segunda-feira, agosto 11

Análises clínicas


O secretário de estado, Francisco Ramos, propôs a redução em 20% do valor a pagar por análises realizadas em laboratórios privados de patologia clinica, onde se verifica que o preço facturado é, 50% ou mais, superior ao preço praticado pelo SNS.
Para Francisco Faria, presidente da Associação Portuguesa dos Analistas Clínicos (APAC) esta medida representa uma catástrofe para o sector, susceptível de provocar despedimentos, encerramento de postos de colheita e falência de alguns estabelecimentos.
link
O costume.
Habituados à passividade do Estado estranham que este não se limite a pagar e venha agora contestar preços. Onde já se viu! Afinal o papel do Estado não é aparar os golpes para que a actividade privada se desenvolva ?

9 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Tudo bem!
O problema é o Estado não ter feito os trabalhos de casa.
Falta desenvolver o trabalho de identificação dos actos que não constam nas tabelas actuais por desactualização científica.

Por outro lado, o MS garantiu que a diminuição não será suportada pelos utentes e que visa garantir as condições para uma boa execução orçamental em 2009.
Veremos...

8:09 da manhã  
Blogger Clara said...

Sobe e desce.

Se as análises descem, os medicamentos uns descem, enquanto outros sobem.
Em benefício do Estado ou dos laboratórios?
Porque os doentes, já se sabe, saem sempre a perder com estas mexidas do Governo.
Que não previu este ano nenhuma medida extraordinária para controlar a subida de preço dos medicamentos.
Soado o alarme - crescimento acima dos limites estabelecidos para as farmácias e hospitais (2,9% e 3,9%)- , o governo fez anunciar a descida de preço dos medicamentos genéricos em 30%, já a partir de 01de setembro.

Isto depois de ter aumentado o preço de 123 medicamentos em 27%, justificado pela degradação dos preços das substâncias mais antigas, havendo o "risco de as empresas os retirarem do mercado e os substituírem por medicamentos mais recentes e bastantes mais caros. Com esta alteração a Bial irá ganhar 5,1 milhões de euros, a Tecnifar 1,8 milhões, a Tecnimede 1,5 milhões e a Medinfar um milhão.

É certo que s genéricos têm preços elevados, quando comparados com os preços doutros países europeus. Não obstante a medida não está prevista no acordo celebrado com os laboratórios.

Esta mexida terá repercussões em todos os preços dos medicamentos, incluindo os de marca, bem como no sistema de comparticipação, uma vez que este é calculado com base no valor do genérico equivalente de preço mais elevado.

Quanto à execução da política do medicamento, as perspectivas para depois das férias prometem.

12:43 da tarde  
Blogger Zé Portuga said...

Acho no mínimo inacreditáveis e pouco recomendáveis estas decisões unilaterais do Ministério da Saúde. Até que poderiam vir a ser negociadas com eventuais contrapartidas, mas não!!! Aplica-se o "Posso, mando e quero" tão ao jeito do Portugal de Ontem e de Hoje! Neste caso, as empresas que se "amanhem" e pronto! Simples "governar" assim, não é?
Esperem só até começarem a fazer o mesmo com as USF's...Ah..já me esquecia... existe um compromisso assistencial negociado aquando da sua formação, não é?...Não há problema! Altera-se deste modo unilateral e pronto! A ver vamos..o tempo o dirá! É só esperar para ver...porque Portugal é sempre igual a si mesmo!

2:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Zé Portuga,

Creio haver alguma confusão nas suas palavras... Como bem referiu, com esta decisão são afectadas "empresas", ou seja empresas privadas, e as USF não são empresas privadas, são unidades de saúde (do estado, não privados!!) cujos funcionarios/profissionais assumem o compromisso com o estado de se auto gerirem , de acordo com normas produzidas pelo proprio, mediante o pagamento de incentivos! Para além disso o principio das USF já pressupõe a possibilidade de o estado alterar as regras, de acordo com as necessidades da população e com as orientações técnicas produzidas pela DGS!
Já agora, concordo com a decisão do MS! Há que rever o preço das análises realizadas onde o preço facturado "é, 50% ou mais, superior ao preço praticado pelo SNS"! O estado não deve suportar directamente as entidades privadas! Qualquer empresa deve ter varios clientes e não apenas 1, como sucede actualmente! Possivelmente haverá também excesso de laboratórios, para a população portuguesa, pelo menos em algumas áreas, em detrimento de outras...

10:28 da tarde  
Blogger e-pá! said...

O problema, como atrás, já foi sugerido, é a metodologia.
Já foi, de certo modo assim, nos
medicamentos. Onde estamos agora?
Quando o Estado recorre a serviços privados como actividade complementar, contratualizada, para conseguir exercer de modo cabal as suas obrigações tem de ter em conta que há um "mercado de saúde".

Outra coisa é saber se o SNS tem, ou não, capacidade instalada para efectuar os exames de patologia clínica de que necessita.
Antes deste trabalho estar feito, é extemporânea a invocação da figura do "golpe".

Se não, podemos cair no ridículo dos prestadores privados de serviços, em regime complementar, para o SNS aparecerem como uns crápulas, já agora, rodeados de angelicais gestores.

Fazer o trabalho de casa.

Quando, extravaso o meu orçamento e vou a um banco pedir dinheiro, negoceio as taxas de juro, os prazos de pagamento, etc. Não imponho valores e medidas unilaterais.
A negociação é fundamental uma vez de definidos os parâmetros correctos.
As imposições acabam sempre mal.

Brasil, Tiradentes, Minas Gerias.

10:56 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

O Hospital de Setúbal tem mais de três anos de dívidas relativamente a medicamentos. Segundo um relatório da indústria farmacêutica, citado pelo Diário Económico, este é o hopsital que demora mais a pagar este tipo de dívidas.
O Hospital de Setúbal está a demorar mais de três anos a pagar aos fornecedores de medicamentos, indica um relatório com as dívidas de Junho à indústria farmacêutica citado pelo Diário Económico.

Segundo este documento, este hospital teve um aumento de 13 por cento na sua dívida de medicamentos nos primeiros seis meses de 2008, uma dívida que já ascende aos 724 milhões de euros.
Ainda de acordo com este documento, o hospital setubalense é aquele que demora mais a pagar, seguindo-se o da Cova da Beira, aparecendo o Hospital Garcia da Orta, em Almada, na quarta posição entre os que mais tempo demoram a pagar.
Ao Diário Económico, as administrações hospitalares explicaram que o problema não está nas transferências do Orçamento de Estado, mas sim nos atrasos dos recebimentos de outros sistemas de saúde, como a ADSE e as empresas seguradoras.

tsf 11.08.08

Este ano vai ser mais dificil manter o barco equilibrado.
Os orçamentos rectificativos estão de volta?
O orçamento da Saúde vai ser alargado?
Chegou a altura de buscar soluções alternativas de financiamento do SNS?
Chegou a altura de tirar o relatório do Jorge Simões, Pita Barros & comp. da gaveta?

11:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O problema é talves mais ético!
Ou seja eticamente o estado errou! Mas financeiramente o estado agiu como qualquer grande empresa, nacional ou internacional agiria! Tem um mercado de sáude que domina, pois sem os seus pagamentos as empresas definham, por outro lado tem plena consciência que essas mesmas empresas jamais irão recusar os utentes, correndo o risco de ver o seu futuro muito incerto!
Convenhamos que o estado tomou a atitude que qualquer empresa lider de mercado tomaria, errou como bem disse na metodologia, poderia tomar a mesma atitude, mas de uma forma menos agressiva que incluisse um pouco de discussão, como tem feito nas discussões das Carreiras da Função Pública!
Como muitas vezes tem aqui sido referido (e posteriormente verificado) não creio que as coisas vão ser tão lineares e acredito que se abrirá espaço para discussão! Mais importante do que esta negociação financeira será avaliar cientificamente a importancia das analises protocoladas! Não creio que a população em geral veja os laboratorios como crapulas e os gestores como anjos! O estado é e sempre será o "mau" da fita neste filme, quer tome ou não as decisões mais acertadas!

11:38 da tarde  
Blogger Zé Portuga said...

Caro Varovaisuus,
Agradeço que tenha tido a atenção de ler as minhas palavras. Nem sempre ao escrevermos conseguimos explicitar totalmente o sentido do nosso pensamento. É um risco que se corre. Como deve ter imaginado, eu bem sei que os Laboratórios de Patologia Clínica são empresas e as USF's não o são....(ainda)...Mas a minha intenção era no sentido de traçar uma analogia com respeito ao cumprimento de compromissos assumidos previamente de parte a parte e mantidos no futuro, se bem que negociáveis e NÃO IMPOSTOS unilateralmente sem apelo nem agravo, entende? Claro que o Estado não tem por obrigação suportar as empresas privadas, mas que se serve também delas, serve! E pagando mal, tarde e a más horas? Acha aceitável? Boa prática? Irrepreensível? É só ver as dívidas do Estado às empresas privadas, que também deviam ser totalmente publicitadas. Penso que concordará comigo. Mais uma vez obrigado pela atenção dedicada.

10:52 da manhã  
Blogger Bicho said...

Não se compreende é porque iniciativas deste género só se anunciam para as análises clínicas dos laboratórios convencionados. E então os exames de imagiologia (p.e. TAC e RM)? E os tratamentos de Medicina Física?
Entretanto, nunca mais se ouviu falar de um concurso público para controlar a facturação dessas entidades ao Estado,cuja abertura já foi autorizada, salvo erro, há dois anos...

1:31 da tarde  

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