terça-feira, janeiro 10

Reformas, precisam-se


O encerramento de escolas com baixo número de alunos, pode ser um bem! Pode, depois de se acautelar que o acesso a escolas mais distantes está salvaguardado!
É um bem pois a educação não é só ler e escrever. É formar em sociedade, estimular nas diferenças e potenciar o desenvolvimento mais completo - o que implica a interacção com outras crianças da mesma idade. É aterrador ver uma sala de aula primária só com um professor e um aluno (ou dois ou três de idades, por vezes, bastante diferentes - 1ª e 4ª classe).
Diz o Raven que: "na educação a personalização do ensino é até uma vantagem". É verdade mas também não podemos cair no exagero!

Quanto às Urgências, o que está anunciado é uma reestruturação de serviços e não encerramento indiscriminado. Concordo que em alguns casos a solução de rotação dos corpos clínicos pode ser uma óptima solução - não perdem "a mão" e servem a população com a proximidade desejada (possível).
Discordo - uma vez mais - das críticas aos critérios "economicistas" - prefiro a expressão "de racionalização de meios". Discordo pois da sua ausência em absoluto também motivaria críticas ao actual estado de coisas: porque não uma equipa completa de saúde (e outra para educação e formação) para cada família - ou mesmo para cada português?
Não, porque não há meios financeiros, não há profissionais, não há estruturas e muitas vezes seria mau!
A questão está de facto em conseguir as melhores omoletes com os ovos disponíveis, procurar que a omolete chegue para todos e buscar novas galinhas e novas receitas!
Unidades pequenas e generalistas? OK e onde estão os médicos? Onde estão os clínicos gerais?
Fixação fora dos grandes centros? OK, já aí estão as faculdades de Braga e da Covilhã! É preciso mais ovos? No futuro próximo sim, no médio prazo já não - o que é preciso é ovos diferentes, não podem ser todos de avestruz ou de codorniz
"São os que se dizem mais preocupados com o Estado Social os que estão apostados em serem os seus "coveiros"" - diz o Tonitosa!
Peço desculpa, mas esta é uma das afirmaçoes mais levianas e gratuitas que lhe ouvi (bi)!
Os custos (públicos) com a saúde têm crescido a rítmos insustentáveis - e os custos privados também. Matar o Estado Social é nada fazer.
A ruptura da Segurança Social está prevista para 2015. Matar o Estado Social é nada fazer.
A Educação, Qualificação e Formação dos portugueses está na cauda da Europa. Matar o Estado Social é nada fazer.
É certo que o meu amigo pode preferir ter hoje tudo o que o SNS lhe pode dar à porta de casa e nada haver dentro de 10 anos!
É certo que o meu amigo pode querer manter a sua reforma nos próximos 10 anos e não garantir que para lá desse prazo alguém tenha direito a qualquer tipo de prestação social.
É certo que o meu amigo pode considerar que (como afirma o Raven (sem pretender desentender as suas palavras) os níveis de educação que temos e as capacidades e conhecimentos dos portugueses estão bem como estão e que as novas gerações já hoje têm condições inexistentes no passado recente (onde se aprendia a ler em casa - os que tinham pais "letrados").
Faço-lhe (lhes) a justiça de estar certo que assim não pensam. Mas de alguma forma agem como se tal defendessem.
Aconselho a leitura do livro de Fernando Ribeiro Mendes, intitulado "Conspiração Grisalha: Segurança Social, Competitividade e Gerações".
A obra foi apresentada por António Correia de Campos (prefaciador) e Vítor Bento.
Avelino

5 Comments:

Blogger xavier said...

CC leu este texto do Avelino.
CC parece ter encontrado finalmente o discurso correcto de forma a fazer passar a mensagfem de forma eficaz.
Justifica o encerramento de urgências a funcionar sem condições como «não dar falsas sensações de segurança».
Trata-se de urgências onde as ambulâncias nem deviam parar, segundo um sindicalista médico.

Transcreve-se a seguir o texto da Alexandra Campos do JP, a propósito da inauguração do anfiteatro do HSA no Porto.

O ministro da Saúde, Correia de Campos, confirmou ontem no Porto que vai avançar com uma "requalificação e reorientação" dos serviços de obstetrícia e de saúde mental, bem como "dos serviços de atendimento permanente" (vulgo urgências dos centros de saúde), mas escusou-se a adiantar datas para a entrada em vigor destas medidas que já desencadearam manifestações de repúdio de vários autarcas.
"Temos a situação bem mapeada, a identificação das necessidades reais do país", adiantou apenas, à margem da inauguração do novo auditório do Hospital Geral de Santo António (HGSA). Correia de Campos garantiu que, na base das alterações em estudo, o que está em causa é "a qualidade do atendimento às populações" e não "qualquer motivação economicista". E explicou que o objectivo passa por "não dar falsas sensações de segurança", como por vezes acontece, porque actualmente "há serviços [de urgência] que não têm condições" dar todas as garantias necessárias à população.
Para o ministro, algumas pessoas têm reagido mal ao anúncio destas medidas "por insuficiente informação": "Não haverá encerramento de maternidades [urgências de obstetrícia]." Estas continuam a funcionar, fazendo consultas pré-natais e pós-natais, explicou, acrescentando que os locais de partos é que "podem vir a ser concentrados", passando para cidades onde haja melhores condições. "As mulheres sabem muito bem onde é que os partos são mais seguros" e haverá "sempre alternativas", asseverou.
JP. 10.01.06

12:23 da manhã  
Blogger helena said...

Há muita baiuca que deve fechar.
Há muito serviço que deve melhorar.
Faço votos para que CC tenha tudo convenientemente estudado e mapeado.
A racionalização de serviços é necessária.
Penso que esta operação devia ser articulada com a criação das USF.

9:15 da manhã  
Blogger ricardo said...

A Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) prevê manter, no próximo ano lectivo, 86 escolas do 1.º Ciclo entre as 325 que se encontram a funcionar este ano em todo o distrito de Bragança. Por outras palavras: 239 escolas, com menos de 20 alunos, irão mesmo fechar portas.

Só no concelho de Bragança serão atingidas 33 escolas, o que está a indignar a autarquia, que pretendia fazer uma extinção faseada ao longo dos dois próximos anos. O Executivo camarário considera, em comunicado, que a decisão foi tomada "sem aviso nem articulação" e que põe em causa 60 postos de trabalho.

10:16 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Sejamos claros: o que verdadeiramente está em causa é a procura de redução de despesas com o SNS. E o que também me parece que não pode confundir-se é um Serviço Público de Saúde com outros serviços como o Ensino, a Formação Profissional, a Segurança, etc..
Pergunto: porque não encerrar muitos dos postos de Polícia ou GNR que não tenham pelo menos x ocorrências por dia? Porque não encerrar muitas esquadras de polícia à noite mantendo apenas carros patrulha em circulação?
Talvez por essa via se fizessem poupanças que poderiam ser canalizadas para a Saúde.
Se está em causa apenas, como parece pretender defender-se a "qualidade de atendimento às populações" e não qualquer "motivação economicista" então melhorem-se os serviços existentes, criem-se novos serviços, dotem-se de novas instalações e novos recursos e certamente teremos serviços de qualidade excelente em todo o país.
É exagero?! Pois é. Tal como é exagero o Senhor Ministro vir dizer que não está em causa qualquer motivação eonomicista. Temos que conciliar as duas coisas: por um lado manter serviços indispensáveis à prestação de cuidados com adequada qualidade e por outro lado evitar custos desnecessários e inadequados aos serviços prestados.
O Avelino para defesa das suas ideias não precisa de exagerar: ninguém minimamente atento à realidade defende que cada família tenha ao seu "serviço" uma equipa completaa de saúde. Mas na verdade a cada português deve ser assegurada a assistência e tratamento que o seu estado de saúde exija. E deve sê-lo, pelo menos em teoria, em condições de igualdade.
O problema é essencialmente de meios financeiros, mas concordo que, por mais meios financeiros que existam, deve ser feita a sua parcimoniosa gestão. Eficácia e eficiência devem sempre ser dois objectivos orientadores da utilização dos recursos disponíveis.
Não faltam (outros) recursos. O que é preciso é definir onde se justifica a sua afectação. Como sabemos há médicos que se deslocam uma ou mais vezes por semana a localidades ou cidades do interior para aí darem consultas "particulares".
Sabemos também que há Hospitais a contratar médicos que se deslocam centenas de quilómetros para trabalhar em urgência (com elevada remuneração). O problema não é tanto a falta de recursos mas o da sua adequada distribuição.
Se a minha afirmação sobre os "coveiros do Estado Social é leviana", deixem-me continuar a ser leviano. Ser "tonto" não pode ser apenas privilégio de alguns. Também tenho direito a sê-lo de vez em quando!
O modelo social europeu deu (tem dado provas) de um modelo capaz de responder às mais prementes necessidades dos cidadãos e como tal não pode ser destruído, devendo ser reformulado e adaptado às novas realidades (ideia defendida por diveros autores e entre eles António Correia de Campos, in Solidariedade Sustentada-Reformar a Segurança Social, Lisboa, Gradiva).
Ora o que está em causa é que as medidas que vêm sendo tomadas para a reforma do actual modelo social são sempre centradas na redução da despesa pública naquilo onde é mais fácil fazê-lo. Fecham-se escolas, fecham-se serviços de saúde, fecham-se esquadras, encerram-se serviços de proximidade, etc., mas não se evitam despesas sumptuosas e de duvidosos critérios de oportunidade.
Como exemplo basta pensarmos nos milhões de euros gastos em propaganda das acções dos governos, em alterações impostas pela permanente mudança de designação de Ministérios e Serviços do Estado, em deslocações de exageradas comitivas, em promoção de inaugurações da mais pequena obra por motivações de propaganda política, etc..
Ainda há dias era publicada a notícia da aquisição de mais automóveis pelo Banco de Portugal no valor de 1,2 milhões de contos (creio ser sete o valor divulgado). Ora será essa uma premente necessidade? Quem suporta estas benesses?
Concordo e já o disse que é necessário fazer coisas para evitar a morte do Estado Social, mas as mais recentes medidas dos nosso governantes são motivo suficiente para que estejamos preocupados.
Cito um exemplo: no Domingo fui ao Dragão. Viajei no Alfa e pude mais uma vez constatar a miséria actual de um combóio que podendo circular a velocidade superior a 200 kms hora o faz na maior parte do percurso a pouco mais de 100 e em muito dele a menos 80. E o combóio circulou com pouco mais de 25-30 por cento de ocupação. Justifica-se o investimento anunciado para o TGV? Não deveríamos antes concluir a remodelação da actual linha do norte? Não será isto uma má gestão de recursos? Que critérios sociais o justificam?
A anunciada falência da Segurança Social, referida também aqui pelo Avelino, será uma certeza, diz o próprio MF, se nada se fizer. Mas então não é isso que se exige ao Governo? Ou o Governo vai cruzar os braços e nada fazer para contribuir para a recuperação económica do País? A criação dos famosos 150.000 empregos não será uma medida a benefício da sustentabiliadde da Segurança Social?
A terminar recordo apenas aquilo que o próprio minsitro CC sempre defendeu: não se podem ignorar os efeitos dos cuidados prestados na saúde sobre outro sectores de actividade...e esperemos que não seja caso para dizermos "bem prega Frei Tomás..."

11:46 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Avelino,
Todos sabemos o que é demagogia!...
Desculpe lá, mas você fala, fala, fala...bem e depressa pelo que se vê. Está em sintonia com o discurso político e ninguém lhe pode levar a mal.
Então diga lá quanto se gastou na linha do Norte? Eu não sei mas...(você sabe que eu sei que) se eu quiser saber é só uma questão de tempo. E é coisa que não justifica a minha ocupação pois o meu tempo é escasso. Mas sei, como você parece saber, que foram já muitos milhões de euros e de contos.
O problema principal não está nessa coisa de vários tipos de combóios a circular na mesma via. O problema actual é fundamentalmente o de "falta de coclusão de obras na via" e tanto assim é que, a espaços, a velocidade é bem maior que aquela a que me referi. E você também sabe, como eu sei, que as obras em curso são como as de Santa Engrácia...
Avelino, será que posso deduzir que você chegou tarde à conclusão de que não cabe ao Governo criar postos de trabalho... . Na verdade não fui eu que "prometi criar 150 000 postos de trabalho". E penso que também não foi você! Mas provavelmente você terá acreditado mais nessa e noutras promessas do que eu(?).
Caro Avelino, tudo está muito bem em matéria de sacrifícios no presente para que o futuro seja melhor. Mas o problema é que os sacrifícios estão (continuam a estar) muito mal distribuídos. Já viu aquela da jovem (28 anos, filha de um Embaixador, que vai para a embaixada em Londres (sem concurso, etc., etc.) ganhar 9000 euros/mês?! E entretanto as admissões (para outros) estão congeladas, a progressão nas carreiras suspensa, os aumentos são os que se sabe, são retirados direitos aos fucionários públicos, etc.!
E há dezenas de anos que nos pedem sacrifícios em nome da mesmas coisas...e quase nunca sabemos bem para quê!
Mas há milhões para propaganda eleitoral, milhões para fundações (que deviam viver de fundos próprios), milhões para idemnizações a gestores demitidos, milhões para as tais reformas dos que mais clamam que é preciso fazer sacrifícios (ex-PR, ex-Minsitros, ex-presidentes e administradores, ect., etc..).
E para o Zé, continua a existir a figura do Columbano.

3:44 da tarde  

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