Integrar Hospitais, Melhorar os Resultados (planear)
centro hospitalar médio tejo
O Prof. Paulo Moreira, num artigo com a independência e excelente qualidade a que já nos habituou, desafiou-nos a “debater a integração dos hospitais em Portugal a sério”. Deixo aqui um primeiro post na expectativa que os colegas de blogue nos acompanhem com as suas críticas, sugestões e comentários.
1- Enquadramento
1.1. Agenda técnica
É importante começar por sublinhar que a integração de HH do SNS é uma decisão estratégica cometida ao nível regional ou nacional. O SNS tem o direito e o dever de actuar para garantir a permanente adaptação (externa) de Serviços/recursos às necessidades da população, considerando as mudanças verificadas no Meio Ambiente e na Tecnologia de Saúde. Deve promover essa adaptação através de dois instrumentos técnicos que se entrecruzam: Planeamento de Saúde; Rede de Referenciação Hospitalar (RRH).
É do Planeamento, ausente da arena da saúde nos últimos 5 anos, que resultarão elementos essenciais para a racionalização da rede hospitalar:
i) Que necessidades de saúde (cuidados de) existem e qual vai ser a sua evolução nos próximos anos, por regiões e áreas geográficas;
ii) Qual deve ser a oferta do SNS, sua estruturação por níveis de cuidados e por áreas, e que oferta é previsível por outras entidades;
iii) Onde haverá problemas de adequação da oferta à procura e que soluções são possíveis: seja através do mix público-privado ou por modificação dos HH do SNS – mudanças substanciais (construção, grande remodelação), modificação das áreas de atracção, modificação da estrutura e capacidade de resposta das Unidades actuais ou da organização e gestão das Unidades (ex. centros, grupos/agrupamentos, extinção como hospital de agudos).
Grande parte do vozerio à volta do encerramento de blocos de partos e da racionalização de urgências resulta de ignorância da RRH (hierarquia e complementaridade técnica na rede) ou de pura demagogia. É dever do SNS cumprir, prioritariamente, os documentos de orientação técnica que aprovou (em vários governos) e para isso alguns Serviços devem mudar (expansão e qualificação, redução ou extinção) – a integração de Serviços e HH deverá não apenas respeitar mas facilitar a implementação da RRH.
Devem ser estes os critérios (técnicos) que norteiam as decisões de integração dos HH, não outros (ex. interesse partidário circunstancial, ambição e vaidade de gestores), tanto mais que a ausência daqueles critérios “convida” ao ataque político e à tentativa de reverter a mudança (nesta ou na próxima legislatura).
1.2. Agenda política
É nossa convicção de que é necessário introduzir modificações substanciais nos hospitais de modo a:
i) Corrigir a concentração excessiva de oferta (ex. internamento nos distritos de Coimbra e Santarém) e insuficiência noutras áreas;
ii) Modificar a estrutura de cada hospital – expansão do ambulatório programado (CE, MCDT, C. Amb., H. Dia) e racionalização da urgência (concentrar, qualificar, organizar, profissionalizar);
iii) Reorganizar a oferta hospitalar quanto ao nº de Unidades e sua interligação;
iv) Melhorar qualitativamente toda a oferta e garantir a coordenação externa de cuidados.
Parte do “downsizing” hospitalar requer o funcionamento dos designados cuidados continuados (paliativos, crónicos, evolução prolongada, tipo “nursing homes”) constituindo uma oportunidade para a transformação de Unidades de menor dimensão. Por outro lado as medidas de adaptação da oferta não deverão aumentar a despesa pública em saúde, dada a situação actual do País (finanças públicas, contas externas, competitividade).
Chegaremos então, porventura, a um quadro algo “depressivo” e de “perda” (mesmo que apenas da autonomia) para muitas áreas, a que corresponderão reacções de políticos e autarcas que poderão inviabilizar (prejudicar) a mudança e/ou a credibilidade dos agentes envolvidos.
Assim não espantaria que houvesse um quadro não explicitado de mudança, um esboço ou roteiro, que balizasse a actuação dos diversos intervenientes. Caso contrário a integração de HH caracterizar-se-ia, cf. Prof. PM, por ser a “... olhómetro.... Integrar hospitais não é como integrar fábricas de salsichas”.
2- Planear a integração
Com base nos resultados do planeamento (ver 1.1) e no respeito pelos critérios aprovados na RRH haverá que decidir a estrutura e organização da rede hospitalar. Entende-se como desejável a definição, a exemplo doutros países, de que um hospital deve ter, como mínimo, 120/150 camas e abranger 100/150 mil habitantes (função da estrutura etária, acessibilidade, papel específico do hospital). As Unidades que não se enquadrem naqueles mínimos deverão ser objecto de análise, em conjunto com outros canditados, com vista á sua extinção, transformação, expansão ou integração.
Essa análise deve considerar todas as alternativas, como seja manter a autonomia mas promover agrupamento e partilha de serviços comuns (ex. logística, “Labcore”), e fundamentar-se em elementos objectivos que quantifiquem os benefícios, custos e riscos envolvidos no futuro.
O estudo deve ser enriquecido com as críticas e sugestões dos interessados (associações de doentes, profissionais e seus representantes, autarquias, etc.).
Na análise devem ser considerados os aspectos que se enumeram de seguida.
a) Dimensão e complexidade: tomar nota que quanto maior for a dimensão e a complexidade das Unidades a integrar menor será a probabilidade de sucesso – idem quanto ao nº de Unidades;
b) Afastamento geográfico: atender a que a dispersão e o afastamento não facilitam o sucesso;
c) Composição das Unidades: lembrar que um dos principais benefícios resulta da consolidação de Serviços clínicos, portanto quando houver mais adição que complementaridade o sucesso será menor;
d) Nível dos resultados: unidades com excelentes resultados clínicos e de gestão, não compreendem e resistem a ser “integrados”;
e) Cultura e valores: hospitais com cultura/valores muito marcados não são os melhores candidatos a integração;
f) Disponibilidade de gestores de alto nível: o processo de integração será sempre difícil e muito exigente, apelando a grandes capacidades de visão e liderança em períodos de mudança. Caso não exista um projecto sólido e mobilizador, partilhado por uma equipa de gestão coesa e determinada o sucesso será pouco provável.
Comentários: 1) a tarefa de gestão assemelha-se à de equipa de pilotos de BOEING que para além de conduzir e reparar o avião em pleno voo ainda tem que sacudir umas serpentes; 2) a integração deve ser planeada como excepção, nunca como regra ou solução milagrosa.
A preparação da integração, como em qualquer projecto, pressupõe entre outros os seguintes aspectos:
1) Definição da situação de chegada (visão, objectivos) e das fases principais (objectivos intermédios, “timings”, condicionantes);
2) Clarificação do papel dos actores (quem faz o quê, como e quando) e dos seus poderes e competências;
3) Identificação dos sistemas de informação, monitorização e avaliação;
4) Especificação dos recursos envolvidos – orçamentos de investimentos e exploração;
5) Sistema de formação dos intervenientes e de como o SNS irá aprender e beneficiar com a aprendizagem verificada com a integração.
Concluído o planeamento será necessário organizar a integração e controlar a sua execução (ver próximo post).
Semmisericordia
1- Enquadramento
1.1. Agenda técnica
É importante começar por sublinhar que a integração de HH do SNS é uma decisão estratégica cometida ao nível regional ou nacional. O SNS tem o direito e o dever de actuar para garantir a permanente adaptação (externa) de Serviços/recursos às necessidades da população, considerando as mudanças verificadas no Meio Ambiente e na Tecnologia de Saúde. Deve promover essa adaptação através de dois instrumentos técnicos que se entrecruzam: Planeamento de Saúde; Rede de Referenciação Hospitalar (RRH).
É do Planeamento, ausente da arena da saúde nos últimos 5 anos, que resultarão elementos essenciais para a racionalização da rede hospitalar:
i) Que necessidades de saúde (cuidados de) existem e qual vai ser a sua evolução nos próximos anos, por regiões e áreas geográficas;
ii) Qual deve ser a oferta do SNS, sua estruturação por níveis de cuidados e por áreas, e que oferta é previsível por outras entidades;
iii) Onde haverá problemas de adequação da oferta à procura e que soluções são possíveis: seja através do mix público-privado ou por modificação dos HH do SNS – mudanças substanciais (construção, grande remodelação), modificação das áreas de atracção, modificação da estrutura e capacidade de resposta das Unidades actuais ou da organização e gestão das Unidades (ex. centros, grupos/agrupamentos, extinção como hospital de agudos).
Grande parte do vozerio à volta do encerramento de blocos de partos e da racionalização de urgências resulta de ignorância da RRH (hierarquia e complementaridade técnica na rede) ou de pura demagogia. É dever do SNS cumprir, prioritariamente, os documentos de orientação técnica que aprovou (em vários governos) e para isso alguns Serviços devem mudar (expansão e qualificação, redução ou extinção) – a integração de Serviços e HH deverá não apenas respeitar mas facilitar a implementação da RRH.
Devem ser estes os critérios (técnicos) que norteiam as decisões de integração dos HH, não outros (ex. interesse partidário circunstancial, ambição e vaidade de gestores), tanto mais que a ausência daqueles critérios “convida” ao ataque político e à tentativa de reverter a mudança (nesta ou na próxima legislatura).
1.2. Agenda política
É nossa convicção de que é necessário introduzir modificações substanciais nos hospitais de modo a:
i) Corrigir a concentração excessiva de oferta (ex. internamento nos distritos de Coimbra e Santarém) e insuficiência noutras áreas;
ii) Modificar a estrutura de cada hospital – expansão do ambulatório programado (CE, MCDT, C. Amb., H. Dia) e racionalização da urgência (concentrar, qualificar, organizar, profissionalizar);
iii) Reorganizar a oferta hospitalar quanto ao nº de Unidades e sua interligação;
iv) Melhorar qualitativamente toda a oferta e garantir a coordenação externa de cuidados.
Parte do “downsizing” hospitalar requer o funcionamento dos designados cuidados continuados (paliativos, crónicos, evolução prolongada, tipo “nursing homes”) constituindo uma oportunidade para a transformação de Unidades de menor dimensão. Por outro lado as medidas de adaptação da oferta não deverão aumentar a despesa pública em saúde, dada a situação actual do País (finanças públicas, contas externas, competitividade).
Chegaremos então, porventura, a um quadro algo “depressivo” e de “perda” (mesmo que apenas da autonomia) para muitas áreas, a que corresponderão reacções de políticos e autarcas que poderão inviabilizar (prejudicar) a mudança e/ou a credibilidade dos agentes envolvidos.
Assim não espantaria que houvesse um quadro não explicitado de mudança, um esboço ou roteiro, que balizasse a actuação dos diversos intervenientes. Caso contrário a integração de HH caracterizar-se-ia, cf. Prof. PM, por ser a “... olhómetro.... Integrar hospitais não é como integrar fábricas de salsichas”.
2- Planear a integração
Com base nos resultados do planeamento (ver 1.1) e no respeito pelos critérios aprovados na RRH haverá que decidir a estrutura e organização da rede hospitalar. Entende-se como desejável a definição, a exemplo doutros países, de que um hospital deve ter, como mínimo, 120/150 camas e abranger 100/150 mil habitantes (função da estrutura etária, acessibilidade, papel específico do hospital). As Unidades que não se enquadrem naqueles mínimos deverão ser objecto de análise, em conjunto com outros canditados, com vista á sua extinção, transformação, expansão ou integração.
Essa análise deve considerar todas as alternativas, como seja manter a autonomia mas promover agrupamento e partilha de serviços comuns (ex. logística, “Labcore”), e fundamentar-se em elementos objectivos que quantifiquem os benefícios, custos e riscos envolvidos no futuro.
O estudo deve ser enriquecido com as críticas e sugestões dos interessados (associações de doentes, profissionais e seus representantes, autarquias, etc.).
Na análise devem ser considerados os aspectos que se enumeram de seguida.
a) Dimensão e complexidade: tomar nota que quanto maior for a dimensão e a complexidade das Unidades a integrar menor será a probabilidade de sucesso – idem quanto ao nº de Unidades;
b) Afastamento geográfico: atender a que a dispersão e o afastamento não facilitam o sucesso;
c) Composição das Unidades: lembrar que um dos principais benefícios resulta da consolidação de Serviços clínicos, portanto quando houver mais adição que complementaridade o sucesso será menor;
d) Nível dos resultados: unidades com excelentes resultados clínicos e de gestão, não compreendem e resistem a ser “integrados”;
e) Cultura e valores: hospitais com cultura/valores muito marcados não são os melhores candidatos a integração;
f) Disponibilidade de gestores de alto nível: o processo de integração será sempre difícil e muito exigente, apelando a grandes capacidades de visão e liderança em períodos de mudança. Caso não exista um projecto sólido e mobilizador, partilhado por uma equipa de gestão coesa e determinada o sucesso será pouco provável.
Comentários: 1) a tarefa de gestão assemelha-se à de equipa de pilotos de BOEING que para além de conduzir e reparar o avião em pleno voo ainda tem que sacudir umas serpentes; 2) a integração deve ser planeada como excepção, nunca como regra ou solução milagrosa.
A preparação da integração, como em qualquer projecto, pressupõe entre outros os seguintes aspectos:
1) Definição da situação de chegada (visão, objectivos) e das fases principais (objectivos intermédios, “timings”, condicionantes);
2) Clarificação do papel dos actores (quem faz o quê, como e quando) e dos seus poderes e competências;
3) Identificação dos sistemas de informação, monitorização e avaliação;
4) Especificação dos recursos envolvidos – orçamentos de investimentos e exploração;
5) Sistema de formação dos intervenientes e de como o SNS irá aprender e beneficiar com a aprendizagem verificada com a integração.
Concluído o planeamento será necessário organizar a integração e controlar a sua execução (ver próximo post).
Semmisericordia
7 Comments:
CORREIA DE CAMPOS ALVO DE INQUÉRITO CRIMINAL.
... falsificação de documentos, corrupção e abuso de poder...
[http://photos1.blogger.com/blogger/6623/182/1600/Correia%20de%20Campos%20O%20Independente.jpg]
O projecto das Parcerias para a construção de novos hospitais e o projecto de reforma dos cuidados primários devem ser tidos como elementos fundamentais na reprogramação da oferta de cuidados hospitalares.
Segundo o semmisericórdia o estudo do professor daniel bessa. aqui analisdo, foi feito sobre o joelho.
Em relação à Reforma dos Cuidados Primários, CC tem referido repetidas vezes que se trata de um projecto que vai avançando e descobrindo-se com a prática.
Desconhecendo-se quaisquer estudos sobre esta matéria o semmisericórdia não acha que este planeamento sobre a oferta da rede de cuidados hospitalares não está a ser feito também sobre o joelho.
Ou, o que é mais grave, tudo não passa unicamente da vontade do governo em fechar serviços para reduzir as despesas públicas .
Estou preocupada.
O assunto é sério ...
O que terá acontecido ao Tonitosa o mais diligente comentador da Saudesa ?
Estará doente ?
Foi de férias ?
Amuou ?
Foi a Fátima?
Arrependeu-se de tanto criticar CC ?
Casou-se ?
Separou-se ?
Divorciou-se ?
Foi nomeado por CC para algum alto cargo ?
Cansou-se simplesmente ?
O certo é que o homem faz falta.
Prá animar a malta.
Drfeelgood, os Farmacêuticos são como os AH, não têm todos os mesmos interesses, alguns choramingam outros riem. CC foi ao "lóli" de uns, deixou que lhe fossem por outros...
João Padre, tem razão no que respeita a alinhar por pasquins, mas num país onde se fazem saldos de medicamentos tudo é possível.
Corrija lá outra vez drfeelgood, não será antes "Os Farmacêuticos"?
Bem sei que é Domingo...
:-)
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
A "minha amiga Helena" manifestou preocupação com o meu estado de saúde, o meu estado de humor, o meu lazer, a minha fé e também a minha situação conjugal/familiar.
Registo a sua preocupação e informo-a de que estou bem (sob todos os aspectos) e ainda não fui nomeado por CC (porque estamos na época do defeso e só após o Mundial surgirão novidades).
Um abraço Helena.
Mais séria foi a referência do Guido Baldo a uma certa ausência do Tonitosa aqui no Blog.
Na verdade de quando em vez tenho necessidade, com o outros, de parar e reflectir, para corrigir erros do passado. E nada melhor do que umas (ainda que curtas) férias no Portugal profundo.
É no contexto dos comentários à minha ausência, que deixo a seguinte reflexão sobre este espaço onde há cerca de de dez meses tenho tido presença regular.
Cada um tirará as conclusões que entender. Por mim, prezo muito a lealdade e sinceridade nas relações inter-pessoais e por isso, mais uma vez, digo o que penso.
Parar para pensar...
Desde o seu início o Saúde SA assumiu uma clara defesa dos AH’s o que tem plena justificação no facto de o seu fundador ser, também, AH.
E essa defesa é perfeitamente aceitável pois se trata de um grupo profissional que, num caso que se pode considerar quase único, viu a Administração Pública criar um quadro exclusivo de acesso à Administração Hospitalar suportado na obtenção de um curso de pós-graduação, a que acresce o facto de a nível de licenciatura não ser se exigida (também) formação específica em Saúde, Administração ou Gestão.
Com a criação dos hospitais como empresas do tipo SACEP alguns dos AH’s em exercício cessaram funções e foram substituídos por Gestores vindos da área privada e de outras áreas da Administração Pública.
O Saúde SA, como o comprovam os primeiros “posts” e os comentários que logo surgiram, mais do que defender direitos dos AH’s assumiu a crítica acérrima dos HH SA’s.
Atacar o novo modelo, descredibilizar a política de LFP, pôr em causa a competência dos gestores dos SA's passou a ser mais importantde do que defender, e enaltecer, as virtudes de ser AH?! Tudo estava errado, tudo servia para achincalhar os CA’s então nomeados. E casos houve em que nem o “insulto” foi evitado.
Como alguém dizia num comentário recente, o Saúde SA surgiu como que a substituir a APAH e o seu Presidente nas críticas ao Ministério da Saúde.
O Ministro da Saúde (LFP) era o bombo-da-festa e quase diariamente surgiam, destacadas neste espaço, notícias e comentários denegrindo o trabalho que estava a ser feito.
Notícias como a discriminação dos utentes do SNS em relação aos dos subsistemas, notícias sobre a degradação da qualidade dos serviços, etc., etc., eram o “pão-nosso-de-cada-dia”.
E para muitos dos detratores (convém ter boa memória) nem os estudos encomendados pelo Governo foram suficientes (acharam-nos pouco credíveis) para demonstrar a injustiça das críticas feitas.
Não faltavam sequer as referências a chorudos salários auferidos pelos novos gestores.
E assim foi até à exoneração de LFP.
Com a nomeação de CC (pai da carreira de AH) foi o renascer da esperança dos AH’s. No Saúde SA surgiram em catadupa as pressões sobre o novo MS para que os AH’s fossem “privilegiados” nas nomeações para os novos CA’s.
E a pressão, como o comprovam os factos, resultou.
O Saúde SA foi deixando de criticar. Alguns comentadores habituais, e autores de textos “de pressão” sobre CC, deixaram de ter tempo para “vir ao blog” e quando, esporadicamente, o fazem procuram manifestar apoio às medidas do (seu) Ministro.
Hoje, perante os resultados que se vão conhecendo do exercício de 2005 dos hospitais (já sob gestão dos novos CA’s) tudo parece um mar de rosas.
E chega a ter-se a sensação de que acabaram as remunerações complementares dos gestores. Viatura de serviço e gasolina, despesas de representação e telemóvel, são hoje coisas banais e legítimas ao contrário de “privilégios diabólicos” como eram no passado.
Há gestores titulares de reformas e nem sequer se sabe se estão a cumprir o novo estatuto da Aposentação quanto a incompatibilidades.
No Saúde SA os poucos comentários de AH’s, discordantes do actual estado de coisas, são de alguns a quem a “sorte” ainda não tocou e neles se notam claras e compreensíveis cautelas.
Outras vozes discordantes (de comentadores) vão sendo relegadas para plano secundário e de preferência ignorados os seus comentários.
É que, como se sabe, CC declarou que costuma “visitar” o Saúde SA!...
Saúde SA é hoje uma espécie de “voz do dono” (perdoem-me a franqueza) e por isso me interrogo se vale a pena ”ocupar o tempo” a participar neste espaço de debate (será de debate?).
Porque em boa verdade muitas e muitas coisas continuam mal no sector da Saúde e, independentemente de quem governa, são merecedoras de crítica.
E muito me surpreenderam (mas talvez, finalmente, as consciências esteja a acordar) alguns comentários (até mesmo violentos) feitos na última semana ao actual estado das coisas no Saúde SA.
PS: Não posso deixar de manifestar (apesar de tudo o meu apreço pelo “trabalho” do Xavier; parece-me, no entanto que se vai tendo dificuldade em manter o Saúde SA ao nível de outros tempos (estas coisas cansam). Às vezes fico com a impressão de que, para não dizer mal, prefere estar calado.
Mantêm-se alguns bons textos de colegas que são ainda os motivos pelos quais vale a pena espreitar o Saúde SA.
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