Gestão Medieval
Castelo do Sabugal, Eduardo 2.º ano
Descontando o estilo inconfundível, não posso estar mais de acordo com este texto do professor Paulo Kuteev Moreira.link
(...) O clima organizacional descrito acima, identifica um cenário de gestão deprimente sobre o qual deveremos reflectir no intuito de discutirmos se ele não se verificará ainda em alguns sectores da sociedade portuguesa. Sem nos deixarmos influenciar por preconceitos contra ou a favor do sector público ou privado, devíamos questionar-nos sobre quantas organizações nacionais serão dominadas por este estilo de gestão em qualquer sector da economia portuguesa...
Na verdade, os estudos que verifiquem esta hipótese no que diz respeito a Portugal, escasseiam (como muito do que exige competências por exemplo para realizar estudos pragmáticos e concretos para as industrias nacionais). Todos nós, profissionais de saúde e executivos do sector, docentes universitários, consultores do sector da saúde (e de outros sectores) tal todos os cidadãos utentes dos serviços de saúde sabemos aquilo que vemos, ouvimos e sentimos: este estilo de gestão medieval impera em grande número de organizações de saúde portuguesas. Quer dizer, parece que ele existe mas não se escreve. Por isso, não vem nos livros...
No entanto, torna-se difícil negar as consequências do estilo de gestão medieval sobre as organizações de saúde em geral e sobre os seus profissionais em concreto: a profunda desmotivação para a inovação assim como o óbvio desinteresse na temática do aumento de produtividade ou aquisição de novas competências reais (excluindo de entre estas a aquisição de 'certificados de presença para o currículo').
É também difícil negar que os colaboradores das organizações de saúde continuam a ser percebidos como uma comodidade facilmente substituível a menos que sejam escassos o que, mesmo assim, apenas suscita um comedimento nesta atitude. É também difícil negar a aceitação fácil do erro e do desperdício como inevitável e, sobretudo, sem consequências de maior para o responsável. (…)
É igualmente difícil negar que o estilo de gestão dominante nas organizações de saúde desencoraja a inovação dando lugar à atitude medíocre da cópia fácil do que se faz ou tenta fazer em outros países, considerando-se também muito positiva a capacidade de encontrar fornecedores cada vez mais baratos (embora nas organizações públicas do estado esta abordagem seja muito mais difícil por condicionantes diversas, normalmente burocráticas).
PKM, Gestão em Saúde. Contra o estilo de Gestão Medieval
(...) O clima organizacional descrito acima, identifica um cenário de gestão deprimente sobre o qual deveremos reflectir no intuito de discutirmos se ele não se verificará ainda em alguns sectores da sociedade portuguesa. Sem nos deixarmos influenciar por preconceitos contra ou a favor do sector público ou privado, devíamos questionar-nos sobre quantas organizações nacionais serão dominadas por este estilo de gestão em qualquer sector da economia portuguesa...
Na verdade, os estudos que verifiquem esta hipótese no que diz respeito a Portugal, escasseiam (como muito do que exige competências por exemplo para realizar estudos pragmáticos e concretos para as industrias nacionais). Todos nós, profissionais de saúde e executivos do sector, docentes universitários, consultores do sector da saúde (e de outros sectores) tal todos os cidadãos utentes dos serviços de saúde sabemos aquilo que vemos, ouvimos e sentimos: este estilo de gestão medieval impera em grande número de organizações de saúde portuguesas. Quer dizer, parece que ele existe mas não se escreve. Por isso, não vem nos livros...
No entanto, torna-se difícil negar as consequências do estilo de gestão medieval sobre as organizações de saúde em geral e sobre os seus profissionais em concreto: a profunda desmotivação para a inovação assim como o óbvio desinteresse na temática do aumento de produtividade ou aquisição de novas competências reais (excluindo de entre estas a aquisição de 'certificados de presença para o currículo').
É também difícil negar que os colaboradores das organizações de saúde continuam a ser percebidos como uma comodidade facilmente substituível a menos que sejam escassos o que, mesmo assim, apenas suscita um comedimento nesta atitude. É também difícil negar a aceitação fácil do erro e do desperdício como inevitável e, sobretudo, sem consequências de maior para o responsável. (…)
É igualmente difícil negar que o estilo de gestão dominante nas organizações de saúde desencoraja a inovação dando lugar à atitude medíocre da cópia fácil do que se faz ou tenta fazer em outros países, considerando-se também muito positiva a capacidade de encontrar fornecedores cada vez mais baratos (embora nas organizações públicas do estado esta abordagem seja muito mais difícil por condicionantes diversas, normalmente burocráticas).
PKM, Gestão em Saúde. Contra o estilo de Gestão Medieval
4 Comments:
Gestão Medieval é um tanto arrevesado.
A diferença de procedimentos de gestão entre o sector SPA e a gestão empresarial hospitalar é significativa.
Nos HHs EPE a inovação é um facto.
É preciso no entanto ir mais além.
Importa referir a propósito o trabalho desenvolvido por margarida Bentes sobre gestão estratégica no qual considera as actividades primárias (estruturantes) e a actividade de suporte operacional, ou seja, a cadeia logística não médica que no seu entender deve ser “terciarizada” A especialização dos fornecedores de tais serviços permitirá obter maior eficiência, maior flexibilidade e maior capacidade de adaptação às necessidades específicas do hospital.
Ora isto ainda não foi conseguido, quer no sector SPA, quer no sector empresarializado.
Recentemente foi criado o Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) cuja função é centralizar a aquisição de bens e serviços de três grupos hospitalares: o Centro Hospitalar de Lisboa Central (hospitais D. Estefânia, Capuchos, Santa Marta, S. José e Desterro), o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (hospitais Egas Moniz, Santa Cruz e S. Francisco Xavier) e Hospital Santa Maria que representam 17 por cento do Serviço Nacional de Saúde. Efectivamente, uma grande oportunidade para a modernização das organizações hospitalares.
É necessário modernizar o SNS.
Sem dúvida.
A pressa da mudança (estratégia de implementação) não poderá deitar tudo a perder?
Pedro Paulo Mendes em lança um veemente protesto sobre o que está a acontecer.
O facto reconhecido de o Serviço de Radiologia do Hospital de São José ter falta de quadros e necessitar de elementos para cubrir os tempos de urgência e assim aliviar carga excessiva para os colegas que lá trabalham não justifica quanto a mim a destruição de uma urgência estrurada de radiologia dedicada a criança , uma mais valia , conquistada por este Hospital.
Nesta nova reorganização pelo menos nos fins de semana as crianças deste Hospital necessitando de exames ecograficos ou T.C. de urgência ou se deslocam ao Hospital de São José e onde serão obrigadas a conviver com a realidade deprimente de um Hospital de adultos, e realizaram exames com aparelhos , e meios técnicos não adaptados ou terão exames realizados por técnicos não dedicados a realidade e patologia pediatrica . Avançamos ou recuamos?
Considero assim tratar-se de destruição da urgência Radiologica pediatrica , pois colegas que aqui tem aceitado fazer horário extraordinario e em fins de semana e feriados apenas por ser dedicação a pediatria, apesar de dela estarem dispensados pela lei , nas novas circunstâncias deixaram de ter esta motivação e esta será por certo a posição de todos que forem atingindo o limite de idade, pois infelizmente temos um quadro médico envelhecido.
De que arquivo veio este texto do Prof. Paulo Moreira? não me lembro de o ver recentemente.
Já agora, caro ou cara cotovia: como define 'inovação'?
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