Expectativas para 2008
Temos a expectativa de que o bom trabalho da equipa ministerial, liderada por Correia de Campos, continue, pelo menos, até 2009. link
2007 foi um ano importante do ponto de vista da evolução das políticas de Saúde no contexto dos últimos 20 anos. Ficou claro, para os mais atentos, que a acção do ministro da Saúde, o professor Correia de Campos, foi direccionada para intervenções centradas nos três pilares da modernização sustentável do Serviço Nacional de Saúde (SNS) conforme às evidências internacionais, a saber: a) a melhoria da eficiência hospitalar; b) o reforço dos cuidados de Saúde primários; c) o lançamento de novas respostas de cuidados continuados integrados.
Sendo que, para cada um destes três pilares das actuais políticas de Saúde, durante 2007, apresentamos e discutimos neste espaço de reflexão e análise várias das reformas e dificuldades, interessa, para 2008, contextualizarmos os principais desafios para a continuidade das respectivas dinâmicas iniciadas.
Em relação à melhoria da eficiência hospitalar, esperamos em 2008 assistir ao reforço das medidas para mais racionalidade na utilização dos recursos disponibilizados e que resultaram no equilíbrio das contas nomeadamente no que diz respeito à introdução de uma nova tendência em que verificamos: mais consultas programadas e menos episódios de urgência; mais cirurgia ambulatória; mais cirurgia regular; menos tempo de espera por cirurgia electiva. Estes são dados de uma importância capital para ganhos de eficiência que deverão ser comprovados durante 2008-2009. Entre outros efeitos positivos, estes dados poderão antecipar o controle da taxa de crescimento da despesa. Vale a pena continuar, nomeadamente no sentido de reduzir os tempos de espera para algumas consultas que ainda são tormentosos. Temos a expectativa de que este bom trabalho continue.
Na modernização dos cuidados de Saúde primários (CSP) observamos que finalmente se chegou às 100 Unidades de Saúde Familiar, uma espécie de serviços com muito mais flexibilidade e que incluem novos instrumentos de incentivos para a produtividade e qualidade dos CSP mais próximos das necessidades reais da população e que possam, a prazo, garantir a quebra da procura indevida de Serviços de Urgência hospitalar. Temos a expectativa de que este bom trabalho continue.
No que diz respeito à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e apoio social, atingiram-se os 2000 lugares de internamento demonstrando uma enorme capacidade de avançar com a implementação do mais ousado e complexo projecto intersectorial alguma vez tentado em Portugal. Foi mantida uma taxa de crescimento da rede em valores superiores aos programados até 2016 no sentido de garantir cobertura nacional para as necessidades que também levam à utilização indevida dos serviços hospitalares. Temos a expectativa de que este bom trabalho continue.
Também deverá ser nossa expectativa que os erros nos registos financeiros nas “contas da Saúde” não se mantenham conforme tem sido denunciado pelo Tribunal de Contas (TC). As organizações técnicas do SNS terão que ser responsabilizadas. Os seus responsáveis máximos não deverão ser protegidos pelo Ministro que as tutela. A repetirem-se as falhas técnicas constatadas em 2007, identificadas desde 2002, os responsáveis da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) deverão demitir-se em bloco. Trata-se de passarmos à prática o conceito teórico da “accountability”. Só assim fomentamos a credibilidade da gestão pública.
Por fim, devemos manter a expectativa de que para o debate democrático nacional, a posição do principal partido da oposição, o PSD, não se limite a uma posição de “guerrilha para o desgaste” sem ideias próprias ou propostas concretas. Se assim for, não estaremos perante um bom serviço à Democracia e ao interesse comum. O radicalismo, vazio de evidências internacionais, das propostas de Luís Filipe Meneses para a Saúde deve preocupar-nos. Não é coerente que o líder da oposição ponha em causa o que foi feito desde 2005, uma vez que, em grande parte, os seus pilares de intervenção representam uma continuidade das ideias do PSD de 2002.
PKM, DE 27.12.07
2007 foi um ano importante do ponto de vista da evolução das políticas de Saúde no contexto dos últimos 20 anos. Ficou claro, para os mais atentos, que a acção do ministro da Saúde, o professor Correia de Campos, foi direccionada para intervenções centradas nos três pilares da modernização sustentável do Serviço Nacional de Saúde (SNS) conforme às evidências internacionais, a saber: a) a melhoria da eficiência hospitalar; b) o reforço dos cuidados de Saúde primários; c) o lançamento de novas respostas de cuidados continuados integrados.
Sendo que, para cada um destes três pilares das actuais políticas de Saúde, durante 2007, apresentamos e discutimos neste espaço de reflexão e análise várias das reformas e dificuldades, interessa, para 2008, contextualizarmos os principais desafios para a continuidade das respectivas dinâmicas iniciadas.
Em relação à melhoria da eficiência hospitalar, esperamos em 2008 assistir ao reforço das medidas para mais racionalidade na utilização dos recursos disponibilizados e que resultaram no equilíbrio das contas nomeadamente no que diz respeito à introdução de uma nova tendência em que verificamos: mais consultas programadas e menos episódios de urgência; mais cirurgia ambulatória; mais cirurgia regular; menos tempo de espera por cirurgia electiva. Estes são dados de uma importância capital para ganhos de eficiência que deverão ser comprovados durante 2008-2009. Entre outros efeitos positivos, estes dados poderão antecipar o controle da taxa de crescimento da despesa. Vale a pena continuar, nomeadamente no sentido de reduzir os tempos de espera para algumas consultas que ainda são tormentosos. Temos a expectativa de que este bom trabalho continue.
Na modernização dos cuidados de Saúde primários (CSP) observamos que finalmente se chegou às 100 Unidades de Saúde Familiar, uma espécie de serviços com muito mais flexibilidade e que incluem novos instrumentos de incentivos para a produtividade e qualidade dos CSP mais próximos das necessidades reais da população e que possam, a prazo, garantir a quebra da procura indevida de Serviços de Urgência hospitalar. Temos a expectativa de que este bom trabalho continue.
No que diz respeito à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e apoio social, atingiram-se os 2000 lugares de internamento demonstrando uma enorme capacidade de avançar com a implementação do mais ousado e complexo projecto intersectorial alguma vez tentado em Portugal. Foi mantida uma taxa de crescimento da rede em valores superiores aos programados até 2016 no sentido de garantir cobertura nacional para as necessidades que também levam à utilização indevida dos serviços hospitalares. Temos a expectativa de que este bom trabalho continue.
Também deverá ser nossa expectativa que os erros nos registos financeiros nas “contas da Saúde” não se mantenham conforme tem sido denunciado pelo Tribunal de Contas (TC). As organizações técnicas do SNS terão que ser responsabilizadas. Os seus responsáveis máximos não deverão ser protegidos pelo Ministro que as tutela. A repetirem-se as falhas técnicas constatadas em 2007, identificadas desde 2002, os responsáveis da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) deverão demitir-se em bloco. Trata-se de passarmos à prática o conceito teórico da “accountability”. Só assim fomentamos a credibilidade da gestão pública.
Por fim, devemos manter a expectativa de que para o debate democrático nacional, a posição do principal partido da oposição, o PSD, não se limite a uma posição de “guerrilha para o desgaste” sem ideias próprias ou propostas concretas. Se assim for, não estaremos perante um bom serviço à Democracia e ao interesse comum. O radicalismo, vazio de evidências internacionais, das propostas de Luís Filipe Meneses para a Saúde deve preocupar-nos. Não é coerente que o líder da oposição ponha em causa o que foi feito desde 2005, uma vez que, em grande parte, os seus pilares de intervenção representam uma continuidade das ideias do PSD de 2002.
PKM, DE 27.12.07
Um texto corajoso.
12 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Concordo inteiramente com esta análise de expectativas para 2008 de PKM.
Esta análise não joga, no entanto, com a anterior "muitas incertezas ?"link
Ou as incertezas não eram tantas como isso (daí o ponto de interrogação). Ou no espaço de uma semana PKM desfez muidas das incertezas.
Todos sabemos que quando os dirigentes dos clubes saem em defesa dos treinadores, invariavelmente, poucas semanas depois, estes estão de saída.
CC não necessita de nenhum sinal especial de apoio do primeiro ministro para continuar a desenvolver com êxito o seu projecto de reforma.
Mas apenas de inequívoca lealdade de José Sócrates (não como terá sucedido nas negociações do acordo com a ANF) Que CC bem merece.
Pela qualidade das suas políticas. Como PKM parece pretender demonstrar neste seu último artigo do DE.
Quanto às "muitas incertezas?" da quinzena anterior ou nós fizémos uma interpretação errada ou PKM decidiu arrepiar caminho nestas suas expectativas para 2008 publicadas hoje no DE.
Seja como for, gostei deste artigo do PKM.
PKM é muito duro para o presidente da ACSS, Manuel Teixeira.
Note-se que houve hospitais que não conseguiram enviar informação solicitada pela ACSS.
Obediência ao principio da responsabilidade a quantas demissões obrigas?
Este homem chegou à conclusão de que José Socrates está para lavar e durar.
Para não ficar "pendurado" sem mula ou burro que o transporte, deu esta entrevista - não ande por aqui o demónio.
Pode andar mas não compra almas - ainda por cima en"penadas".
Aqui está mais um exemplo, "exemplar" a confirmar que "só os burros é que não mudam".
Então não andou PKM a ser criticado de forma quase permanente no Saúde SA por "discordar" de muitas das medidas de política do Governo?!
Não chegou mesmo a ser "atacado" de forma pouco "civilizada" por alguns dos seus comentário? Não foi acusado, ainda recentemente, de fazer comentários para o Saúde SA, escondendo-se atrás de vários pseudónimos?
Defacto, também aqui no Saúde SA, tal como no futebol, sa passa rapidamente de "besta" a "bestial"!
Basta, para tanto, que se publique um texto "bestial" (ou corajoso) a elogiar CC, o Grande Chefe!
Não defendo a coerência "à ultrance" até porque ela pode ser o recanto onde se aloja o vazio de ideias ou, inclusivé, esconder uma mutação desde há 15 dias.
Biologicamente possível, epistemologicamente inconcebível.
O presente texto de PKM revela - apesar das reservas que ponho na coesão do pensamento - os caminhos que podemos percorrer (sermos obrigados a percorrer) quando perdemos a transparência para sermos rastreados pela oportunidade política.
Caro Xavier:
Faça uma experiência primária sobre estes referidos textos: mostre-os, sob anonimato do autor, a um psicólogo, os dois mais recentes textos publicados por PKM no DE : "incertezas" e "expectativas para 2008".
E, depois, diga-nos, quais foram as conclusões desta acareação de textos...
Desde já, e para ir de encontro a diversas interpretações já manifestadas, adianto, para valer tanto para o actual texto como para precedentes que têm sido, quinzenalmente, publicados no DE, uma reflexão de Paul Valéry, in 'A Propósito do Cemitério Marinho':
"Não há verdadeiro sentido de um texto.
Não há autoridade do autor. Quisesse dizer o que quisesse, escreveu o que escreveu.
Uma vez publicado, um texto é como um aparelho de que cada um se pode servir à sua maneira e segundo os seus meios: não é certo que o construtor o use melhor do que outro qualquer."
Foi isso que foi "acontecendo", aqui no SaudeSA, entre as duas publicações...e, a meu ver, ainda não parou, nem tem de parar.
Caro Tonitosa,
A sequência de textos "Muitas incertezas" e "expectativas para 2008" só merece um comentário: Muita coragem.
Um abraço.
PKM, foi às cordas.
Observados os textos propostos pelo e-pá, podemos concluir o seguinte:
a) vale a pena ler os dois textos em sequência mas apenas se lermos também o anterior (portanto, um 3º texto) publicado antes desses dois e intitulado: 'Um sistema de desinformação?'
b) o e-pá cometeu uma pequena gaffe que se torna fundamental para a acareação proposta: esqueceu-se (propositadamente?) do "?" no 1º texto que referiu. O título designado correcto é: 'Muitas Incertezas?" (questiona; não afirma; o que faz toda a diferença do Mundo conforme reconhece, tarde, mas a tempo, o ou a 'joapedro')
c) Lewis Carroll, através de um dos personagens de Alice no país das Maravilhas, diz-nos que "tudo o que se diz e escreve tem uma Ética. Se a conseguirmos descobrir".
c1) talvez o e-pá devesse ter sugerido uma reflexão mais nesse âmbito do que no âmbito da psicologia (ou não quereria antes dizer psicanálise? onde anda o wooody allen?).
d) do ponto de vista do psicólogo, temos aqui um personagem, a 'helena', que parece estar a vivenciar um combate simbólico, desta vez um combate de boxe. A imagem de 'PKM, ir às cordas' é um pouco surpreendente. Quem parece estar nas cordas é o ministro da saude. PKM parece ser apenas um espectador atento ao jogo e preocupado com os golpes baixos que nos prejudicam a todos. Continua sem preceber a diferença entre "policies" e "politics".
e) Apesar de tudo, temos uma dificuldade inultrapassável. Sendo um facto que a interpretação do "Significado" é um dos objectos de investigação da Psicologia tem sido, sobretudo, através da interpretaçao dos sonhos que temos ganho alguma credibilidade nesse campo da interpretação. A menos que PKM tenha escrito estes textos enquanto dormia, não podemos, de forma honesta, fazer grandes interpretações no sentido especulativo proposto por 'e-pa´.
e1) Por isso, fiquemos com o extracto de Valery aqui partilhado pelo e-pá. Ficamos livres para interpretar e, inter-relacionando os textos anteriores, podemos melhor compreender que há aqui vários personagens que 'disparam primeiro e fazem perguntas a seguir, se ainda estiver alguém de pé'. Comportamento, deveras, do interesse do psicólogo pois indica graves desequilibrios emocionais. Vamos continuar a observar.
PS: têm este IP associado à pessoa errada. Mas é impressionante a v. preocupação com essa 'associação'.
PS1: PKM consegue gerar profundas empatias com pessoas de que nem ele próprio tem consciência. Também consegue gerar grandes inimizades e maldade motivada pela inveja. Tudo fenómenos do foro de intervenção do psicólogo sim senhor.
Caro psicologo:
Vamos ao encontro das eloquentes palavras escritas por Pessoa:
“Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e ideias, os escreveria.”
Depois disto, o eclipse de Woody Allen.
Com qualquer IP.
Ou, melhor, com o merecido RIP (requiescat in pace).
Oh professor! Não seria melhor ir a um cibercafé?
O woody allen sou eu! Ou tenho sido, pois qualquer pessoa pode 'postar' com o meu nome. Não me importo pois revitaliza-me a personalidade.
E não me eclipsei. Estou hoje à noite no Casino Estoril conforme nota da comunicação social portuguesa:
"Woody Alen e a sua New Orleans Jazz Band regressam ao Casino Estoril como principal atracção da noite de réveillon, onde o famoso actor e realizador irá tocar clarinete.
O Casino Estoril propõe uma noite de música com Woody Allen, acompanhado da banda de jazz, liderada por Eddy Davis, para um espectáculo que dará as boas vindas a 2008, ano que marca o 50º aniversário do casino.
No seu último encontro com o público do Casino Estoril, a mediática estrela de Hollywood esgotou o Salão Preto e Prata na festa de passagem de ano de 2004/05."
Espero lá por todos, sobretudo pelo 'e-pá' e pela 'helena'. Poderemos discutir, nos intervalos dos meus solos de clarinete, o Futuro do sns português uma vez que o dos EUA não tem qualquer Futuro.
Bom ano de 2008!
PS: não sei quem é o psicólogo mas parece interessante a referência a Lewis Carroll e também a referência intelectual do e-pá a Pessoa. Claramente exageradas. o PKM, esse outro personagem da poesia dedicada ao sns nacional, não merece.
PS1: estes posts estão a acabar de forma muito intelectual (excepto com a 'helena' que é mais terra-a-terra... ou com o ´cardeal patriarca' que, como qualquer Patriarca, limita-se a fomentar a suspeita e a intriga palaciana para se manter a controlar a situação).
Os heterónimos atacam de novo.
O que o Xavier tem de fazer é chamar o 112.
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