terça-feira, setembro 27

Política do Medicamento











Do debate de ontem, permito-me fazer os seguintes comentários:
1º- CC está claramente a melhorar no que se refere ao confronto político. Precisava de mais alguns debates temáticos como este para se tornar um execelente Ministro. Curiosamente, porém, concordo que técnicamente não teve a mesma eficácia. Conclusão, parece estar a aprender enquanto político e a desaprender, enquanto Professor. Um conselho, não deve descurar nenhum destes dois aspectos, ambos são relevantes num Ministério como o da Saúde.
2º- O Professor Gouveia Pinto, ainda não tinha entrado no ringue, e já tinha levado um soco traiçoeiro de JC que o deixou knock-out. Não voltou a recuperar; quando o fez viu-se que ainda estava atordoado, em delírio, sobretudo quando se pôs a falar («justificar-se») das suas relações com os farmacêuticos. Patético, neste ponto;
3º- Julgo que toda a gente percebeu quem é JC, como é JC e que a ANF é o lobi mais poderoso deste país, que tem condicionado as políticas de saúde nos últimos anos;
4º- Fica provado à saciedade que os principais coveiros da Saúde em Portugal foram a dupla Leonor Beleza/Costa Freire;
5º- Desfiguraram a carreira de AH, politizaram os hospitais, criaram o poderoso lobi das Farmácias, entre outros malefícios, de que a questão dos hemofílicos não é a menor.


Que fazia no debate Costa Freire?
Costa Freire é, parece-me, o verdadeiro «patrão» da ANF, JC é apenas um peão de brega.
Costa Freire é dono como se sabe de três Farmácias em Lisboa (a mulher é farmacêutica). Foi o principal informatizador das Farmácias, antes de ser Secretário de Estado. Foi ele também quem informatizou o IVA, quando era Director deste um senhor que depois veio a ser nomeado Admistrador-Delegado do Hospital de S. José. Foi Costa Freire quem celebrou o primeiro acordo com a ANF. Tudo boa gente como se vê.
6º- CC está apostado-e bem,para salvaguarda do Estado de Direito- em repor alguma moralidade nas relações do Estado com a ANF. O que se viu de arrogante e de mal criado por parte de JC é revelador da raiva que esta gente tem ao Ministro. Ai de CC quando deixar de ser Ministro;
7º- O debate de ontem pode ter contribuído para duas coisas:
7.a.- CC precisa do apoio de todo o Governo e de Sócrates para encostar JC ás boxes;
7.b.- CC pode vir a soçobrar, se vier a ser o caso, se ficar (se o vierem a deixar) sózinho neste combate;
8.- Reposta a moralidade no reino das Farmácias, cabe a CC para não desmerecer o respeito e a admiração que todos lhe devemos, modificar o sistema de gestão hospitalar. Em que sentido?:
8.a.- acabando com o sistema de gestores políticos criados por Leonor Beleza/Costa Freire, já se viu com que objectivos e com que resultados;
8.b. -repondo os AH no lugar que lhes é devido;
8.c.- repondo um sistema de colocação com base no mérito, assente em critérios objectivos.
Vivóporto

11 Comments:

Blogger xavier said...

"quando era Director deste um senhor que depois veio a ser nomeado Admistrador-Delegado do Hospital de S. José."

De seu nome Henrique Moreira, chefe de repartição oriundo do Alto Minho.
Os AH que exerciam funções nos Hospitais Civis de Lisboa (HCL) nesta altura lembrar-se-ão muito bem deste senhor.
Foi quem liderou a separação do Grupo HCL sob as ordens directas de Costa Freire.
Foi o primeiro Big Bang dos HH.
Todos se lembram também, por certo, do fim-de-semana promovido por Costa Freirew em Vilamoura para dar início à triste reforma de Leonor Beleza.
Actualmente Costa Freire é director de uma empresa de Informática propriedade da ANF, a qual é responsável pela informatização das farmácias com software cedido também aos centros de saúde pela ANF.
O mundo é pequeno.
O assalto ao sector da Saúde começou há long time.

9:36 da tarde  
Blogger xavier said...

A metodologia utilizada na aniquilição do grupo HCL foi muito parecida com a do anterior ministro da saúde, Luís Filipe Pereira.
Tudo ao molho e fé em Deus.
Sem qualquer estudo prévio, iniciou-se o processo de autonomização dos HH do grupo (S.José, Santa Marta, Capuchos, Arroios Desterro, Dona Estefânea, Curry Cabral).
As estruturas comuns (aprovisionamento, transportes, hoteleiros, gestão de doentes, central de impressão, serviço de pessoal. finançeiros, assistência técnica) foram aniquilados e os seus recursos desbaratados pelos HH do grupo.
Houve algum bom senso de manter a articulação da prestação de cuidados.
Nunca li nenhum estudo com os resultados desta descentralização.
Hoje olhando para os hospitais que integravam o grupo não consigo ver qualquer vantagem retirada desse processo.
A política de saúde do PSD, até hoje, não se conseguiu libertar de alguns valores introduzidos no tempo de Costa Freire. Tem sido esta cultura de gestão que tem vindo a corroer os valores mais altos que informam o Serviço Nacional de Saúde, impedindo-o de ter uma evolução saudável.

9:29 da manhã  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Nenhum dos factos referidos neste post é novidade. No entanto, gostaria de desafiar os autores deste blogue a comentarem a "bomba" que João Cordeiro levou para o debate: a famosa alínea de Correia de Campos, que colocou os preços dos medicamentos em Portugal numa infeliz liderança europeia. De que vale baixar 6% o preço dos medicamentos que chegam a ser quase 50% mais caros em Portugal que em Espanha?
Por outro lado, que dizer da falta de preparação técnica das medidas de CC... não seria mais fácil liberalizar já a propriedade e instalação de farmácias (a verdade é que CC sabe que isso só iria dar mais poder à ANF e portanto decidiu criar condições para que os hipermercados se instalem antes de avançar com esta medida)?
Todos sabem que foi o Estado-caloteiro quem "criou" a ANF. A visão estratégica de João Cordeiro fez o resto (noto alguma tentativa de menorização intelectual de JC - percebe-se perfeitamente que não o conhecem). Para o Estado acabar com o acordo com a ANF bastaria simplesmente passar a pagar a tempo e horas...
Para terminar: nunca tinha visto uma empresa (ou associação) ser criticada por ter demasiado sucesso (como aconteceu com a ANF!). As farmácias portuguesas são das melhores da Europa e do mundo e isso cria enormes anticorpos na "sociedade civil" habituada às insuficiências de gestão que afectam todos os sectores (e a saúde em particular).
Porquê a expansão desta cultura miserabilista em vez de se tentarem aproveitar os bons exemplos?
A forma como JC tratou CC no debate, embora esmagadora (quantos agentes económicos teriam coragem para dizer, olhos nos olhos, ao ministro que tutela o seu sector "eu não confio em si"), tem o sabor amargo das vitórias morais. Correia de Campos, irritado e humilhado tecnicamente, apenas ganhou alento para continuar a sua tentativa de desmontagem da ANF. E JC sabe disso... e quem o conhece sabe que nada do que JC fez anteontem foi por acaso (se lerem o Expresso de sábado percebem o que eu estou a dizer)!

9:35 da manhã  
Blogger ricardo said...

Durante o programa da RTP, o presidente da ANF, João Cordeiro, anunciou a entrega à PGR e ao Parlamento de um dossier onde defende que os elevados preços dos medicamentos em Portugal se devem à criação - pela actual equipa ministerial, durante a sua primeira passagem pelo Governo, em 2001 - de uma portaria que pôs fim à obrigatoriedade de os medicamentos terem um custo inferior ao praticado em Espanha, França e Itália. A tutela aprovou, entretanto, nova legislação numa tentativa de corrigir esta situação, mas a descida dos preços dos medicamentos será feita num máximo de 10 por cento ao ano.
A forma insidosa como JC se referiu a este diploma, pareceu-nos pretender atribuir à equipa ministerial a vontade deliberada de favorecer a Indústria.
Isto não passa de uma acusação torpe, que nos mostra a forma de actuar suja de JC, não olhando a meios para atingir os seus fins.

10:53 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Pelo que aqui se lê, as Farmácias deveriam sujeitar-se à mediocridade reinante no país. Pequeninas, pobres, mendiciantes, medrosas, a rosnar impropérios pelas esquinas.

As verdades têm que ser ditas meus caros. Chamem-lhe arrogância. É preciso que se saiba que o Estado não é uma pessoa de bem. Se deve que pague!

2:07 da tarde  
Blogger ricardo said...

Todos sabem quem é o Costa Freire?
Pois bem este senhor é actualmente dirigente de uma das empresas pertencentes à ANF.(do que se sabe).
Este senhor aparece sempre ao lado de João Cordeiro presidente da ANF.
Costuma-se dizer:
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

3:05 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

1:49 da manhã  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Caro Vivóporto:

Sinceramente não conheço "a política económica Salazarista consubstanciada na Lei do Condicionamento Industrial e na Lei do Licenciamento Industrial", mas prometo estudar o assunto...:)
De qualquer modo, devo recordar que em 2001 Correia de Campos denunciou o famigerado "acordo" dois ou três dias antes de abandonar o cargo. Luís Filipe Pereira aproveitou a deixa e chegou a anunciar publicamente que o Estado deixaria de pagar à ANF. No entanto, as farmácias cederam individualmente os seus créditos à ANF, perdendo 1,5% da facturação aos organismos, pela simples razão de que ninguém em Portugal confia no Estado como pagador...! E se o preço fosse 2,5% ou 3% as farmácias pagavam-no na mesma, pois a alternativa de receber directamente do Estado sairia certamente muito mais cara. Se o Estado fosse bom pagador a ANF nunca teria existido (A ANF começou por ser um grupo de 2500 pequenas empresas a quem o estado devia alguns milhões de contos (segundo JC, chegaram a ser 250 milhões de contos!!!). A inteligência e visão estratégica de JC fizeram o resto!)!
E o "acordo" de que tanto se fala é actualmente o resultado de 2500 pequenas empresas cederem individualmente os seus créditos a uma associação patronal, que lhes paga a horas a troco de 1,5% da facturação. Ou seja, com ou sem Costas Freires ou Correias de Campos, o "acordo", tal como hoje o conhecemos existirá sempre, pelo menos enquanto o Estado se mantiver tão caloteiro como o é actualmente!
Só mais uma nota: não é o altruísmo (o tal que "enternece" Correia de Campos) que faz com que JC proteste contra a forma como CC favoreceu a indústria e se tenha criado a actual situação. É que ninguém melhor que JC sabe os riscos que o actual sistema comporta: não é admissível (e até parece absurdo!) que o crescimento percentual dos gastos públicos com comparticipações de medicamentos tenha chegado a triplicar com a introdução dos genéricos, preços de referência, novo modelo de receita médica, etc. E também é absolutamente insólito que os preços dos medicamentos em Espanha possam custar menos 50% que em Portugal. Um sistema com estas fragilidades tem pés de barro. E é por saber isso que JC diz o que diz.
No meio disto tudo, causa impressão ver alguém com a inteligência e capacidade intelectual de CC perder o seu tempo e energia numa guerrilha pessoal, infrutífera, despropositada e profundamente desprestigiante para si próprio. A forma como CC tenta cavalgar alguma animosidade que existe contra as farmácias chega a ser patética. Quanto às prometidas denúncias de JC, vamos esperar para ver...

1:52 da manhã  
Blogger xavier said...

Só queria corrigir alguns dados sobre o consumo de medicamentos:
Em Portugal 90% do mercado são medicamentos comparticipados pelo SNS.
O mercado de medicamentos cresceu no ano de 2004 9,2% (3.135.990,852 euros) relativamente ao ano anterior, havendo uma clara desaceleração em 2003 com a dinamização do mercado de genéricos.
Há vários estudos que comprovam que os preços dos medicamentos em Portugal se situam abaixo da média de preços dos países da UE (quinze).
O problema mais grave em Portugal relacionado com o consumo de medicamentos tem a ver com a falta de controlo da prescrição médica (fugindo à prescrição de genéricos, prescrevendo medicamentos de marca mais caros) e com a introdução de novas substância efectuada via hospitalar.
O mercado de genéricos é um mercado de marcas disfarçado de genéricos.
No primeiro trimestre deste ano o mercado hospitalar cresceu 18.2% em valor.
As novas moléculas introduzidas neste trimestre representaram cerca de 6,8 milhões de euros (terapias do cancro e VIH).

9:49 da manhã  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Aceito e considero válido o argumento da lei do condicionamento industrial.
Aliás, eu próprio sou um farmacêutico sem farmácia e defendo uma maior abertura na instalação de farmácias (o que não quer dizer que concorde com o modo como CC tem actuado - aliás, antes pelo contrário, pois o que CC está a fazer é apenas preparar o terreno para as grandes empresas de distribuição, que sem este trabalho seriam esmagadas pela ANF ou por multinacionais sobejamente conhecidas noutros países).
Da entrevista que JC deu ao Expresso de sábado passado e olhando para a evolução da estratégia empresarial percebe-se, no entanto, outra coisa: para a ANF, neste momento, o melhor é que a liberalização avance já. E com isto chegámos ao paradoxo de actualmente o próprio CC ser menos favorável à abertura imediata do mercado do que JC e a ANF!!!

PS - quando falei de aumentos percentuais de consumo de medicamentos que quase triplicavam estava a referir-me aos meses em que o mercado cresceu quase 12%, quando antes de 2002 os crescimentos variavam normalmente entre 4% e 6%. Concordo com o que o Xavier diz em relação aos problemas do mercado do medicamento, mas não conheço os estudos relativos aos preços em Portugal (e já vi alguns em sentido contrário...). Por outro lado é verdade que o mercado de genéricos é na realidade um mercado de marcas. Mas também é verdade que o crescimento anual global dos gastos com medicamentos nunca foi tão alto como nos últimos anos (o que prova que a indústria farmacêutica estava preparada para o impacto dos genéricos, ao qual até reagiu por excesso...).

9:25 da manhã  
Blogger Gilgamesh said...

Num País "4º mundista" onde a corrupção abunda e os CFreires, AReis e Xikinhos Mascarenhas continuam a abundar e gozar com os "estupidos" contribuintes... isto nao avança para lado nenhum...

5:17 da tarde  

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