz empresarial e abrindo o sector à iniciativa privada. Esta foi a bússola que guiou Luís Filipe Pereira, o ministro com a pasta da Saúde no governo de Durão Barroso e que se manteve no cargo no pequeno reinado de Santana Lopes. Um princípio que lhe valeu as críticas de «mercantilização da saúde» e de «destruição do SNS». A estas acusações, o ministro respondeu sempre falando em «preconceitos ideológicos».A lógica empresarial teve como expoente máximo os 31 hospitais transformados em sociedades anónimas, cujo balanço do primeiro ano de actividade foi marcado por críticas de «contabilidade criativa». Os números foram, aliás, um calcanhar de Aquiles para o ministro, que nunca se livrou da desconfiança em relação aos balanços oficiais que apresentou. Críticas reflectidas no relatório apresentado em Junho pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde, no qual era caracterizado como «determinado e voluntarioso», com uma «invulgar intensidade governativa», porém acompanhada pela ausência de «avaliação independente e rigorosa» e «um blackout informativo em relação aos aspectos mais críticos das reformas».Os dez novos hospitais a construir em parceria público-privado seriam outro dos pilares inovadores. Mas, no momento em que se prepara para abandonar o executivo, Luís Filipe Pereira deixa apenas três alicerces os concursos para Loures, Cascais e Braga. A revolução no sector estava ainda prometida para os centros de saúde, mas acabou por nunca chegar ao terreno dos cuidados primários. Na área do medicamento, a tutela apostou nos genéricos e conseguiu fazê-los crescer de uma quota de mercado que rondava 1% para a casa dos 9%. Porém, não foi capaz de travar uma nova escalada da despesa com os fármacos. Nos últimos meses, foram anunciadas taxas moderados diferenciadas e comparticipações consoante os rendimentos. Duas apostas que ficarão por realizar. Luís Filipe Pereira já não estará no seu gabinete para ver a Entidade Reguladora a fiscalizar a qualidade e igualdade de acesso à saúde. Nem para ver o SNS a dar lucro de 193 milhões, tal como previa o orçamento que apresentou no Parlamento.
R.A. - DN - 27.12.04.
3. - Principais fracassos da política de Saúde de Luís Filipe Pereira:
a) - Listas de espera- Para dar cumprimento à promessa eleitoral de acabar, em dois anos, com os doentes em lista de espera, o ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, criou o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos em Cirurgia (SIGIC). O balanço deste programa especial de combate às listas de espera foi catastrófico: no final dos dois anos de execução existiam cerca de 150 000 utentes a aguardar cirurgia. Perante este fracasso, o ministro da saúde lançou, em Junho de 2004, um novo programa especial de combate às listas de espera -Sistema Integrado de Gestão de Inscritos em Cirurgia (SIGIC) - com a promessa de que, nenhum utente deveria esperar, mais do que seis meses, por uma cirurgia. O SIGIC, encontra-se, ainda, numa fase de arranque sendo, no entanto, alvo de inúmeras críticas: dificuldade na actualização estatística dos casos que requerem intervenção cirúrgica e por não permitir o acompanhamento dos doentes operados por parte do médico cirúrgião. Apesar do lançamento destes programas especiais, os doentes a aguardar cirurgia serão hoje, em Portugal, cerca de 170 000.
b) - É necessário efectuar uma avaliação isenta e rigorosa do processo de empresarialização dos hospitais (produção, custos, qualidade) de forma a afastar os "balanços criativos", até agora divulgados pelo ministro da saúde.
c) - O ministro da saúde comprometeu-se resolver o problema dos médicos de família até final de 2004. Chegámos ao final deste ano com cerca de 250 mil utentes do SNS sem médico de família.
d) - Derrapagem das Contas da Saúde, o que forçou, Luís Filipe Pereira a efectuar um orçamento rectificativo no corrente ano: 1850 milhões de euros para pagar aos fornecedores do Serviço Nacional de Saúde.
e) - Política do Medicamento: A dinamização do mercado de genéricos constituiu um êxito assinalável, atingindo no final do corrente ano uma quota de 9% do mercado global. A implementação da comparticipação através do sistema de preços de referência, traduziu-se numa poupança para o Estado (cerca de 38 milhões nos primeiros sete meses deste ano), e num agravamento da despesa para os utentes do SNS (+ 6,7 milhões nos primeiros sete meses de 2004).
5 Comments:
politica do medicamento: Tr~es medidas importantes: -Prescrição por DCI; Comparticipação por SPR e dinamização do mercado de genéricos.
Apesar destas medidas o crescimento com os gastos com medicamentos este ano deve situar-se em cerca de 12%.
-A empresarialização em relação ao controlo de custos é um fracasso assim como quanto à qualidade e eficiência (onde está a gestão por objectivos).E onde está a descentralização destes hospitais?
- Parcerias da Saúde é para fechar. relançar um novo projecto.
A actuação do Ministro da Saúde requer uma análise muito cuidada:
a) - Política do Medicamento;
b) - Empresarialização dos hospitais;
c) - Parcerias;
d) - Rede de Cuidados
e) - Produção, custos e qualidade, comparaçãio homólogas;
f) - Programas especiais: HIV/SIDA, Toxicodependentes, melhoria da qualidade.
É necessária uma análise rigorosa para definir uma politica de saúde correcta.
O perfil do ministro a nomear é muito importante. Se põem, lá um politico encartado preocupado em arranjar lugar para os amigos voltamos a estar lixados.
Um dos pontos importantes, em que este ministro falhou redondamente, é o envolvimento do pessoal da saúde no processo de reformas a implementar.
O balanço é longo e complicado. Quantos "posts" sobre este tema têm previsto publicar?
A decepção da José de Mello Saúde E ANF deve ser enorme porque Luís Filipe Pereira abandona o processo numa fase crucial:
- Consolidação e alargamento dos Hospitais SA, com a institucionalização da Unidade de Missão numa "holding" que era, simultâneamente, um órgão (já não será correcto designá-lo de tutela por estarmos no âmbito das relações privadas) controlo e comando que asseguraria a transição para a privatização das unidades mais rentáveis e um "By pass" às ARSs (estas sim órgãos de tutela).
- Desenvolvimento dos processos de adjudicação dos novos hospitais PPP (financiamento e gestão privada), projecto fundamental para a privatização da saúde.
Quando à política do medicamento a actuação do ministro traduziu-se em mais do mesmo: mexe e remexe sem belicar ao de leve sequer nos interesses das Farmácias e da Indústria Farmacêutica.
Vamos ver agora o que o futuro nos reserva.
Mellos, Apifarma, ANF, costumam ter apoios (políticos da sua confiança) de um lado e doutro da barricada. E se pensarmos que esta barricada se situa toda no Bloco Central. De qualquer forma a esperança é a última a morrer...
À atenção da Francisca e do Avelino.
Sobre este assunto já decidi o seguinte:
a) - Os livros estão escolhidos:
O Erro em Medicina
José Fragata | Luís Martins
2004
ISBN 9724023478
328 pags.
CONTEÚDO
Este livro aborda os Erros da Medicina, ponte de um enorme iceberg oculto. Estuda os seus mecanismos de ocorrência, em moldes gerais e a propósito de cada especialidade médica, que vai ilustrando com exemplos.
Está feito: Vão apanhar com um tema da Saúde.
b) - Vou combinar com a livraria um prazo para levantamento dos mesmos.
Logo que tenha os dados e datas acertadas informo-vos.
O livro representa o gratidão da SaudeSA pela vossa vasta, competente e talentosa colaboração.
Cumprimentos
Xavier
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