sexta-feira, setembro 21

CC, Entrevista ao AS




Fizémos referência recentemente à contenção que o nosso ministro, ultimamente, dava prova.
Recato passageiro.
Numa entrevista à edição n.º 1289 da Acção Socialista,
link CC volta ao seu bom velho estilo.
Está-lhe no sangue.

Quando fala numa gestão criteriosa quer dizer exactamente o quê?
Alguns exemplos: não permitir que existam horas extraordinárias em excesso. E neste particular, quero sublinhar que detectamos a prática corrente de horas extraordinárias que não se justificavam em absoluto. Perfaziam mesmo, na nossa opinião, um perfeito abuso.
Hoje sabemos e temos informação objectiva, de que havia médicos escalados para horas extraordinárias que nem sequer punham os pés no hospital. E não foram dois ou três ou quatro os casos que detectámos. Era algo que se estava a tornar banal. Hoje existe controlo sobre o trabalho extraordinário. Aqui temos já um primeiro ponto a favor de uma gestão mais apertada e mais rigorosa com ganhos evidentes, quer para utentes, quer para o Estado. (...)

Há notícias que relatam a saída de um número significativo de médicos do SNS. O que se passa a este propósito?
São notícias que não só não correspondem à verdade, e as estatísticas provam-no, como tem sido exactamente o contrário que se tem verificado.
Ao todo foram 11 os médicos que abandonaram um dos grandes hospitais do Serviço Nacional de Saúde, poucos, muito pouco, portanto, em todo o país.
Em contrapartida há centenas de outros que todos os anos entram no sistema público.
O meu desejo é que todos aqueles que de facto têm intenção de sair o façam o mais depressa possível. Outros tomarão o seu lugar, pois há excelentes profissionais, em segunda linha, à espera de uma oportunidade.

Mas uma eventual sangria de médicos veteranos pode ou não criar alguns problemas ao sistema?
Pelo contrário. Pode até ser uma excelente solução. Não na perspectiva de uma sangria, uma vez que não há nem vai haver nenhuma saída em massa de médicos ou de outros profissionais de saúde do serviço público. O que é importante é que os profissionais que querem por vontade própria abandonar o SNS o façam se sentirem mais satisfação no privado que no público. Não podemos é estar constantemente a tentar gerir conflitos de interesse público-privados, que não ajudam em nada a estabilizar o SNS.

Mas a saída verificada até agora é ou não significativa?
Não, não é de todo sequer significativa. A este propósito o que eu penso é que os poucos que saíram ou os que entretanto já manifestaram interesse em sair do serviço público, estarão de volta dentro de dois anos. Não tenho sobre isso muitas dúvidas. É claro que se trata de matéria de fé, mas é a minha convicção.
O facto é que o SNS dispõe de excelentes profissionais com as mais diversas idades e é sobretudo isto que importa realçar e sublinhar.

Mas se esta última medida, por exemplo, é considerada por todos como uma boa iniciativa do seu Ministério, importa saber se ela implicou algumas cedências do Governo aos interesses dos laboratórios ou à Associação das Farmácias.
Não houve qualquer cedência ou qualquer tipo de compensações para se poder ter atingido este objectivo, que hoje representa já uma realidade. Nem sempre o que se ouve coincide com a verdade e profetas da desgraça sempre houve. Temos que saber viver com essa realidade.
O que se passou foi algo de muito mais simples e transparente: o Governo foi firme e intransigente nos seus propósitos e na sua vontade no sentido de avançar com estas e outras medidas que se traduzem hoje num efectivo corte das despesas públicas com a saúde, como os inerentes benefícios para os utentes. Os parceiros sociais compreenderam a nossa razão e determinação.
(...)
As criticas à entrevista de CC não se fizeram esperar:
O inefável Canas Mendes: "A acusação é tão grave que tem de ser objectivada, se não é calúnia. O ministro tem a obrigação ética de denunciar esses casos às autoridades competentes e de revelar quem são os médicos e os directores dos hospitais em que ocorreram. Porque se for mentira, é demagogia pura e dura e retórica". link
Por sua vez, Pedro Nunes, confrontado com o número de médicos que CC diz terem saído do SNS, ironizou: "Estará a falar dos dez oftalmologistas de Faro? É que eram 11 e agora só existe um , e os outros não morreram".

5 Comments:

Blogger tambemquero said...

Saúde: 943 médicos deixaram SNS entre 2006 e Abril de 2007

O número de médicos que abandonou o Serviço Nacional de Saúde (SNS) entre o início de 2006 e Abril de 2007, foi de 943, entre reformas e rescisões, segundo dados fornecidos à Agência Lusa pelo Ministério da Saúde.
As licenças sem vencimento, em 2005, foram 148, enquanto no ano passado foram 175.

Nos dados fornecidos à Agência Lusa, entre o início de 2006 e Abril de 2007 registaram-se 442 aposentações, 501 rescisões e 2.901 entradas para o SNS.

Globalmente, a Região de Lisboa e Vale do Tejo foi a que perdeu mais médicos (330), seguida da Região Norte (315), e do Centro (240). No Alentejo saíram 32 profissionais, por aposentação ou rescisão, e no Algarve 26.

No que se refere a médicos aposentados, a Região de Lisboa e Vale do Tejo, que inclui os distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal, tem os valores mais altos, com 166 reformas, enquanto o Norte lidera em casos de rescisão, com 171 profissionais a cessarem o vínculo com o SNS no mesmo período.

Por distrito, Lisboa apresenta o maior número de reformas (140), seguida do Porto (102). Beja foi o distrito com menos médicos aposentados durante este período, com o registo de dois casos.

Quanto a rescisões, Lisboa também tem o maior valor (126), enquanto no Porto foram 111 e em Coimbra 99. No extremo oposto, Bragança foi o único distrito a não registar qualquer rescisão.

Quanto a entradas no SNS, foi no Norte que se observou o maior número (1.454). Em segundo lugar surge a Região de Lisboa e Vale do Tejo (745) e logo depois a Região Centro (578). No Alentejo, registaram-se 57 admissões e no Algarve 67.

Para o sistema público de saúde entraram, no Porto, 1.097 médicos, em Lisboa 487 e em Coimbra 229. Os números mais baixos verificaram-se em Beja, com 15 entradas, Évora (18) e Guarda (21).

Em entrevista ao jornal Acção Socialista, o ministro da Saúde, António Correia de Campos, negou as notícias que dão conta de uma saída significativa de médicos do SNS e indicou que, «ao todo foram 11 os médicos que abandonaram um dos grandes hospitais do Serviço Nacional de Saúde, pouco, muito pouco, portanto, em todo o país».

O responsável afirma não saber onde é que estes médicos estão, mas, afirma, não estão no SNS.

Em declarações à Agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Carlos Arroz, referiu não compreender estes números.

«Não sei o que é que o Ministro quer dizer com sair, sair é uma expressão difícil de explicar, mas há pelo menos 2.000 médicos do Serviço Nacional de Saúde que estão com licença sem vencimento prolongada», disse Carlos Arroz, adiantando que há ainda que contabilizar os médicos que saem para a reforma.

O sindicalista condenou ainda as declarações do Ministro da Saúde sobre a alegada banalização das faltas destes profissionais, considerando que «cai bem bater nos médicos».

Na entrevista publicada esta semana na Acção Socialista, o jornal oficial do PS, Correia de Campos disse que «havia médicos escalados para horas extraordinárias que nem sequer punham os pés no hospital», uma prática que, segundo o titular da pasta da Saúde, «se estava a tornar banal».

«Bater nos médicos cai bem e promove os políticos. Cada um faz o que pode pela sua sobrevivência», disse Carlos Arroz à agência Lusa, adiantando que as faltas dos médicos, a existirem, são um problema de «organização».

«Acredito que aconteçam casos de faltas de médicos, mas isso são problemas de organização e controlo que devem ser resolvidos pelo chefe, que é o senhor Ministro», disse, acrescentando que se «o chefe vem dizer que não controla a organização é incompetente».

Diário Digital / Lusa

2:40 da manhã  
Blogger helena said...

Esta dos onze médicos é ridícula.
O Canas Mendes, reformado do SNS, passou a comentador de serviço da oposição.

2:47 da manhã  
Blogger e-pá! said...

A situação começa a ficar caricata.

São os números de abandono no SNS que se confundem ou ocultam, são os planos do PRACE, a mobilidade especial, etc.
E, em minha opinião, está para vir o pior com a inusitada rigidez do controlo de assiduidade biométrico...

Toda esta situação fez-me relembrar um episódio, historicamente entroncado nas "devastações" impreparadas e impensadas: as invasões francesas. Estes comandaddos por Massena, foram contidos nas "linhas de Torres", mas provocaram aquilo que, alguns historidores, designam por "a retirada dos 100.000".
Desorganizaram o País por largos anos.

A imagem é uma caricatura, não será tão apocalíptica para o SNS,
mas contem paralelismos que não se enfrentam, ocultando-os ou combatendo-os com "manifestações de fé".

Sugeria que o MS organizasse um ciclo de conferências subordinado ao(s) tema(s):

- Um SNS, sem médicos
ou,
- Um SNS, com a total subalternização dos médicos.
ou,
- Um SNS, e a fé no regresso dos filhos pródigos.

Haveria, muito mais possibilidades sobre esta temática.
Mas para não encher o Portal da Saúde, onde se reproduzem as prelecções do Sr. Ministro, estes temas (aliás, complementares), bastam.

Finalmente, aguarda-se que estas abordagens tragam à organização e gestão dos serviços públicos de Saúde, sugestões inovadoras.
E, como todas as "inovações" está na ordem do dia do Gov. Socrates, até podia cair (politicamente) bem.

10:52 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

O senhor Ministro terá conhecimento com o que se passa com a contratação de pessoal médico?
A inflação galopante dos médicos assalariados das urgências está a desequilibrar as contas da rubrica com pessoal

1:27 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Helena Marteleira, assessora do ministro da Saúde para a Comunicação Social

Ao abrigo do Direito de resposta publicamos o seguinte texto, de uma assessora do ministro da Saúde sobre notícia que publicámos com o título em epígrafe:

"No dia 20 de Setembro o "Jornal de Notícias" publica com destaque uma notícia assinada pela jornalista Alexandra Marques, sob o título "Médicos desmentem ministro nas acusações contra a classe", na qual se atribuem ao ministro da Saúde afirmações falsas.

Na peça, a jornalista escreve que o ministro da Saúde terá afirmado, em entrevista ao "Acção Socialista", que "em todo o país, só 11 médicos deixaram o Serviço Nacional de Saúde".

No dia seguinte, sob o título "Médicos de saída contrariam ministro", uma notícia não assinada volta a afirmar que "o ministro apontou apenas a saída de 11 médicos, a nível nacional, numa entrevista ao jornal "Acção Socialista". Nessa peça surge ainda um destaque que em que se afirma que "Foram 442 os médicos que pediram rescisão de contrato e não os 11 de que falava o ministro da Saúde".

A simples leitura da entrevista ao "Acção Socialista" basta para esclarecer que a afirmação do ministro da Saúde é a seguinte: "Ao todo foram 11 os médicos que abandonaram um dos grandes hospitais do Serviço Nacional de Saúde".

Muito distinto, portanto, do que escreve o Jornal de Notícias.

Lamento que o pouco profissionalismo da jornalista a tenha impedido de fazer uma leitura cuidadosa da entrevista publicada no "Acção Socialista", tendo assim fornecido informação falsa aos seus leitores.

Lamento igualmente que o Jornal de Notícias tenha persistido na divulgação de informação errada, com consequentes danos para a imagem do ministro da Saúde e para a qualidade e credibilidade da informação que produz esse órgão de comunicação social."
JN 25.09.07

9:00 da manhã  

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