Cavaco Silva, One Man Show
1. - Depois da cerimónia de apresentação da candidatura (investidura), Cavaco Silva fez a apresentação do seu manifesto eleitoral. O candidato Cavaco Silva, "entronizado pela comunicação social", precisa de fazer mais algumas intervenções, tão más como esta, para o povo português perceber que Cavaco Silva, o criador do monstro, não mudou nada. Está na mesma. E, em parceria com o primeiro ministro, José Sócrates, prepara-se para liquidar o pouco que sobra do 25 de Abril.
2. - "Não sendo nem uma redacção, nem um dicionário, o manifesto de Cavaco Silva só pode ser uma asneira. Passa por um programa de governo, promete a Lua, acicata a esperança de um milagre para o dia em que o dr. Cavaco subir gloriosamente aos céus. No fundo, agrava o pior problema do presuntivo Presidente Cavaco: a desilusão e a fúria do país quando constatar que ele não mudou, nem consegue mudar, coisa nenhuma. Tretas de agora, penas de amanhã. O manifesto é um mistério"
Vasco Pulido Valente, JPúblico, 29.10.05.
Vasco Pulido Valente, JPúblico, 29.10.05.
3. - Com o seu candidato a Presidente entronizado pela Comunicação Social - desde os noticiários televisivos até a colunistas pós-modernos da "esquerda-caviar" - a direita volta a repensar a questão do equilíbrio de poderes constitucionais, inclinando-se, tal como no final dos anos 70, a colocar o acento tónico no Palácio de Belém. Apesar das declarações tranquilizadoras de Cavaco Silva, anota-se que, ainda antes das eleições, já surgiram os apelos ao fim da versão equilibrada - "parlamentar-presidencial" - do regime. Os mesmos sectores conservadores que se diziam "parlamentaristas" ao tempo de Eanes, serão "presidencialistas" (uso aqui a palavra sem o seu pleno rigor jurídico-constitucional) na eventual era Cavaco.
Com o País mergulhado em conflitos sociais, acentuados pela subordinação à ortodoxia financeira de Bruxelas, os estrategos do centro-direita e da direita terão condições favoráveis para pressionar Cavaco Silva com vista a assumir o papel de Presidente interventor. Se, em sede de revisão da Constituição, será improvável a modificação do equilíbrio existente, outrotanto não se dirá em termos de prática constitucional. Ao lado da "Constituição escrita", existe a "Constituição viva". Se conseguir elegê-lo, a direita tudo fará para transformar Cavaco Silva num Presidente "musculado", capaz de incentivar o processo conservador em curso que visa transformar a palavra "reformas" em sinónimo de "restrições".
Com o País mergulhado em conflitos sociais, acentuados pela subordinação à ortodoxia financeira de Bruxelas, os estrategos do centro-direita e da direita terão condições favoráveis para pressionar Cavaco Silva com vista a assumir o papel de Presidente interventor. Se, em sede de revisão da Constituição, será improvável a modificação do equilíbrio existente, outrotanto não se dirá em termos de prática constitucional. Ao lado da "Constituição escrita", existe a "Constituição viva". Se conseguir elegê-lo, a direita tudo fará para transformar Cavaco Silva num Presidente "musculado", capaz de incentivar o processo conservador em curso que visa transformar a palavra "reformas" em sinónimo de "restrições".
Mário Mesquita JPúblico 30.10.05.
3 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Estes posts são compreensíveis. As opções dos autores dos comentários tal como as do Xavier não lhes permitem ver o Universo e pensam que apenas existe a Via Láctea.
Por mim respeito-as. São meras opiniões.
Domigos Amaral no Diário Económico: "Afinal ele resigna-se".
É essa a maior desilusão que sinto com Cavaco Silva. Não traz nada de novo, a não ser ele e o seu ego. Ao contrário dos anos 80, onde Cavaco trazia um discurso novo para a política, que sacudia a sociedade, a economia e o Estado, agora só traz banalidades e lugares comuns. É com isso que não me resigno."
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