Contributo dos Farmacêuticos
Na sequência do repto lançado pelo Tonitosa, sobre o contributo dos farmacêuticos para a diminuição dos gastos de saúde e dos medicamentos, aqui vai mais uma sugestão:
Os novos desafios na área de saúde, área dos cuidados primários, agora com as tão propagadas USF, constituem oportunidades interessantes do ponto de vista profissional, quer para Médicos quer para Farmacêuticos;
Os Farmacêuticos e as Farmácias portuguesas independentes, que investiram em recursos humanos qualificados, estão preparados para em conjunto com os médicos de Família a exercerem funções nas futuras USF, desenvolverem programas e metodologias conjuntas (sempre baseados no pressuposto para nós inquestionável da liberdade de escolha pelo utente da Farmácia em que pretende ser seguido);
As Farmácias e os Farmacêuticos que as integram têm particular capacidade e competência, para colaborarem com os Médicos de Família e de Saúde Pública, no controle e estabilização de doentes crónicos, através da monitorização de parâmetros bioquímicos simples, acompanhamento, detecção precoce e comunicação ao médico de Problemas Relacionados com Medicamentos, campanhas de prevenção e despiste destinadas a segmentos alvo de população, revisão e ajuste conjunto das terapêuticas, etc, etc... Estes programas, entre os quais, os vulgarmente conhecidos por cuidados farmacêuticos, adaptam-se perfeitamente à filosofia das USF. Adaptam-se facilmente ao modelo preventivo de cuidados e até ao financiamento baseado na capitação e não na produção... assim como na satisfação dos utentes das USF, conforme o demonstra os resultados de monitorização do programa de cuidados farmacêuticos para diabéticos actualmente a decorrer .
Seria fácil, do meu ponto de vista, integrar o Conceito de Farmácia de Família e Farmacêutico de Família, conjuntamento com os Médicos e Enfermeiros de Família, no conceito das USF em criação...
Na minha mente fervilha um conjunto de ideias interessantes que poderiam ser desenvolvidas em conjunto, no âmbito da satisfação e desenvolvimento profissional, satisfação dos utentes, ganhos para a saúde pública, que não envolvem, necessariamente, o empenhamento de mais recursos financeiros, e, em contrapartida, poderiam contribuir significativamente para a racionalização dos gastos com a Saúde.
Assim a futura evolução do “mercado” o permita!
Eduardo Faustino
Os novos desafios na área de saúde, área dos cuidados primários, agora com as tão propagadas USF, constituem oportunidades interessantes do ponto de vista profissional, quer para Médicos quer para Farmacêuticos;
Os Farmacêuticos e as Farmácias portuguesas independentes, que investiram em recursos humanos qualificados, estão preparados para em conjunto com os médicos de Família a exercerem funções nas futuras USF, desenvolverem programas e metodologias conjuntas (sempre baseados no pressuposto para nós inquestionável da liberdade de escolha pelo utente da Farmácia em que pretende ser seguido);
As Farmácias e os Farmacêuticos que as integram têm particular capacidade e competência, para colaborarem com os Médicos de Família e de Saúde Pública, no controle e estabilização de doentes crónicos, através da monitorização de parâmetros bioquímicos simples, acompanhamento, detecção precoce e comunicação ao médico de Problemas Relacionados com Medicamentos, campanhas de prevenção e despiste destinadas a segmentos alvo de população, revisão e ajuste conjunto das terapêuticas, etc, etc... Estes programas, entre os quais, os vulgarmente conhecidos por cuidados farmacêuticos, adaptam-se perfeitamente à filosofia das USF. Adaptam-se facilmente ao modelo preventivo de cuidados e até ao financiamento baseado na capitação e não na produção... assim como na satisfação dos utentes das USF, conforme o demonstra os resultados de monitorização do programa de cuidados farmacêuticos para diabéticos actualmente a decorrer .
Seria fácil, do meu ponto de vista, integrar o Conceito de Farmácia de Família e Farmacêutico de Família, conjuntamento com os Médicos e Enfermeiros de Família, no conceito das USF em criação...
Na minha mente fervilha um conjunto de ideias interessantes que poderiam ser desenvolvidas em conjunto, no âmbito da satisfação e desenvolvimento profissional, satisfação dos utentes, ganhos para a saúde pública, que não envolvem, necessariamente, o empenhamento de mais recursos financeiros, e, em contrapartida, poderiam contribuir significativamente para a racionalização dos gastos com a Saúde.
Assim a futura evolução do “mercado” o permita!
Eduardo Faustino
15 Comments:
Eduardo Faustino,
O seu texto encerra uma ideia que me parece interessante. É, de certeza, uma abordagem inovadora (pelo menos entre nós) na área do medicamento e acompanhamento dos doentes de ambulatório.
Julgo que a questão mais complicada é a que tem a ver com o conceito de "farmácia de família" e a ideia, também por si referida, de "liberdade de escolha" da farmácia pelo utente.
Como sabemos, hoje, o utente não muda a seu belo prazer de médico de família. E poderá mudar de farmácia de família?
O que me parece poder trazer mais valias ao sistema é defacto uma certa ligação médico/doente/farmacêutico.
Um abraço
Guido Baldo
Não é possível dar-me um seu contacto (email) ?
Entendo como Farmácia de família, aquela dentro das mais próximas da residência ou do local de trabalho do utente, livremente escolhida por ele em função do serviço que lhe é prestado.
Tirando algumas áreas rurais, em zona urbanas e suburbanas (contrariamente ao que é propagandeado)a cobertura farmacêutica é boa, o acesso é gratuito para o utente, e tem sempre a garantia de um técnico de saúde disponível, sem grandes encargos para o SNS.
Relativamente ao relacionamento entre médicos e farmacêuticos, a minha experiência é que quando o contacto é directo e pessoal, ele é sempre excelente e cooperante; quando é político e indirecto ou por interposto doente surgem mal entendidos e as vezes chega a ser desagradável...
Portanto com protocolos claros objectivos claros, e procedimentos correctos a minha experiência pelo menos no caso dos doentes diabéticos é extremamente positiva e temos um conjunto de doentes que andavam descontrolados, que pelo facto de serem bem monitorizados, com conselhos simples de alimentação e de estilo de vida, ajuste ou alteração da terapêutica na sequência de cartas e relatórios
enviados ao médicos, actualmente se encontram absolutamente controlados...
Alias este programa encontra-se a ser avaliado externamente por uma equipa da Faculdade de Medicina da Un do Porto, e creio que num futuro próximo haverá notícias objectivas.
Caro guidobaldo,
Este post tem por finalidade o contibuto que me foi pedido pelo Tonitosa, como farmaceutico de sugestões objectivas possiveis e construtivas dos farmaceuticos contribuirem para as resoluções dos problemas do SNS, e do seu financiamento.
Infelizmente tambem concordo consigo não é isso que vai acontecer!!!
parece que para o actual governo os farmaceuticos e as farmácias são mais um problema, cuja equação estão a tentar resolver ...e não uma parte da solução dos problemas que o SNS encerra...
Concordo inteiramente com o Guidobaldo, se bem que aquela questão fiscal da informação médica pode por problemas de constucionalidade e de proporcionalidade.
Em relação ao remuneração do acto farmaceutico, penso que poderia ser misto; um valor de serviço profissional e um valor % em função dos aspectos de gestão comercial dos stocks, e compras da farmácia.
Em relação à distribuição unitária, penso que poderia ser iniciada começando pelas terapeuticas e pelos produtos mais caros,; Devido ao elevados custos de mão de obra e à maior possibilidade de ocorrencia de erros em certos produtos de preço unitário mais baixo, ela não se justifica mesmo assumindo um certo "desperdício"
Relativamente às sugestões, dos farmaceuticos, repito um comentário colocado fora de tempo num post anterior:
Em meu entender para combater a despesa em ambulatório com os medicamentos CC,
só tinha que:
Manter o modelo de receita criado pela equipa de LFP,
Obrigar a prescrição por DCI, ou no caso do não cumprimento por parte dos clínicos, assumir que associado a uma marca do medicamento existe uma DCI, e que essa DCI teria prevalência sobre a marca.
O médico poderia EXPRESSAMENTE optar pela não substituição, justificando tecnicamente essa não substituição
Caso o médico não se opusesse á substituição ou a permitisse DEIXAR EXCLUSIVAEMTE AO UTENTE, a possibilidade de optar ou não pelo genério; Quem paga Pode!!!!...
Estabelecer um preço de referencia para cada DCI, baseados na existência ou não de genéricos e de estudos de farmacoeconomia...
Se os custos se descontrolassem o estado poderia ajustar em baixa periodicamente os PVP e/ou os preços de Referencia, de forma a distribuir os sacrifícios da baixa induzida por todo o circuito produção industria, e farmácias...
Por exemplo se Inflação + taxa de crescimento do PIB fosse = 4% e o mercado total crescesse 6%, o estado poderia induzir uma descida dos PVP ou dos preços de referencia em cerca de 2%...
Caso ainda assim não se conseguissem controlar os custos então poder-se-iam criar factores ponderados de preços de referencia relacionando não DCI's mas classes de farmacos dentro do mesmo grupo - farmacoterapeutico...
Baseados em estudos sérios e independentes de farmacoeconomia...
Caro guidobaldo,
Concordo inteirmenente,
No cenário que se avizinha quem investiu em recursos humanos mais qualificados, no serviço associado aos produtos que dispensa, como é o nosso caso (em oito pessoas com acesso ao público, cinco são licenciados e tres são técnicos) vai ter grande dificuldsde em competir pelo preço com farmácias que tem um farmaceutico e 6 ou sete ajudantes.
cumprinemtos
Caro Semisericórdia,
Em sociedades abertas, sistemas de controlo muito rígidos e muito complexos, podem ter um efeito perverso, isto é o sector publico administrativo tem que criar estruturas em que os gastos podem ser superiores ao incremento dos benefícios; portanto propor tantos sistemas de controlo directos quer à industria quer à distribuição e farmácias, pode ter um efeito contrário ao desejado
Discordo obviamente de que os lucros da farmácias sejam excessivos; Partindo das bases das fontes do estudo da AdC, verifica-se que as farmácias trabalham com uma margem idêntica à da chamada distribuição moderna 24-26%; pagam mais aos seus trabalhadores, geram mais impostos para a sociedade. Isto para não falar na infra-estrutura física e humana que põem ao serviço dos utentes do SNS, e dos ganhos para a saúde passados e potenciais de alguns programas em que se envolvem
A diferença nos resultados líquidos resulta do brutal esforço que esses grupos fazem em expandir as suas operações, da % de endividamento bancário, da transferencia de margem para outras empresas do grupo, por exemplo a MC paga renda a Sonae Sierra, etc... A análise do relatório de contas de cadeias de Farmácias em que a propriedade e a política de descontos é liberalizada mostra que as margens são substancialmente mais elevadas Ex valores de 2004
Farmácia Portuguesa (n= 2700) % de margem bruta = 25,4%, % de margem de lucro sobre as vendas = 7,5%
(sistema idêntico ao português) Farmácia Francesa(n= 22779) % de margem bruta = 28,1%, % de margem de lucro sobre as vendas = 9,1%
Cadeia Farmácia Celésio grupo OCP(n= 1883) % de margem bruta = 32,69%, % de margem de lucro sobre as vendas = 9,15%
Cadeia Farmácia Alliance Unichem (n= 1182) % de margem bruta = 32,37%, % de margem de lucro sobre as vendas = 8,4%
Cadeia Farmácia Boots(n= ????) % de margem bruta = ???%, % de margem de lucro sobre as vendas = 11,87%
As farmácias são micro-empresas muito eficientes porque: Souberam criar uma logística, que permite abastecer qualquer farmácia em qualquer ponto do país 2 a 5 vezes por dia, tem sistemas de informação criados pelo sector, que integram gestão, encomendas, estatísticas, facturação informação e se necessário automação...
O proprietário é director técnico é simultaneamente, gestor, administrador, director de compras, de recursos humanos, técnico, relações públicas, atende ao público, gere os stocks, se for preciso arruma os medicamentos ou limpa o pó; Em Itália que tem um sistema farmacêutico semelhante ao nosso com margens maiores e que existem “uma espécie de farmácias sociais” as “farmácias comunais” estas sistematicamente dão prejuízo...
Portanto atendendo ao valor médio que cada farmácia pagou em 2004 de IRS/IRC de 37 600 € x 2700 = 101 520 000 €, consultado a lista das empresas maiores pagadoras de impostos em 2004, em primeiro lugar surge a TMN com 116 354 000€; em segundo a Brisa com 89 182 000€; em 6º lugar susge a Modelo continente Hipermercados com 45 154 000€
Bom tenho que ir trabalhar...!!!
Depois continuamos
Cumprimentos
Eduardo Faustino
Queira desculpar caro SemMisericórdia mas não concordo com bastantes das afirmações do seu texto (monopólio, goodwill, risco, concorrência, elasticidade). Mas são opiniões; muitas delas várias vezes aqui discutidas.
Agora dizer que «Como no trespasse raramente o pagamento é “oficial/escriturado” sendo, muitas vezes na totalidade ou em parte, sem recibo nem mais valias, então o valor da farmácia ainda é maior, porque o preço final não tem imposto» é uma acusação grave e injusta que faz a todos os que têm transaccionado estabelecimentos de Farmácias.
Peço-lhe um pouco mais de responsabilidade naquilo que diz.
Caro SemMisericordia,
Relativamente às sua intervenções, pela extensão e profundidade elas exigem mais algum tempo de reflexão e análise; estou com Guidobaldo na necessidade no diferimento de parte dos comentários para uma oportunidade posterior;
Vamos portanto explanar as nossas convergências e divergências em relação a certos pontos e afirmações sobre os quais estamos ou não de acordo;
Sugiro que o amigo Xavier de vez em quando coloque um comentário mais interessante ou acutilante de quem for intervindo sobre a forma de post no topo do Blogue, para que a propósito das reflexões que vamos fazendo, também possamos dar um conjunto de sugestões no sentido de ou diminuir os custos que o SNS e o país gasta em medicamentos, ou pelo menos obter outros ganhos para a saúde, com aquilo que se vai gastando...
Dado o adiantado da hora, o que no final de uma semana já não é fácil aguentar, deixo apenas uma dúvida:
As contas do Semmisericordia estão correctas?
5,7*57*365 dias não dá 118588,5 atendimentos por ano?
Se eu não estiver errado, então o custo por "paciente" será de 210,8 euros.
Ainda assim, não deixará de ser um valor significativo. Mas falta olhar para o outro lado do problema: o encerramento não trará maiores riscos aos "pacientes"?
A saúde, sobretudo a saúde, não pode ser medida em euros. A análise custo/benefício assume especial importância no caso da saúde.
E quando se diz que o encerramento visa melhorar a qualidade dos serviços mas não se resiste ao anúncio dos custos de funcionamento dos SAP's, no mínimo somos levados a pensar que ... são talvez os custos o que mais pesa na decisão.
SemMisericórdia, não ficava nada mal explicar-se.
SemMisericórdia, o que lhe digo é o que já disse, é grave e injusta a sua afirmação: «Como no trespasse raramente o pagamento é “oficial/escriturado” sendo, muitas vezes na totalidade ou em parte, sem recibo nem mais valias, então o valor da farmácia ainda é maior, porque o preço final não tem imposto».
Tenho lido com o maior interesse as várias intervenções sobre esta matéria e as derivas que entretanto não deixaram de surgir.
Também me limito a aprender com quem sabe mais que eu. E nesta matéria apenas tenho a noção de que existe um longo caminho a percorrer do qual se poderão colher significativos frutos em termos de eficácia e ficiência.
Fixo-me apenas no caso abordado da "cedência por dose unitária" e a ela associo, por um lado, o desinteresse da indústria, eventualmente em ligação com os custos indirectos (informação e marketing, embalgem, distribuição, manipulação, etc.); por outro lado o "desperdício" e o que isso significa em termos de custos para os consumidores. Quem não tem, em sua própria casa, "um armazém" de medicamentos que não consumiu?
Quanto se poderia poupar se esses medicamentos tivessem sido fornecidos em quantidades menores?
Sabemos que muitas vezes são as atitudes "irracionais" (?) dos doentes que explicam que o tratamento não seja levado até ao fim. Mas se o sabemos e se isso se verifica em número significativo, não devemos permanecer imutáveis. E há países e sistemas com os quais podemos aprender.
E nesta como noutras matérias a conciliação de interesses é possível com vantagens para todos(produtor-distribuidor-consumidor-contribuinte).
Um agradecimento ao Eduardo Faustino por ter iniciado este tema e a todos os "colegas" pelos contributos e ensinamentos que me têm proporcionado.
Realmente dá gosto ouvir os experts em política de medicamentos.
Eu, um simples boticário de província, fico particularmente embevecido com as exposições brilhantes dos colegas Eduardo e Guidobaldo.
Um abraço para todos.
Já linkei este post na coluna da direita.
A proposta sobre o sistema de comparticipação parece-me bem.
Acho que seria útil, reunirmos ao redor de um almocito para conversarmos sobre a política de saúde e do medicamento em especial.(E. Faustino, MS Peliteiro, guido baldo, vladmiro jorge silva e o xavier).
Estou certo de que surgiriam boas ideias.
Se não concordarem com esta proposta vamos vamos ao sistema de comparticipação.
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