domingo, junho 24

SNS, opting out



"Cobertura alternativa" - SNS Crash

O "Opting-out" de 20% da população permite uma redução de 15% nos custos para o SNS, e simultaneamente a redução de 0,5 p.p. na taxa de crescimento da despesa pública em saúde (via redução do custo financeiro para o SNS dos encargos com cada utente).

De um ponto de vista jurídico-constitucional, existe uma "... discutível compatibilização entre a saída do SNS e a exigência constitucional de um SNS de carácter "universal e geral", mas, diga-se desde já, que uma regulamentação adequada desta possibilidade pode fazer-se sem afectação ilegítima daquelas exigências" (de universalidade e generalidade). Adicionalmente, "a eventual imposição de saída do SNS só será constitucionalmente conforme se, por um lado, não puser em causa o direito fundamental dos cidadãos, de todos eles - os que saem e os que ficam - à protecção da saúde, e, por outro, se for feita de molde a garantir aos cidadãos afectados uma igualdade material de acesso ao mesmo tipo. de cuidados e prestações que são garantidos aos beneficiários do SNS", A saída voluntária do SNS é menos controversa, mas "(...) deverá assentar num consentimento real do interessado (...) e deverá ser sempre reversível."

Em termos de opinião da população obtém-se um forte apoio (quadro anterior). Deve-se ter em conta que a interpretação dada pelos inquiridos à questão terá subjacente uma fraca noção dos valores financeiros envolvidos e da extensão global do que seria uma situação de opting-out, a julgar pelo desconhecimento geral sobre os valores e características de financiamento do SNS.
Relatório "pirata" da Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do Serviço Nacional de Saúde.

3 Comments:

Blogger laginha said...

Para Portugal o 'opting out' é uma ideia lunática. Só quem não conhece o sistema de saúde (sobretudo a organização e a cultura vigente dos utentes e profissionais) poderia recomendar uma 'coisa' destas. Talvez a malta deste blogue tenha ideias sustentadas sobre o assunto.

Também valia a pena discutir a questão da recomendação relativa à ADSE. Outra alucinação?

10:08 da manhã  
Blogger e-pá! said...

O "opting out" do SNS, no contexto actual, apresenta-se como uma miragem ou, se quisermos, um mero exercício académico. E, não sendo economista, só poderei ter uma visão de cidadania, eminentemente prática, desta "opção".

Para além dos problemas aduzidos no texto e que se referem aos direitos sociais dos cidadãos consagrados na Constituição, a situação concreta que molda as prestações do Estado através do SNS e comparativamente os serviços "oferecidos" pelo sector privado, não tornam facilmente "dispensável" o SNS.
Mesmo o "opting out", considerado como provisório, ou efémero, isto é, sempre com a possibilidade de regresso, acarretará problemas. Ele servirá, no estado actual do nosso desenvolvimento, um segmento muito restrito de portugueses - aqueles que na prática já "optam", p. exº., por procurar soluções fora do País - com elevado poder económico. Politicamente, será um factor de desequilíbrio da coesão social.

1º) O SNS, apesar de todas as suas deficiências, cobre (ainda) áreas de saúde sem respostas eficientes ou organizadas no sector privado (transplantação de orgãos, doenças consumptivas graves, etc) pelo que ninguém, em bom juízo, abdicará de moto próprio dessa cobertura;
2º) Por outro lado, as seguradoras interessadas em promover o seu produto (seguros de saúde) apresentando preços convidativos, não abdicam, p. exº., da cobertura medicamentosa que vão buscar ao SNS;
3º) as "mensagens" que vêm sendo veiculadas pelo MS quanto a uma dedução dos gastos em Saúde (seguros incluído?) na fiscalidade (IRS), são no sentido da redução (ou eliminação) desses descontos (actuais perrogativas);
4º) a possibilidade de reversão do "opting out" funcionará, acima de tudo, não como uma (re)opção do cidadão, mas como uma "imposição" das entidades prestadoras, fora do SNS;
5º) Este balancear entre estar dentro e fora do SNS, determinará fluxos imprevisíveis que podem perturbar - para uma amostra que considero excessiva (20% da população!) - os cálculos previstos na redução dos custos (15%).
6º) é dificil valorizar as opiniões expressas pela população já que não conheço as caracterísitcas da amostra e seu o nível de informação sobre este assunto.

Pelo que, em meu entender, até melhores demonstrações, esta "solução", ou esta via de redução de custos para o SNS, será ilusória.
Enferma, ainda, de um outro problema, este sim, fundamental.
Será, subrepticiamente, o início do fim (o questionar) da universalidade do SNS.
Não por esta ser "desnecessária" ou redundante que - sejamos realistas nunca o será - mas para servir interesses orçamentais do Estado e reduzidas franjas da sociedade.

Os direitos sociais dos portugueses, por questões de princípio, devem (cautelosamente) sobrepor-se a estas "engenharias" financeiras, a estas "agilidades"...

É que, mesmo num Mundo cada vez mais global, não vivemos nos States e continuaremos - enquanto disfrutarmos de uma identidade - culturalmente e socialmente ancorados à "velha" Europa.

11:12 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

O "opting out" compromete seriamente o sistema solidário que serve de alicerçe ao SNS.
Saem os cidadãos que podem comprar seguros de saúde. Ficam os pobrezinhos.
É ver o que aconteceu ao sistema de saúde do Brasil, por exemplo.

4:53 da tarde  

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