terça-feira, janeiro 24

HH SA e HH EPE

hospital são teotónio- viseu

Sobre os SA: foi chão que deu uvas, não vale a pena bater mais no ceguinho. Como experiência de empresarialização foi uma medida positiva. O fim último (a privatização, com a sua entrega em grande escala ao Grupo Mello, parece-me inegável, com os custos da «empresarialização» a serem assumidos por todos nós – registos, conversão de procedimentos e de práticas, redução ao mínimo da expressão dos funcionários públicos, a infestação dos HH por gente do Grupo Mello ou do Grupo Amorim, com outras lógicas que não a do interesse público, e, depois de estarem no ponto de rebuçado, entregá-los ao sector privado. Dentro da lógica, há muitos anos denunciada por Vital Moreira, de que «o que dá prejuízo socializa-se, o que dá lucro privatiza-se». Quando os HH SA estivessem prontos a dar lucro, viria então a privatização. Alguém duvida?)

2. Sobre os EPE: é importante voltar ao tema. A transformação dos HH SA em HH EPE, para além da mensagem política que significou a sua criação, veio atrapalhar senão de vez, pelo menos muito seriamente o objectivo prosseguido pela direita, em particular por LFP e pelo Grupo Melo. Mas há outras inovações, para além desta, nomeadamente, quanto ao estatuto dos membros do Conselho de Administração (agora também o Director Clínico e o Enfermeiro Director são vogais executivos, o que pode trazer novidades interessantes em matéria de delegação de competências), quanto à dinamização das ARS e das Agências de Contratualização, que uma vez apetrechadas, podem vir a revelar um papel bem mais interessante e mais agilizador para os HH EPE do que aquele que tinha a Unidade de Missão (se bem que um órgão central de apoio à actividade das Agências de Contratualização, desenvolvimento de instrumentos de natureza transversal, tratamento e divulgação centralizada de informação me pareça ter justificação), a extinção de um órgão inútil como era a Assembleia Geral da SA, a procura de moralização dos procedimentos de contratação de pessoal e de compras de bens e serviços, pelo cumprimento obrigatório de diversos princípios por que se deve pautar a actuação do Estado, «mesmo quando actue no âmbito da gestão privada» (princípios estes que foram sistematicamente violados pelos SA, com um autêntico fartar vilanagem de clientelismo e compadrio, a beneficiar sempre os mesmos), etc. etc.
vivóporto

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2 Comments:

Blogger tonitosa said...

Nos HH SA's foram evidenciadas situações em que membros executivos dos CA's sendo médicos continuavam a desempenhar tais funções elevando em muitos milhares de euros os seus proventos. Eram membros executivos e ao mesmo tempo trabalhavam em Serviço de Urgência com remuneração correspondente.
Será que agora os Directores Clínicos e Enfermeiros Directores, sendo Vogais executivos, recorrem ao mesmo estratagema para garantir os elevados salários a que estão habituados? Ou será que abdicam de sua remuneração para poderem exercer o cargo? Ou será que, à semelhança dos Gestores vindos de "empresas" também agora os membros dos CA sendo médicos podem optar pelo seu salário de origem,(no próprio HEPE) englobando as horas extraordinárias?
A acontecer esta última hipótese não será criticável tal como o foi (pelo próprio MS) a situação dos gestores SA's vindos de empresas públicas onde auferiam ordenados e regalias muito superiores aos restantes gestores?
Alguém sabe o que se passa?
E alguém conhece HEPE's onde os gestores tenham abdicado de automóvel de serviço de uso pessoal que muitos consideravam uma "benesse" não justificável?
Num certo hospital, eu sei que os carros continuam afectos a membros do CA. E sei também de casos em que, quais Senhores Ministros, os membros dos CA's se fazem conduzir por motoristas que "ali ficam de plantão" à espera de S. Exas, mesmo para lá do seu horário normal de trabalho.
Que dirá a isto a IGS? E o MS?

1:01 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Se outra coisa não for estabelecida, os gestores EPE sendo gestores públicos terão as regalias genéricas. Entre elas está a possibilidade de atribuição de viatura de uso pessoal e possiblidade de exercício de opção de compra no final do mandato.Mas houve restricções ainda no tempo da Dra. Manuela Ferreira Leite nesta matéria e penso que foi "pelo menos supensa" a opção de compra das viaturas.
Quanto aos ex SA's foram as Comissóes de Fixação de Remunerações que estbeleceram as características dos carros de uso pessoal dos membros executivos dos Conselhos de Administração, prevendo-se a possibilidade de opção de compra decorridos três anos da data da sua aquisição. Não era no entanto fixado o valor. Seria certamente o valor de mercado do carro. Com a cessação de funções e extinção dos SA's penso que ninguém terá chegado aos tais três anos de vida dos carros comprados (por volta do 1º trim de 2003) e por isso não terão exercido aquele direito. Ainda que se admitisse a hipótese de o mesmo ser exercido antes dos três anos por autorização da Assemblei Geral.
Nos HH EPE's que se verifica, para já e ao que consta, é que os membros dos CA's estão a utilizar as viaturas (dum modo geral) e para evitar "críticas" muitos fazem-se conduzir por motoristas fingindo não usar os carros no interesse pessoal. O director clínico e o enfermeiro director usam agora dessa mesma regalia. O que acaba por ter custos ainda maiores pois aos motoristas são pagas horas extraordinárias havendo ainda um maior número de viagens de ida e volta (mais gastos de combustível e portagens) para trazer e levar os gestores. E como o motorista acaba por levar o carro para casa os gastos são também maiores.

12:57 da manhã  

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