quarta-feira, novembro 5

Despudor ...

Nas Jornadas Parlamentares do PSD que estão a decorrer em Évora, o líder parlamentar do maior partido da oposição, Paulo Rangel, classificou o projecto do PS como «capitalismo de Estado ou neo-socialismo», dizendo que desqualifica progressivamente a democracia em Portugal. …/…
Como é possível falar em desqualificação da democracia em Portugal? Não foi o imenso “laranjal” que construiu e alimentou um dos maiores logros do sistema financeiro em Portugal? Quem foram os protagonistas desta (triste) história? Desde Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Daniel Sanches e tantos outros? Afinal quem desqualifica o quê?
O PSD sempre se caracterizou por ser um partido sem uma matriz ideológica clara e bem definida. Vive enredado num tacticismo eleitoral que levou a que, passados mais de 30 anos sobre a sua fundação, se tenha transformado num partido sem identidade, sem rumo e sem alma. Na prática trata-se de uma formação política que deambula entre impulsos: ora social-democrata, ora populista, por vezes conservador ou até mesmo neo-liberal.
Nesta insane deambulação é preciso despudor para acusar o governo de «capitalismo de Estado ou neo-socialismo».
Se restasse uma réstea de ética política deveriam ter defendido o funcionamento do mercado (com a inevitável falência do BPN) e a penalização dos seus responsáveis. Mas isso o PSD nunca poderá fazer porque no seu âmago está a expressão política da “criatividade” económica e financeira. O PSD vive condicionado pelos seus fantasmas. É por isso que quando é espontâneo se indigna com o aumento do salário mínimo…
silly season

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9 Comments:

Blogger e-pá! said...

A tertúlia...do desânimo

As Jornadas Parlamentares do PSD a decorrer em Évora para além de repescarem uma mutante estrela da política francesa na fase de declínio, foram buscar - em nome de um falso pluralismo e de uma embusteira abertura - diferentes personalidades de áreas políticas e culturais que tivessem alguma receptividade nessas jornadas, não porque sejam ou venham a ser influentes na sua (PSD) manobra política, mas porque são habituais frequentadores dos habituais think-thanks.
Salvo o devido respeito que merecem esses cidadãos, é notório que, o PSD, na ausência de uma direcção forte e incontestada e, na impossibilidade de construir estratégia política própria, alternativa, transformou umas jornadas parlamentares numa tertúlia, como se fazia em Portugal em "assembleias de amigos" no fim do século XIX e 1ª metade do século XX.

Essas tertúlias debatiam, por norma, temas literários.
É o que fará (está previsto...) Jacques Attali, por videoconferência, conselheiro de Nicolas Sarkozy, sobre o "papel dos mercados e do Estado no contexto da globalização".

O PSD preocupa-se em salvar o contexto do mercado porque a globalização é uma evidência, numa altura em que a União Europeia acha prioritária a sua regulação.

Isto é, depois de rotundo falhanço do funcionamento do mercado, dito livre, a preocupação do grupo parlamentar perante uma crise financeira devastadora e nas vesperas de uma recessão económica que afectará e fustigará os portugueses é o enquadramento, a rápida reabilitação e o seu aggiornamento...(do dito mercado).

Neste momento, ao fim de anos de neoliberlismo, em que o mercado a funcionar causa receios, nada regula, permite todos os riscos, o PSD, encontrou um mote para devaneios...

Enfim, embrenhada em puras elucubrações literárias e inocentes poesias: a tertúlia reuniu-se!

8:10 da manhã  
Blogger Joaopedro said...

Cadilhe referiu que “houve falhas de vários lados, durante anos e anos” e acrescentou que “houve grave e demorada falha de supervisão”, concluindo que foi uma “falha de Estado” e “nisso não deveria assentar a intervenção radical da nacionalização”. Para quem esperava uma reacção dócil de Cadilhe, a intervenção deste, ao início da noite de ontem, não podia ter sido mais dura, mostrando que a nacionalização do BPN, decidida no domingo em Conselho de Ministros extraordinário, não contou com a sua concordância. Para além do Governo, também o supervisor bancário foi alvo das críticas do antigo ministro das Finanças.
DE 04.11.08

A reacção de Cadilhe entende-se por uma vez mais não ter conseguido levar por diante mais um projecto e estar de saída forçada.
Ultimamente, Cadilhe tem andado ligado a projectos falhados..

Quanto à incapacidade de supervisão, por parte do Estado, Cadilhe tem razão.
A incapacidade é total!
Imaginem o que vai acontecer com os contratos das PPP?

12:52 da tarde  
Blogger beverigde said...

Uma Pérola...

A Direcção do SAMS delineou uma estratégia de entrega directa (a todo o custo) dos activos e da história deste sub-sistema aos HPP. Para tal aligeirou nos estudos e no racional, politizou a disputa, silenciou a oposição interna e ignorou propostas alternativas de aquisição feitas pela José de Mello Saúde e pelo BES Saúde. Parece evidente que a Direcção decidiu entregar o SAMS aos HPP e pronto...
As razões desta fixação, certamente, serão melhor percebidas daqui por algum tempo. Não deixa, contudo, de ser surpreendente que, também no movimento sindical, as coisas já não serem o que eram...
Fica para a história a verdadeira pérola que constitui a pergunta, elaborada pela Direcção, que será levada a referendo aos associados:
“Concorda que a Direcção promova a reestruturação do Hospital e dos Serviços de Ambulatório referidos, para os tornar mais eficientes, de modo a proporcionar melhores serviços e comparticipações e, após deliberação do Conselho Geral, submeta a nova Assembleia Geral o resultado final das negociações que decorrem do Protocolo de Entendimento?”
Parece, evidente, que a formulação desta questão referendária irá ter lugar cativo em todos os manuais de ciência política e de estudos sobre a democracia.

1:16 da tarde  
Blogger pensador said...

Caro João Pedro

Já estamos a antever os dirigentes da PPP de Cascais a culpar o Estado por grave falha da regulação quando (pela certa) a BPNização do Hospital de Cascais se vier a verificar. Faz-nos lembrar aqueles dançarinos que, não sabendo dançar, dizem sempre que o problema é do soalho. Mal comparado seria como um condutor embriagado provocar um acidente e depois mandar o polícia indemnizar as vítimas.
Esta retórica ridícula começa a ser patológica.

1:47 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

NEM TUDO ACONTECE POR ACASO

Este caso do SAMS e da sua entrega mais ou menos arregimentada ao HPP do dr. Boquinhas, faz-me lembrar um outro que está a dar água pela barba ao governo PS: a concessão, sem concurso público, do terminal de contentores de Alcântara à Liscont, detida maioritariamente pela Mota-Engil link
Onde o dr Jorge Coelho é CEO.

1:53 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Em mais um "sound byte" para a bancada, o líder parlamentar do PSD veio acusar o PS de ter um projecto de "capitalismo de Estado" ou de "neo-socialismo", por coincidência após a nacionalização de emergência do BPN.
Pensará, porventura, Paulo Rangel que com uma tirada destas consegue fazer esquecer o envolvimento de muitas gradas figuras do PSD na fraude pegada que é a história do dito banco? Ou estará somente a tentar desviar a atenção da evidente deriva neoliberal do PSD desde há vários anos, que agora o leva a ver "neo-socialismo" na simples fidelidade do PS ao projecto de Estado social e de Estado regulador que há muito é o seu?
vital moreira, causa nossa

9:24 da tarde  
Blogger saudepe said...

Ao banqueiro e ao borracho...

…põe o Estado a mão por baixo.

O anúncio da nacionalização do BPN não surpreendeu ninguém no actual contexto. Estados controlarem bancos era um tabu que a actual crise se encarregou de destruir em poucas semanas.

Mas depois de assentar a poeira inicial percebe-se que, afinal, “a crise não derrubou o banco, mas pôs a nu uma gestão de "legalidade duvidosa" de administrações anteriores”, como explica o Público de hoje.

Ou seja, o banco estaria em tão mau estado e foi gerido de forma tão ruinosa que nem os outros bancos lhe quiseram pegar. Para não falar das ilegalidades que terão sido cometidas no processo.

E lá foi o Estado, com o dinheiro de todos nós, apagar o incêndio, em vez de se preocupar em responsabilizar os incendiários.
Daniel Rosário, correio preto

11:33 da manhã  
Blogger ochoa said...

O Ministério da Saúde e os Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) dos Sindicatos dos Bancários do Centro e do Norte vão manter os protocolos até 2010, data da sua cessação.

A reunião entre o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde e as Direcções dos SAMS dos Sindicatos dos Bancários do Centro e do Norte decorreu hoje, tendo ambas as partes mostrado vontade em manter o compromisso assumido.
Lisboa, 04 de Novembro de 2008
Portal da saúde

O MS a assumir o que tem de ser assumido. Tornando o SAMS um produto menos apetecível para os HPP.

4:07 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A expansão HPP, a exploração dos conflitos de mercado e/ou a "política do cuco"?


A gulosa intervenção do HPP Saúde no "mercado privado da" Saúde têm, na presença de um SNS, um suave odor a adultério.

A parceria estratégica com a USP Hospitales, transformou o fenómeno concentracionista (HPP + USP) num potentado ibérico - quase 20 Hospitais (contando com o HH PPP Cascais), 10 centros de ambulatório e 12 policlínicas.
Para uma parceria deste âmbito as recentes negociações com o SAMS e a previsível tomada de assalto ao GPS, mostram nesta mescla de interesses privados e instituições públicas uma panóplia de outros aromas cada vez mais preversos: desde o incesto a inusitados concubinatos. Esperemos que não passem pela rameirice.
Não defendo a posição dos outros concorrentes privados. Antes pelo contrário. Mas a CGD - ao nível nacional - tem de colocar o problema do concentracionismo, perturbador do funcionamento e regulação do mercado. Pior, o seu crescimento coloca-o na posição de poder enfrentar os sistemas públicos entrando num mercado concorrencial. Aqui é que está o problema. Este gigantismo com intuitos concorrenciais contraria o carácter universal do SNS.
Não querendo evocar leis "antitrust" para a situação que se vêm desenhando (deixo isso ao encargo dos operadores privados) penso que as estratégias de sectores públicos, mesmo que empresas, não podem contrariar designios e obrigações constitucionais do próprio Estado.
Se não caímos na concorrência preferencial, na possibilidade de dominação do mercado, no conflito de interesses no seio de uma imaginária holding (Estado), etc. Hoje, estes problemas de mercado e da sua regulação devem merecer o mais atento controlo governamental.
Ou então, fazemos a "política do cuco".
Que não perdem tempo tempo a fazer ninho, põem os ovos nos ninhos dos outros e, os outros, que os agasalhem, façam crescer até ficarem fortes e ganhem autonomia para se fastarem dos adoptados progenitores (neste caso O Estado).

Concluindo:
a estratégia expansionista dos HPP precisa de ser explicada aos portugueses.
Há muita poeira no ar! Deixamos de ver claro e nítido...
Perdemos a transparência!

8:24 da manhã  

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