MFL, AB e PKM
Governo aprova megafusão de bancos no Reino Unido
O Governo britânico deu hoje 'luz verde' à fusão do banco Lloyds TSB com o Halifax Bank of Scotland (HBOS) e recusou algumas preocupações sobre a operação expressadas pelo Office for Fair Trading (OFT). O secretário de negócios britânico, Peter Mandelson, afirmou que o interesse público em "preservar a estabilidade do sistema financeiro" é superior aos eventuais efeitos anticoncorrenciais que possa ter a fusão das duas instituições. A fusão das instituições criará o maior banco do Reino Unido.
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A realidade continua, de forma implacável, a impor-se por todo o mundo. Afinal parece que a concorrência já não é boa quando estão em causa interesses (privados) vitais e é necessário que os contribuintes, representados pelo Estado, acudam e compensem as diatribes do “mercado”. Ou seja há um Estado bom e um Estado mau. Para os “adictos” do mercado o Estado deve retirar-se e fomentar a concorrência quando as coisas correm bem. Pelo contrário, quando perdem o controlo da situação o mesmo Estado é chamado a “preservar a estabilidade”. Afinal é fácil, é barato e dá milhões… E praticamente sem risco. Dir-se-ia mesmo que o melhor “derivado” que o mercado inventou foi o self-service nos bolsos dos contribuintes, ainda por cima, apresentado como tendo um enorme valor social de interesse público.
Começamos a conhecer os argumentos e as coreografias. Os artistas (de má qualidade) resvalaram do plateau clássico para o vulgar teatro de revista ensaiando rábulas de sobrevivência. MFL, cujo cognome ficará para a História como a “poupada” (nas ideias, no pensamento e no discurso) voltou a dizer que o Estado se deve remeter às funções de soberania aliviando a presença em tudo o mais (saúde e educação, naturalmente, incluídas). Provavelmente ancorada nos rankings das Escolas (que persistem em colocar nos primeiros lugares as instituições privadas) reincidiu na ideia que, também na saúde, garantida uma boa selecção adversa poderíamos construir um sistema de protecção social de “qualidade” para as classes média e alta deixando (provavelmente no terceiro sector) a responsabilidade de gerir uma rede de cuidados de saúde e de educação minimalista de cariz assistencialista e misericordioso.
Conjugadas as teses de MFL, do seu guru económico António Borges falta apenas completar o equilíbrio deste iluminado trilátero com o “pensador sombra” do PSD para a saúde - PKM. Este, qual corredor de fundo, persiste nas teses “privatizadoras” convencido de que a tormenta passará e que o reconhecimento devido lhe será dado, no momento certo, de constante e fiel guardião das políticas de LFP.
O Governo britânico deu hoje 'luz verde' à fusão do banco Lloyds TSB com o Halifax Bank of Scotland (HBOS) e recusou algumas preocupações sobre a operação expressadas pelo Office for Fair Trading (OFT). O secretário de negócios britânico, Peter Mandelson, afirmou que o interesse público em "preservar a estabilidade do sistema financeiro" é superior aos eventuais efeitos anticoncorrenciais que possa ter a fusão das duas instituições. A fusão das instituições criará o maior banco do Reino Unido.
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A realidade continua, de forma implacável, a impor-se por todo o mundo. Afinal parece que a concorrência já não é boa quando estão em causa interesses (privados) vitais e é necessário que os contribuintes, representados pelo Estado, acudam e compensem as diatribes do “mercado”. Ou seja há um Estado bom e um Estado mau. Para os “adictos” do mercado o Estado deve retirar-se e fomentar a concorrência quando as coisas correm bem. Pelo contrário, quando perdem o controlo da situação o mesmo Estado é chamado a “preservar a estabilidade”. Afinal é fácil, é barato e dá milhões… E praticamente sem risco. Dir-se-ia mesmo que o melhor “derivado” que o mercado inventou foi o self-service nos bolsos dos contribuintes, ainda por cima, apresentado como tendo um enorme valor social de interesse público.
Começamos a conhecer os argumentos e as coreografias. Os artistas (de má qualidade) resvalaram do plateau clássico para o vulgar teatro de revista ensaiando rábulas de sobrevivência. MFL, cujo cognome ficará para a História como a “poupada” (nas ideias, no pensamento e no discurso) voltou a dizer que o Estado se deve remeter às funções de soberania aliviando a presença em tudo o mais (saúde e educação, naturalmente, incluídas). Provavelmente ancorada nos rankings das Escolas (que persistem em colocar nos primeiros lugares as instituições privadas) reincidiu na ideia que, também na saúde, garantida uma boa selecção adversa poderíamos construir um sistema de protecção social de “qualidade” para as classes média e alta deixando (provavelmente no terceiro sector) a responsabilidade de gerir uma rede de cuidados de saúde e de educação minimalista de cariz assistencialista e misericordioso.
Conjugadas as teses de MFL, do seu guru económico António Borges falta apenas completar o equilíbrio deste iluminado trilátero com o “pensador sombra” do PSD para a saúde - PKM. Este, qual corredor de fundo, persiste nas teses “privatizadoras” convencido de que a tormenta passará e que o reconhecimento devido lhe será dado, no momento certo, de constante e fiel guardião das políticas de LFP.
rezingão
Etiquetas: rezingão
12 Comments:
Caro rezingão:
Excelente post!
Apostila
António Borges (AB), além de guru económico pode ser considerado um esforçado vendedor de subprimes.
Foi um dos 500 (quinhentos!) vice-presidentes no banco de investimento Goldman & Sachs que o FeD necessitou de fazer um resurfacing para continuar a (sobre)viver - transformá-la numa holding de bancos comercais para poder captar depósitos, i. e., "empréstimos" dos cidadãos. Tem como companheira nesta nova jogada a Morgan Stanley.
A manha de óleo começa a espalhar-se...e a conspurcar tudo!
Mas não era sobre isto que me interessava alertar.
Era sobre a irreflecção e a irresponsabilidade do referido Sr. AB.
Num jantar-debate promovido pela Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial, na Fundação Cupertino de Miranda, realizado a 9 de Maio, António Borges afirmou: " o sub-prime é uma das melhores inovações dos últimos anos" (sic).
Mas, neste jantar-debate, não se ficou por aí.
Em prossecução na defesa da "economia de casino", que tantos proventos lhe dá, volta à carga, e com um ar cândido, celestial, defende a privatização das pensões.
E, assim, se transforma um putativo candidato a dirigente político do grupo MFL, num loquaz "vendedor de banha da cobra"...
Ou, num homem perigoso que em Maio defendia o descalabro e hoje mantem-se politicamente (e finaceiramente) incólume perante o desenrolar de uma catastrófica crise economico-financeira.
Quanto a PKM.
Sinceramente, e tenho certo pejo em revelá-lo, o emérito professor da ENSP faz-me lembrar a célebre personagem de Moliére - Tartufo.
Estou cada vez mais convicto que, o PSD não o vai manter eternamente no limbo dos seus pensadores ocultos e os aparentes desvarios privatizantes do SNS vão obrigá-lo , a qualquer momento, a sair da da "sombra". Vai fazer compnahia a Pacheco Pereira. Pode ser que aprenda a ludibriar (com actos de tartufice...)
Finalmente, o sector privado da Saúde saberá recompensá-lo pela sua pertinácia e dissimulada estratégia (que toda a gente já topou...).
Poderá ser o futuro António Borges da Saúde e passar a animar jantares-debates para a APHP...
Os Tugas vão safar-se...
Ou não sejam os campeões do ...
Desenrascanço (impossible translation into English) is a Portuguese word used in certain specific contexts and situations. It is used to express an ability to solve a problem without the adequate tools or proper technique to do so, and by use of sometimes imaginative resourcefulness when facing new situations. Achieved when resulting in a hypothetical good-enough solution. When that good solution escapes us we get a failure. Most Portuguese people strongly believe it to be one of their most valued virtues and a living part of their culture. However, some critics (...) are of the opinion that the concept is related to the discoveries period of the 15th century. But sceptics doubt there is any substantial proof of that relation.
In the 16th and 17th centuries it was very common for other exploring nations, such as the Dutch, to bring a Portuguese national along during the voyages, because the Portuguese were allegedly the most skilled and knowledgeable in the proper handling of the occasional emergency aboard the ship when the control of the vessel was given to them (what is known among the Portuguese as 'desenrascanço'). Desenrascanço is in fact the opposite of planning: it's managing that any problem does not get completely out of hand and beyond solution.
From Wikipedia, the free encyclopedia
Concordo com o é-pá: excelente post do rezingão.
A comprovar que a "realidade continua, de forma implacável, a impor-se por todo o mundo" aí temos o ministro das Finanças a anunciar que o Governo vai propor à Assembleia da República a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN) link
Faço votos que o "Estado Bom" continue a apostar no SNS, fazendo os investimentos necessários para que continue a ser o sector com a tecnologia de ponta e prática do melhor que se faz em Saúde no nosso país.
O Princípio do Fim…
Governo anuncia nacionalização do BPN que acumulou perdas de 700 ME
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciou hoje que vai propor ao Parlamento a nacionalização do Banco Português de Negócios, que acumulou perdas no valor de 700 milhões de euros. "O Governo viu-se obrigado a decidir hoje propor à Assembleia da República a nacionalização do Banco BPN. O Governo tomou esta decisão tendo em vista assegurar aos depositantes que os seus depósitos estão perfeitamente seguros", declarou Teixeira dos Santos. O ministro das Finanças anunciou a medida em conferência de imprensa no final da reunião extraordinária do Conselho de Ministros. Teixeira dos Santos adiantou que o BPN será a partir de segunda-feira acompanhado no seu funcionamento por dois administradores do Banco de Portugal. A gestão do BPN será entregue à Caixa Geral de Depósitos, encarregue de "gerir e apresentar um plano de desenvolvimento".
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Há muito que nos meios políticos e económicos se debatia esta inevitabilidade. Não nos esqueçamos que faz parte do BPN o Grupo Português de Saúde. Vale a pena avivar a memória. O BPN foi uma espécie de “banco do regime” na era dos Hospitais SA de LFP. A este propósito, seria muito interessante revisitar os “negócios” então feitos bem como os respectivos protagonistas. O GPS foi um dos grupos de saúde que emergiu na triste farsa da “grande dinâmica” do sector privado da saúde. Comprando a eito sem critério técnico ou razoabilidade económica ou financeira tudo o que havia para comprar. Na maior parte das vezes, claramente, acima do valor de mercado.
O GPS foi um dos concorrentes às PPP’s tendo ficado bem posicionado num dos casos. Actualmente, as operações de saúde do GPS estão no mercado a serem vendidas ao desbarato e ninguém lhes pega. Não sabemos, agora, se com a gestão do BPN consignada à CGD e com a inquietante fúria de crescimento dos HPP não irão ser absorvidas pelo banco (e pelo dinheiro) público.
A espiral de irracionalidade do GPS BPN tinha levado, há muito, que observadores independentes antevissem este epílogo. Resta-nos saber se este activo tóxico irá contaminar (ainda mais) os HPP CGD. A compra do SAMS indicia um sufoco comportamental parecido. No sector privado da saúde, em Portugal, ainda não ocorreu o wash-out da irresponsabilidade. Continuamos, aparentemente, no reino da fantasia. Contam-se muitas histórias e acredita-se que a melhor forma de ocultar os maus resultados é crescer comprando, não importa o quê, nem como.
Parece que muitos destes actores não perceberam que, se já era difícil conseguir que o Estado privatizasse o Sistema de Saúde (com ou sem PPP’s) com a sucessão de eventos a que estamos a assistir, essa via está claramente afastada por muitos e bons anos.
Há males que vêm por bem…
Enquanto o mundo acelera e tudo muda a olhos vistos
O Nostradamus de Coimbra, faz contas com a história
Manuel Alegre publicou 'nova' prosa no DN link de hoje para partilhar connosco que tudo aquilo que está a acontecer de mau no mundo ele já o tinha previsto.
E vai de desenterrar um naco de literatura de 1999, onde dizia que “a crise financeira que alastrou, dos mercados asiáticos à Rússia e já ameaça gravemente o Brasil e toda a América Latina, pode minar, de um momento para o outro, pela incerteza e pela volatilidade, o próprio funcionamento dos maiores centros financeiros do mundo”.
Não interessa que esta é uma outra crise diferente da de 1999, que começou noutro ponto do globo, que teve outras origens imediatas e que a Rússia e o Brasil estiveram entre os últimos países a ser afectados.
Por isso, depois de sacudir o pó, Alegre deixa-nos outra profecia: “Não se sabe que réplicas se seguirão ao tsunami que abalou o sistema financeiro mundial. Nem até que ponto irá a recessão económica e quais as suas consequências sociais e políticas. Sabe-se que nada ficará como dantes".
Pois é, não se sabe nada disso, mas quando chegar a altura de acontecer seja lá o que for, não digam que o nosso Nostradamus não avisou.
Eu também tenho um relógio que, embora parado há muito tempo, dá as horas certas duas vezes ao dia. Vou passar a prestar-lhe mais atenção.
In Correio Preto
(Des)Mistificações…
O contexto actual, de descalabro do “mercado”, com impactes directos nos mecanismos de protecção social, constitui uma excelente ocasião para revigorar a política na saúde. É fundamental recentrar o discurso político na defesa clara de um SNS público, universal e equitativo. Rompendo com a teia de interesses que, ao longo de muitos anos, têm vindo a construir um cenário de destruição sistemática do sistema. É fundamental eliminar os vícios da combinação público-privado delimitando, claramente, as áreas de incompatibilidade formal. Cortando o elo pérfido de alimentação de interesses espúrios, conflituantes com o interesse público e predadores do interesse geral em detrimento dos interesses privados.
Num quadro de degradação ética, social e económica em que o “mercado” se afunda cumpre ao Estado o dever de isenção, de rigor e de responsabilidade social. Nesta perspectiva o SNS configura-se como um elemento fundamental de coesão social e de protecção dos cidadãos.
Não poderia haver melhor maneira de celebrar os 30 anos do SNS do que reafirmar a sua defesa, promover a sua modernização e garantir o seu desenvolvimento.
MFL ou a Sarah Pallin portuguesa de 3ª geração
Em entrevista à TSF e DN, a propósito da construção do novo aeroporto e também do TGV que a líder do PSD considera ser apenas um luxo, Ferreira Leite adianta que as grandes obras públicas apenas servem para baixar a taxa de desemprego, não em Portugal, mas em Cabo Verde ou na Ucrânia. Perante estas palavras, Alcestina Tolentino, da Associação de Cabo Verde, diz que os trabalhadores imigrantes não podem ser encarados como mais um factor negativo e que o tema nem devia ter sido levantado. «Os imigrantes estão aqui com o seu trabalho e esforço contribuírem como qualquer cidadão nacional, quer para a produção quer para a segurança social», considera. Também a Associação de Ucranianos em Portugal que representa cerca de 40 mil ucranianos legalizados, não gostou de ouvir Ferreira Leite. «Muitos ucranianos que descontaram para a segurança social saíram do país e deixaram tudo cá», lembra Paulo Sadoca.
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Depois de ter considerado o aumento do salário mínimo “um erro tremendo” MFL não pára de nos surpreender. Imaginamos que Pacheco Pereira se tenha refugiado por trás de uma qualquer estante da sua biblioteca da Marmeleira. Entretanto, Marcelo Rebelo de Sousa já antecipou a sua “mea culpa”. É que a aposta, de ambos, na credibilidade não pára de lhes estilhaçar, todos os dias, nas mãos. Os dois mentores de MFL acreditaram numa equação que julgaram infalível: “poucas falas + má cara + zanga permanente com o mundo = credibilidade”. Agora que MFL resolveu “soltar a fala”, disseminando entrevistas e intervenções um pouco por todo o lado Luís Filipe Menezes vai exultando num delírio soez de vingança. Com efeito o grande problema de MFL (se chegar às eleições) é pôr em risco a maioria absoluta de José Sócrates pela vacuidade da disputa eleitoral. O pior é que as alternativas internas são escassas. António Borges está preso à proclamação de considerar o sub-prime um dos actos de génio do mercado financeiro. Pedro Passos Coelho percorre o país tentando encontrar uma saída para justificar a sua proposta-emblema: privatizar a CGD. Agora que esta nacionalizou o BPN o neófito candidato a líder ficou enovelado no chamado embaraço major. Pedro Santana Lopes já percebeu (finalmente) que o país se fartou dele e que apenas a Distrital de Lisboa o continua a endeusar. Entretanto, dependente, como é da política ofereceu-se para pilar de escoramento de MFL em troca de um lugar autárquico.
Susceptibilidades da Esquerda…
A defesa dos serviços públicos, como o SNS, tem, nestes tempos que correm, um amplo espaço de manobra, essencialmente político.
O bordão da Direita interventiva na Economia (espero que PKM autorize o uso deste chavão), i.e., a capacidade do mercado resolver tudo e de se auto regular conduziu ao esboroamento da doutrina neoliberal que a sustentava.
Ora, não há qualquer consenso na Esquerda para consolidar áreas públicas fundamentais ao Estado.
Ninguém quer definir áreas estratégicas nucleares para o Estado. Para que o Estado possa regular e fiscalizar o mercado.
chama-se a isto não aproveitar a maré...
Pelo contrário, continuamos a lançar a dúvida, o opróbrio, a infâmia, a ignomínia, sobre tudo o que cheire a domínio público.
E o exemplo-padrão é o indisfarçável mau estar entre o actual Governo e as Forças Armadas.
Curioso o facto de ser considerado pelos militares ofensivo poderem serem considerados funcionários públicos.
A coisa pública foi durante muito anos pervertida e corrompida por aqueles que a viam unicamente sob a óptica de uma oportunidade de negócio.
E, como é de preceito começou-se por denegrir a figura de funcionário público. Transformá-la no exemplo de ineficiência de gestão, de incapacidade produtiva, de imobilismo. A seguir privatizava-se tudo e entregava-se o bolo à gestão privada, entretanto, elevada á categoria de miraculosa.
A gestão privada tem vindo, na prática, a ser desmistificada quer na sua especial competência, quer na ética de processos, quer nos resultados, quer na extravagância de custos em vencimentos, prebendas e gratificaçãões.
Cada vez há mais casos de gestão danosa na actividade privada. Neste momento, assisto ao caso BPN e pergunto se não tivesse rebentado a crise dos subprime se teríamos tido conhecimento desta inacreditável situação.
O facto de o governo português ser sustentado politicamente pelo PS (na área da Esquerda) não nos deve impedir se usar ferramentas ideológicas e políticas para consolidar serviços públicos.
A Direita aproveitaria com gaúdio esta situação.
Qual a razão para não fazer-mos (a Esquerda) o mesmo - no campo político da tomada de decisões de médio termo - salvaguardando os princípios éticos republicanos.
A Direita – se desfrutasse das condições actuais da Esquerda – já tinha acabado com as PPP’s com gestão privada nos HH’s.
Este é um exemplo solitário.
Haveria muitos outros na área da administração da Saúde e no âmbito do SNS.
A Esquerda parece ter pudor de ferir susceptibilidades…
Mas estamos na hora de voltarmos a dar primazia à política. E de chamar os bois pelo nome.
A decisão do Governo em relação ao BPN é uma nacionalização derivada da má gestão e para defesa dos cidadãos que confiaram o seu dinheiro a esses gestores.
Não deve ser como quer o PSD uma "casual" intervenção de socorro do Estado para repor a capacidade de solvência, como se não estivessem em causa fundos públicos, i. e., pertença de todos nós...
Desta primeira nacionalização será necessário tirar todas as consequências ideológicas, políticas e económicas.
Para além das judiciais!
O governador do Banco de Portugal frisou que a nacionalização do BPN nada tem a ver com a crise internacional, mas mais com atitudes de outras administrações. Vítor Constâncio anunciou ainda que foram levantados seis processos contra o BPN.
link
TSF 02.10.08
Só que agora é mais fácil decidir como foi decidido.
Cumprimento também “rezingão” pelo excelente post.
Se houve algo que a actual crise financeira veio demonstrar foi a da absoluta necessidade do controlo do mercado pelo poder político e, por consequência, do reforço do papel do Estado Democrático. A ideia de que o mercado é auto-regulável caiu de vez, a ideologia neoliberal que a sustentava mostrou não passar de uma crença devidamente manipulada por quantos se foram governando à sua custa.
Em boa verdade todos iremos pagar os devaneios e irresponsabilidade de quantos decidiram e permitiram que a economia de casino se estendesse a toda a esfera económica. Todos, sem excepção, iremos suportar os falsos mas chorudos lucros de uma minoria de especuladores que diariamente realizavam mais-valias através de meras operações de bolsa. O capitalismo financeiro transformou-nos em inocentes jogadores de uma espécie de roleta mundial manipulada por donos de um casino em que, sem nos apercebermos, nos fizeram entrar utilizando as nossos parcas poupanças e fundos de pensões.
Perante o descalabro financeiro verificado a nível mundial irá algo de substantivo mudar? Serão levados a tribunal os banqueiros especuladores? Haverá coragem para acabar de vez com paraísos fiscais? Ou, uma vez mais, o cidadão comum será convidado a pagar para que o reequilíbrio financeiro se restabeleça reiniciando-se o processo especulativo com outros protagonistas?
MFL, AB e PKM, tentam absolver o sistema em que acreditam fazendo recair toda a responsabilidade no Estado por não saber cumprir o seu papel regulador. E que nos diz José Sócrates? Para já vai injectando dinheiro no sistema bancário para evitar falências ou nacionalizando (caso BPN) quando já não há salvação que lhes valha. De onde vem a liquidez cuja falta há bem pouco tempo justificava entregar aos privados a construção de novos hospitais e outras infra-estruturas vitais ao desenvolvimento do País? Era o dinheiro que faltava ou seria o resultado da descrença num projecto socialista que a actual realidade teima em justificar?
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciou este domingo que o Governo vai injectar cerca de quatro mil milhões de euros no sistema bancário português «através de acções preferenciais» para reforçar a solidez financeira das instituições
link
Não há dinheiro para investir no SNS, mas há milhões dos nossos impostos para alimentar estes pançudos!
A "helena" acertou... tem Razão em denucniar a incoerência do Primeiro-Ministro e, dessa forma, fica em sintonia com PKM.
Afinal quem defende Tallinn, poderia ser um homem da Direita em que o querem aprisionar?
De facto, o Mundo não é a preto-e-branco. Tristes o que insistem na visão redutora das coisas... Afinal, o que é a Social-Democracia?
Para esclarecer quem seja apanhado de surpresa com o e-pá! eis o artigo de PKM mencionado:
“Nutro uma profunda admiração por Luís Marques Mendes. Pela sua seriedade e espirito de serviço público e pela sua visão de homem de Estado com que sempre se envolveu nas causas públicas. Trata-se, para mim, de um dos poucos grandes politicos nacionais. Por isso, este pequeno texto, nao sendo uma homenagem a este grande politico português, é insipirado pela leitura do seu primeiro livro que recebi com grande entusiasmo como uma fonte de Esperanca no Futuro de Portugal.
De uma forma geral, o texto de Marques Mendes representa um contributo para uma renovação ideológica que deve motivar todas as forças políticas nacionais. Nao é um livro do PSD. Éum livro de um homem que, sendo profundo conhecedor dos corredores do Poder, assume uma preocupação sincera com o estado de degradação a que a classe politica nacional chegou. Trata-se de um exemplo de partilha da Sabedoria empirica na boa tradição ética clássica.
O texto é mais profundo do que a acessibilidade do estilo à primeira vista sugere pois lida, de forma inteligente, com a constatação de que o Mundo não é a preto-e-branco e a dicotomia esquerda-direita em que a classe politica nacional está aprisionada já não faz sentido no contexto de uma Europa Social dedicada à defesa dos valores associados ao desenvolvimento sustentado.
Portanto, a definição de políticas para o Futuro de Portugal passará por uma nova relação de ideias e mecanismos de intervenção social em que o posicionamento bipolar “esquerda-direita” nao será um contributo construtivo e muito menos pragmático para o melhor interesse nacional. Na verdade, é a insistência nesta dicotomia que promove a “política- espectáculo” e favorece as estratégias eleitoralistas baseadas na gestão da imagem de líderes mediocres, sem ideias próprias, sem qualificações ou competências técnicas comprovadas e, sobretudo, sem principios que não sejam a perseguição do Poder pelo Poder e, de seguida, a utilização do Poder exclusivamente para manter o Poder.
Porém, o desafio intelectual proposto por Marques Mendes não é tarefa simples. O que torna este propósito particularmente complexo, no caso nacional, é a irreponsabilidade intelectual dos partidos que se dizem de “esquerda”, sobretudo o partido socialista, na medida em que promoveram uma confusão entre os “meios” e os “fins”. A nossa Democracia definiu um conjunto de “fins” bem claros após o 25 de Abril. Por exemplo, a prevenção da exploração dos mais fracos pelos mais poderosos, a promoção da igualdade nos direitos fundamentais, a distribuição universal dos efeitos da riqueza comum, equidade no acesso aos bens públicos e satisfação das necessidades básicas de toda a população. Estes são os “fins”, os objectivos da acção política com que todos concordam (“esquerdas” e “direitas”).
O problema é que muitas posições políticas auto-apelidadas de “esquerda” confundiram estes “fins” com os “meios” e passaram a assumir que a “propriedade” pública dos meios de produção (incluindo os serviços de prestação de cuidados de saúde) e o “planeamento centralizado” para a distribuição dos recursos são, em si próprios, os “fins” das políticas contemporâneas. Assim, verificamos que a prática discursiva dominante nestes políticos promove equações do tipo: “apenas o planeamento centralizado permite promover equidade” ou “apenas os serviços do Estado previnem a exploração dos mais fracos”. No caso nacional, os analistas mais clarividentes sabem que estas equações são falsas. E para o demonstrar, a realidade do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um exemplo concreto. No SNS, o planeamento centralizado do Estado falhou na promoção da equidade na saúde conforme as pessoas de baixos rendimentos, idosos e desempregados de longa duração, constatam. A propriedade do Estado sob os serviços de saúde falhou na prevenção da exploração dos mais fracos conforme constatam os auxiliares e o pessoal administrativo das unidades de saúde do SNS. As profissões mais poderosas também correm esse risco. Voltaremos ao tema."
Quando será que o e-pá! e colegas bloquistas vai compreender que PKM não é um homem de Direita nem está combinado com o poder e interesses dissimulados dos grupos e familias deste nosso cantinho nacional?
Mas, mais tolo é quem não quer ver nem compreender os pós-modernos...
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