quarta-feira, junho 20

Sector Público / Privado (2)


Caro aidenós:

Acho que muitos aspectos ficaram por aflorar nesta troca de impressões sobre o binómio: sector público/privado.
Não pretendo voltar à carga, nem tornar-me enfático e, muito menos, enfadonho. Haverá sempre oportunidade de voltar a este assunto. Como diz o provérbio popular: “há mais marés que marinheiros”!

O que julgo pertinente, e nisso sinto-me em dívida, é contextualizar porque alimentei esta – para mim simultaneamente lúdica e proveitosa - troca de impressões. De facto, para além de todos os problemas (reais, artificiais e fictícios) que originam conflitos e por vezes – em má hora – opõem profissionais que trabalham no mesmo “barco”, seja o meio hospitalar ou num sentido mais lato o SNS, deveria existir uma CULTURA ORGANIZACIONAL.
É por essa vertente cultural que me bato. Sinto que, neste roteiro comum, é sempre possível melhorar e aperfeiçoar aquilo a que podemos chamar a “sustentabilidade humana” do SNS. E, particularmente, no seio dos HH’s onde creio - sem complexos hospitalocêntricos - que assentam grandes responsabilidades na resolução de situações críticas que afectam a saúde dos portugueses.
A cultura organizacional que deve prevalecer nos serviços de Saúde (deixemos os HH’s descansarem) será uma “cultura de interpenetração”, de convergência. Onde múltiplos aspectos estarão visíveis, outros mais ensombrados. Alguns já foram realçados em comentários recentes. Todos nos recordaremos de questões que por aqui foram sendo afloradas, fundamentais para a sobrevivência do SNS, como por exemplo:
- as lideranças;
- a “centralidade” do doente;
- o escrutínio de resultados;
- os sistemas de informação e de comunicação;
- a planificação;
- as opções estratégicas
- uma “accountability” transparente;
- etc.

Todavia, o entrosamento no “Mundo da Saúde” empurra-nos, por ventura, para áreas mais sombrias, logo, menos evidentes mas, nem por isso, menos importantes. E assim surgem outras áreas onde, frequentemente, divergimos e nos digladiamos.
Estou, concretamente, a pensar em:
- trabalho em equipa;
- níveis de comprometimento;
- relações interdisciplinares;
- relacionamento interpessoal;
- regulação de conflitos;
- etc.

Estou convicto que a promoção, no interior do SNS, desta “cultura organizacional” facilitará a derrogação de conflitos e, per si, aumenta as performances do sistema. Torna o seu funcionamento mais eficiente e a sua administração mais cómoda. Fortalece o SNS enquanto poderoso e imprescindível projecto (e realidade) social, a defender.

Foi por tudo isto que “saltei” na análise dos comportamentos dos profissionais médicos relativos ao seu posicionamento (relacionamento) no binómio: público/privado.
Não me movo por corporativismos mas, por outro lado, não creio que anátemas ou suspeições sejam esclarecedores ou, sequer, “produtivos”.
Prefiro, de longe, defender a promoção de “cultura organizacional”, mobilizadora, estimulante e congregadora, no seio dos trabalhadores (públicos) da saúde.

Como anunciou Epicleto:
“O que comove os homens não são as coisas, mas a opinião sobre elas”
É-Pá