Hospitalização Domiciliária
O ministro da Saúde, António Correia de Campos, defendeu, recentemente, a hospitalização domiciliária como medida de alta economia por evitar re-hospitalizações de doentes crónicos. Segundo CC, as equipas médicas hospitalares devem deslocar-se a casa do doente e não este ao hospital, libertando camas para os doentes com episódios agudos.
No meu tempo de ENSP, já estudávamos as vantagens dos cuidados domiciliários hospitalares (não lhe chamávamos hospitalização domiciliária, designação com que, aliás, não concordo). Andámos, no entanto, anos a fio, a construir o hospitalocentrismo a reboque dos interesses da classe médica. Agora, a abertura dos hospitais do SNS à comunidade, a ligação com os centros de saúde e os serviços comunitários de proximidade, vai ser extremamente difícil de conseguir. Mas nunca é tarde para começar.
2 Comments:
Senhor Jyrónimo campeão da honestidade.
Gostava de saber se o Jyrónimo (da tribo sioux) sabe o que é hospitalocentrismo?
A hospitalização domiciliária é na verdade algo muito antigo: na verdade é coisa do tempo do João Semana. O doente ficava em casa, sabe Deus em que condições e com que sofrimento, mas apesar de tudo tinha uma família que o acompanhava dia-a-dia. E o médico deslocava-se a casa dos doentes e, na minha aldeia, por exemplo, ou ia a cavalo ou de carro mas tinha o tempo todo do mundo para se deslocar. E hoje? Não será utópico pensar no médico, enfiado no trânsito, horas e horas para se deslocar a ver um doente. Será que isto não vai resultar em falta de prestação de cuidados? E nas aldeias, terá o médico hoje disponibilidade para viajar alguns quilómetros para ir a casa dos doentes?
Será que estamos a ver bem esta questão? Todos sabemos quanto custa a hora de trabalho de um médico e outros técnicos de saúde. Assim, para além da "falta de médicos" há que saber se os custos não serão ainda maiores. Aparentemente, esta "hospitalização domiciliária" o que procura é retirar dos estabelecimentos de saúde os doentes a carecer de cuidados continuados. Mas nos dias que correm, as relações de família e de vizinhança não são propícias a este tipo de soluções.
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