domingo, dezembro 23

Assegurar a continuidade das políticas


Na sua crónica quinzenal do DE, PKM decidiu dar uma ajudinha à remodelação ministerial, sussurrada pelos corredores do palácio do SNS: «Entretanto, por cá, as circunstâncias instalaram, desde o Verão, grandes incertezas quanto ao futuro das lideranças das forças do SNS incluindo o destino do poder nas Ordens dos Médicos e dos enfermeiros» link link

Um comentário posterior do professor Lopes, aprimorava a intriga: «Sócrates não dá sinais inequívocos de apoio ao Ministro da Saúde. Enquanto assim for, correm e crescem os rumores e as "certezas" e que vai haver remodelação na Saúde (desde o Verão, sim).
A situação está a tornar-se insustentável: a vários níveis já ninguém quer iniciar projectos de monta pois acham que "isto vai mudar e não vale a pena iniciar coisas que os senhores seguintes podem não querer". É muito urgente que o Primeiro Ministro esclareça as pessoas do SNS em relação ao seu futuro próximo (até 2009, pois nessa altura é muito provável que a demagogia do Luís Filipe Menezes e Santana resultem no regresso ao poder).

Confrontado com a boataria, CC reagiu, pegando de caras, como é seu timbre : link «Eu não sou daqueles que se queixa e que se afirma cansado de estar no Governo.» Questionado pelos jornalistas sobre o facto de ser apontado como um dos ministros mais remodeláveis do actual elenco governativo, Correia de Campos desvalorizou a questão. «Isso é um problema dos comentadores políticos, pois, quando há falta de melhor assunto, têm que arranjar algo de que falar». «Prevejo que em 2008 serão eles que terão que enfiar alguns barretes». in DD 21.12.07

Uma questão que PKM poderia ter analisado no seu artigo do DE, se não pretendesse ser apenas uma fraca imitação do outro professor, Marcelo Rebelo de Sousa: Remodelar para quê?
Vários especialistas contactados pelo JP (22.12.07), concluíram que «uma remodelação a levar a cabo pelo primeiro ministro, José Sócrates, neste momento, é desnecessária, pouco útil e até contraproducente, já que dará uma imagem de reconhecimento do falhanço do primeiro-ministro.
link

António Barreto considera "as remodelações como o fantasma das oposições. As oposições não gostam que o primeiro-ministro tenha a liberdade de refrescar. Qualquer oposição, quando não tem propostas, começa muito cedo a falar de remodelação, porque julga que isso enfraquece os Governos. E há um jogo de ilusão de espelhos, que é esquizofrénico. A oposição pede a remodelação, esta anuncia-se e adia-se, porque o primeiro-ministro não quer mostrar que age sob pressão."

Por sua vez, Pedro Magalhães, responsável pelo centro de sondagens da Universidade Católica, considera que «não basta os ministros serem impopulares para haver uma remodelação, já que o Governo é um todo, em que cada um tem o seu papel, sob orientação do primeiro-ministro. Este Governo é técnico e sem peso no partido. Ora, este perfil dos ministros favorece a submissão dos ministros ao primeiro-ministro, pelo que substituir ministros que são impopulares, como a da Educação e o da Saúde, tem de ser ponderado e com a garantia de que a governação se fará com solidariedade e alinhamento inquestionável com o primeiro-ministro e com o núcleo político do Governo. Adverte ainda que estes dois ministros têm o apoio total do Presidente da República. E o da Saúde tem um plano pessoal para aplicar e é visto como uma das pessoas que mais percebem do assunto, pelo que não faz sentido mudar este ministro. Sublinhando que, nestes dois casos, Sócrates estaria a desautorizar duas áreas políticas em que apostou muito, seria reconhecer o falhanço.» in JP 22.12.07

Serão poucas, por conseguinte, as incertezas que tanto preocupam PKM.

Segundo o meu amigo Hermes, o AH mais talentoso e conhecedor que me foi dado encontrar nesta minha já longa vida de gestor hospitalar, é de esperar nos tempos mais próximos uma natural evolução das políticas de saúde, delineadas por CC:
1º Continuar a assumir a necessidade de sustentabilidade do SNS e de eliminação do (muito) desperdício;
2º Pôr o SNS (CP; CC, HH,..) a funcionar MESMO, orientado para a população - resposta maior e mais atempada, de melhor qualidade, mais próxima e mais "amiga" das pessoas.
... E com todos nós a ajudar a cumprir estes objectivos!
Quanto aos arautos da desgraça, daqui a uns anos, não rezará a história

6 Comments:

Blogger cardeal patriarca said...

Para terminar desta forma é, de facto, necessário com Boas Festas e Feliz Ano Novo !

10:02 da tarde  
Blogger e-pá! said...

DAS "DANÇAS DE CINTURA" DOS COMENTADORES
À
"ACHEGA" DE L F MENEZES

As remodelações são sempres adiáveis e, como disse A. Vitorino, podem ser proteladas com anúncios prévios postos a circular pelos próprios remodeláveis ou por exigências públicas e publicitadas da oposição.

Penso que Sócrates, ainda, não tem urgência em remodelar. ... Ainda!
Mas Sócrates tem, pela frente, uma situação que não pode adiar: as eleições de 2009.
E, por detrás, uma máquina partidária - com capacidade de pressionar ou de impressionar - que, será lançada no terreno, na altura devida, também, não adiável.
De resto, a especulação mediática tem argumentos que tanto dão para um lado como para o outro. Conforme sopra o vento.
São como o oráculo de Delfos, assim:
"No próximo dia de Natal, se não chover - fará sol".
A realidade é que, a favor ou contra todas as especulações, sempre se fizeram remodelações, quer em governos maioritários, minoritários ou de coligação.
Cá dentro e por toda esta Europa democrática. E por uma multiplicidade de motivos que não têm obrigatoriamente a ver com indices de popularidade, podendo haver razões pessoais, de saúde, políticas... etc.
Aliás, convém não esquecer que o governo de Socrates já foi remodelado de Campos e Cunha, Freitas do Amaral e António Costa, sem sobressaltos políticos valorizáveis.
Olhando para o perfil psicológico e comportamental que, ao longo dos tempos, tem sido revelado por Sócrates, há uma coisa em que podemos apostar. Nunca aceitará uma renovação a partir de pressões do exterior. Mas, no oposto desta situação, não pode levantar sobre este assunto um tabu e impedir a sua equação "intra-muros", i.e., no seio das estruturas organizativas do PS.

Creio que em relação ao actual MS, as recentes declarações de Luis Filipe Menezes, paladino de um vertiginoso desmantelamento do sector público em 6 meses (mais parece uma proposta de implosão), vieram consolidar CC no cargo. Em contrapartida terá de consolidar as contas...
Mas, pelo menos, em relação ao SNS, apesar de todas as dificuldades e críticas, mantem posições de princípio que, neste momento, tornaram-se claramente distintas das do PSD (principal opositor eleitoral).
Uma das mais dificeis tarefas das próximas eleições será, perante os eleitores, distanciar ou diferenciar o PS do PSD.
L F Menezes, com as suas propostas bombásticas e arrasadoras, acabou de indirectamente o ajudar e, CC, desse facto, só pode colher perspectivas de continuidade.
E, para além disso, deu de bandeja tempo suplementar a Sócrates...

12:09 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Com a maioria dos médicos do SNS a ajudar!

2:40 da manhã  
Blogger e-pá! said...

UM FILME EXEMPLAR

1.)"Cerca de 150 pessoas manifestaram-se hoje em Alijó, frente à Câmara Municipal, contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) durante o período nocturno, anunciado pelo Ministro da Saúde para «depois das Festas".

2.) "A população queixa-se, também, de que o concelho não tem uma única ambulância do INEM e da falta de meios dos bombeiros locais para levar quem precise durante a noite até ao Hospital de Vila Real, que fica a quase meia centena de quilómetros"

3.) "O vice-presidente da Câmara de Alijó, admite que os números de utilização do serviço nocturno do SAP podem ser inferiores aos mínimos definidos pelo Ministério da Saúde.
Ainda assim, Adérito Figueira sublinha que, quando se trata de salvar vidas, o melhor é manter o serviço aberto. O autarca acusa o Governo de estar preocupado com o lucro e de não respeitar promessas eleitorais."
TSF online.

Comentário:
a) a prossecução de uma "apressada" política de encerramentos dos SAP's, sem cuidar previamente da rede de urgência pré-hospitalar, não pode deixar de ser considerada potencialmente gravosa para os utentes do SNS;
b) Os SAP's, cuja ineficiência em prestar cuidados de saúde urgentes foi largamente demonstrada no relatório técnico de reestruturação das Urgências, não podem ser substituídos por... nada!;
c) Como muito bem lembra o vice-presidente da Câmara, e não deveria ser necessário fazê-lo ao MS, trata-se de lidar com vidas humanas;
d) O autarca mostra-se preocupado com o Governo por razões que têm sido sobejamente evocadas na discussão deste tema, chamando-lhe: "lucro" e "promessas eleitorais";
e) O citado autarca pertence a uma gestão eleita da Câmara de Alijó, liderada pelo PS.

Epilogo:
Se houver qualquer "acidente" ou "incapacidade" assistencial, depois do encerramento do SAP, lá vamos ter o habitual inquérito que, invariavelmente, apurará não haver qualquer responsabilidade do MS, INEM , bombeiros, etc.
A culpa, vamos sugerir, será do utente ter optado por viver em Alijó. Não é?
A "porrada política" será - nas próximas eleições - dirigida para as estruturas políticas locais, que fazem o trabalho no terreno.
O actual decisor - ainda ministro ou professor universitário - viverá, eventualmente, em Lisboa resguardado em questões de assistência.

Não será possível encerrar (ou anunciar o encerramento) os SAP's só depois de ter reunido e assegurado as condições necessárias da rede de urgência em todos os seus pontos?
Não será possível reformar transmitindo segurança (visível, palpável) às populações?
Uma eventual VMER, prevista no plano, tem de estar lá...

12:01 da tarde  
Blogger Clara said...

Remodelação
Penso que Sócrates deveria fazer uma mini-remodelação logo na entrada do ano que vem. Por três razões: (i) porque há sempre algumas peças que funcionam menos bem (desde logo, a nível de secretários de Estado); (ii) para acabar com a especulação e a pressão mediática e da oposição sobre o assunto, que sempre cria alguma insegurança enquanto não for clarificada; (iii) sobretudo, para dizer claramente que não substitui os seus ministros mais contestados pela oposição (desde logo na saúde e na educação), reforçando por isso a sua posição política (e bem o merecem).
Vital Moreira, causa nossa

3:34 da tarde  
Blogger Clara said...

Terminais foram vandalizados

No Hospital de Santo António, no Porto, onde o sistema de controlo biométrico está em fase de ensaios, o processo não está a ser pacífico. Vários terminais foram danificados e a administração decidiu colocar câmaras de filmar nos locais onde os aparelhos estão colocados para evitar mais estragos. Há um "boicote surdo", admite o presidente do conselho de administração, Sollari Allegro. Com 3200 funcionários e 50 terminais espalhados pelas entradas, consultas externas, blocos operatórios e serviços, este hospital arrancou já com a fase experimental. "Vários equipamentos foram riscados com canetas de feltro e foi necessária a sua substituição", conta Sollari Allegro. Lamenta esta "sabotagem", mas não se mostra surpreendido: "Há quatro anos, quando instalamos o sistema Alert no Serviço de Urgência aconteceu o mesmo". Sollari acredita que a entrada em vigor do sistema pode trazer alguns "efeitos colaterais", mas defende que serão "limitados" Há alguns pedidos de redução de horários e de saída, sobretudo da área de Oftalmologia e Radiologia, mas poucos, desdramatiza.
JP 24.12.07

Reformar é dificil.

4:48 da tarde  

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