quinta-feira, agosto 14

A caminho da barbárie


Gostava de ter escrito isto:

(...) Também o modo como colectivamente aceitamos a morte como desenlace de um assalto a um banco coloca em causa um importante património civilizacional. Uma das fronteiras entre barbárie e civilização é precisamente aquela que concede uma superioridade absoluta ao valor da vida humana, em qualquer circunstância. Se cedemos neste princípio, podemos estar irremediavelmente a trocar uma sociedade decente, baseada no humanismo e na liberdade, por uma ilusão de segurança assente no livre-arbítrio e numa espiral de violência. A aceitação tácita da bondade do desfecho do assalto ao BES só pode ser vista como um sinal de retrocesso nos padrões morais da nossa vida colectiva. link

Mas se a intervenção policial levanta questões morais importantes sobre o papel da justiça nas sociedades democráticas e sobre o modo como, nestas, o Estado exerce o monopólio da violência legítima, a forma como os meios de comunicação lidaram com o sequestro coloca outras questões, igualmente fundamentais. (...)
Pedro Adão e Silva, DE 13.08.08